Rick acordou animado naquela manhã. Tomou seu café, teve uma breve conversa com sua mãe que acabara de chegar de uma festa, depois subiu para se arrumar e pegou Pepe. Os dois saíram do loft caminhando calmamente até a casa de Kate.

Chegando lá ele viu que um dos quartos do andar de cima ainda tinha as cortinas fechadas, mesmo assim tocou a campainha. Alexis logo atendeu a porta.

–Rick, bom dia, oi Pepe. -Ela disse sorrindo.

–Oi, bom dia querida, eu não te acordei né? -Ele perguntou segurando mais firme o cachorro.

–Não, entre a vovó deve estar por ai.

Pepe latiu animado, Alexis riu e olhou para ele.

–Você também pode entrar.

De dentro da cozinha Johanna gritou.

–Quem está ai Lex?

–O Rick e o Pepe vovó.

Johanna saiu animada da cozinha e foi cumprimentá-lo.

–Oi Richard, tudo bem com você?

–Oi Johanna, tudo sim, eu só estava passeando com o Pepe e lembrei que ontem a Kate deixou o brinco cair no meu carro, então passei para devolver. –Ele logo inventou a desculpa.

–Ah, ela ainda está dormindo, só um minuto que eu vou chama-la. –Alexis disse.

–Não é preciso, eu não quero atrapalhar, posso voltar outra hora.

Pepe se remexeu nos braços de Rick, seus instintos caninos tinham detectado um novo aroma no ar, e ele como todo cão, era curioso e precisava descobrir de onde vinha esse cheiro tão... bom.

Fazendo um pouco mais de esforço ele pulou para o sofá, e de lá para o chão. Johanna riu da animação do pequeno.

Pepe correu na direção das escadas, indo à procura daquele aroma que o tinha atraído. Parou de correr quando encontrou alguém a sua frente. Então era daquela pessoa que vinha o aroma ainda não identificado. Olhou para cima e reconheceu o rosto.

Kate ainda meio zonza por ter acabado de acordar, parou no meio da escada quando viu o pequeno cachorrinho vindo na sua direção. Ela já tinha feito sua higiene matinal, jogado água gelada no rosto, mas o sono ainda estava presente no seu corpo.

Quando ela se deu conta de quem era o cachorro, acordou de vez, o que ele estava fazendo tão cedo na sua casa?

De qualquer forma ela pegou o pequeno que latia aos seus pés e foi para a sala.

–O que faz aqui tão cedo? –Ela perguntou assim que o viu.

–Bom dia para você também. –Ele sorriu. –E seu pijama é lindo.

Kate olhou para o próprio corpo e percebeu que ainda usava seu pijama, além de ser um pouco curto e mostrar mais do que ela gostara para o momento, tinha na parte da frente dois ursinhos.

Ela sentiu suas bochechas queimarem, sem duvidas estavam vermelhas, mas ela não entregou os pontos.

–Você não respondeu minha pergunta. –Ela lhe entregou o cachorro e cruzou os braços.

–Vim devolver seu brinco, aproveitando que estava por perto, você deve ter deixado cair no carro ontem quando... –Sorriu e deixou as palavras morrerem, se divertindo com a reação dela.

–Obrigada. –Ela conseguiu dizer, ainda atordoada com a lembrança da noite anterior.

–Richard não quer tomar café conosco? –Johanna perguntou.

–Ah, obrigado mas eu já tomei antes de sair de casa.

–Então fique para o almoço, se não tiver outros compromissos, é claro.

Ele olhou para Alexis que acenou um “sim” coma cabeça, depois olhou para Kate e sorriu.

–Eu adoraria.

Ela bufou, com certeza Rick Castle tinha suas metas diárias, e naquele dia parecia querer provoca-la. O pior de tudo é que estava conseguindo.

–Vou tomar café. –Ela disse e foi para a cozinha.

Rick e Alexis ficaram na sala conversando sobre cachorros, os dois descobriam varias coisas que tinham em comum, enquanto Jahanna seguiu Kate.

–Você se arrependeu? –Ela perguntou atrás da filha.

–De não ter trocado de roupa? Sim. -Ela disse.

–Estou falando de ontem à noite.

–O que tem “ontem à noite”? –Kate se virou para sua mãe.

–Me conte você. –Ela sorriu divertida.

–Você viu? Eu não acredito, você estava me espionando?

–Acabou de admitir eu aconteceu algo?

–Você não me engana, eu posso ver nos seus olhos que você sabe do que estou falando.

–Sim, eu sei, mas foi bom? –Johanna perguntou.

–Foi. –Ela não conseguiu mentir para sua mãe, ninguém conseguia mentir para Johanna Beckett.

–Tenho certeza que é por causa disse que ele está aqui.

–Você acha certo? Não quero começar algo sabendo que vou ter que acabar, tenho praticamente um mês aqui. –Kate disse triste.

–Eu acho certo você seguir seu coração, o que ele manda?

–Meu coração diz que eu devo aproveitar, mas não acho certo isso. Começar sabendo que logo vou terminar.

–Então não comece, aproveite o tempo, quem sabe o que pode acontecer mais para frente?

Ela se retirou da sala deixando Kate com seus pensamentos.

Então era isso? Sua mãe estava mesmo sugerindo que ela “ficasse” com Rick Castle, igual aos adolescentes “ficavam”?

A única coisa que ela tinha conseguido era ficar mais confusa ainda.

Minutos depois Rick estava atrás dela.

–Hey. –Ele disse calmamente sentando-se ao lado dela.

–Oi. –Kate sorriu fraco.

–Eu queria conversar com você sobre...

–Ontem? Eu também. –Kate afirmou.

–Podemos dar uma volta no parque? –Ele perguntou mais animado.

–Sim, só espere eu me arrumar e já saímos.

Ele sorriu e acenou com a cabeça. Kate subiu correndo para seu quarto.

(...)

Sentaram em um banco no Central Park, Kate olhou para Rick esperando ele começar a falar. E ele começou.

–Não vai mesmo dividir seu sorvete? -Ele sorriu provocando-a.

–Se você já terminou o seu, não é problema meu. -Ela bufou.

–Tudo bem eu já entendi, sem gracinhas. -Kate acenou com a cabeça. -Primeiro eu queria me desculpar por ontem à noite, se eu te magoei, ou me precipitei. -Castle começou.

–Tudo bem, não é como se eu tivesse medo de um beijo, mas eu...

–Eu juro que não queria me aproveitar de você. -Ele a interrompeu. -Você é uma mulher legal, sua filha, sua mãe, seus amigos, então por favor não pense que eu quero fazer qualquer coisa que vá te magoar. -Ele disse por fim.

–Rick, depois que começamos a passar um tempo juntos, eu não vejo mais você como um cara assim. Acho que antes eu te via como um playboy rico porque não te conhecia.

–Obrigado por ser sincera. -Ele disse e piscou. Kate riu.

–Eu não estou dizendo que você não é legal, mas eu não quero... -Ela ficou em silencio por alguns segundos pensando nas palavras certas. -Não quero assumir um compromisso sendo que logo vou voltar para o Canada.

Com isso, Rick entendeu qual era o problema.

–Você vai mesmo... voltar pro Canadá? -Ele perguntou triste.

–Minha vida é lá, só estou aqui de férias, faz anos que eu moro lá. -Ela disse e baixou a cabeça, evitando contato visual.

–Bem, a distancia não é um problema para mim, sabe que eu posso ir para qualquer parte do mundo, se você me deixar ir, é claro. -Ele disse segurando a mão dela.

–Você não pode deixar sua vida aqui por minha causa, eu não me perdoaria se você deixasse tudo e depois não desse certo. -Ela disse ainda um pouco triste.

–Nós devíamos tentar, se você não quer assumir nada, podemos tentar algo sem compromisso, pelo menos assim não vamos ficar nos culpando por não tentar. -Rick falou olhando para o chão, achando que Kate diria que aquilo era uma grande besteira.

–Você anda conversando de mais cm a minha mãe. -Ele logo disse, e sorriu.

–O que e sua mãe fez? -Ele perguntou, agora olhando-a.

–Ah, deixa pra lá, as vezes ela se faz de louca.

–Pelo menos a sua só se faz de louca, não é um como a minha.

–Não posso julgar sua mãe, eu nem a conheço. -Kate disse se aproximando mais dele.

–Você deveria... -Ele se aproximou mais um pouco dela. -Devia dividir seu sorvete. -Ele sussurrou no ouvido dela.

–VOCÊ NÃO VAO TOCAR NO MEU SORVETE. -Ela disse como uma criança.

Rock sorriu e se levantou também, parando na frente dela. -Então vai ter que me compensar de outra forma. -Disse e a beijou.

Um beijo calmo, sem urgência mas nada inocente. Enquanto ele a distraída com seus lábios, levou uma mão até a de Kate e pegou o sorvete de chocolate que estava na metade.

–Porque essa cisma com meu sorvete? -Ela perguntou fazendo uma cara de irritada.

–Porque sua cara de brava é muito fofa, e não tinha mais de chocolate, você pegou o ultimo.

–Então fique com esse sorvete. -Ela bufou e saiu andando.

Mas Rick percebeu que era hora de parar de incomoda-la, correu atrás ela e a puxou, beijando-a mais uma vez.

Kate primeiro deu um tapa no ombro dele, que sorriu, depois ela se entregou ao beijo.