Nárnia - Um Conto De Terror escrita por Bengie Narnians


Capítulo 2
Parte 2 - Sob Os Cuidados de Um Lobo


Notas iniciais do capítulo

Olá, consegui completar mais um capítulo, e como não consigo guardar para o dia seguinte, estou postando! Espero que logo apareçam mais leitores! Espero que gostem do capítulo. Ainda está meio sem sal nem açúcar mas em breve mais emoções... Aceito sugestões! Beijos



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Acordei sentindo um pouco de frio, e tremendo naquele quarto escuro, iluminado somente pela luz fraca de uma vela que estava ao lado da cama. Ouvi uivos de lobo vindo do lado de fora da cabana, então me levantei e fiquei de joelhos sobre a cama, logo espiando pela fresta da janela. Pensei ter visto o lobo que me salvou daquele vampiro, então desci da cama, e procurei por Caspian, mas ele não estava em nenhum dos cômodos daquela cabana. Andei até um cabide, apanhei um casaco que pertencia a ele, e vesti sobre mim, logo em seguida abri a porta devagar e sai. Ainda era noite, e estava muito frio, o que me fez encolher-me debaixo daquele casaco. Dei alguns passos em direção à mata e fui me emaranhando entre os galhos das plantas até que vi próximo a uma montanha de pedras, um lobo de pele escura, mais puxada para o preto, com pequenos sinais de pelugem cinza ao redor do pescoço. Ele uivava sem parar como se estivesse chamando seu grupo, o que me deixou assustada. Não demorou muito a aparecer mais dois lobos, ambos de pele diferentes, um deles era branco e tinha caninos grandes e afiados, já o outro tinha a pelugem mesclada de branco e preto. Lembrei-me do que Caspian tinha me dito sobre os lobos e percebi que não era uma boa ideia ficar ali, então dei um passo atrás para voltar para a cabana e esperar por ele, mas acabei pisando em um graveto seco e fiz barulho o que chamou atenção dos lobos para a minha direção. Congelei, quando eles voltaram seus olhos para o meu lado, então me preparei para correr, mas senti os braços de alguém envolver minha cintura e tapar minha boca. A pessoa me puxou e me arrastou para um canto mais escondido perto de uma árvore de tronco largo, cujas raízes estavam erguidas para fora da terra e me jogou embaixo delas. Quando caí sentada na terra fria, ainda sentindo suas mãos em mim, olhei para o estranho e percebi que se tratava de Caspian.

– Fica quieta... –disse ele em voz baixa. – Fique aqui, e não mova um músculo... –disse me soltando e ficando curvado enquanto olhava por baixo dos galhos.

Caspian se afastou alguns poucos metros de mim, depois levou as duas mãos a boca formando um tipo de corneta com os dedos fechados e uivou como um dos lobos. Ele fez isso duas vezes até que os lobos respondessem depois me encarou, e andou apressado até mim, logo me puxando pela mão e me fazendo seguir ele de volta para a cabana. Quando entramos, ele fechou a porta, e andou até mim, me virando e tirando meu casaco de uma maneira um pouco estúpida.

– Ai... –reclamei...

– Eu disse pra você ficar dentro da cabana, não disse? –disse ele em tom zangado.

– Eu pensei ter visto o lobo que me salvou... Queria...

– Agradecer? –disse ele lançando o casaco no cabide.

– Eu não sei... –baixei a cabeça.

– Não há de quê... –disse passando por mim.

– Como você fez aquilo? –ergui meu rosto e o segui.

– Aquilo o que? –ele apanhou um pouco de lenha e jogou na lareira.

– O uivo... Você uivou como eles...

– Quando se vive sozinho na mata por muito tempo, se aprende muita coisa. –ele parecia nervoso, ou com raiva.

– Eles foram embora?

– Foram...

– Desculpa... –me aproximei. – Eu não queria desobedecer...

– Lúcia... –ele deu alguns passos e parou diante de mim segurando meus ombros. – Se quiser ficar segura, tem que fazer o que eu digo...

– Tá.

– Agora senta. –ele apontou pra poltrona. – Tenho que dar uma olhada no seu ferimento. Acho que eles sentiram seu cheiro... Preciso refazer o curativo... –disse indo até a pia, e pegando panos e depois uma bacia.

Caspian deixou a bacia em cima de uma mesinha a minha frente e os panos no braço da poltrona em que eu me sentava, depois andou até o fogão a lenha e apanhou uma chaleira com água quente e trouxe até a bacia despejando o conteúdo dentro dela. Depois andou até mim, e desenrolou o curativo do meu pescoço e deu uma olhada no mesmo franzindo a testa.

– Está muito ruim? –perguntei.

– Vai melhorar... –respondeu pegando um pano e molhando na água que parecia ter algumas ervas banhadas nela.

Caspian torceu o pano, e depois o envolveu no meu pescoço. Estava quente, e ardia um pouco, mas eu não choraminguei. Enquanto ele cuidava do ferimento, eu o encarava.

– Você me chamou de humana...

– E daí?

– Você é um deles não é? Um lobo...

Caspian parou o que estava fazendo e me encarou profundamente nos olhos em silencio. Depois continuou o que fazia e respondeu:

– Mas eu não vou machucar você.

– Eu sei... –ele sorriu. –Por quê?

– Não sou como eles...

– O que há de diferente?

– Não sou selvagem... –disse enquanto rasgava um dos panos no meio. – Não fui criado no meio deles...

– E quem te criou?

– Uma boa mulher...

– E onde ela está?

– Ela morreu...

– Como?

– Você faz perguntas demais sabia? –disse me encarando.

– Desculpa, mas eu quero saber...

– Vira o rosto... –disse de pé ao meu lado. – Ela foi atacada.

– Por um lobo?

– Vampiro...

– Sinto muito...

– Já faz tempo... –disse envolvendo meu pescoço com o pano envolto de ervas.

– Sempre viveu sozinho?

– Desde que ela morreu sim...

– Eles sabem que você vive aqui?

– Sabem, por isso precisa ter cuidado pra que eles não saibam que você está aqui. –disse apertando o pano.

– Ai...

– Desculpa...

– O vampiro que a matou, foi o mesmo que me atacou?

– Foi... –disse deixando os panos sujos na bacia e depois levando a mesma até a pia. – E eu o conheço.

– E quem ele é?

– Meu irmão... –disse se virando e me encarando.

– Irmão?

– Nós estávamos na mata no meio da noite. Caçando para o jantar. Éramos pequenos, dez ou onze anos. Ele se afastou demais... Quando o encontrei ele estava no chão agonizando e com o pescoço totalmente dilacerado. Pensei que fosse um lobo, mas... Vi a criatura. Levei meu irmão pra casa, mas era tarde demais... Nossa mãe fez o que podia. Não foi o suficiente. Então em uma noite, ele acordou... Foi até a cama dela, e bebeu todo seu sangue. Eu cheguei e vi-a nos braços dele, morta... Quando me viu, ele simplesmente saltou pela janela, e nunca mais voltou...

– Que horrível... Acha que isso vai acontecer comigo? Acha que... Vou me transformar naquela coisa?

– Não... Ele precisa sangrar em você, pra te transformar. – disse se sentando na mesinha a minha frente e colocando os cotovelos sobre as pernas. – Ele só queria beber o seu sangue... É raro encontrarmos humanos por aqui... Seu sangue é a coisa mais preciosa que eles terão... Você seria um ótimo banquete pra eles...

– Não é muito agradável virar o jantar de alguém...

– Você nem imagina... –ele riu um riso fraco.

– Seu irmão, ele... Tem nome?

– Costumava chamá-lo de Tristan. Agora ele não tem nome... Ele era como você. Humano...

– Obrigado. Por ter me salvado.

– Tudo bem... –disse se levantando. – Farei mais chá. Você ainda tá fraca, isso vai ajudar na sua recuperação... Quanto mais rápido seu ferimento se fechar, melhor. Os lobos não poderão sentir sua presença...

– Por que eles me machucariam?

– Por que um dia nossa raça protegeu a sua... De vampiros como meu irmão. Mas então vocês se voltaram contra nós... E nos caçaram... Um a um... Hoje, somos inimigos... Acredite... –ele voltou a me encarar. – Não é nada bom cruzar com um deles.

– Não vai ser problema pra você? Manter-me aqui?

– Eu vou dar um jeito de te tirar daqui antes que eles descubram. Você vai ficar segura, quando voltar pra casa... –disse andando até o fogão a lenha.

Quando o chá ficou pronto, Caspian serviu-o em uma caneca marrom, e deu a mim. Eu estava em pé diante de uma das paredes, analisando um tipo de pergaminho, com um desenho familiar. Era exatamente o mesmo símbolo estampado na moeda que me trouxe para aquele lugar. Enquanto tocava a imagem ali desenhada, Caspian disse:

– Já viu isso antes?

– Sim... O que é?

– É o padrão da rainha.

– Padrão?

– É como chamam... É uma espécie de impressão digital. Tudo que possui essa marca, pertence a rainha...

– E quem é essa rainha?

– Não se sabe... Nunca a vimos... Dizem que ela foi a única humana a governar esse lugar... Junto com mais dois irmãos... Isso, quando ainda chamávamos este lugar de Nárnia.

– Acha que ela morreu?

– Não... Dizem que ela foi embora, assim como os dois irmãos... Eles ficaram tristes com a destruição e a escuridão que se apossou daqui. E partiram, pra nunca mais voltar...

– Eu encontrei uma moeda... Com esse mesmo símbolo. Acho que foi isso que me trouxe pra cá...

– Uma moeda? –disse franzindo a testa e se afastando.

Caspian abriu uma gaveta e retirou um livro de dentro dela. Folhou algumas paginas e depois me mostrou uma em particular.

– Como esta? –disse me mostrando a ilustração.

– Sim, era exatamente assim...

– Então é verdade... –disse pensativo.

– O que é verdade?

– Nada pode sai deste lugar. Nenhum objeto ou animal... A menos que tenha a permissão de quem o criou. Quando este lugar se tornou apenas escuridão. O criador se retirou e criou um novo lugar. Onde apenas boas pessoas, e criaturas pudessem habitar. Mas dizem que um homem esteve aqui, e conseguiu atravessar uma fenda de tempo sozinho. Dizem que ele só precisou disso... –ele forçou o dedo indicador sobre a imagem.

– O senhor Carpenter... –conclui. – Ele escondia isso no piso do teatro... Talvez não quisesse que ninguém o encontrasse.

– Se ele conheceu esse lugar como ele é hoje. Ele fez bem em esconder...

– As estórias que ele contava... –andei até a poltrona e me sentei. – Não era só sua imaginação... Ele as vivenciou...

– Talvez isso possa levar você de volta. –disse se sentando novamente a minha frente. – Se encontrarmos essa moeda. Podemos abrir a fenda...

– Me sinto tonta... –disse sentindo minhas vistas escurecerem.

– É o chá... –ele se levantou e pegou a caneca das minhas mãos. – Está fazendo efeito.

Caspian largou a caneca sobre a mesinha enquanto eu olhava as chamas da fogueira e via algumas figuras se movendo entre elas. Pareciam cavalos correndo, entre arvores... Elas mudavam frequentemente, enquanto Caspian me pegava pelas pernas e cintura e me tomava no colo. Mantive meus olhos fixos na lareira e antes de chegar ao quarto vi uma figura majestosa de um leão rugindo nas labaredas da fogueira. Fechei os olhos e senti Caspian me deixar sobre a cama. Olhei nos olhos dele, enquanto tudo ficava escuro, e então apaguei...


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Notas finais do capítulo

Então? O que acharam? Gostaram do Caspian como um lobo? Sabem quem são os reis citados a cima não é? Suzana, Pedro e Edmundo, claro! Beijos Espero que tenham gostado!