Divergente, Tobias Pov escrita por lu


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

A partir desse capítulo, a história vai ficar meio grande pq além das cenas q o Tobias aparece normalmente quero fazer umas novas, espero que não se importem!



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Eu e Lauren guiamos todos os iniciandos pelo túnel. Ele é estreito, com paredes de pedra e o teto é em declive, há longos intervalos entre as partes iluminadas do túnel.

Ouço conversas baixinhas, dos transferidos, meio deslocados, provavelmente não era assim que esperavam que a sede da Audácia fosse. Os iniciandos nascidos na Audácia riem normalmente e mantêm conversas casuais, isso tudo é normal para eles.

Ao passarmos pelas áreas iluminadas, ouço batidas e um sorriso se forma no canto dos meus lábios. Não quero parecer cruel nem nada do tipo, mas é engraçado ver, ou no caso ouvir, os tranferidos tão perdidos no escuro que chegam a esbarrar em si mesmos.

Todos paramos e percebo que Tris esbarra em um garoto da Erudição, o sorriso volta para o meu rosto, mas agora mais discretamente, nunca consigo segurar o riso ao ver os novatos assim.

–É aqui que nos separamos - diz Lauren. - Os iniciandos nascidos na Audácia vêm comigo. Acho que vocês não precisaram de um tour do local.

Ela acena para os iniciandos da Audácia e eles se separam de nós. Sobraram apenas nove pessoas, uma da Abnegação e o resto da Franqueza e Erudição, nenhum da Amizade. Mas isso não me surpreende, a Audácia e a Amizade não tem uma relação muito boa, eles acham que nós somos muito agressivos.

– Eu geralmente trabalho na sala de controle, mas durante as próximas semanas serei seu instrutor. Meu nome é Quatro. - digo.

– Quatro? Como o número? - pergunta uma menina da Franqueza.

– Sim. Você tem algum problema com isso? - pergunto secamente.

– Não.

–Ótimo. Nós estamos prestes a entrar no Fosso, que vocês um dia irão aprender a amar. - digo lembrando-me do lado de fora, luminoso demais para meus olhos - Ele...

A menina da Franqueza ri.

–Fosso? Que ótimo nome.

Caminho em sua direção e aproximo meu rosto do dela. Encaro-a com um olhar feroz.

– Qual é o seu nome? - pergunto calmamente.

– Christina. - diz baixinho, engulindo em seco.

– Bem, Christina, se eu quisesse aguentar os espertinhos da Franqueza, teria me juntado à sua facção. - digo, um tanto irritado. - A primeira lição que você aprenderá de mim é como manter sua boca calada. Entendeu bem?

Ela faz que sim com a cabeça.

– Que canalha! - diz ela baixinho para Tris para que eu não ouça, mas eu ouço.

– Acho que não gosta que riam dele.

Ignoro os comentários e abro a porta dupla, a entrada do Fosso.

– Ah - sussurra Christina - Agora entendi. - um pequeno sorriso de satisfação se forma no canto dos meus lábios

O nome realmente é bem adequado, o Fosso é basicamente uma caverna gigante, com paredes desniveladas de pedra por vários andares. Levanto o rosto para olhar para o teto, feito de vidro, abaixo de um edifício. A luz solar filtrada pelo edifício é bem mais agradável do que lá fora.

– Sigam-me - digo - , e lhes mostrarei o abismo.

Ouço o ruído da água batendo rudemente na parede de rocha abaixo da grade, algo nesse som me acalma, me faz esquecer dos problemas. Olho para baixo rapidamente, encarando o rio abaixo de mim.

– O abismo serve para nos lembrar que há um limite tênue entre a coragem e a estupidez! - grito, sobrepondo a minha voz ao som da água. - Um salto intrépido para dentro dele tomaria a suavida. Isso ocorreu antes e ocorrerá novamente. Que isso lhes sirva de aviso.

– Isso é incrível - diz Christina.

– É realmente incrível. - responde Tris.

Vamos para o refeitório. Os integrantes da Audácia se levantam ao entrarmos. Eles nos aplaudem, gritam, enfim, são barulhentos como qualquer outro intergrante da Audácia.

Sentamo-nos em uma mesa praticamente vazia. Tris senta ao meu lado e Christina senta-se ao seu lado.

Pego um Hambúrger da bandeja que está no centro da mesa e dou uma mordida, me deliciando com a carne suculenta. Não tinha percebido que estava com tanta fome até agora, acordei as pressas para não me atrasar para o encontro com os iniciandos. Demorei séculos para dormir, ontem tinha passado pela minha Paisagem do Medo.

Olho para o lado e percebo que Tris segura um Hambúrger, sem saber ao certo o que é e o que deveria fazer com ele. Cutuco-a com o cotovelo.

– Isto é carne. Coloque isto dentro. - digo, passando um pote de Ketchup para ela.

– Você nunca comeu hambúrger? - pergunta Christina com os olhos arregalados e a boca cheia de comida.

– Não, é assim que se chama?

– Os Caretas comem comida simples - digo.

– Por quê? - pergunta Christina.

– A extravagância é considerada autocomplacente e desnecessária. - responde Tris.

Christina solta uma risadinha.

– Não me admira que você tenha partido.

– Claro. Foi só por causa da comida.

Contorço o canto da boca, subitamente me lembrando da minha paisagem do medo.

As portas se abrem e o silêncio se instala no refeitório. Não preciso virar para trás para saber quem é. Eric. Minha boca se contorce de novo.

– Quem é esse? - sussurra Christina.

– Seu nome é Eric. Ele é um dos nosso líderes. - respondo.

– Sério? Mas ele é tão jovem.

Encaro-a por um instante e respondo:

– A idade não importa aqui.

Eric dirigi-se à nossa mesa e senta-se ao meu lado.

– E então, não vai me apresentar? - pergunta Eric acenando a cabeça pra Tris e Christina.

– Essas são Tris e Christina - respondo em um tom monótono.

– Olha só, uma Careta - diz Eric rindo, em um tom provacativo que eu não sei ao certo se direcionava para ela ou para mim. - Vamos ver quanto tempo você vai durar.

Tenho uma vontade súbita que Tris fique em primeiro apenas para fazer Eric engulir suas palavras.

– O que você tem feito, Quatro? - ele se dirige à mim novamente.

– Nada demais.

– Max me disse que ele está tentando falar com você há tempos, mas você nunca aparece. Ele pediu para eu descobrir o que está acontecendo.

Encaro-o por alguns segundos e digo:

– Diga a ele que estou satisfeito no cargo em que me encontro.

– Então, ele quer oferecer-lhe um emprego.

Dou de ombros, fingindo desinteresse, e realmente não estou interessado no cargo, mas estou muito interessado na pontada de inveja que brilha nos olhos de Eric. Seu cargo já é mais alto que o meu, mas ele me vê como ameaça, sempre me viu e sempre verá e eu sempre me divertirei com isso.

– Parece que sim - digo.

– E você não está interessado?

– Há dois anos que não estou interessado.

– Bem, vamos esperar que ele se toque então.

Ele dá um tapa em meus ombros, como amigos fariam, mas mais forte do que um amigo faria na realidade. Permaneço firme como se nem tivesse notado o pouco de força a mais que ele usou.

– Vocês dois são... amigos? - pergunta Tris, curiosa demais para alguém da Abnegação.

– Fomos da mesma turma de iniciandos. Ele se transferiu da Erudição.

– Você também é um transferido? - pergunta ela.

Fico tenso por um segundo, mas me recomponho rapidamente.

– Pensei que teria problemas com a garota da Franqueza perguntando demais - digo friamente - Agora tenho uma Careta na minha cola também?

– Deve ser porque você é tão acolhedor. Sabe? Quase como uma cama de pregos.

Encaro-a, talvez seja por isso que ela se transferiu da Abnegação. Muita curiosidade, pouca gentileza. Muita audácia. Ela me encara de volta, como que me desafiando.

– Cuidado, Tris - digo calmamente.

Junto-me a Chad, que me chama de outra mesa.

+ + +

Deixo os iniciandos com Eric e saio com Zeke. Ele quer fazer uma nova tatuagem e eu apenos acompanho-o.

Abrimos a porta da loja de tatuagem e rindo alto de alguma piada que talvez nem seja quanto parece, efeito do álcool. Dou um gole na minha cerveja e Zeke termina a sua em apenas um gole. Sentamo-nos no sofá em frente ao balcão, onde Tori costuma ficar, esperando que alguém apareça.

– E então, Quatro, como estão os iniciandos? - diz com um tom de voz instável.

– Bem, eu acho. Acredita que tem uma Careta e ela disse que eu sou "tão acolhedor quanto uma cama de pregos"? - digo rindo mais do que riria normalmente.

– É mesmo cara? - pergunta Zeke em meio aos risos histéricos - Bem... até que ela tem razão.

Dou um soco um pouco forte demais em seu ombro e rimos novamente.

– Uma Careta, é? Bem que Uriah disse que uma Careta foi a primeira a pular.

– É verdade - digo um pouco desconfortável, mas Zeke está tão bebado que não perceberia isso nem se eu lhe dissesse. - Fiquei surpreso, tenho que admitir!

– Preciso de outra cerveja! Vamos encontrar uma! - diz me arrastando para fora da loja antes mesmo de fazer a tatuagem.


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Notas finais do capítulo

Se você leu deixe um comentário e me ajude a melhorar a fic! criticas construtivas são sempre bem vindas!