Mutant World escrita por Jenny Lovegood


Capítulo 57
"A Sintonia do Nosso Desejo"


Notas iniciais do capítulo

Eu gostei tanto desse epílogo, acho que é porque sou apaixonada por esses dois. Vamos de Clato agora?

A musiquinha sensacional para quando aparecer o asterisco * é essa
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11 de Março de 2004

7 meses depois.

A lua crescente brilhava intensamente naquela noite. O céu era decorado com diversas estrelas e sua cor azul cintiliante o cobria por toda sua dimensão. Ventava um pouco pelas ruas da cidade. No relógio marcavam-se 11 horas.
Lily Potter já havia se deitado, ela estava nos últimos dias de gestação. O bebê poderia nascer a qualquer momento, e era um menino. No dia da notícia, Clove chegou a comentar que preferia ter uma irmã, mas Harry agradeceu por ser um garoto à vista. De complicação feminina na casa, já bastava Clove. As implicâncias entre os dois nunca teriam um fim.

Mas Clove estava feliz. Ela ultimamente vinha sentindo uma paz que nunca havia conhecido, e a garota estava realmente feliz. Era diferente a vida que Clove estava vivendo. Ela ainda era a mesma marrenta de sempre, ela ainda era respondona e durona, mas algo havia mudado drasticamente... talvez ela não fosse mais tão durona quanto já fora. Talvez isso fosse consequência dos sentimentos que Cato despertou no coração da morena.

Clove agora não era capaz de negar, ela era completamente apaixonada por ele. Eles se implicavam, se provocavam, e isso só fazia a paixão crescer, dia após dia. Ela sabia que ele também era perdidamente apaixonado por ela, mas claro que a morena sentia seu coração pulando dentro de seu peito quando ele dizia isso ao pé do ouvido dela. Só de lembrar, Clove já se arrepiava.

Ele a segurava fortemente pela cintura enquanto as bocas se chocavam uma com a outra, freneticamente. O beijo era intenso, sugava a energia dos dois, e ao mesmo tempo os enchiam com ela. As mãos de Clove alcançavam o cabelo bagunçado do garoto, e os dedos dela, sem direção, desajeitavam ainda mais os fios louros. Cato adorava quando ela buscava refúgio de seus desejos puxando o cabelo dele, era sempre um sinal de corpo queimando e paixão exalando.

Clove sentia as fortes mãos dele pressionarem sua cintura e isso fazia ambos os corpos se roçarem mais. Era tentação demais. Eles precisavam muito respirar mas aqueles beijos não pediam por um fim. Quando os lábios se descolavam, os olhares se vidravam e rutilavam durante míseros dois segundos, e então, voltavam a se beijar de novo. Clove simplesmente se entorpecia demais quando todos aqueles sentimentos adentravam seu corpo, e ela perdia o controle. E Cato simplesmente não conseguia se controlar quando a garota dos seus sonhos o beijava daquela maneira. Os dedos dele acabaram entrando em contato com a pele das costas dela, e a blusa de Clove subiu um pouco. Ela arfou.

— Cato... - Ela conseguiu se livrar daquele magnetismo, ainda assim com extrema dificuldade. Os lábios da garota continuaram sob os dele por alguns segundos. As respirações quentes se misturavam frequentemente.

— Desculpa. - Ele foi sincero, mas seu sussurro não ajudou muito o corpo de Clove recuperar equilíbrio. Ela tinha as pernas bambas e ainda era segura por ele; as mãos de Cato estavam agarradas na cintura da mutante. - Perdi o controle de novo.

— Eu também perdi. - Clove sussurrou de volta e as duas bocas se roçaram uma na outra. Cato capturou o lábio inferior dela e o mordiscou lentamente. As mãos dela automaticamente puxaram fios do cabelo dele.

— Quer que eu vá embora? - Os olhos azuis de Cato se encontraram com os esverdeados de Clove. Eles respiraram fundo, sincronizadamente. Sempre que eles se encontravam na casa um do outro, e o pessoal acabava deixando-os sozinhos, o desejo acabava falando mais alto.

— Não. - A morena desceu uma mão pela nuca do loiro, tocando lentamente a pele dele. - Fica comigo. Eles não devem demorar. - O fato era que Cato havia tirado a tarde para ir até a casa da namorada e ficar com ela e sua família, mas Lily acabou pedindo ajuda a Harry para ir ao mercado comprar algumas coisas para a casa.

— Então é melhor a gente vol.. - Clove o interrompeu, cobrindo os lábios do garoto o polegar direito. Cato lentamente soltou a cintura dela e a garota respirou fundo. Ela impediu que ele se afastasse segurando-o com as duas mãos pelo pescoço.

— Tá chateado comigo? - Ela perguntou, sem jeito. Claro que a situação entre os dois já havia chegado àquele ponto mais de uma vez, mas ela sempre sentia como se estivesse sendo impedida de continuar. Clove não sabia explicar os próprios sentimentos, inclusive nunca soube. Mas ela queria ter Cato com ela, só não se sentia preparada para o garoto. Era contraditório aquele receio por ela ser considerada durona e cheia de si pelos outros. Por isso ela nunca se explicava e sempre saía da zona perigosa de calor.

— Claro que não. - Ele foi sincero com seu sussurro próximo a boca dela. - Eu que comecei a forçar..

— Você não forçou nada. - Clove o interrompeu mais uma vez. - Olha o que você faz comigo. - A morena buscou pela mão dele e guiou-a até repousá-la sobre seu próprio peito. O coração de Clove batia sem compasso algum. Cato semicerrou os olhos e respirou fundo; um sorriso de lado involuntário brotou nos lábios dele. Clove se perdia com aquele sorriso... - Eu só parei porque minha mãe e o Harry devem estar chegando.

— Tá tudo bem. Eu não tô chateado. Tô com você. - Cato foi firme, a fim de tranquilizá-la. Eles se olharam fixamente de novo. Clove acabou por sorrir junto dele. Existia um magnestismo inegável entre os dois. - Você é linda demais. - Ele a fez sorrir ainda mais, e percebeu a respiração dela subitamente se acelerar de novo. O loiro deslizou a mão pela blusa que ela vestia, deixou de sentir os batimentos cardíacos dela e passou a sentir a pele quente que ela possuía. Os dedos de Cato subiram pela extensão do pescoço de Clove e ela arfou novamente.

— Você acaba comigo, Malfoy. - Ela despertou um sorriso provocante no mutante. Involuntariamente, a morena sorriu junto, da mesma forma. A sincronia entre os dois era incontrolável.

— Acho que tô viciado em você. - Cato a fez sorrir mais ainda. Os corpos voltaram a se colar e as bocas ficaram bem próximas.

— Ah, é? - Clove fingiu um começo de beijo, e quando ele tentou retribuir, a mutante se afastou. A risada dela o fez sorrir de canto a canto.

— Você deveria dizer que também está por mim. - Cato voltou a segurá-la pela cintura. - Era pra ser um momento fofo.

— Então eu também estou por você. - Ela sorria de forma encantadora às vistas de Cato.

— Está o quê? - O loiro fez charme. Clove rodou os olhos e virou um pouco a cabeça para trás, involuntariamente. No mesmo instante, Cato capturou a pele do pescoço dela com os lábios. Clove voltou a agarrar o cabelo dele. - Viciada em mim? - A respiração quente dele bateu contra o pescoço dela. Clove semicerrou os olhos e respirou fundo. Eles sempre acabavam voltando pra zona perigosa de calor.

— Uhum. - Ela arfou quando sentiu os lábios dele deslizando por seu pescoço. - Viciada... apaixonada..

— Você é a melhor garota do mundo... - Cato roçou seu nariz por toda a extensão do pescoço dela. - e eu sou apaixonado por você. - Essas palavras ela sussurrou no ouvido da morena. Clove sentiu seu corpo perder todo o equilíbrio e seu coração pulou em seu peito. Ela voltou a olhá-lo; ela queria olhá-lo e provar para ele que ela se sentia exatamente da mesma forma, porque ele era o melhor garoto do mundo, e ela estava apaixonada por aquele garoto. Onde quer que estivesse Bellatrix Lestrange no inferno, a maluca que colocou a vida de todos os mutantes de cabeça para baixo, Clove lhe enviaria um pensamento mental (ou pediria para que Harry fizesse isso, já que era mais fácil), provavelmente dizendo: "Vadia desgraçada, você fodeu com a minha vida, da minha família e dos meus amigos, mas se eu não tivesse me metido naquela maldita batalha, eu não teria conhecido o Cato. Descanse sem paz no inferno, e saiba que eu estou feliz." - Você foi a melhor coisa que me aconteceu, Clove.

— Você foi a melhor coisa que me aconteceu. - A morena vidrou seus olhos verdes nos azuis dele. Ambos demonstravam tanta sinceridade e tanto amor...

— Eu tô aqui e sempre vou estar, irritadinha. - Claro que os apelidos entre os dois continuavam da mesma forma, até porque, quando os dois não estavam vivenciando momentos de romance, discutiam e se implicavam a torto e à direito. - Você não vai se livrar de mim.

— Quem disse que eu quero? - Clove sorriu e Cato sorriu junto. É, se livrar um do outro seria algo que nem Clove e nem Cato fariam. Eles definitivamente se precisavam. Quando as bocas voltaram a se encontrar em um beijo intenso e necessitado, uma voz pela casa despertou os dois mutantes:

— Cadê a minha irmãzinha querida? - Harry notoriamente tentava atrapalhar algum momento entre o casal, já que Clove fazia o mesmo sempre que podia, quando o irmão mais velho estava junto à Gina.

— Desgraçado. - Clove saiu do beijo rindo; ela e Cato se afastaram imediatamente e a cozinha voltou a se tornar um simples refeitório da casa. Mas os olhares daqueles dois denunciavam tudo e qualquer coisa: era paixão suficiente para vencer os problemas do mundo.

Clove sempre se pegava pensando nele. Quando ela se dava conta disso, sorria. Ela tinha certeza de que, se fosse a garota que era há um ano atrás, consideraria suas atuais atitudes ridículas e auto-irritantes. Mas já não fazia diferença alguma. Tudo estava diferente dentro ela, e a garota agora começava achar que aquelas mudanças foram necessárias.

Mas não era como se tudo estivesse em perfeito estado. Não estava, na verdade. Aconteceram coisas impossíveis de serem esquecidas facilmente, coisas das quais Clove não gostava de relembrar. No fim, as coisas tinham dado certo. As famílias estavam unidas, apesar de parte da perda delas, mas estavam todos unidos. Os mutantes eram agora mais unidos do que nunca, e isso era uma das coisas das pelas quais Clove agradecia aos céus. Entretando, no fundo no fundo, ainda existia medo. Ainda existia pesadelos durante as noites. Ainda existia olhares tortos das pessoas nas ruas. Ainda existia casos de tentativa de ataque dos mutantes que ficaram presos na delegacia da cidade. Mesmo com tratamentos psicológicos e psiquiátricos, os mais violentos e mais afetados das loucuras de Bellatrix não conseguiam se transformar em mutantes pacíficos, capazes de viver normalmente em Manchester.

Ainda existiam muitos vestígios do que acontecera na ilha em nome de Bellatrix Lestrange.

A missão de esquecer tudo era difícil, mas os mutantes e suas famílias estavam tentando.

Clove estava tentando, e ela podia se considerar sortuda por conseguir, na maior parte do dia. Principalmente quando ela ganhava um mimo de sua mãe, ou um tapão seguido de um abraço de Harry, ou quando ela implicava com o cabelo de Rose e as duas acabavam se xingando em meio à gargalhadas. Até mesmo quando ela atrapalhava os beijos de Harry e Gina, e as duas esquentadinhas da vida do garoto Potter fingiam começar uma briga, mas acabavam se juntando para atazanar a vida de Harry. Eram nesses pequenos detalhes que Clove refugiava seus sentimentos. Mas, principalmente, quando ela estava nos braços de Cato. Ele era definitivamente o porto-seguro da morena, e ela jamais sequer precisou de um. Agora, Clove precisava e era dele.

"Sevina!"

A mutante bateu o braço no sofá quando se despertou do susto que Harry lhe provocara. Ela olhou irritada para o irmão, que acabara de entrar pela porta, deixando as sacolas com compras do mercado ao lado da porta. Ele estava sozinho e se encaminhou até o sofá, onde sentou de frente à ela, no outro lado da sala. Por que diabos ele tinha que insistir em chamá-la por aquele sobrenome que ela tanto não-gostava? E por que diabos ele tinha que usar sua telecomunicação para assustá-la? Aquele garoto tinha mesmo completado 19 anos, dois meses atrás?

— Adora se exibir, né Potter? - Clove rodou os olhos em decorrência da cena constante do riso sarcástico na boca dele. - Cadê a senhorita Lily?

— Conversando com a vizinha, lá fora. E, respondendo sua ironia, eu gosto de te dar esses sustos. - Confessou o moreno, abrindo os braços e recostando-os sob o encosto do sofá.

— Cê é muito chato, isso sim. - A morena cruzou os braços.

— Você não vive sem mim, irmãzinha. - Harry se gabou e viu Clove arquear as sobrancelhas.

— Depois quem tem ego grande sou eu. - Ela rodou os olhos novamente. Harry riu.

— Falando em ego, e o nosso menino Cato? Tava pensando nele, né? - Claro que ele foi irônico; adorava provocar a irmã.

— Harry, se eu pudesse eu te dava um prêmio de "irmão mais chato do ano". - Clove fez aspas com a mão.

— É mesmo, Sevina? Então você preferia que eu tivesse morrid.. - Ele começou a frase em brincadeira, mas a irmã o interrompeu na mesma hora.

— Cala a boca. - Clove o cortou. - Nem fala uma coisa assim.

— Tá vendo como você não vive sem mim? - Harry continuou a brincar.

— Não, eu só não preferia que ninguém tivesse morrido lá. Você e o resto da galera são chatões mas... - A morena viu o irmão sorrir e se levantar de onde se sentava; ele caminhou até o sofá onde ela estava e sentou-se do lado da irmã. Clove rodou os olhos pela terceira vez naqueles poucos minutos de retorno de convivência com Harry, quando ele segurou no rosto dela e apertou as bochechas da irmã. Involuntariamente, Clove riu.

— Mas você ama a gente. - O moreno apertava delicadamente as bochechas da garota, que semicerrou os olhos para rir. - Confessa, pode confessar.

— Deixa de ser chato. - Ela tentou empurrar os braços dele, mas Harry foi ágil e desceu as mãos pela cintura da irmã, começando a fazer cócegas naquela região. Clove se debateu e suas risadas fizeram Harry rir junto. - Harry!

— Tá indefesa agora? Cadê aquela minha irmã durona, hein? - Ele provocava e cutucava a cintura dela freneticamente.

— Ela tá aqui e se você não soltar ela, vai se arrepender. - Claro que Clove tentou falar de forma séria e autoritária, para que Harry a soltasse. Obviamente ela não conseguiu; sua fala saiu cheia de risos e sua feição demonstrava divertimento. Ela se acabava com cócegas.

— Que medo, irmãzinha. - Harry ria junto dela. Os dois eram sempre assim, se implicavam, se irritavam, mas estavam agora mais unidos do que nunca. E aquilo era extremamente reconfortante, tanto para Harry, quanto para Clove. E pensar que eles correram tantos riscos e quase não permaneceram juntos no fim da história... eles não podiam se imaginar sem aquele laço forte de irmãos que os interligavam.

— Ei, ei, ei.- Quando ela finalmente conseguiu se livrar das cócegas, segurando os braços de Harry, suplicou com o olhar para que ele parasse; ele entendeu que ela precisava falar algo. Respiraram fundo; Clove soltou os braços de Harry, que soltou a irmã por completo. - Só pra você saber, vai ter revanche. - A morena ameaçou e o garoto deu de ombros, rindo. - Mas agora preciso te pedir um favor.

— Ah, um favor? - Harry coçou o queixo e Clove bufou. - Interessante... - Ela sabia que ele usaria aquele favor contra ela, quando quisesse algo. Os dois eram feito duas crianças birrentas.

— É sério, Potter. Eu preciso que você faça um jantar aqui amanhã. - A mutante foi direto ao ponto; Harry subitamente parou para prestar atenção, mesmo já estranhando completamente.

— Eu? Fazer um jantar? - Harry arregalou os olhos.

— Você não quer que a nossa mãe faça, né? É perigoso ela abaixar pra pegar uma panela e o bebê sair pelas pernas dela. - A barriga de Lily estava realmente muito grande. Harry riu daquela piadinha.

— Tão sensível... - Ele debochou, mas Clove não se importou e voltou a falar:

— Escuta, mano. É que amanhã é aniversário do Cato... - Quando Clove pronunciou o nome, Harry já riu e entendeu o porquê dela estar pedindo algo para o irmão.

— Nosso querido menino Cato. - O mais velho debochou mais uma vez e Clove voltou a bufar.

— Dá pra me escutar? - Ela ergueu o tom de voz e viu o irmão dar de ombros. - Dai eu queria que você fizesse o jantar e convidasse a Narcisa pra vir passar a noite aqui com você e com a mamãe. Você pode chamar a Gina também, cê que sabe. - Aquele detalhe Clove comentou com displicência, mas ela percebeu que Harry voltara a ficar plenamente antenado na explicação dela. Ele já estava entendendo onde a irmã queria chegar, e as sobrancelhas na testa do garoto já estavam bem arqueadas.

— Comigo e com a mamãe? - Harry pronunciou lentamente. - Onde você entra nessa história, Clove?

— Eu vou estar com o Cato, né, imbecil. - A morena foi óbvia. Harry franziu a testa e seus olhos ficaram praticamente semicerrados.

— À noite? - Ele viu Clove revirar os olhos e percebeu ela ficar um pouco sem jeito.

— Qual é, Harry. Eu só quero passar o aniversário dele com ele. - Clove tentou se explicar, e Harry a olhou desconfiada.

— Sozinhos, né? - Harry implicou e a morena revirou os olhos.

— Você vai me ajudar ou não? - Ela cruzou os braços.

— Talvez eu possa te ajudar. - O mais velho fingiu analisar a situação. - Bom, meus tênis estão todos sujos lá no tanque.. você poderia me ajudar de volta, né?

— Tá brincando com a minha cara? - Clove viu um sorriso malandro decorar os lábios de Harry.

— Você quer que eu faça o jantar pra mãe do seu namoradinho ou não? - Ele fez chantagem.

— Ah, Harry Potter... - A morena rangiu os dentes. - você é um desgraçado mesmo, né? Eu só vou lavar os seus tênis porque eu preciso da sua ajuda.

— Muito obrigado, irmãzinha. - Harry foi sarcástico e desviou de um tapa no rosto que Clove tentou dar, em brincadeira. - Mas e a Luna e o Draco? Eles moram lá também.

— Eu me viro com eles. - Ela não viu problema naquele detalhe.

— Até porque, se eles não quiserem sair, você força... - Harry novamente desviou de um tapa de Clove, entre risos.

— Mas ó... a nossa mãe não pode saber, tá? Ela vai ficar cheia de perguntinha e eu... - No momento em que Clove alertava Harry, a porta da casa se abriu e Lily entrou. A mulher segurava em suas próprias costas, aguentando o peso da barriga, e tinha as sobrancelhas da testa arqueadas. Ela havia escutado essa frase final.

— Eu não posso saber do que, mocinha? - Lily ficou desconfiada. Clove e Harry se entreolharam, e era notório que o mutante tentava segurar o riso. Clove o beliscou discretamente.

— Mãezinha... - A garota se levantou do sofá, ignorando o resmungo de dor de Harry, e tratou logo de mudar de assunto. - essa barriga tá bem grande, né?

xx xx xx xx xx xx xx

O dia 12 chegara. O dia em que Cato completava 20 anos.

O sol da tarde estava enfraquecido, como se a noite estivesse prestes a chegar.

Como Clove havia pedido, Harry estava para fazer o jantar. Ele não podia ser considerado um chefe de cozinha, mas cozinhava bem. Com o passar dos meses da gravidez da mãe, era ele quem mais tomava conta da cozinha naquela casa. Clove ajudava, mas ela sempre fazia o que queria. Era mandona mesmo, Harry tinha de admitir.

Lily descansava em seu quarto, por recomendações de Harry. Claro que ele se importava com a saúde da mãe, mas insistiu para que ela fosse para o quarto justamente para poder preparar o jantar para Narcisa. Lily não sabia de nada, mas receberia a mulher de bom grado. Clove já havia explicado tudo para Draco, e ele também topou ajudá-la. Não sem uma chantagem antes. Clove às vezes odiava aqueles marmanjos.

— Ela já tá saindo de casa. - Draco estava no telefone com Clove; era a segunda vez no dia que eles conversavam para acertar os detalhes. Narcisa, Luna e o Malfoy mais novo já haviam passado a manhã e a tarde com Cato, comemorando os 20 anos do garoto com um bolo de padaria, refrigerantes e salgadinhos. - Inclusive ela estranhou você não ter dado as caras aqui. E o Cato também. Você nem ligou pra ele nem nada.

— Ele deve estar chateado comigo. - Clove pensou alto. - Mas eu não podia falar. Quero fazer surpresa.

— Já imagino a surpresa. - Draco debochou, malandro. Clove ignorou a risada do garoto pelo telefone.

— Cala a boca, Draco. - A morena bufou. - Você explicou tudo pra sua mãe, né?

— Que era pra ela ir passar a noite ai com vocês e com a Lily, porque ela já estava quase ganhando o bebê e vocês já estavam preocupados e blá, blá, blá... sim, eu dei conta do recado. Sou homem de palavra. - Draco se gabou e foi a vez de Clove rir.

— Cadê o homem? - Ela retrucou.

— Cala a boca, Clove. - O loiro imitou-a no insulto.

— Olha, eu vou desligar. Vou sair de casa antes que minha mãe saia do quarto. Não deixa o Cato sair dai. E vê se pega a Luna e cai fora. - A simpatia de Clove chegava a espantar Draco.

— Claro, madame. Mais alguma? - Ele voltou a debochar.

— Adeus. - Clove evitou mais delongas e finalizou a ligação; ela estava rindo. Era engraçado que, onde tinha Clove no meio, existia implicâncias. Muita coincidência? Clove deu de ombros quando chegou àquele pensamento.

Ela colocou o celular no bolso e respirou fundo. Estava um pouco nervosa. Não sabia se era capaz de transmitir seu nervosismo, mas tinha a certeza de que suas pernas tremiam e seu coração batia um mais mais acelerado que o normal. A ansiedade nos olhos dela era notória, ela mesma conseguia perceber enquanto se olhava no espelho. Seus olhos verdes brilhavam. Queria logo encontrá-lo...

Clove deu uma última checada em seu visual diante do espelho antes de sair do quarto. Ela não estava produzida para sair, ela estava vestida como Cato gostava que ela se vestia: do jeito Clove de ser. Uma calça levemente rasgada, uma regata preta e uma blusa jeans amarrada em sua cintura. Poderia fazer frio, já que a temperatura em Manchester era tão imprevisível. Mas ela sabia que não sentiria frio naquela noite...

Seu coração pulou com aquele pensamento que rondou sua mente. No instante em que ela saiu do quarto, topo com Harry, que já ia colocando a mão na maçaneta da porta. Os dois se assustaram.

— Garoto! - Ela levou a mão no peito.

— Tá nervosinha, é? - Harry ignorou seu susto e riu da feição da irmã. As bochechas dela estavam mais avermelhadas que o normal.

— Tá dando pra perceber? - Clove subitamente expôs seu real nervosismo. A risada de Harry se transformou num sorriso.

— Mamãe já deve estar saindo do quarto pra tomar banho. - O mutante alertou-a e ela respirou fundo. - É melhor você ir. Já chamou o táxi do jeito que eu mandei? - Harry ainda era muito protetor, Clove admirava secretamente esse fato nele.

— Sim, já deve estar chegando. - Como em sincronia de ambos os pensamentos do irmão, uma buzina foi ouvida do lado de fora da casa e eles se entreolharam.

— Vai nessa, a mamãe vai sair do quarto pra olhar o que é. - O irmão mais velho deu um último aviso e Clove concordou, assentindo. Os dois trocaram um olhar silencioso antes do moreno entregar o dinheiro do táxi para ela, e então Clove se afastou de Harry.

Harry a observou caminhar para sair de casa. É, ela já estava crescida. Sempre fora durona, cheia de si, independente. Mas agora, Harry tinha a certeza de que Clove estava se transformando numa mulher. Aquele poderia ser um pensamento cafona, mas ele não se importou. Ele se orgulhava da irmã. Ela era forte e não chegou a desistir dos problemas que eles enfrentaram, tanto na cidade, quando a história dos mutantes assombrou a população, quanto na ilha, quando ela se meteu em inúmeros problemas e saiu ferrada de cada um deles. Harry se orgulhava dela.

"Seja feliz essa noite."

A voz dele subitamente invadiu os pensamentos de Clove, quando ela abria a porta da casa para sair. A morena girou a cabeça e observou o irmão, que havia seguido-a até a sala. Com um sorriso sincero de agradecimento, Clove sumiu das vistas do irmão e a porta foi fechada.

A cidade havia anoitecido. O céu estava ainda mais brilhante que a noite passada, Clove reparou. Ela também reparou um carro passando pelo táxi em que a garota estava, no caminho da casa dos Potter, e Clove teve a certeza de que era Narcisa indo para o jantar que Harry preparava. O coração da mutante se acelerou ainda mais com o que viu.

Não demorou muito para Clove chegar na casa de Cato. A rua não estava escura, mas, na casa, poucas luzes estavam acesas. Ela sabia que Draco e Luna haviam saído, ela sentia isso.

Clove pagou o táxi e não combinou do motorista buscá-la. Quando o táxi se foi, ela caminhou até a porta da casa e tocou a campainha, mas, antes disso, respirou fundo três vezes. Clove podia sentir seus próprios olhos rutilarem. Ela queria vê-lo logo.

Não demorou muito para Cato aparecer. Foi inevitável o sorriso nos lábios dele quando a porta se abriu e Clove surgiu frente aos olhos azuis do mutante. Ele esperou o dia inteiro para vê-la, e sequer sabia se teria esse privilégio. Talvez Clove esquecera daquela data, ou talvez ela simplesmente não apareceria... mas Cato torceu para que ela aparecesse.

— Achou que eu não viria? - Ela sussurrou contra o ouvido dele, em meio ao abraço apertado e aconchegante. Como era bom estar nos braços de Cato...

— Já está de noite. Eu estava sem esperanças. - Ele ouviu a risada dela com a confissão que fez. Ainda parados na porta de entrada da casa, os dois saíram do abraço e se olharam nos olhos. Os corpos não perderam contato, não se distanciaram. Cato levou uma mão até o pescoço de Clove e envolveu aquela região, sensualmente. Clove sorriu intensamente.

— Eu nunca deixaria de vir. - Ela disse, sua voz especialmente baixa para ele. Cato adorava a voz dela. Ela envolveu a nuca dele com as duas mãos e as bocas se aproximaram. - É o seu dia.

— E o meu presente é você. - Cato a fez sorrir ainda mais. Que sorriso maravilhosa ela tinha, ele sempre achava. As bocas se tocaram lentamente e os lábios deslizaram um no outro, de forma terna e ao mesmo tempo, provocativa. O contato durou poucos segundos, e a vontade de mais contato surgiu. Os dois voltaram a se olhar, fixamente. - Vem, entra. - Cato segurou-a pela mão e a guiou para dentro da casa, fechando a porta em seguida. Clove suspirou e segurou nas mangas da blusa jeans que envolvia sua cintura. - Tá vazia, eu sei. - O loiro comentou, se aproximando da morena, que estava de costas. Clove se virou e o olhou. Ela estava incrivelmente linda naquela noite. - Todo mundo resolveu sair hoje. E eu nem sei pra onde eles foram.

— Maldade eles te deixarem sozinho no seu aniversário, né? - Clove brincou e Cato se desentendeu com o sorriso de lado dela. Era um sorriso suspeito, e Cato gostou daquela desconfiança que ele sentiu. Ele automaticamente sorriu junto.

— Muita maldade. - Cato olhou-a intensamente. - Ainda bem que eles não sabiam que você vinha, né?

— Ainda bem que eles não sabiam. - Clove deu uma leve piscada e Cato sorriu de canto a canto. Ele entendeu que ela tinha planejado aquele momento com ele. - Eu queria ficar aqui contigo...

— Você não me ligou, não avisou nada. - Quando eles perceberam, já estavam frente a frente de novo. - Achei que tinha esquecido.

— Até porque você super me lembrou esses dias que hoje era seu aniversário, né? - Clove torceu os lábios e o loiro sorriu e encolheu os ombros. Ele sequer tinha comentado com ela sobre aquela data. Sorte era que Clove tinha uma boa memória, e uma boa informante também. Narcisa era demais.

— Não queria me gabar por estar fazendo 20 anos. - Cato mordeu os lábios e Clove riu.

— Está se gabando agora. - Ela implicou e foi segura pela cintura; as mãos fortes dele a puxou. Os corpos se colaram.

— Estou feliz agora por você estar aqui. - A sinceridade no sussurro de Cato fez o coração de Clove se acelerar ainda mais.

— Vim comemorar com você. - Ela sussurrou de volta e Cato a apertou pela cintura, precisamente. Aquele jeito dele a segurar sempre a deixava sem equilíbrio nas pernas e sempre a fazia perder o controle da própria respiração.

— Sobrou bolo e alguns salgadinhos. - O loiro sorriu quando ela sorriu junto. Clove tocou o queixo dele com o polegar e correu seu dedo pelo rosto do mutante. Ele observou e sentiu aquele toque, sem deixar de estar vidrando nos olhos dela. O dedo de Clove tocou os lábios de Cato e ela ficou acariciando aquela região. Uma respiração quente escapou pela boca dele e entrou em contato com o dedo dela. Clove sorriu.

* - Eu tenho uma coisa pra você. - A voz da morena soava o mais baixo possível, ela queria que ele captasse aqueles sussurros como um sinal de desejo. E ele captava, ela sabia.

— E o que é? - Cato involuntariamente desceu uma mão que envolvia a cintura de Clove; ela percebeu os dedos dele enfiando por baixo da blusa jeans e entrando em contato com o pano da calça jeans, em cima de sua bunda. As pernas da morena bambearam um pouco mais e ela não conteve um arfar com aquele simples toque. Sequer o impediu de continuar com a mão sob aquela região de seu corpo.

— Vem comigo. - Ela pediu, dessa vez tocando os lábios dele com os seus. As bocas se roçaram por alguns segundos, provocando-os. Clove então se afastou e soube que seria seguida por ele, no momento em que ela começou a entrar pela casa.

Não demorava a chegar no quarto que Cato dividia com Draco. Era aconchegante e nada apertado, além de que estava vazio para os dois naquele momento.

Clove sentiu seu coração pular ao girar a maçaneta da porta e entrar no quarto do loiro. Ela soube que ele estava atrás dela; ela podia sentir a respiração quente dele vindo de encontro à ela. Cato não entrou, ficou parado na porta esperando que ela dissesse algo. Ele sorria de lado, intensamente, seus olhos brilhavam e seu coração também estava acelerado. Ele a viu, de costas, desamarrando a manga da blusa envolvida em sua cintura desenhada. Clove desamarrou a blusa lentamente e a jogou em um canto do quarto que ela não pôde ver, porque ela precisava muito olhar Cato nos olhos.

Ela girou o corpo e encontrou com o olhar dele. Ele sorria de uma forma tão sedutora; Clove foi capaz de sentir todos os pelos de seu corpo se eriçarem vendo aquele sorriso. Ela se arriscou em continuar e, sem quebrar o olhar intenso entre os dois, a morena começou a subir sua regata preta, deixando a pele de sua cintura à mostra. Cato respirou fundo e sentiu seu corpo pulsar com a cena. Quando Clove retirou a regata, jogou-a sobre o chão e esperou alguma palavra dele.

— Eu quero você. - Foram as palavras necessárias que Clove precisava ouvir. O coração dela disparou de uma forma surreal. Ela sorriu da forma mais linda que Cato já vira.

O loiro se aproximou dela e a agarrou pela cintura. As bocas se encontraram automaticamente, de forma furiosa e desesperada. Eles precisavam daquele contato. Clove enlaçou seus braços em volta do pescoço dele e Cato trouxe o corpo dela para prender-se no seu; as pernas da morena cruzaram o quadril de Cato e ela ficou erguida no ar, totalmente colada no corpo dele.

Os beijos que eles trocavam eram arrebatadores, os deixava completamente sem ar. Quando precisavam respirar, a boca de Cato ia de encontro ao pescoço de Clove, beijando e chupando a pele, fazendo a morena arfar. Ela intercalava aquelas carícias com ele, mordendo-o no queixo, beijando-o no pescoço, respirando acelerado contra a pele dele, deixando-o quente.

— Feliz aniversário, Cato. - Ela sussurrou contra o pescoço dele, enquanto desabotoava a calça jeans do garoto. O corpo dele, deitado sobre o dela na cama, clamava pelo corpo dela. A morena beijou toda a extensão do pescoço dele e subiu seu rosto, os dois voltaram a se olhar nos olhos e ambas as respirações estavam mais quentes e aceleradas que nunca. Cato segurava a barra da calcinha de Clove; os corações batiam acelerados em perfeita sincronia.

— Eu te amo. - Ele a viu sorrir intensamente, e Cato jurou chegar ao paraíso com aquele sorriso.

— Eu te amo. - Clove desabotoou a calça dele com uma mão, e com a outra, tocou-o pelo peitoral inteiro, até encontrar o rosto do loiro. A morena segurou o rosto dele e alisou a pele de onde deveria existir uma barba, mas ele havia feito exclusivamente naquele dia. - Te amo, Cato. - Ela sussurrou mas não saiu voz, Cato apenas decifrou as palavras dela.

É, eles eram intensos demais juntos. Intensos demais porque necessitavam um do outro, intensos demais porque se amavam daquela forma. Era um amor que só os dois eram capazes de conhecer.

O amor que eles criaram juntos.

Era o amor deles.


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Notas finais do capítulo

O capítulo está sem revisão, perdoem pelos errinhos. Vocês gostaram? Eu particularmente gostei desse epílogo... imagino o Cato e Clove juntos exatamente dessa forma. Já tô com saudade de escrever sobre eles.

Os epílogos já estão chegando ao fim...
Não esqueçam de comentar.

XX, Jen



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