A Volta Para O Norte - HIATUS escrita por Elizabeth Darcy


Capítulo 1
Capítulo 52 - "Embale as Nuvens"


Notas iniciais do capítulo

Bom, para quem gosta do livro essa é uma continuação. Este capítulo foi alterado em 20-08-13 quando realmente comecei a me dedicar a história e este capítulo introdutório é o último no livro, para que vocês leitores sejam situados corretamente.



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"Para a alegria ou a aflição, para a esperança ou o medo,

 Para todo o futuro, como para aqui,  

Na paz ou na guerra, na tempestade ou sob a luz do sol.”

Anônimo

Na manhã seguinte, Edith andava na ponta dos pés, controlando Sholto para que não falasse alto, como se qualquer barulho súbito pudesse interromper a conferência que estava acontecendo na sala de visitas. Já era duas horas, e eles ainda estavam lá com as portas fechadas. Então ouviu-se o passo de um homem correndo pelas escadas, e Edith espiou da sala.

– Bem, Henry? – disse ela, com um olhar de interrogação.

– Bem! – dito ele, de modo breve.

– Entre para almoçar!

– Não, obrigado, não posso. Eu já perdi muito tempo aqui.

– Então ainda não está tudo resolvido – disse Edith, desanimada.

– Não! Nem um pouco. Nunca será resolvido, se o “tudo” a que você se refere é o que eu imagino. Isso nunca vai acontecer, Edith, desista de pensar no assunto.

– Mas seria tão agradável para nós todos – implorou Edith. – Eu sempre me sentiria tranquila sobre as crianças, se tivesse Margaret morando perto de mim. Do jeito que está, estou sempre com medo dela partir para Cádiz.

– Eu tentarei, quando me casar, procurar uma jovem que tenha algum conhecimento do trato com crianças. Isso é tudo que eu posso fazer. Miss Hale não me aceitaria. E eu não vou pedi-la.

 – Então, sobre o que estão falando?

– Mil coisas que você não entenderia: investimentos e arrendamentos e valores de terras.

– Ah, vá embora, se isso é tudo. Você e ela serão insuportavelmente estúpidos, se estiveram falando todo esse tempo sobre essas coisas cansativas.

– Muito bem. Virei de novo amanhã, e trarei Mr. Thornton comigo, para conversar mais um pouco com Miss Hale.

– Mr. Thornton! O que tem ele a ver com isso?

– Ele é o inquilino de Miss Hale – disse Mr. Lennox, virando-se. – E ele quer desistir do arrendamento.

– Oh! Muito bem. Não consigo entender detalhes, portanto não os conte para mim.

– O único detalhe que eu quero que você entenda é – deixe que tenhamos a sala de visitas dos fundos tranquila, como estava hoje. Em geral, as crianças e os criados andam tanto de um lado para outro, que eu nunca posso explicar um negócio de modo satisfatório, e os acordos que temos que fazer amanhã são importantes.

Ninguém nunca soube por que Mr. Lennox não manteve seu compromisso no dia seguinte. Mr. Thornton chegou na hora exata, e após mantê-lo esperando por quase uma hora, Margaret entrou parecendo muito pálida e ansiosa. Ela começou apressadamente:

– Lamento tanto que Mr. Lennox não esteja aqui... Ele poderia tratar disso muito melhor do que eu. Ele é o meu consultor neste assunto...

– Sinto muito ter vindo, se isso a incomoda. Devo ir ao escritório de Mr. Lennox e tentar encontrá-lo lá?

 – Não, obrigada. Queria lhe dizer o quanto fiquei triste de saber que vou perdê-lo como inquilino. Mas, como Mr. Lennox diz, com certeza as coisas vão melhorar...

– Mr. Lennox sabe pouco sobre isso – disse Mr. Thornton, calmamente. – Como ele é feliz e afortunado em tudo que interessa a um homem, ele não entende o que é descobrir que não se é mais jovem – e ainda assim ser lançado de volta ao ponto de partida, que exige a energia esperançosa da juventude. Sentir que a metade da vida passou e nada está feito – que não resta nada da oportunidade perdida, apenas a lembrança amarga daquilo que foi. Miss Hale, prefiro não ouvir a opinião de Mr. Lennox sobre os meus negócios. Aqueles que são felizes e prósperos são muito inclinados a menosprezar as desgraças dos outros.

– O senhor é injusto – disse Margaret, gentilmente. – Mr. Lennox apenas falou da grande probabilidade que ele acredita que haja da sua recuperação... de recuperar até mais do que perdeu... Não fale até que eu termine... por favor, não! – E, recompondo-se mais uma vez, ela continuou rapidamente, consultando alguns documentos legais e declarações de contas de maneira apressada, trêmula. – Oh! Aqui está! Ele me preparou uma proposta... gostaria que ele estivesse aqui para explicar... mostrando que se o senhor tomasse emprestado algum dinheiro meu, dezoito mil e cinquenta e sete libras, que estão no banco sem utilização no momento e me rendendo um juro de apenas dois e meio por cento... Bem, o senhor poderia me pagar um juro muito melhor, e manteria a Fábrica Marlborough funcionando.

 Sua voz tinha clareado e se tornado mais firme. Mr. Thornton não falou, e ela continuou a procurar algum papel em que estava escrita a proposta por segurança, pois ela estava muito ansiosa para ter tudo tratado como um simples acordo de negócios, no qual a vantagem principal estaria do lado dela. Enquanto Margaret procurava o documento, sua pulsação foi alterada pelo tom em que Mr. Thornton falou. A voz dele estava rouca e trêmula de paixão, quando disse:

– Margaret!

Por um momento ela o olhou. Então tentou ocultar os olhos luminosos escondendo o rosto nas mãos. Novamente, chegando mais perto, ele voltou a chamar o seu nome, com voz trêmula e ansiosa.

– Margaret!

Mais sua cabeça baixou, mais o rosto se escondeu, quase descansando na mesa diante dela. Ele se aproximou. Ajoelhou-se ao seu lado, trazendo o rosto até o seu ouvido, e sussurrou ofegante as palavras:

 – Tome cuidado... Se você não falar, eu a reivindicarei como minha, de algum modo presunçoso e estranho. Me mande embora agora, se eu tenho que ir... Margaret!

 Quando ele a chamou pela terceira vez ela virou para ele o rosto, ainda coberto pelas mãos brancas e delicadas, e deitou-o no seu ombro, continuando a escondê-lo. E ele estava achando delicioso demais sentir a face macia dela contra a sua, para não desejar ver rubores profundos ou olhos amorosos. Apertou-a contra si. Mas ambos mantinham silêncio. Por fim, ela murmurou em uma voz entrecortada:

– Oh, Mr. Thornton! Eu não sou boa o bastante!

-Não é boa o bastante! Não zombe do meu próprio sentimento profundo de indignidade.

Depois de um minuto ou dois, ele suavemente tirou-lhe as mãos do rosto e pôs os braços dela ao redor do seu pescoço, como ela havia feito uma vez para protegê-lo dos desordeiros.

– Você se lembra, amor? – ele murmurou. – E como eu lhe agradeci com insolência no dia seguinte?

– Eu me lembro de como fui injusta ao falar com você – isso é tudo.

– Olhe aqui! Levante a cabeça. Tenho algo para lhe mostrar!  

Ela o olhou devagar, o rosto corado de linda vergonha.

– Conhece estas rosas? – ele disse, puxando o livro de bolso, no qual estavam entesouradas algumas flores mortas.

– Não! – ela respondeu, com curiosidade inocente. – Eu as dei para você?

– Não! Vaidade! Não deu. Você deve ter usado as irmãs destas rosas, provavelmente.

Ela as olhou, refletindo por um minuto, então sorriu um pouco quando disse:

 – Elas são de Helstone, não são? Conheço os entalhes profundos em volta das folhas. Oh! Você esteve lá? Quando foi lá?

– Eu queria ver o lugar onde Margaret cresceu para se tornar o que ela é, mesmo no pior momento, quando eu não tinha nenhuma esperança de um dia chamá-la de minha. Eu fui lá em meu retorno do Havre.

– Você tem que dá-las para mim – ela disse, tentando tirá-las das mãos dele com suave violência.

– Muito bem. Só que você tem que me pagar por elas!

– Como vou contar à Tia Shaw? – ela sussurrou, depois de certo tempo de delicioso silêncio.

– Me deixe falar com ela.

– Oh, não! Eu tenho essa dívida com ela... mas o que ela dirá?

– Eu posso adivinhar. Sua primeira exclamação será “Aquele homem!”

– Silêncio! – disse Margaret. – Ou vou tentar lhe mostrar o tom indignado da sua mãe quando disser “Aquela mulher!”

FIM

[1] No original: “Pack clouds away”. Poema de Thomas Heywood (1570?-1641), dramaturgo e ator inglês


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo, , que alguns já viram o começo, deve ser postado em até 36 horas ok?