Red escrita por A Menina que Roubava Palavras


Capítulo 3
Bem Vinda à Família


Notas iniciais do capítulo

Consegui entrar na net postar o capítulo, a gradeçam a minha mãe *-*



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Luce acordou, inexplicavelmente, feliz hoje. Tinha um pressentimento que algo bom iria acontecer. Talvez a sobremesa do dia fosse bolo de chocolate, talvez hoje ela fosse conseguir um horário para entrar na internet, ou talvez, nas mais remotas possibilidades, ela seria adotada. “Não, não”, pensou ela. Isso com certeza não iria acontecer.

Todos os casais que vêm para adotar preferem meninos e meninas menores que cinco anos. Quem iria querer uma adolescente de quinze anos? Já tinha se conformando com seu futuro. Iria estudar bastante, entrar em uma faculdade e conseguir um emprego quando fizesse dezoito anos.

No café da manhã, Harry guardou um lugar ao lado dele para ela. Ele tinha quinze anos e era o melhor amigo de Luce desde que chegou naquele lugar. Foi só baterem os olhos uns nos outros e “pam!” - amigos. Alguns diziam que eles eram apaixonados, que aquela amizade iria acabar em namoro, mas não. Isso não passava pelas cabeças deles. Ambos se consideravam irmãos.

Harry foi deixado no orfanato Green Day aos sete anos de idade. Seus pais eram traficantes de drogas e estavam sendo perseguidos pela polícia de Nova York, por isso resolveram deixar o filho a salvo. Porém, antes de partirem, disseram a ele: “Nós voltaremos, filho. Um dia você irá fazer parte da nossa grande quadrilha.”

Pode-se dizer que Harry tinha orgulho da bravura dos pais, mas seu sonho não era se tornar um marginal. Ninguém sabia dessa história, nem mesmo sua melhor amiga. Luce apenas sabia que ele tinha algum envolvimento com drogas e sempre o sinalizava por causa disso, dizendo que drogas levam as pessoas à perdição. Fora isso, o relacionamento dos dois era tranquilo e amoroso.

Luce foi deixada no orfanato quando tinha poucos dias de vida. Ninguém sabia o que tinha acontecido com seus pais, por isso ela os considerava como mortos.

Não é fácil crescer sem ter uma base familiar para se espelhar. Ela, na maioria das vezes, se sentia vazia por dentro, como se não pertencesse a ninguém. Não tinha uma identidade, não se achava parecida com ninguém. Por outro lado, isso era bom. Proporcionou a ela uma personalidade forte e inabalável. Se preenchia com os consolos dos poemas e histórias de diversos livros. A leitura era seu hobbie favorito.

Naquele dia de primavera, ela passou a manhã praticamente toda rindo e se divertindo com Harry. Um pouco antes do almoço, ela foi até a área de recreação das crianças e ajudou as faxineiras com a bagunça. Essa era outra coisa que fazia no orfanato, ajudava as pessoas com seus afazeres. Desse jeito, ela se sentia útil para alguma coisa já que não tinha muitas coisas para fazer naquele lugar.

Como imaginou, a sobremesa do dia foi bolo de chocolate. Depois de comer, foi até o jardim e se sentou debaixo de uma macieira para ler. Ali era fresco e proporcionava uma bela vista para o parquinho onde as crianças de esbaldavam de brincar. Logo, começou sua leitura e se desconectou do lugar.

Nesse mesmo instante, Sr. e Sra. Stark passaram pelo jardim, acompanhados pela recepcionista.

– Amor – Anita o parou – Olhe aquela jovem lendo de baixo da árvore – ela apontou para a dita cuja.

– Sim, o que que tem?

– Ela me parece perfeita.

– Mas querida, nós viemos aqui para adotar uma criança, não uma adolescente – Eric falou.

– Algum problema? – a recepcionista se aproximou deles.

– Aquela jovem ali. – Sra. Stark apontou em direção a Luce – Ela está disponível para adoção?

– Sim, sim.

– Ótimo! Nós vamos ficar com ela! – Anita sorriu satisfeita.

– Como assim? – Sr. Stark discordou – Amor, o que te chamou tanta atenção nela?

– Ela parece calma e sensata. Se está com um livro na mão significa que, pelo menos, gosta de algum tipo de leitura. E não é isso que queremos para o nosso Justin? Um pouco de sensatez e gosto para os estudos?

Eric abriu a boca para argumentar, mas nada saiu. Sua mulher tinha razão. Talvez uma boa influência dentro de casa fizesse melhor ao seu filho, ainda mais porque os dois pareciam ter a mesma idade.

– Tudo bem. – ele se rendeu – Ficamos com ela.

– Maravilhoso! – exclamou a senhora – Vou preparar a papelada e irei chamar alguém para avisa-la e arrumar as suas coisas. Por favor, queiram me acompanhar.

O casal a seguiu para a diretoria do orfanato.

Cinco minutos depois, tia Sammy apareceu ao lado de Luce.

– Luce! Advinha!

– O que foi? – franziu o cenho.

– Você foi adotada!

A surpresa foi tão grande que ela acabou se engasgando com a própria saliva.

– Como assim?!

– Quando um casal vem até um orfanato e escolhe...

– Eu sei como se adota uma criança! É só que... eu não sou uma criança – disse.

– E daí?

Luce abriu a boca para protestar, mas pensou duas vezes. Realmente, isso não significava nada. Qualquer um ali poderia ser adotado.

– Eles vão me buscar hoje?

– Sim! Já estão na diretoria assinando os papeis!

– Meu Deus! – levou as mãos à cabeça, sem conseguir parar de sorrir – Eu fui adotada! Meu Deus! – sua expressão mudou drasticamente – E Harry?! Meu Deus, e Harry?!

– Ele vai ficar bem aqui! – garantiu Sammy.

– Mas...

– Mas o que menina? Vai logo arrumar suas coisas antes que o casal mude de ideia!

– Não brinque com isso!

– Tube bem, vai logo! – riu.

Luce estava tão feliz e avoada que acabou esquecendo o livro de baixo da árvore. Subiu correndo até seu quarto e pegou sua mala, que já estava acumulando poeira de tanto esperar. Pegou suas roupas no armário e as socou dentro da mala de qualquer jeito. Era tanta felicidade que suas mãos tremiam. Alguém bateu na porta.

– Entre.

– Eu fiquei sabendo. – era a voz de Harry. Luce se virou para ele imediatamente.

Os dois se abraçaram forte.

– Você sabe que isso não é uma despedida, não sabe? – ela perguntou.

– Como assim?

– Ora seu bobo, eu vou vim te visitar um dia desses. Nós somos irmãos lembra?

– E nenhuma família no mundo poderá separar a nossa – Harry completou sorrindo.

– Exatamente. – sorriu com os olhos marejados.

– Quer ajuda?

– An, pegue minha escova de dente no banheiro, por favor.

– Claro – respondeu.

Depois que a mala ficou pronta, Luce e Harry desceram e esperaram na recepção.

– Eu estou parecendo nervosa? – perguntou.

– Sim, muito.

– Idiota! – ela deu um tapa de leve no ombro dele.

Não deu tempo deles continuarem a conversa, pois o Sr. e a Sra. Stark apareceram na recepção.

O coração de Luce deu um pulo em seu peito, fazendo-a ficar sem ar por um momento.

Leyla, a recepcionista, se colocou entre o casal e ela. Harry se afastou um pouco.

– Venha Luce, conheça seus novos pais. – disse sorrindo.

Ela deu alguns passos para frente, sem saber o que fazer ao certo. Já tinha se imaginado algumas vezes nesse momento, mas nada se comparava com o que estava sentindo agora. Era uma mistura de vergonha, com medo e felicidade. Infelizmente, ela estava muda.

– Prazer, Luce – Anita foi a primeira a falar – Eu sou Anita Stark e esse aqui é Eric, meu marido.

Tudo o que a jovem disse foi um oi bem fraco. Não conseguia se mover.

– Vamos para sua nova casa? – perguntou.

Luce assentiu e não conseguiu disfarçar o sorriso no rosto. Se virou para se despedir de Harry pela última vez.

Quando ela viu uma limusine parada na frente do orfanato, petrificou.

– Algum problema? – Eric perguntou.

– A limusine é sua?

– Sim – sorriu.

Luce ficou boquiaberta.

– Vamos – ele a segurou pela mão.

Assim que entraram no carro, Anita começou a falar:

– Acho que você deve estar cheia de perguntas para fazer, e uma delas é sobre essa limusine. Bom, Eric é gerente de uma grande rede de agência de publicidade. Eu sou personal trainer. Já fui contratada pela Beyonce, Madona e Angelina Jolie.

Luce estava sem reação diante do que estava ouvindo, tentando processar o que tinha acontecido com ela. “Calma ai! Eu fui adotada por dois milionários?! Ai meu Deus!”

– Nós já temos um filho. O nome dele é Justin e tem a sua idade, eu acho. Quantos anos você tem mesmo?

– Quinze.

– Pois é. Ele tem dezesseis. Vocês vão se dá muito bem! – sorriu.

Chegando em casa, um mordomo abriu a porta da limusine.

Luce ficou boquiaberta, impressionada com o tamanho da casa, ou melhor, mansão. Uma onda de ansiedade invadiu completamente o corpo dela. Queria entrar e explorar cada milímetro quadrado daquele lugar.

– Bonita, não? – Sr. Stark se referiu a casa. Luce assentiu. – Jack, seu novo mordomo, irá te levar ao seu quarto.

– Espera ai! Eu tenho um mor...domo? – perguntou com os olhos arregalados.

– Sim, e uma faxineira particular se você quiser – sorriu.

Levou a mão à boca. Aquilo parecia surreal.

Como Eric disse, um homem apareceu do seu lado e pegou suas malas.

– Você é Jack? – perguntou.

– Sim, senhorita. Irei leva-la ao seu quarto.

Quarto de princesa, ele quis dizer, pois era o que parecia. Uma cama de casal enorme forrada com um tecido de seda rosa claro, uma televisão de 75’’, um banheiro particular com piscina de hidromassagem e um ultrabook só para ela.

– Meu Deus! – exclamou – Jack, isso tudo é só meu?

Ele estranhou a pergunta, mas mesmo assim respondeu.

– Sim, senhorita.

– Não pode ser! Parece que estou num sonho! – se jogou na cama.

– Irei deixa-la sozinha para se acomodar no seu novo quarto. O jantar é servido as seis em ponto.

– Obrigada, Jack.

Assim que ele saiu, Luce foi até a janela do seu quarto. Tinha uma vista esplêndida para frente da casa, onde tinha um chafariz no centro. Aquele mesmo desejo de explorar a casa lhe invadiu.

Chegando no corredor, ela se sentiu perdida. Havia várias portas e corredores anexos. Escolheu um e seguiu em frente. Sem querer, acabou se esbarrando em alguma coisa. Quando foi ver, seus olhos se conectaram com dois brilhos intensamente verdes.

No mesmo segundo, Luce sentiu um arrepio frio percorrer todo seu corpo. Aqueles olhos penetraram sua alma, e parecia que eles procuravam por todas as suas fraquezas e medos. Ela sentiu na sua pele toda a dor e perturbação que aquele menino carregava consigo. Ficou paralisada, sem saber o que fazer ou falar.

– Olha para onde anda! – o menino reclamou, furioso. Ele a olhou de cima a baixo – Quem é você?

Ela não conseguia pensar em nada. O tom de voz dele era tão intenso e agonizante que tinha roubado o ar daquele lugar. Luce estava com medo.

– É surda garota?!

– Eu... Eu... Sou Luce, sua nova irmã – respondeu rouca.

– Puta que pariu! – Justin deu um tapa na sua testa. – Não acredito que eles fizeram isso! – saiu logo em seguida.

Talvez Luce tenha ficado lá parada por cinco minutos, talvez por três segundos, ou até mesmo por uma hora. Não sabia ao certo. Tinha perdido a noção do tempo. Tudo o que sabia era que seu novo irmão cheirava a encrenca e a álcool.


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Notas finais do capítulo

Huehuehuehue... Justin e Luce se encontram. O que será que pode acontecer? Tam-tam-tam-tam! Comentem please!



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