3 meses depois...

Aderi ao modo zumbi, sem sombra de dúvidas. Ariel era muito bonzinho no começo, mas agora não era tão tolerante como antes.

Ele acordava toda noite e as vezes a noite inteira.

Me pegava dormindo amamentando, no sofá, no chão, em pé. Às vezes Nicolas o colocava para dormir entre nos dois, ele ficava mais calmo assim.

O problema é que eu me mexo muito e por três vezes quase o matei esmagado.

Agora são duas da manhã, e sim, ele estava me encarando.

—Filho, por favor, vai dormir. - implorei e ele continuou a me encarar com aqueles enormes olhos azuis.

—Deixa comigo - Nicolas se sentou na cama.

—Não, ontem foi sua vez. Hoje sou eu. - disse deitando ele de novo, que nem protestou e voltou a dormir.

Peguei o bebê no colo e fui para a sala.

Liguei a TV e o deitei sobre minhas pernas. Ele continuava me fitando.

—Porque você faz isso com a mamãe? Você era tão bonzinho antes, eu não aguento mais dormir a prestação. Vamos fazer um acordo? - perguntei e ele colocou a mãozinha na boca - Se dormir agora, prometo que te dou doce e refrigerante antes dos 2 anos e quando crescer e fizer xixi na cama, digo pro papai que foi eu? O que acha? - ele abriu a boca num bocejo - Isso garoto, vamos dormir.

O deitei em meu peito e ele resmungou um pouco, mas depois de minutos tinha dormido, e eu também...

No dia seguinte acordei assustada, porque Ariel não estava mais sobre mim.

Meu coração foi na boca e voltou umas duas vezes.

Já comecei a procurá-lo por todo canto até ver Nicolas com ele na cozinha.

—Que susto Nicolas...

—Calma - ele riu - É que ele estava acordado. - falou enquanto eu voltava a respirar normalmente. - Você anda muito super protetora.

—É - concordei com leve taquicardia.

—Vou sair com o Tyler hoje. - disse me entregando um copo de café. - Leões da montanha ao sul. Não é sempre que têm e seus tios disseram que também iriam.

Enquanto ele falava minha mente não tinha acordado ainda. Eu peguei Ariel do seu colo depois de virar minha xícara de café inteira.

Ouvimos o barulho da porta.

Era Renesmee.

—Oi família - disse entrando na cozinha - Oi príncipe lindo da titia. Vim buscá-lo para um passeio.

—Ah jura que vai fazer isso por mim? - perguntei emocionada.

Ela assentiu com os olhos brilhando para ele. Tirei ele do meu colo e tentei entrega-lo a Ness, mas ele começou a chorar.

—Ih, já começou a fase de só quero a minha mãe? - Perguntou ela cruzando os braços.

Suspirei cansada.

O apoiei na minha barriga de frente para mim, ele firmou os pezinhos ficando durinho e me olhando.

—Ariel, por favor, vai com a tia Nessie. Sua mãe precisa de um banho, comida, e pelo menos 2 dias de sono profundo. Não sei o que é isso há três meses.

Dei um beijo na bochechinha dele e o entreguei a Renesmee. Ela subiu até o quarto para troca-lo, enquanto ele resmungava.

—2 dias de sono profundo, acho pouco pra você - Nicolas riu.

—Eu achei que meu lado vampira ia me ajudar nessa. Mas a verdade é que meu lado humano se deitar pra descansar por um minuto, entra em coma.

Nicolas riu e me roubou um beijo me puxando pela cintura.

Ele saiu em seguida. E eu fui até o quarto do Ariel.

—Aonde vai levá-lo? - Perguntei a Renesmee que estava terminando de arruma-lo.

—La push. Não é sempre que faz sol em Forks, e esse rapaz aqui esta precisando de um solzinho.

Ela colocou um bonézinho em sua cabeça. Ele riu com a chupeta na boca.

Droga, meu filho era tão fofo.

—E o Jake, onde está?

—Resolvendo problemas.

— Que tipo de problemas?

—Acho que a matilha ganhou um inimigo. Um tal de Derek Hanks, ele invadiu o território deles com a sua matilha a procura de... Alguma coisa.

Eu engoli em seco.

—Hanks?

—Também não conheço, mas Jake esta irado. - falou pensativa - Enfim, deveria passar no chalé mais tarde. Mamãe esta com saudades, faz mais de uma semana que não vai lá.

—É, pode ser.

—Mais tarde passo lá para deixar o bebê. - Disse o ajeitando em seu colo e pegando a bolsa dele. - Já estamos indo mamãe.

Ele estava lindo, ela pegou a mãozinha dele e acenou para mim.

—Renesmee. Cuida do meu filho! - disse apontando o dedo para ela como uma ameaça.

—Relaxa Liza. Vê se vai descansar.

Ela virou as costas e foi embora com meu filho.

Eu me sentia estranha sem ele, mas eu estava tão exausta que agradeci por esse momento.

Tomei um banho demorado e cai na cama. Mas se dormi umas 2 horas, foi muito.

Quando Renesmee falou desse Derek Hanks, muitas coisas passaram na minha cabeça. E a primeira delas, foi Ariel.

Forks não era um lugar onde visitantes estranhos invadiam sem ter algum propósito.

Todo mundo sabia exatamente o que ia encontrar aqui.

Forks era a morada dos Cullens e dos Lobos. Sempre foi. E agora, abrigava uma família de Filhos da Lua.

Para alguém vir até aqui arrumar problemas, tinha que ter muita coragem sabendo que se mexesse com um clã, mexeria com todos.

Nós três estávamos ligados, eramos uma família, praticamente um clã só.

E o mundo todo sabia disso. Forks não era um bom lugar para se visitar sem avisar antes.

Algo não encaixava nisso.

Eu lembrava bem das palavras de Ícaro quando Nicolas disse que "Se ele não resolvesse, Ícaro iria. Ele não era o único querendo acabar com esse desequilíbrio."

Não sei se uma coisa tinha ligação com a outra, mas foi o suficiente para me deixar preocupada e minha mente surtar.

O dia passou tão rápido com meus pensamentos fervendo, que nem vi quando anoiteceu.

—Chegamos mamãe - Nicolas voltou com Ariel no colo. Ele tinha ido busca-lo com Renesmee. - Preciso de um banho.

Ele entrou no banheiro e eu fiquei com Ariel na nossa cama.

Ele parecia estressado e com fome, então eu o amamentei enquanto Nicolas não voltava.

[...]

Pov. Nicolas

Terminei meu banho e Elizabeth estava sentada na cama, olhando para o chão quando sai do banheiro.

Ela estava aérea.

—Ele está dormindo. Acho que agora podemos conversar.

Ela disse tensa, me deixando tenso também.

Ariel estava deitado na nossa cama, abraçado a um ursinho que dei para ele.

—Quer conversar sobre o que?

Ela olhou para Ariel por um tempo, suspirou, e me encarou de volta.

—Forks tem recebido visitas estranhas desde que Ariel nasceu, não acha? - ela olhou para o chão e suspirou de novo. - Pensei muito essa tarde e...

Eu fiz careta sem entender onde ela queria chegar com aquela conversa.

Ela respirou fundo olhando pra mim de novo.

—Eu quero ir atrás dele. Quero ir atrás do Ícaro.

A informação levou um tempo para processar na minha cabeça.

—O que?

Ela estava brincando? Eu espero que sim.

—Não quero espera-lo vir atrás da gente para matar nosso filho. - deu de ombros tranquilamente - Quero ir atrás dele primeiro. Eu quero matá-lo!

Eu respirei fundo tentando manter a calma, diante da insanidade que ela estava falando.

O porquê disso agora?

—O que é isso? São os hormônios do pós parto?

—Nicolas estou falando sério. - Agora ela estava irritada. - Não vou ficar sentada esperando ele chegar. Porque enquanto a gente espera, ele fica mais forte e arruma outro clã para vir nos matar.

—Isso é loucura, o que você está querendo fazer é loucura e perigoso demais. Não posso arriscar sua vida e a de todos desse jeito.

—Eu não pensei em todos. - disse rápida. - Pensei em nós dois.

Eu cruzei os braços sendo pego de surpresa de novo.

—Você bebeu? - Perguntei e ela mostrou o dedo pra mim. - Você está enlouquecendo.

Ela levantou da cama desnorteada enquanto começava a falar.

—A única coisa que eu não tive na minha vida foi paz. Eu realmente gostaria de criar nosso filho em paz. - explicava quase sem ar ao falar. - Não quero que ele tenha a infância que eu tive. No meio de brigas e guerras. Quero acabar com isso enquanto ele não entende o que está acontecendo. - Então ela parou de andar no meio do quarto e me olhou preocupada. - A gente sabe que nosso filho não é comum, e Ícaro nem sabe do que só eu e você viu. E querendo ou não, isso é entre eu, você e ele. Não quero envolver minha família nisso.

Passei as mãos no cabelo totalmente frustrado. Existia uma parte dessa loucura que fazia sentido, e eu não queria que fizesse.

—Digamos que talvez você tenha razão. Só que tem um detalhe nisso tudo. O Ariel. - disse apontando para ele que ainda dormia. Liza o olhou na mesma hora. - Onde vamos deixa-lo? E se morrermos no processo? Quem vai cria-lo? Sua família vai desconfiar, todos vão. Não dá pra simplesmente larga-lo tão pequeno e ir em uma missão suicida.

—É claro que não. A gente vai pensar em alguma coisa porque se eles souberem não vão me deixar fazer essa loucura.

—Ah, pelo menos você esta ciente de que isso é uma extrema loucura!

Eu ainda não estava acreditando no que estava rolando. E não estava acreditando que concordava com ela.

Eu não estava pronto pra isso ainda, eu não queria estar em uma briga de novo. Mas sabia que certas coisas não davam para adiar.

—Amor, sei que concorda comigo. - disse vindo até mim. Ela colocou a mão em meu rosto e eu suspirei. - Não consigo imaginar nossa vida com o Ariel do jeito que está. Apenas vivendo na sombra de que um dia vai acontecer algo. Que Ícaro ou alguém vai aparecer e matar nosso filho.

Ela tinha razão sobre tudo. Desde que Ariel nasceu, nossos dias tem sido tensos e preocupantes.

E não era assim que eu queria uma vida para o meu filho.

—Odeio quando tem razão - sussurrei e ela deu um beijo na minha testa vendo que eu estava em um dilema.

—É a vida dele que importa agora. Não posso abrir mão disso. - Ao dizer aquilo, ela me fez olha-lo na nossa cama. Tão calmo, tão inocente e puro. Ele não merecia a vida que tinha. - Não me importo de morrer tentando salva-lo. Talvez esse seja o propósito de tudo. Eu e você. De quebrarmos as regras com nosso Elo, dele ter acontecido mesmo sendo proibido. Talvez Ariel seja o único propósito.

E se ela tivesse mesmo razão? E se Ariel fosse a razão de tudo na minha vida?

De tudo que passei, de tudo que vivi.

Os anos guardando o colar, as vezes que ele foi roubado por Lauren, ter um Elo proibido por uma híbrida, o Elo ser selado mesmo isso nunca tendo acontecido antes, a gravidez... O primeiro bebê Filho da Lua a nascer de uma mulher não inteiramente humana.

Esse era o propósito de tudo.

Ariel?

Se era, eu não podia ignorar isso.

—E como pretende fazer isso sem que todos saibam?

—Ainda não tinha chegado nessa parte.

Minha mente estava frustrada agora, porque eu tinha encontrado uma saída.

Mas não era do jeito que eu imaginava, do jeito que eu sonhei em fazer.

—Você me deixou bravo agora, por estragar meus planos. - ela ergueu a sobrancelha desconfiada - Mas talvez, se você aceitar se casar comigo... Fugimos na Lua de mel, vamos atrás de Ícaro enquanto todos pensam que estaremos viajando.

Ela engoliu em seco paralisada no lugar, surpresa com o que disse.

—Negociando nosso casamento?

—Foi a melhor idéia que tive para a loucura que você quer fazer. Tem algo melhor em mente senhorita Cullen?

Ela jogou os braços pelo meu pescoço com um sorriso bobo.

—Não. - sussurrou. - Essa ideia é perfeita.

—Então, aceita se casar comigo?

Ela me olhou com aquele olhar desafiador que eu não aguentava. A peguei no colo passando os braços por sua cintura fina.

—Vou pensar no seu caso.

Apertei sua cintura com mais força e ela riu.

—Vou perguntar de novo - disse indo até a estante com ela nos braços. Abri a gaveta, e tirei uma caixinha de la. - Elizabeth Cullen, casa comigo.

Eu abri a caixinha mostrando o anel de brilhantes que tinha ali. Seus olhos saltarem quando ela os viu.

—Nicolas - ela suspirou. - Você...

—Sim, eu ia te pedir. Estava planejando desde que Ariel nasceu, mas você não me deu escolhas. - disse revirando os olhos. - Você sempre muda meus planos.

—Eu te amo. - Ela colocou as duas mãos em meu rosto e me beijou. - Mas a pergunta é, você aceita casar comigo sabendo que podemos não voltar da Lua de mel?

Eu sorri beijando seu queixo e seu pescoço, sentindo seu cheiro doce.

—Se Ariel é o nosso propósito, eu passo por qualquer com você. Juntos pela eternidade?

—Pela eternidade. - sorriu com os olhos marejados. - Ou enquanto ela durar.

Eu coloquei o anel em seu dedo, ele brilhou em sua mão se encaixando perfeitamente.

O primeiro anel que eu tinha dado a ela ainda estava lá, em sua outra mão.

Mas agora ela era minha noiva.

—Futura Sra. Roller.

Ela sorriu, feliz com a ideia.

[...]

Pov. Elizabeth

Mesmo depois daquela conversa com Nicolas, ele ainda estava receoso quanto ao plano.

Então resolveu contar as irmãs para caso algo acontecesse. Assim alguém estaria ciente.

—Vocês só podem ter usado drogas - Lauren disse estranhamente irritada. - Como pode passar pela cabeça de vocês armarem a morte de Ícaro sem mim?

—Esse não é o X da questão. - Lucy disse com as mãos na cintura. - Isso é extremamente perigoso.

—Perigoso seria se ele aparece aqui agora. Vocês não entendem, não quero espera-lo. Quero caçá-lo e mata-lo. - Falei com Ariel no colo.

—Concordo com ela. - Lauren murmurou deitada no sofá - Ícaro é esperto. Vai fazer todos esquecerem dele se aproveitando do nascimento do bebê. Só vai voltar quando estiver forte o bastante para nos matar. - Ela se levantou sorrindo. - O elemento surpresa vai ser a cereja do bolo, ele nunca vai imaginar que vamos atrás dele.

—Vocês estão certas, mas... - Nicolas começou a falar, depois olhou para Lauren confuso. - Como assim "vamos"?

—Já que disseram que não vão contar a ninguém, quero participar disso. - Lucy disse primeiro.

—Eu também vou - Lauren deu de ombros. - É lógico.

—Não vão. - Nicolas colocou as mãos na cabeça mais irritado do que antes. - Eu nem queria que Liza fosse, mas não tenho escolhas em relação a ela.

—E nem em relação a mim. - Lauren disse irritada também. - Ícaro fez mal a todos aqui nessa sala. Acho que merecemos o gostinho de participar da sua morte.

—Essa vadia tem razão - sussurrei.

—Gente, por favor, não façam isso comigo. - Nicolas suplicou.

—Desculpe Nick. Mas não estou pedindo sua permissão. - Lucinda disse tão confiante quanto Lauren. - Eu vou sim. Afinal, ele matou minha mãe e afastou Lauren de nós por décadas.

—Bom, ele matou minha mãe, colocou a culpa em mim, me usou e me ameaçou. Se eu não ajudar na morte dele, é vocês quem eu vou matar. - Lauren sorriu.

—Ele me sequestrou grávida e ameaçou meu filho. - dei de ombros tranquila. - Elas tem razão. Todos nessa sala tem motivos.

—Por favor, não... - Nicolas suplicou - Sabem que as chances de não sairmos vivos disso é muito grande.

—Ícaro é um só, nos somos quatro. - Lucy disse.

—Isso é o que a gente acha - ele rebateu. - E se ele já tiver um exército?

—A gente monta um plano e da um jeito. - falou Lauren.

Nicolas cruzou os braços irritado olhando para nós.

—Não vão desistir disso, não é?

—Não - respondemos as três.

Ele bufou revirando os olhos.

—Ótimo - Jogou as mãos no ar surtando - Que Deus me ajude nessa jornada com três malucas.

—Relaxa. - Lauren disse descontraída. - Vai dar certo. E se não der, pelo menos vai ser épico.

—Eu sei quem pode nos ajudar. - disse fazendo os 3 me olhar - Pode nos dar cobertura e até o mais importante, encontrar Ícaro.

Nicolas me olhou desconfiado.

—Quem? - Perguntou.

Quem mais seria a única pessoa no mundo que me ajudaria numa loucura dessas?

E que tinha força o suficiente para manter meu pai longe de sua cabeça enquanto me ajudava?

Sim, ela mesma, Alice.