Relatos De Troian Fields escrita por Menino das Sobrancelhas Firmes


Capítulo 15
Capítulo 15 - Rose’s IceCream




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  Quando acordo minha mãe está segurando minha mão. Toddy está na cadeira ao meu lado e meu pai anda de um lado a outro do quarto de hospital enquanto a enfermeira preenche um prontuário.

-O que aconteceu? –Pergunto.

-Ai meu Deus, ele acordou, finalmente querido.

-Calma senhora, ele precisa de espaço.

-O que houve? Porque você está aqui? –Pergunto á Toddy.

-Você desmaiou. Eu te trouxe do colégio pro hospital.

-Ele não quis sair daqui querido. Seu amigo merece algum crédito. –Porque ele continua querendo conquistar minha confiança?

-Vocês podem me deixar a sós com ele por favor? –Pede a enfermeira, talvez ela seja médica, eu não sei, mas parece jovem de mais.

  Todos saem do quarto e minha mãe quase grita com os olhos para pedir pra ficar.

-Você comeu algo hoje? –Pergunta a moça.

-Você é médica? –Pergunto.

-Sim, sou.

-Quantos anos você tem?

-As questões são feitas por mim senhor galã. –Ela brinca.

-Não, eu não comi hoje.

  Ela faz careta.

-Quando foi sua ultima refeição?

-Eu não sei bem... Talvez ontem de manhã.

-Sua mãe disse que não lhe vê comendo há três dias. Você não senta na mesa de jantar, nem no café, sempre está ocupado. Há algo que quer me contar? Algum problema amoroso ou...

-Não, não. –Repito.

-Nós temos um centro psicológico que pode lhe ouvir e manter tudo em completo segredo. –Ela anuncia.

-Eu não preciso de nada disso. –Eu acho.

-Tem certeza?

-Quando posso ir pra casa? –Pergunto.

-Você não bateu a cabeça, nem tem traumas, só foi um desmaio por fraqueza. Está liberado, é só ir.

-Obrigado.

-De nada. –Ela sai do quarto e o batalhão de pessoas voltam.

  Meus pais falam um monte de coisa e se questionam se sair da cidade em alguns dias é certo levando em conta que estou comendo mal, eu prometo me cuidar melhor e no caminho do carro, Toddy me ajuda a andar mesmo que eu não precise.

  Chego em casa e como alguma coisa. Subo para dormir mais e tenho um sono limpo, a voz de Troian saiu de minha cabeça, até mesmo ela sabe que eu preciso de um tempo pra descansar. O fim de nós dois está quase para chegar Troian. Fique calma. Estamos chegando lá.

  A manhã seguinte está agitada, meus pais precisam arrumar suas documentações e eu tenho prova, minha mãe faz questão de me vigiar enquanto eu como e depois me leva até a escola.

  Eu finalmente entendo o que Troian quer dizer... Os olhares no corredor são como socos no estomago. Todo mundo me encara de uma maneira estranha e quanto eu não noto. Toddy está andando do meu lado e tomando a bolsa do meu ombro pra carregar só por eu estar mancando de um lado da perna.

-Hey, não precisa. –Falo a ele.

-Eu quero ser seu amigo. –Ele diz bem baixo.

-Eu não preciso de amigos.

-Ethan, eu sei que você pensa o contrário, mas eu não sou o vilão da história.

-Não? –Pergunto.

-O que houve com sua perna?

-Eu não sei. –Digo. –Só estou mancando, deve ter sido da queda de ontem. Não me parece o papel de um herói pagar vinte dólares para um garoto transar com uma garota, destruir o coração dela e divulgar o vídeo para os demais.

-Tudo aquilo fazia sentido na época, eu só queria que ela visse que os outros caras eram problemáticos, podiam aprontar com ela, eu queria que ela precisasse ficar comigo.

-E o que seu namorado pensava sobre isso?

-Ele só queria me ter, independente de me dividir com outra pessoa. –Ele demora para falar.

  Ficamos calados por mais um tempo, o corredor nunca pareceu tão longo.

-Eu perdi as duas pessoas que eu amava no mesmo dia Ethan. Pena é o mínimo que você deve sentir de mim.

  Ele coloca a bolsa no meu ombro e sai andando pra longe. Olho para a porta de minha sala e pego o mesmo lugar de sempre.

  Ponho o caderno em cima da mesa, puxo meu estilete, passo um risco forte sobre o nome de Troian riscado na mesa e escrevo um pouco acima: Ethan. Como se fosse a vez de eliminar a história dela e começar a viver a minha. Troian estava morta, e assim iria permanecer independente de descobrir ou não como isso chegou ao fim.

  Dessa vez eu presto atenção na aula, e quando saímos, eu me arrasto até a sala no fim do corredor e espero o cara alto com a jaqueta do time de futebol.

-Sabe, eu ainda não fui no Rose’s IceCream desde que cheguei, e sinceramente todo mundo diz que lá tem o melhor sorvete da cidade.

-Tá me chamando pra tomar um sorvete? –Pergunta Toddy.

-Eu te devo isso depois de ter feito você me levar ao hospital. Certo? E afinal, eu não tenho carro e andar até lá levaria um ano.

-Ok, acabaram suas aulas?

-Sim, você ainda tem alguma?

-Nada de importante.

  Caminhamos para o seu carro e depois seguimos falando mal das musicas da radio. Por alguns minutos eu pareço ser só um cara normal, indo á uma sorveteria com meu amigo, dirigindo para tomar uma gosma gelada e doce, por um minuto eu esqueço dos problemas internos e externos á este carro. Por um minuto eu sou o cara que era antes de passar pela placa de bem vindo á cidade.

  Quando chegamos ao Rose’s eu me assusto com o lugar, basicamente ele parece um grande pôster de guloseimas do lado de fora, e do lado de dentro é a mesma coisa. Há vitrines e mais vitrines com milk shakes, e todos os tipos de sorvetes imagináveis. É um lugar grande com mesas rodeadas de cadeiras, e bancos altos no balcão, há alguns jogos de fliperama no fim da sorveteria e dois banheiros. Sentamos em uma mesa dos fundos onde o sofá vermelho que ocupo o lugar está entre uma maquina de jogos e Toddy. O único jeito que tenho de sair correndo dali é pulando por cima da mesa ou pisando no corpo do cara ao meu lado. Pego um cardápio e sem puxar conversa começo a escolher alguma coisa pra tomar.

-Posso pedir? –Toddy pergunta. –Eu sei exatamente o que você vai querer.

-Já que faz questão.

-Duas taças de sonho gelado com calda dupla de chocolate com hortelã e um biscoito redondo por cima de ambas. –Ele fala para a garçonete como se visitasse o lugar todos os dias.

-Claro Toddy. –É. Ele visita o lugar todo dia.

  Varro o espaço com os olhos e antes que possa voltar á nossa mesa, a garçonete já trouxe as taças de sorvete. Pego uma colher e começo a comer, é simplesmente delicioso. Cutuco a beirada da taça onde pequenos pedacinhos de chocolates ficaram presos em uma brecha e tiro para me deliciar com eles. Me perco em pensamentos doces e pareço uma criança quando sou tragado para a voz de Toddy.

-Em que pagina você está? –Eu arregalo os olhos.

  Meu cérebro queimou com a quantidade gelada que engoli, eu não ouvi isso. Eu não posso ter ouvido. Eu estou louco. O olhar dele está diferente, ele mudou, sua voz.

-O quê? –Pergunto.

-Você ouviu Ethan. Em que parte do diário você está?

  Continuo congelado, não sei se pelo sorvete ou pelas suas palavras ameaçadoras. A imagem de alguém batendo em Troian com uma pá, volta á minha cabeça.

-O que você não me contou sobre o quanto sabe do diário? –Pergunto.

-Eu lhe perguntei antes.

-Após o Peter ter sido envergonhado na escola. Isso já é motivo o suficiente para ele nunca mais aparecer nos corredores.

-Não falta muito para a história acabar. –Ele diz olhando para o chocolate derretendo.

-Como você sabe? –Pergunto.

-Porque eu sou o dono do diário Ethan. O diário é meu!


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Notas finais do capítulo

lol Tive uma sensação de dejavu enquanto postava esse cap. Enfim, loucas com as novas coisas que estão acontecendo no diário e na vida de Ethan? :(((( Nós só temos mais três capítulos para o fim, e ele bem dizer se inicia no capítulo que vem, então... Me dê o prazer de ler um longo review. Love u.



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