—Então,...-Jenny respirou fundo, tentando parar de rir. –Eu e ela começamos a passar a parafina derretida no cabelo...-logo ela voltou a gargalhar e a reação de Edward foi a mesma.

—Não acredito...-ele falou enquanto lutava para respirar entre as risadas.

—.... E ai quando secou, nosso cabelo ficou completamente duro! Não passava dedo, não passava pente, não estávamos loiras... Foi um fracasso total!-a jovem passou as mãos nos olhos, secando as lágrimas que escorriam de tanto rir. Edward a essa altura, já havia deitado a cabeça na mesa do McDonalds, segurando a barriga para conter a dor de tanto que estava rindo. Os dois permaneceram gargalhando por alguns minutos, até que o riso foi cessando aos poucos.

—Wow! Jennifer, você é hilária! Eu não gargalhava desse jeito há muito tempo!-ele buscava fôlego enquanto ela terminava de beber seu refrigerante.

—É bom saber que tenho uma veia cômica. Não ficarei desempregada. -ela gracejou. Os dois permaneceram em silêncio por mais alguns segundos até que ela o quebrou.

—O senhor....

—Você. –ele pediu. Na verdade, era a quarta vez que pedia para ela lhe chamar de “você” naquela noite.

—Você...-ela forçou a voz para demonstrar como aquilo era estranho para ela. -...E sua esposa estão se divorciando?-quando o chefe ficou tão pálido quanto o próprio Ronald McDonalds, Jenni pressentiu que perderia o emprego. Mas, ao invés de gritar colérico, Edward suspirou e estalou os dedos.

—Quem lhe disse isso?

—Minha dedução, eu acho. –ela deu de ombros, ligeiramente aliviada. –Sei que não deveria estar falando de algo tão pessoal, mas... Ela sempre estava na empresa. Enchendo sua sala de flores, levando chocolates para as atendentes. Eu estou como secretária da presidência há poucos meses, mas quando eu era do departamento pessoal, eu sempre recebia uns chocolates que diziam ter sido enviados por ela. Todos adoram sua esposa e todos estão notando que ela não aparece lá desde...-então ela se calou.

—Desde a festa de minha filha.-ele completou e ela apenas assentiu com a cabeça.-Jenny, não sei, de verdade, responder sua pergunta. Não sei realmente como meu casamento está, mas não posso dizer que ele está em seu melhor momento. Quando Edward se calou, um silêncio desagradável se instaurou na mesa. Ate que após um suspiro, a mulher quebrou o mesmo.

—Cara, você precisa de tequila.

De fato, ele precisava. Quarenta minutos depois, os dois estavam num bar. Edward nem se lembrava há quanto tempo não bebia daquele jeito e nem se lembrava quantas doses já havia virado.

—Você é maluca. -ele disse enquanto a secretária afrouxava sua gravata após ele ter se queixado de estar se sentindo sufocado.

—E você não sabe se divertir. -ela disse deliberadamente, sem medo. Agora não eram mais chefe-funcionária. Eram amigos de bar.-Vem, é a sua vez.-disse se referindo a partida de sinuca. Quando Edward fez sua jogada, ela gargalhou. -Você joga feito uma garota católica e virgem de New Jersey.

—E você, mocinha? Joga bem?-ele indagou, irônico. Jennifer apenas sorriu, bebeu um gole da cerveja que estava na mão de um homem ao seu lado e inclinou-se sobre a mesa, encaçapando três bolas com apenas um movimento.

—Eu jogo como um cafetão de Detroit. Todos vocês aqui podem ser minhas “putinhas”. São uma vergonha!-ela gabou-se enquanto era aplaudida pelos homens que cercavam a mesa.

—É melhor me ensinar ou será demitida.-Edward brincou e a mulher aproximou-se. Jenny o ajudou a segurar o taco na posição correta, mas para isso, precisou ajuda-lo, indo para trás de seu corpo.

—Essa posição está invertida.-o dono da cerveja comentou brincalhão.

—Ela é o cafetão e ele a putinha.-um outro respondeu, mas Edward estava bêbado demais para se importar.

—Vá se foder, Teddy.-ela sibilou, ajudando Edward a finalmente, encaçapar uma bola.

—Isso é assédio sexual. Na segunda irei te denunciar na empresa.-ele brincou quando ela saiu de trás dele.

—Isso não é assédio sexual, bebê. Se eu fosse te assediar, não estaríamos aqui e você já estaria vestido.-a voz de Jenny soou baixa. Seu tom era quase sombrio e Edward não soube dizer se ela estava falando sério ou não.

—É melhor irmos embora. Se não seu divórcio vai ser pra valer. São quase 4 da manhã.- a voz dela o trouxe de volta a realidade.

—Obrigada pela carona, Jake. Não estava afim de dirigir... E obrigada pelo colo. Nessie está pesada demais para mim. –enquanto abria a porta da casa, Bella agradecia a Jacob, que carregava uma pesada e adormecida Renesmee.

—Qual o quarto da monstrinha?-ele indagou subindo as escadas enquanto a mãe da menina trancava a porta.

—O segundo á direita.-ela respondeu e logo subiu atrás do mesmo, já o encontrando no quarto da menina. Bella tirou as bonecas da cama, puxou as cobertas e Jake a deitou. Após tirar os sapatos da filha, Bella a cobriu e beijou seus cabelos castanhos.-Boa noite, princesa.

Já fora do quarto, os dois desceram as escadas e foram até a cozinha, onde apesar de não querer, Jacob aceitou um chocolate quente.

—Ele não vai ficar bravo se não me ver aqui quando chegar?

—Chegar? Imagino que ele já esteja dormindo em nosso quarto. –Bella respondeu.

—Bells, não havia carro nenhum na garagem. Acho que ele não está em casa.- quando Jacob falou, ela instintivamente olhou para cima do balcão. Sempre que chegava, Edward largava as chaves no balcão da cozinha e tirava os sapatos ao lado da porta. Foi preciso só se inclinar para ver que o canto da porta estava vazio. Ele não estava em casa.

—São 3 e 45.-Bella disse mais para sí do que para Jake.

—Talvez tenha ido para casa da irmã ou dos pais. Talvez tenha ido procurar a Jane.-ele tentou amenizar a situação.

—Talvez esteja apenas querendo ficar longe de casa.-ela falou o que pensava, enchendo a própria caneca.

—Bells...-Jacob começou a falar, mas um barulho o calou. Gritos vinham do lado de fora.-O que é isso? Estamos no Village. Achei que as pessoas fossem civilizadas pelo valor do aluguel.

—É a voz de Edward?-Bella indagou enquanto ia até a porta. Quando abriu a mesma, para sua tristeza, ela estava certa.

A cena era a mais deplorável possível.

Edward estava descendo de um táxi.

Completamente bêbado, gargalhando e gritando besteiras.

E havia uma mulher. Uma belíssima mulher tentando controla-lo.

—Mas que merda é essa?-Jacob indagou nas costas de Bella, mas ela não parou para responde-lo. Desceu as escadas até a calçada e ficou esperando uma explicação.

—Ah, olá Sra. Cullen.-sem jeito, Jenny tentava desvencilhar-se de Edward que estava se apoiando nela.

—Quem é você? O que faz com meu marido? Onde ele estava?-Bella vociferou e ameaçou partir para cima dos dois, mas a mão quente de Jacob agarrou seu braço, a impedindo.

—Ficamos até tarde no “escristório" e quando saímos para lanchar, eu bebi um pouquinho. –Edward respondeu.

—Você está num estado repugnante.-Bella cuspiu as palavras.

—E eu vejo que você está bem acompanhada, não é, senhora Cullen. Olá, Jacob Black.-Edward demonstrou estar contrariado com a presença de Jacob, mas estava bêbado demais para qualquer reação.

—Jacob me trouxe da festa, me ajudou a colocar sua filha na cama e estava me fazendo companhia, já que meu marido não chegava em casa.-Bella disse com raiva.

—Wow! Parabéns!-ele bateu palmas.-Parece que já achou um substiututo para mim.

—Edward, é melhor você ficar quieto.-Jenny sussurrou para ele.

—Olhe, ela já o chama pelo nome.-Bella exclamou irônica.

—É melhor eu ir embora.-após respirar fundo, Jennifer soltou-se finalmente de Edward, deixando-o escorado num hidrante.

—A primeira coisa que você diz que faz sentido nessa noite.-a esposa de Edward lhe lançou um olhar mortal e a jovem se encolheu, claramente incomodada.

—Me desculpe pelo transtorno. Boa noite.-e assim, entrou no táxi e partiu.

—Por que expulsa minha amiguinha? Só você pode estar acompanhada?-cambaleando, Edward tentava argumentar, mas Bella deu um passo para trás. Ele estava fedendo.

—Cale a boca, Edward. Bella merece seu respeito. –Jacob se meteu.

—Ora ora ora, o cachorrinho sabe falar.-a ironia continuava na voz de Edward.

—Bella...-Jacob começou, mas ela o calou, afastando-se com ele.

—Jacob, é melhor você ir.

—E deixar você com ele? Nesse estado?

—Ele não vai entrar em casa. Vai dormir na porta. E se fizer escândalo, eu chamo a polícia.

—Tem certeza?-Jacob indagou. Estava doido para tirar Edward dalí da melhor forma possível.

—Tenho. Eu sei lidar com ele. Pode ir. E obrigada por tudo. Você é mesmo meu grande amigo.-ela o abraçou rapidamente antes de ir até Edward e arrancar as chaves de casa de sua mão. Chaves essa que ele lutou muito para achar no bolso do terno.-Você não vai entrar na minha casa assim. Não vai destruir sua imagem com a única filha que ainda não te odeia.-e dizendo isso, Bella subiu as escadas e bateu a porta, trancando a mesma.

Jacob ficou observando Edward por alguns segundos à distância. Percebeu que o homem estava tão desnorteado que não teve outra reação além de sentar-se nas escadas e esperar que Bella abrisse a porta. Só quando ele pareceu dormir, Jake entrou no carro sorrindo. Não poda negar que Bella tinha atitude e sabia exatamente como lidar com homens idiotas.