Radioactive escrita por Anna Beauchamp


Capítulo 6
Capítulo 6




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   - Por que fez isso, Alex?! - perguntou minha mãe enquanto andava de um lado para o outro na sala (acabaria deixando um buraco enorme no chão, mas pelo menos teríamos uma piscina).

   - Só achei que devia ter mais coisas para fazer além de ficar aqui vendo todos morrerem.

   Levantei do sofá pegando minhas malas.

   - Eu proibo! - ela gritou.

   Virei para encara-la novamente.

   - Eu quero ir, mãe - pedi a ela - Além do mais, eles não farão um terceiro sorteio.

   Ela parecia apreensiva. Então lembrei de como eu me sentira ao descobrir que Seth havia sido escolhido. Fiquei daquele mesmo jeito.

   - Não quero que você vá - ela disse taciturna.

   Respirei fundo e coloquei o celular no bolso.

   Ela parecia querer mesmo que eu ficasse. Mas eu fiquei um tanto magoada, porque afinal, ela nunca me dera atenção, e agora pedia para que eu ficasse.

   - Mas agora não faz mais diferença - eu disse pegando as malas e andando em direção a porta.

   Senti um aperto no peito, era culpa. Não podia ir embora desse jeito, não sabia se voltaria.

   Então voltei até ela, que estava com lágrimas nos olhos. Eu a abracei e ela pareceu surpresa. Mas depois retribuiu o abraço.

   Há quanto tempo eu não fazia aquilo? Não fazia ideia.

   Mas eu precisava ir. Então me virei e andei rápido até a porta, afinal não podia demorar. O carro do governo estava estacionado em frente a casa. O motorista guardou minhas malas e eu entrei percebendo que estava sozinha.

   Foi um trajeto rápido até o aeroporto. Iríamos para Washington.

   "Nós abriremos as portas da Casa Branca", lembrei das palavras do presidente Duncun.

   Se eu tivesse que ficar cara a cara com um dos governantes eu estaria perdida. Me sentia arrepiada só de ve-los na televisão. Tinham sempre aquele olhar frio e o jeito cético. Imaginei-me de frente para um deles, mas preferi ir para o cenário assustador de um campo de guerra.

   Chegando no aeroporto vi Seth sentado em uma das cadeiras, estava rodeado de seguranças e havia uma garota ao lado dele, provavelmente a tal de Carly Kramer.

   Eu estava enganada sobre ela. Geralmente as estudantes de ensino médio da Summer Park são patricinhas filhas de generais ou socialites, mas ela não tinha absolutamente nada disso. Os cabelos negros estavam presos em um rabo-de-cavalo alto, usava lápis de olho escuro, as roupas pretas estavam rasgadas. Em algum momento ela me olhou como se estivesse se perguntando se queria me fritar ou assar viva.

   Seth estava sentado, calado. Quando me viu ficou um pouco desconfortável, e virou-se para um dos seguranças dizendo alguma coisa.

   Ele saiu do saguão indo até algum outro lugar.

Sentei em uma das fileiras que estavam de frente para Carly.

   Ela ficou me encarando por um longo tempo, e então disse:

   - Oi.

   Olhei-a um tanto desconfiada.

   - Oi - respondi.

   Ela me olhava de cima a baixo, como se eu fosse um inseto particularmente interessante.

   Olhei em volta novamente procurando Seth. Onde ele havia se metido?

   Então o vi no final do saguão, estava fazendo uma ligação, provavelmente. Ele veio em nossa direção, olhava tudo ao redor. E evitava me olhar.

   Quando ele chegou perto de mim, se limitou a me olhar nos olhos e apenas sentou ao lado de Carly.

   Por que ele estava agindo daquele jeito? Eu não conseguia entender, será que ele estaria pensando que agora que éramos concorrentes, digamos assim, ele não devia falar comigo? Será que não queria ser mais meu amigo, ou qualquer coisa além disso, como havia mostrado na noite anterior?

   Talvez ele estivesse certo, não podíamos ter um relacionamento, afinal, só um de nós seria o soldado.

   Mas ele estava agindo com certa frieza...

   Fomos chamados e então embarcamos no avião. 

   Seth não interagiu comigo em momento algum, nem um "oi" ou nada parecido.

   - Parece que tem alguém bravo com a amiguinha - disse Carly ao passar por mim, então foi até sua poltrona com um sorriso provocante no rosto.

   Seth se sentou em seu lugar e ficou quieto, tão quieto que era até estranho. Me perguntei se ele estava sendo profissional apenas, ou se estava começando a me odiar.

   Sentei no banco do avião e fiquei olhando para a janela até começarmos a subir. A viagem foi cansativa, passei a maior parte do tempo dormindo.

   Tive pesadelos horríveis com mortes, campos em chamas e soldados mortos. Em algum momento senti calor como se estivesse incendiando por dentro. E foi quando eu acordei.

   O avião estava em turbulência e estava anoitecendo. Não via a hora de chegar e acabar com aquele pesadelo nas alturas.


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Notas finais do capítulo

Comentem, pessoal =*



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