Radioactive escrita por Anna Beauchamp


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo, desculpem a demora, tive problemas para postar o capítulo que escrevi no celular, mas fiz um paranauê que vocês não estão interessados em saber kkk boa leitura !



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Passei as mãos pelos cabelos negros de Noah sentindo seus dedos frios se entrelaçarem nos meus.

Aquilo não estava certo, Noah e eu éramos apenas amigos. Pelo menos para mim. Mas então por quê eu estava retribuindo o beijo?

Me afastei arfante.

– Isso não está certo, Noah - eu disse.

– E por quê não? - ele disse rindo e me dando mais um beijo. Dessa vez foi mais rápido, pois me afastei levantando subtamente.

– Porque somos apenas amigos e eu nem conheço você tão bem - eu respondi.

Ele pareceu voltar àquela expressão tímida. Ele estava sem os óculos e parecia muito mais jovem e bonito.

– Tudo bem - ele disse se levantando com dificuldade. Eu corri para ajuda-lo e o conduzi até a sua cama pois ele ainda estava fraco.

Ele se deitou e ficou encarando o teto por alguns minutos.

– Acho...melhor eu ir embora. Daqui a algumas horas estaremos saindo desse país - eu estava prestes a caminhar até a porta quando ele me segurou de leve.

– Gosto muito de você, Alex. De verdade - disse Noah.

Ele me olhava nos olhos de modo que ficava difícil fugir.

Engoli em seco e comecei a andar.

– Até logo - eu disse quando havia chegado a porta.

O dia estava claro e a neve não estava tão rigorosa como na noite anterior. Comecei a correr o mais rápido que pude em meio ao gelo passando por soldados, tenentes e enfermeiros que andavam pelo local do acampamento. Quando cheguei na cabana, tranquei a porta e fiquei encarando o lugar. Minhas malas estavam prontas e se encontravam encostadas ao lado da cama.

Era tão estranho ver tudo aquilo e pensar que nada era meu de verdade, nenhuma daquelas coisas carregava lembranças boas, eram apenas objetos que eles me faziam usar dizendo que eram meus. Como quando você fica num hotel: não é a sua casa, nenhum dos seus amigos está lá e você não tem lembranças especiais que viveu naquele lugar. É só um quarto.

Eu esperava que a volta da viagem não fosse tão difícil mas estava ficando complicada. Aquilo não deveria acontecer. Era impossível ver Noah como um deles, mesmo que ele trabalhasse com eles e tivesse participado do plano de me transformar. Ele era meu amigo e eu só o via assim. E ele devia me ver apenas dessa forma. Eu não imaginava que ele poderia pensar diferente. Comecei a me perguntar por quê minha vida era tão complicada. Eu deveria estar na minha casa fazendo alguma coisa tremendamente entediante. Mas ao invés disso eu estava em um outro país, num cenário de guerra, tentando salvar a minha vida e a vida de Seth, planejando fugir e partir o coração de um cara desconhecido que eu considerava apenas meu amigo. A vida é bem complicada para uma garota geneticamente modificada.

Deitei na cama tentando esquecer tudo e todos por pelo menos alguns minutos antes de voltar a realidade. Porém, como eu não posso me dar esse luxo, o sargento Doyle chegou quase arrombando a porta e dizendo (ou melhor, ordenando) que eu pegasse minhas malas para que pudéssemos sair daquele "lugar desprezível". Ele é um homem bastante temperamental. E de certo modo estressante, pois é difícil lidar com ele.

Fiz o que ele havia ordenado e fomos até a planície mais alta, onde chegavam os aviões militares aos montes para nos levar para a América. Noah chegou depois de alguns minutos com ajuda de Chris, um dos soldados - um garoto de dezenove anos que costumava imitar o sargento Doyle quando ele não estava olhando. Ele até que era bem engraçado.

Quando nos vimos, pude perceber que ele estava um pouco receoso. Eu também estava um tanto sem jeito, mas entramos no avião e ficamos todos em silêncio durante toda a viagem.

Até que ele veio e se sentou no assento ao meu lado. Noah esfregava as mãos como que para espantar o frio.

– Quando chegarmos nós vamos voltar até o Centro de Pesquisas, mas vamos ficar por pouco tempo. Você vai ter que encontrar o presidente em uma cerimônia de agradecimento - ele despejou. Entendi que ele foi obrigado a deixar de lado o que havia acontecido durante a manhã porque, afinal, ele era o responsável por me aconselhar e cuidar do meu horário.

Encontrar o presidente. Tudo o que eu precisava naquele momento. Mas eu não acreditava que se eu ficasse cara a cara com o responsável pelo meu mártir eu o deixasse vivo. Eu poderia acabar com ele, mas será que conseguiria fazer isso sem morrer?

Só haveria um modo de saber.

– Tudo bem - respondi a Noah, pensei que se eu não respondesse ele pensaria que eu o estava ignorando.

Depois disso ficamos em silêncio novamente. Aquele silêncio constrangedor.

Fechei os olhos. Era manhã, eu não podia dormir, mas poderia, sei lá, meditar. Olhei pela janela vendo o avião sobrevoar a superfície da Rússia. A enorme camada de neve se tornava cada vez mais distante. O mais importante agora, era pensar em um plano para acabar com tudo aquilo.

Chegamos à América depois de horas. Era noite, estava frio, porém não nevava. Passamos pelo desembarque, pegamos as malas, e por fim nos separamos.

Engoli em seco ao ver Chris e os outros soldados pegando suas malas e saindo do saguão. Eles estavam sorrindo, comemorando, estavam felizes por sobreviver e poder voltar para casa. Eles voltariam para suas famílias, suas esposas e quem sabe filhos. Fiquei imaginando-os voltando e sendo recebidos com uma festa, ou então saindo para comemorar com os amigos e jantar. Por um segundo fiquei feliz por eles.

Minutos depois o saguão estava quase vazio. Noah e o sargento Doyle foram pegar as suas e as minhas malas. Como o soldado mais importante da tropa eu tinha que ficar parada no salão de desembarque esperando que eles voltassem e com cara de idiota.

Depois ficamos na frente do aeroporto esperando o carro preto que viria e nos levaria para o Centro de Pesquisas.

Isso aí. Eu iria para aquele quarto vazio. Sem festa. Sem jantar. Sem amigos. Sem família.


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Notas finais do capítulo

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