Fadas Não Existem escrita por Fuinha


Capítulo 3
Capítulo 3 — Encare a verdade


Notas iniciais do capítulo

Olááá borboletinhas ♥
Então, como estão? Dessa vez não demorei tanto, viram? Só não postei antes porque eu acabei me viciando em Bleach. Sim! BLEACH! Falando nisso, eu provavelmente vou começar duas fics de Bleach porque sim. Para vocês terem uma ideia, eu li Bleach inteiro em uma semaninha apenas. Enfim!
Aqui está o capítulo, espero que gostem. Desculpem qualquer erro, está sem revisão.
Sem mais delongas, boa leitura, boroletinhas do inferno ♥



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Capítulo 3 — Encare a verdade

O tempo passava vagarosamente para a menina confinada em seu quarto. A luz que entrava pela janela fechada a sua esquerda era o único contato com o lado de fora que ela sustentava por enquanto. Sonhava com o ar fresco e com a brisa fria indo de encontro às suas madeixas douradas. Tinha devaneios de como seria o dia em que ela finalmente retornaria as aventuras tão familiares com Natsu e Happy. E, além de tudo, se perguntava quando que Poluchka viria lhe curar e tirar essa agonia de prisioneira sofrida pela garota.

Seus belos olhos tom de café ansiavam pela visão das nuvens e dos magníficos parques a sua espera. E não paravam por aí os desejos. Ela almejava intensamente ver novamente a cabeleira rosa que acendia seu coração visto que fazia alguns dias que ele não aparecia para lhe prestar uma visita.

Seus pensamentos voavam longe quando bateram em sua porta pedindo licença para entrar. Como não houve nenhuma objeção por parte da paciente, a doutora supôs o silêncio como sendo uma permissão. Assim que adentro o cômodo, esboçou seu típico sorriso confortante e radiante, o qual conquista até a mais condenada alma.

— Bom dia, Lucy-chan. — cumprimentou alegre fechando a porta.

Ela não deu atenção. A menina de longos cabelos loiros continuou a fitar a janela, sua única saída para o mundo exterior por enquanto. “Onde estão os exceeds? Por que Happy não veio me visitar ainda? Onde está a magia?”, perguntava-se em pensamento. Eram tantas dúvidas para nenhuma resposta dada.

A albina percebeu a ausência de um cumprimento por parte de Lucy, o que a surpreendeu. A menina era a mais alegre de todas as pacientes da doutora. Desde que acordou, respondia sua médica com um sorriso resplandecente e conversava alegremente, animada. Fora deste jeito até agora.

— Algo errado? — a mulher perguntou gentilmente se aproximando do leito e verificando os resultados dos últimos exames. Nada de mais. Tudo normal.

A concentração da moça em repouso fora quebrada por ser chamada pela segunda vez. As coisas que tinha em mente antes desta interrupção foram jogadas ao longe e descartadas por breves instantes. Lucy desviou seu olhar e passou a fitar os olhos azuis da grisalha ao seu lado.

— Ahn, nada de errado, Mira. Está tudo ótimo. Apenas estava... Distraída. — falou coçando sua nuca um pouco envergonhada por não ter prestado atenção no primeiro chamado feito pela médica.

— Are, are, Lucy-chan, não me deixe preocupada assim de novo. — a maior suspirou e sentou-se em um canto da cama.

— Vou me lembrar disto então. — a loira deu uma leve risada demonstrando o quanto estava sem graça. — Mas por que você veio, Mira? Agora sou eu quem pergunto, há algo de errado?

— Não, não. Graças a Deus todos os seus exames indicam que quando você menos esperar, estará fora deste hospital. — respondeu animada.

— Que bom... Estava já com saudades de sair em missões. — falou sorridente sentindo-se aliviada por finalmente deixar de ser uma prisioneira neste quarto totalmente branco.

Mirajane ficou um pouco surpresa. Durante todo o tempo em que esteve cuidando desta menina, nunca ouviu falar em “missões” ou algo deste gênero. Todas as informações que lhe foram passadas era que ela entrou em coma quando tinha onze anos de idade, tal problema médico causado em um acidente de carro que resultou na morte de sua mãe, Layla. Também sabia que antes disto a menina era apenas uma criança qualquer, indo para o colégio, tendo colegas de escola, entre outras coisas típicas da infância. Além de outras informações ditas pelo falecido senhor Jude, entretanto, nenhuma delas mencionava “missões”.

— Missões? — repetiu um pouco confusa. — Desculpe-me, Lucy-chan, mas do quê você está falando? — perguntou tentando não parecer intrometida demais.

Contudo, fora a loira que se espantou mais. Como podia Mira, a assistente do mestre, não saber sobre as missões? Ela era que administrava quem pegava qual trabalho em Fairy Tail. Então, como ela poderia se esquecer de algo tão substancial para a existência de guildas? Apenas não fazia sentido.

— As missões, Mira. Você sabe! Os trabalhos que são requisitados, colocados no “Quadro de Missões” e o pessoal da guilda pega. — falou com certo desespero imposto em sua voz.

— “Quadro de Missões”? Guilda? — cada vez mais a albina ficava desnorteada. — Olha, Lucy-chan, eu não tenho ideia do quê seja isso. Desculpe.

— Guildas, Mira, guildas! Guildas são lugares onde vários magos se reúnem para pegarem missões e, deste jeito, conseguirem dinheiro para se manterem. — disse exaltada, talvez, se invocando demais. Apertou o tecido macio do cachecol em si. — Como... Você não se lembra...? — seus tão belos olhos castanhos começavam a marejar.

— Magos? Pessoas com magia? Isso não existe. Nunca existiu, Lucy-chan. — falou com um tom sério em sua voz, coisa que Lucy jamais ouviu. — E mesmo se tal hipótese fosse possível, você não teria como saber. Você ficou sete anos em coma neste hospital. Desde seus onze anos você está sob os meus cuidados. E antes disso, pelo que ouvi de seu pai, você era uma menina normal. Brincando com seus amigos normalmente. Tendo brinquedos comuns e aspirações comuns para uma criança como você. E quando completou onze anos, no seu aniversário, você e sua mãe sofreram um acidente de carro. O que resultou no seu coma e na morte de Layla. Vê? Em nenhum momento de sua vida, antes de ficar internada, a magia foi citada ou inclusa em sua vida. Guildas não existem. E eu apenas te conheci depois de ser requisitada por seu pai para cuidar de você. — confessou mostrando, finalmente, a dura verdade para a inocente garota. E, logo, suspirou. — Acho que já disse demais. Apenas descanse. Vou me certificar de que esteja tomando todos os remédios corretamente. — a mulher levantou-se e se dirigiu para a porta. — Desculpe por isso, Lucy-chan, mas alguma hora, alguém te falaria isso. — e saiu com dor em seu coração podendo ser identificada em seus olhos no momento em que evitou olhar diretamente para a loira.

“Magia não... Existe?”, pensava dolorosamente. Apertou mais o tecido do cachecol xadrez, seu elo com a realidade inexistente. De repente, todos os momentos passados ao lado de Natsu e na guilda, voltaram a cabeça da menina como um flashback. Todas as boas lembranças não passavam da mais bela e sedutora mentira. Tudo que sempre a fez sorrir, todas as vezes em que se irritou com Natsu por ele pular a janela de seu apartamento, TUDO não passava de apenas delírios de uma mente cansada e em coma.

Encolheu suas pernas para perto de seu corpo e abraçou seus joelhos, escondendo sua cabeça. “Natsu... Happy... Erza... Gray... Wendy... O-Onde estão vocês?”, pensava enquanto as lágrimas escorriam sem limitações por suas bochechas rosadas. Tudo no que ela sempre acreditou era nada mais, nada menos do que um mísero sonho de uma mente desesperada para sair da escuridão do sono profundo.

Seu choro era baixo, assim ninguém iria desconfiar de sua mágoa. E mesmo se, por acaso, algum paciente desavisado, ou médico perambulando por aí, passasse na frente de sua porta, com toda certeza, iria achar que era apenas mais alguém quer perdera um amado parente. Mesmo sua situação não sendo muito diferente disto.

Sua dor era algo incompreensível para qualquer um que tentasse animá-la. Suas lembranças eram apenas dos tempos de Fairy Tail e antes, bem, antes disto ela era filha dos Heartfilia, sua mãe, Layla, era uma maga celestial. Até mesmo isso não era verdade. Como Mirajane havia dito, sua mãe morreu em um acidente de carro. Lucy sempre foi uma criança normal. Mas por que ela não tinha recordações disso? Por que ela não conseguia se lembrar do dia do acidente? Por que sua infância verídica era um papel em branco? Por que as suas memórias do passado que realmente existiu não voltavam? Por quê? Ela não sabia, e tinha medo de saber.

Seus soluços baixos chamaram a atenção de alguém que estava assistindo a todo o desenrolar desta situação desde o começo. Todos os dias ele se certificava de, pelo menos, visitar o quarto da menina de noite, quando ela estava dormindo, entretanto, ele sabia que, de manhã, ela iria acordar.

Ouvira tudo. Desde as afirmações sem nexo de Lucy, até a confissão de Mirajane, a qual abalou—e muito—a estrutura da loira. Tudo que resultou nas lágrimas da menina dos olhos castanhos causou dor no coração do rosado.

Estava recostado na parede co corredor, ao lado da porta de número 791, com seus punhos cerrados. Queria ir lá e abraçá-la. Queria dizer que estava tudo bem. Queria tê-las em seus braços para falar palavras doces que acalmariam o coração inquieto dela. Queria confortá-la. Contudo sabia que não podia simplesmente chegar lá e fazer o que queria. Seria sem sentido considerando o fato de que, para a loira, eles não eram nem amigos. Ela dormira durante tanto tempo e nunca o conheceu de verdade. Eles nunca tiveram uma conversa de verdade. Pelo menos era isso que se passava na cabeça do rapaz.

— Por que essa cara, Natsu? Algo de errado em que eu possa ajudar? — a albina apareceu com seu sorriso largo e radiante falando com gentileza imposta em sua doce voz.

— Você não precisa sorrir desse jeito para mim, doutora. Sabe muito bem o que há de errado. — respondeu frio encarando os olhos azuis da mulher com os seus negros transmitindo certa insatisfação.

Rapidamente a grisalha mudou sua expressão de generosidade para algo mais sério e um tanto fúnebre. Não era comum as pessoas presenciarem tal mudança no rosto da mulher, talvez o rapaz de cabelos exóticos e o próprio namorado dela fossem os únicos a ter tal “privilégio”.

— Não fique assim. Você já deveria saber que isso aconteceria assim que Lucy-chan acordasse. — deu um longo suspiro após terminar sua sentença.

— Mas você não precisava ser tão fria daquele jeito com ela. Ela podia ter vivido mais algum tempo sem saber de tudo.

— Quanto mais cedo ela soubesse, melhor seria. Não se faça de inocente, Natsu. Você já previa isso. A atividade cerebral de Lucy durante o coma era maior do que o normal. E isso só aconteceu porque você falava com ela todos os dias. Eu deixei porque sabia que você precisava disso. Mas a escolha foi sua. Você deveria estar consciente dos riscos, e aí está o resultado. Ela sonhou durante o coma e agora está sofrendo porque não se lembra do seu passado de verdade. — falou séria levando a surpresa do rosado.

As duras palavras da albina apenas fizeram com que o coração de Natsu pesasse ainda mais. Sua intenção não era essa. Ele apenas queria se aproximar da garota loira, mesmo adormecida. Ele não queria causar tamanho sofrimento para a menina que acabou se tornando tudo para si.

— Não finja não saber, Natsu. Isso é tudo culpa sua. Aceite. — continuou a mulher se afastando um pouco intencionando voltar aos seus afazeres. — E não entre lá se não tem a intenção de contar outros fatos sobre você para ela. Deixe-a encarar a verdade sozinha. É necessário. — completou e assim saiu andando pelo corredor até desaparecer completamente da vista de seu assistente.

Não precisava ouvir mais. Ele não precisava ter a ideia de causar sofrimento na menina reforçada pela sua chefa. Não precisava.

Sempre soube que Mira tinha seus dois lados. Afinal, não era a toa que algumas pessoas a chamavam de “Demônio”. Já ouviu diversas vezes sobre isso, algumas da boca de Lisanna e outras vindas de Elfman. Entretanto, nunca imaginou que ela poderia ser tão fria assim. Tão... Sem coração.

Amaldiçôo-se por não poder fazer nada sem revelar toda a verdade. Por que tinha de ser desse jeito? Ainda mais, por que ELE tinha de ser tão inseguro a ponto de não se confessar para a menina que ele esperou sete anos para acordar?

Estalou sua língua, frustrado consigo mesmo. Olhou uma última vez para o número entalhado na porta de madeira branca. Dor podia ser vista em seus olhos negros. E deixou o local seguindo o caminho tomado por Mirajane mais cedo. Afinal, mesmo ela sendo um demônio, ainda era sua chefa e podia fazer o que bem entendesse com ele. O mais sensato era segui-la. E foi o que o rapaz fez, deixando a menina de madeixas douradas sozinha encarando a dura verdade.

Na mente da pobre garota apenas rondava um pensamento: Por quê? Por que era mentira? Por que doía tanto saber a verdade? E mais, por que ela sonhou com aquilo? Não poderia ficar sem delirar durante o coma como o resto das pessoas? Por que não poderia dormir para sempre e continuar vivendo no mundo da mentira mais bela que lhe fora contada? Por quê?

Apesar de tudo, ela ainda queria um abraço de Natsu para lhe confortar. Queria sentir o calor que sempre lhe foi sinônimo de confiança. Queria ouvir doces palavras pronunciadas com a voz rouca que apenas ele possuía. Queria ver o sorriso que lhe animava nos momentos mais desesperadores. Mas não era possível. Porque nos sonhos de Lucy ele era dela, mas em sua realidade, ele era apenas mais um sonho.

Mesmo que não gostasse de mentiras, tinha de admitir que amou viver, durante um tempo, a falsidade mais bela e sedutora que já conheceu. A Fairy Tail e o mundo da magia sempre lhe atrairiam e sempre seriam a calúnia mais bem contada e favorita de Lucy.

Porque fadas não existem, e essa é a verdade a ser encarada. 


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? Mereço reviews?
Enfim! Alguma de vocês gosta de Bleach? Shippam UlquiHime ou IchiRuki? Me avisem, quero incentivo para minhas fics.
Bem, até o próximo, borboletinhas!
Beijos da Fuinha ♥