Fadas Não Existem escrita por Fuinha


Capítulo 2
Capítulo 2 — Vozes


Notas iniciais do capítulo

Olááá! Por favor não fiquem bravos comigo, saibam que não postei porque estava viajando e não havia levado meu notebook junto pelo fato de achar não ter tempo para usá-lo. O que era certo. Para onde fui? SE-GRE-DO.
Resumindo tudo, aqui está o capítulo o qual escrevi durante o pouco tempo livre que tive durante minhas férias. Espero que gostem pois coloquei várias dicas e suspeitas do que pode acontecer, além de finalmente ter o encontro esperado.
Trabalhei duro no capítulo.
Conversamos mais no final, certo?
Sem mais delongas, boa leitura.



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Capítulo 2 — Vozes

Após a injeção de alguns medicamentos, os batimentos cardíacos descompassados, além da respiração acelerada, voltavam pouco a pouco à sua regularidade. A médica de cabelos grisalhos anotava algumas informações sobre o estado da loira necessárias para o relatório e histórico médico da mesma. Entretanto a paciente em questão ainda não abrira seus olhos castanhos deslumbrantes, porém esta dava indícios de que em breve estaria de pé novamente tentando retornar à normalidade do dia a dia. Certo rosado ansiava por tal momento. Afinal, ele sempre teve curiosidade de ver por si só o brilho dos orbes cuja cor era semelhante a uma barra de chocolate. Não era por menos. Ouviu tanto da boca do Senhor Jude que acabou criando grandes expectativas em sua mente apaixonada.

O rapaz afastou-se ligeiramente para pegar algo pedido por Mirajane, a qual continuava a checar o estado de saúde da menina de todas as formas possíveis de se imaginar. Poderia não ser a melhor médica daquele ambiente, contudo sabia o bastante para prever o possível, e bem provável, despertar da garota adormecida. Um sorriso radiante estava se esboçando no rosto da albina, fazendo par com seus olhos azuis brilhantes. Sua felicidade não era causada apenas pelo fato da melhora repentina de sua paciente, mas esta também se devia ao seu assistente, quem apenas se candidatou ao voluntariado no setor de queimados com o intuito de cuidar de Lucy. Sabia que ele poderia ter escolhido tantas outras coisas, ou até mesmo alguma área bem distinta da medicina—vamos falar a verdade, ser médico não é lá essas coisas—, porém ele largou de todas as opções disponíveis para ficar ao lado da menina de cabelos loiros. Como o rapaz mesmo dissera certa vez: “Mesmo se ela não acordar, vou continuar tomando conta dela”. A doutora desejava que seu próprio namorado fosse gentil e atencioso deste jeito.

A albina terminou de anotar o que era preciso até então guardando a caneta com a logomarca do hospital no bolso de seu jaleco branco. O rosado a observou suspirar pesadamente enquanto ela dirigia seu olhar para a loira que, agora, respirava tranquilamente. Parecia um anjo condenado a passar seus dias envolto em um sono eterno. A menina parecia ser tão pura, tão inocente, tão vulnerável que fazia algo dentro do rapaz crescer. Uma vontade urgente de cuidar dela. De protegê-lo de tudo e todos. Apenas não queria ver aquele belo rosto molhado com lágrimas, ou aquela pele alva manchada de sangue.

— Vamos, Natsu. Voltaremos depois quando ela abrir seus olhos. — a médica falou indo em direção à porta recém-pintada de branco. — Não se preocupe. Você ainda verá os olhos castanhos dessa menina como sempre quis. — tentou confortá-lo com um olhar simplório.

O jovem fitou decepcionado, a cama onde jazia a garota com os tais belos orbes que jamais viu. Seu coração se recusava a deixá-la sozinha, justo em seu despertar, e o mesmo ansiava pelo momento em que ouviria sua doce voz, mesmo que, também, nunca presenciou a menina falando. Ele deixou de mexer nos utensílios médicos postos organizadamente em uma mesa próxima ao leito, e andou vagarosamente com o intuito de ficar lado a lado com a grisalha, a qual notou seu descontentamento.

— Não fique assim, Natsu. Logo você a verá acordada. Tenho certeza. — encorajou-o sem muito sucesso, sendo respondida com um breve aceno de cabeça desanimado.

— Claro, doutora Strauss. — falou após um tempo calado.

Aquela voz rouca e máscula atiçou algo dentro de Lucy ainda dormindo calmamente, isto fez com que seus batimentos se acelerassem novamente. Seus tão desejados olhos castanhos se abriram lentamente almejando se adaptar à luz presente no local. Aquelas paredes incrivelmente brancas e limpas não lhe eram familiares de forma alguma, afinal, estava acostumada à sujeira da guilda ou da casa de Natsu, porém, nunca um quarto tão impecável como este. Piscou inúmeras vezes tentando aceitar sua nova realidade com extrema relutância. Não conseguia se concentrar em absolutamente nada. Sua mente estava tomada por apenas uma voz. A dele. Apenas um conjunto de olhos negros. Os dele. Apenas uma cabeleira rosada. A dele. Estava simplesmente desesperada por encontrar o dono do rosto e das características que invadiam sua cabeça. A única coisa que queria era vê-lo mais uma vez. Abraçá-lo por pela menos mais uma ocasião.

— N-Natsu... — murmurou procurando sua silhueta em todos e quaisquer lugares do quarto.

O coração do rapaz parou instantaneamente ouvindo pela primeira vez a voz da garota, e ainda por cima pronunciando seu nome. Tinha de admitir, aquele doce som era muito melhor do que suas expectativas e imaginações mais absurdas. “Ela sabe... O meu nome”, pensou confuso, feliz e, acima de tudo, surpreso pela menina que sempre dormiu conhecer alguém com quem nunca teve sequer uma conversa com ambos conscientes da mesma, conhecer o nome de um mero contador de histórias desconhecido. Enquanto o rapaz articulava consigo mentalmente chegando a apenas impasses, a sua chefa esboçava um sorriso encantador, com o qual acabou por conquistar de imediato a simpatia da loira desnorteada, porém, consciente o bastante para recordar-se do mundo que jamais existiu. Da guilda que nunca foi nada a mais da imaginação da menina. Da magia que só existe em contos de fada. Do sonho que passou a ser a única realidade aceita por ela.

— Lucy-chan! Finalmente você acordou! — disse a albina alegremente, já ao lado de sua paciente sentada na cama. — Eu sou a doutora Strauss, mas pode me chamar apenas de Mira ou Mirajane. Prazer. — ela alargou seu sorriso enquanto a outra apenas continuava no súbito silêncio o qual se tornara seu próprio escudo para este mundo sem sentido algum para ela.

Seus encantadores e deslumbrantes olhos castanhos ignoraram a presença de Mira por mais gentil e carinhosa que a mulher fosse. A médica continuava a fazer as perguntas usuais para o caso em questão, além de dar avisos sobre a saúde instável da loira a qual apenas a ignorava. Palavras e mais palavras, porém nenhuma delas realmente importava de verdade para a garota. Almejava o simples fato de ver aqueles cabelos róseos novamente, afinal, ela ouvira aquela voz rouca que sempre a fez estremecer. Sabia da presença dele naquele local e procurava incansavelmente pela mesma. Após vasculhar todo o quarto, achou-o. E, naquele mísero e curto segundo quase imperceptível, os olhos cor de chocolate de Lucy encontraram-se com os negros hipnotizantes de Natsu estabelecendo um contato visual de suma importância para ambos, principalmente para a loira quem achou nunca mais poder fitar a escuridão infinita daqueles orbes.

— Natsu... É você? — a menina questionou erguendo seu braço direito e esticando-o na direção do rapaz com o óbvio intuito de se aproximar dele.

Mira imediatamente parou de falar e olhou para seu assistente, curiosa, sabia do carinho especial que ele sentia pela menina, porém nunca soube que a mesma o conhecia. De acordo com o rapaz, ele havia apenas a conhecido naquele dia no hospital há seis anos, nada, além disto.

Natsu continuava fitando os orbes radiantes da garota sem expressar quaisquer emoções ou falar qualquer coisa. A descrição do senhor Jude e a imaginação do rosado não se comparavam à beleza em si, ao vivo e a cores na sua frente. Não somente os olhos, mas também sua voz, aquele som o qual já invadia a mente do rapaz. Em apenas quatro palavras, um abrir de olhos e sete anos dormindo a loira conquistou-o. No entanto ele nunca revelaria suas ações durante todo o sono dela. Jamais falaria sobre as histórias que contou ou sobre como seu amor se desenvolveu durante este tempo. Nunca. Depois de considerável tempo o rosado desviou seu olhar para Mira, desesperado à procura de uma resposta para o que devia fazer.

Mira não entendeu muito bem de que forma os jovens se conheciam—pelo que sabia da garota não tinha muitas informações sobre sua infância—, contudo esboçou um sorriso radiante para Natsu enquanto lhe estendia uma de suas mãos, com as unhas perfeitamente pintadas de roxo, como um convite para o mesmo se aproximar do leito da menina sem quaisquer temores.

O rapaz encarou-a com certa relutância por fazer tal coisa, jamais antes feita com a garota desperta. Mas não era ele que aguardava ansiosamente para o momento de acordar da loira? Em parte, sim. Porém temia não saber o que fazer ou falar na hora, o que era exatamente a situação atual do rosado. Seu coração e seu cérebro havia simplesmente lhe abandonado aos lobos famintos no momento em que mais necessitava dos mesmos.

— Venha, Natsu. Não precisa ter medo. — incentivou-o no tom mais gentil que pôde. — A Lucy-chan é uma pessoal normal, calma. — brincou a médica gargalhando levemente.

A loira, como se apenas tivesse notado a presença da albina agora, olhou-a surpresa e um tanto impressionada, afinal, achou mesmo que nunca mais a veria respirando. Aqueles cabelos grisalhos lhe traziam lembranças de um passado inexistente, entretanto estas memórias fictícias se faziam reais na mente inocente de Lucy, feliz com isso. Tantos dias sentada no balcão da guilda fofocando com a maga, tantos segredos compartilhados silenciosamente faziam deste momento algo nostálgico, tanto como o sorriso radiante de Mira.

— Não é, Lucy-chan? — virou-se para a menina com um sorriso aquecedor desenhado nos lábios rosados e delicados da mesma. A outra apenas assentiu com sua cabeça.

Seu corpo não se movimentava. Sua voz estava presa em sua garganta sem quaisquer possibilidades de sair. Natsu apenas observava desolado e confuso a situação. Seu coração batia apressadamente enquanto seus olhos negros, e mente, simplesmente não acreditavam no que viam. A menina que sempre fora sua vida, agora estava desperta, indo contrária a inúmeros diagnósticos médicos anteriores, os quais citavam a provável morte da mesma. Após outro incentivo, e trocar de sorrisos, de Mira, finalmente o rosado aproximou-se do leito onde jazia a garota sentada cautelosamente sobre os finos lençóis brancos.

— Natsu, eu- — a loira tentou dizer quando interrompida por um toque de celular.

A única médica formada presente no local pegou seu aparelho telefônico no bolso direito de seu jaleco, e logo arregalou seus belos olhos azuis ao checar a mensagem recebida.

— Oh. — exclamou. — Desculpem-me, Lucy e Natsu, porém ocorreu uma emergência onde a minha presença é requisitada. — explicava conforme ia se dirigindo à porta de madeira branca noutro canto da sala. — Por favor, fique com a Lucy, Dragneel. — sussurrou para seu assistente e deixou o quarto com um belo sorriso e um breve aceno.

Talvez essa fosse a primeira vez em que o rosado ficaria sozinho com a menina de seus sonhos realmente acordada, entretanto, nem mesmo ele ou ela sabia o que dizer ou tinha coragem suficiente para fazê-lo.

Da mesma forma em que a loira estava animada e feliz por estar viva, também estava aflita por estar em um lugar desconhecido e, ainda por cima, Natsu estava usando roupas demasiadamente estranhas para o gosto da paciente. Nem por nada este lugar era familiar ou afiliado a Fairy Tail, o que apenas aumentava a agonia da garota a qual sempre acreditou no universo da magia.

Um pouco nervosa por estar sozinha com o rapaz cujos cabelos eram exoticamente róseos neste novo mundo, Lucy passou sua mão pelas lindas madeixas douradas que possuía, parando em seu pescoço ao perceber um tecido com a textura de lã ao seu redor. Quente e fofo. Abaixou o olhar para tal peça de roupa desconhecida, o que resultou em descobrir que a mesma lhe ligava aos sonhos tão reais que tivera durante o coma.

Era o cachecol xadrez já tão famoso e conhecido pela loira.

Os belos olhos castanhos arregalaram-se conforme os desviava para Natsu, o qual continuava a manter certa distância do leito ocupado por ter medo de assustá-la, ou por simplesmente não ter coragem ou ideia do que fazer. Rapidamente Lucy vasculhou toda a aparência do rosado deparando-se com a ausência de um lenço em seu pescoço. Olhou novamente para o cachecol em si e apertou-o.

— Isto é seu? — perguntou incerta e acanhada enquanto tremia ansiosa pela resposta.

O coração de Natsu parou. Se ele contasse toda a verdade—ou pelo menos somente a parte do cachecol que implicava no desenrolar do resto da história—, seria taxado de maluco, stalker e poderia nunca mais ser visto da mesma maneira por Lucy, a qual a opinião era a única que importava. Os sentimentos escondidos pelo rosado talvez nunca fossem revelados para a garota em questão. Esta era uma possibilidade a se considerar, sendo ela uma das mais plausíveis e sensatas de se seguir. Ele engoliu em seco ao cogitar várias combinações de palavras para formular uma simples e curta resposta para lhe tirar desta situação. Somente Mira e o falecido senhor Jude sabiam do “presente” xadrez dado por Natsu para a loira, e o rapaz queria que tal fato continuasse se restringindo ao conhecimento destas duas pessoas. Cerrou levemente os punhos para não ser percebido e apenas olhou cautelosamente para seu arredor antes de voltar a fitar as belas feições de Lucy com uma expressão como de quem não soubesse nada.

— Obviamente que não. Ele está ao redor de seu pescoço, logo é seu. — falou vagarosamente e calmamente para tentar mascarar o nervosismo enquanto via o brilho esperançoso dos olhos castanhos da loira desaparecer.

— Ah... — a garota murmurou de forma inaudível apertando ainda mais o cachecol com certo receio. — Desculpe-me o incômodo então... — completou.

Natsu deu alguma desculpa sem sentido e saiu do quarto suando frio, com o coração disparado e em sua boca. Sua vontade era de contar tudo para Lucy, entretanto seu temor de perdê-la definitivamente o impedia, além da promessa feita a outra garota anos atrás. E vice-versa acontecia com a loira ainda desnorteada por não ter a guilda que sempre amou em sua realidade atual.

Lucy podia ser definida como uma bússola sem norte, ou como alguém que precisava apenas de palavras doces ditas por uma voz rouca a qual a acordara e a retirara de tal sono profundo contínuo durante os passados sete anos.

A voz de Natsu.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? Mereço reviews? Capítulo não betado pela Panda, desculpem quaisquer erros.
Então. O que acham que irá acontecer? Que promessa é essa que o Natsu fez? Se ela é importante? Sim, e muito.
Vou tentar postar capítulos mais frequentes, entretanto semana que vem minhas aulas começam e durante esta semana tenho vários compromissos além de vários encontros com meus amigos, afinal, fiquei três semanas sem vê-los.
Até a próxima!
Beijos da Fuinha ♥