Contos do Escritor Anônimo escrita por Queen Vee


Capítulo 7
Celulares/ 7#


Notas iniciais do capítulo

Yeps, eu voltei aqui!
Não posso deixar essa fic parada, eu gosto dela!
Haha, espero que gostem, sim?



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É, abro mão de fotos, é óbvio demais. Ponho a mão na coluna e sinto a dor. Sim, alguém com 29 anos pode ter dor na coluna, ainda mais alguém como eu. Saí andando pelo corredor e tive uma surpresa.

E, de forma inesperada, era uma surpresa agradável.

Ah. Toda surpresa é inesperada.

O telefone tocava e depois de semanas, não era cobrança, e sim uma pessoa que eu não tinha contato por muito tempo...a editora chefe. Sim, a moça que seria quase que como uma “empresária” para meus livros estava me ligando.

- Christopher? Oi, sou eu, Simmone. Como tem passado? 

Poderia dizer a verdade. “Mal, péssimo, minha casa é um lixo, minha vida é uma bosta e estou pensando em ir morar debaixo da ponte ou em um hospício”, mas o ser humano tem uma característica muito estranha. Ele sempre diz “está tudo bem”, mesmo que esteja despencando.

– Acho que bem. O que aconteceu? - Dei uma risada sem-graça. - Faz tempo que não me faz ligações como essa.

– Sabe aquele seu último livro? Sobre a garota que se perdeu em um sanatório, foi confundida com um paciente...? Uma editora quer.

Meus olhos arregalaram. Como assim “uma editora quer”?! Como uma editora poderia querer?! Ah, sério?! Coçei a barba por fazer e baguncei ainda mais o meu cabelo, descendo a mão até meu pescoço, rindo.

– Jura, Simmone?!

– Claro, oras! Então, eles querem falar com você. Fique pronto em meia hora, estou indo te buscar, certo? - Nem esperei mais instruções e desliguei o telefone.

Seria muito difícil conseguir outra chance como aquela, e depois de tantas rejeições, não sei se mais uma faria diferença. O que me custava tentar? Pulei para o chuveiro e tomei uma ducha gelada, lavando o cabelo e lembrando de como deveria me comportar.

É assim mesmo. As pessoas tem que escolher as personalidades do dia ou não vivem.

Vesti um terno, amarrei a gravata azul-marinho e fiqui olhando meu reflexo no espelho. Fiz a barba, ajeitei o cabelo, vestido todo arrumado daquele jeito...a vida depois da morte existia? Quem morria estava sempre nos olhando ou tinham uma chance apenas?

Se for uma chance só, espero que essa seja a do meu pai.

Mesmo que uma pequena ilusão, queria que ele tivesse orgulho de mim. Um adulto responsável, maduro, que se sustenta e é bem-sucedido...é um pensamento ridículo, não é? Sei que é. Não sou nada disso, e na verdade não me importo com o que meu pai pense.

Acho que fingir ser legal não funciona mais com vocês.

Ha, os eduquei demais ao meu mundo.

O carro estava parado na porta do prédio. Entrei, dei boa tarde e Simmone estava sentada no banco de trás, ao meu lado. Mexia no celular sem parar e estava realmente centrada naquela inutilidade.

Meu celular nunca saiu da caixa. Pelo menos não fui eu quem abriu, já que foi vendido.

– Boa tarde, Chris. Preparado? - Sorriu com os lábios pintados de vermelho sem parar de futucar aquela coisinha irritante.

– É, acho que estou. - Mais uns dois minutos dentro do carro e eu arranquei o Iphone da mão da editora. Aquilo me dava nos nervos!

– DEVOLVE ISSO, CHRIS! NÃO TENHO TEMPO PARA BRINCADEIRAS! - Gritou tão alto que medeixas da sua franja morena caíram sobre a testa. Suspirei e devolvi o aparelho, encostando na janela.

Sempre com aquelas coisas materiais.

Sim, a hora que vocês penetras esperaram. Logo pensei em uma garota do ginásio...e é aquela que anos depois seria enterrada com margaridas por cima do corpo por Marion. Sissy, se lembram?

Antes daquele fatídico dia de sua morte, a garota tinha arrumado mais confusão... e essa também nunca veio à tona. Por isso seus pais, da família Lianders, nunca souberam da filha maldosa que tinham.

Aos 13 anos (sim, apenas um ano antes de sua morte), Sissy, em sua rotina completamente normal de irritar as pessoas, foi atrás de uma garota que ficava sempre no canto da sala, com o celular e uma latinha de refrigerante de uva.

Ninguém sabia o que a menina ficava fazendo com o celular na mão, mas todos sabiam que a marca do seu celular não era para qualquer pessoa de classe média. Não falava com ninguém, não socializava...só no celular.

Sissy não se contentou com aquilo. Tirou mil e uma conclusões sobre a garota (como grande parte da sala) e em uma quarta-feira de manhã, chegou no canto da sala que esta ficava encolhida e...puf, pegou seu celular.

Você é ridícula, menina! Uma antissocial podre! Sai desse celular!”, ela disse. Não teve conversa. A garota do refrigerante de uva levantou e acertou um soco no rosto de Sissy.

Não. Mexa. No meu CELULAR!”, o soco fez um filete de sangue escorrer pelo canto da boca de Sissy, e a garota continuou golpeando-a. As pessoas tentaram segurá-las, mas mesmo sendo pequena e fofa, ela era muito forte.

Até eu tentei.

E levei um soco no estômago.

Mas sim, foi uma luta e tanto. O professor de geografia apareceu e levou a menina para a sala do diretor, deixando uma aula vaga. Adorei aquilo, afinal, odeio geografia. Estranho mesmo foi que nunca mais ninguém viu a cara da menina ou do professor.

Pois sim, odeio celulares. Imagina, uma coisinha tão pequena te prendendo à todos que tem seu número?! Você pensa que está livre, mas está preso por uma aparelhinho que em questão de segundos revela sua verdadeira localidade...e definitivamente não é no seu mundo de imaginação.

Ah, e a garota do celular escrevia e lia.Tudo bem, admito que essa é uma vantagem...ter um livro com você sempre, lendo e escrevendo o que quiser...Difícil mesmo é ter uma Sissy no seu pescoço.

Se bem que ela quase morreu.

Enfim, eu realmente odeio celulares.


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Notas finais do capítulo

Buuh, eu até curto celulares.
E sim, o Chris se chama Christopher XD
Nyaha, até mais e comentem, sim?



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