A Rosa De Masyaf escrita por Akiel


Capítulo 16
Extra Sangue e Tempo


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me pela demora em atualizar. Esse é um capítulo extra dividido em duas partes: "Sangue" que se passa antes do primeiro jogo e "Tempo" que se passa durante AC3. Mas as duas partes fazem parte do universo dessa fanfic, já que possuem elementos e personagens que aparecem em "A Rosa de Masyaf". E se focam nos relacionamentos dos dois casais dessa fanfic: Clay e Sophie (Sangue) e Desmond e Anna (Tempo).



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Sangue e Tempo

Sangue

Esta noite?

Esta noite.

Olhos claros se observam em silêncio. Não há sinal de reconhecimento ou da consciência de se estar sendo observado. Apenas o som das respirações lentas e ritmadas ecoa no aposento. Espasmos percorrem as mãos repousadas sobre o colchão, reflexo instintivo tentando ser controlado. O que eles veem enquanto se observam? É impossível para o outro adivinhar.

– Você está consciente? - ela pergunta e ele assente lentamente.

– Por um fio. - é a resposta dada - E você?

– O mesmo. - pálpebras se fecham e escondem os olhos azuis por um momento - Eu estou cansada.

– Eu sei. Eu também. - uma pausa - Nós vamos colocar um fim a tudo isso.

– Hoje à noite?

– Hoje à noite.

As horas que se seguem são passadas em silêncio, apenas olhares pesados de significado são trocados. Cada um está preso na própria mente, nos próprios pensamentos e medos. Ela se levanta do seu lugar perto da parede e caminha até ele, os dedos tocando e brincando com curtos fios loiros. Ele permite o toque e leva a mão até os longos fios negros, segurando-os. Ela respira fundo e encosta o rosto no ombro coberto pela jaqueta. Ele permanece imóvel.

Até que o som da porta sendo automaticamente trancada soe como a explosão de uma bomba para eles. O toque no cabelo claro se torna tenso e é afastado com quase imperceptível relutância. Ele indica a porta e ela assente, saindo de cima da cama. Ele, por sua vez, procura o que tem escondido por tanto tempo.

O som dela hackeando a porta abafa o som dele cortando os pulsos. O sangue escorre pela pele clara e, por alguns momentos, ele apenas observa. Então, ele começa a deixar a mensagem para o próximo. Com o próprio sangue, ele pinta as paredes do quarto com as imagens que o assombram e ameaçam terminar de destruir sua sanidade.

– Clay? - a voz dela, baixa e falsamente segura, o faz parar.

Há medo e dor escondidos na voz dela. E, na mente dele, há os segredos que se encontram no futuro dela. Se Aqueles Que Vieram Antes estiverem certos, se o que eles previram realmente se tornar realidade, ele poderá vê-la novamente? Ele gostaria disso. Ele não quer que ela morra.

– Prepare o Animus. - ele responde sem se virar para olhá-la - Nós não temos muito tempo.

Ela obedece, ele pode ouvir o som dos passos dela saindo do quarto e indo até a máquina. Ele a segue alguns momentos depois e enquanto ela reconfigura o Animus, ele continua a pintar com o próprio sangue o chão, as paredes e pilastras. Mas ele já desenhou muito e não demora para que ele comece a sentir a fraqueza que acompanha a perda de sangue. Ele escorrega e cai, sem forças para se levantar.

Ela vem até a ele e o ajuda a ficar de pé. Ele agradece e, mais uma vez, olha nos olhos azuis. Tão intensos e profundos, marcados pelas sombras de tudo o que eles tiveram que passar nos últimos meses, toda a tortura e dor. Todos os efeitos colaterais. Efeito de Sangramento. Ele ri brevemente e ela não entende. Tantos anos na Irmandade a observando de longe mesmo a tendo tão perto, apenas para terminar assim. Fim. Que seja.

Ele abaixa o rosto e encosta os lábios no dela. Um desejo antigo finalmente realizado. E que para a supresa dele é retribuído. Lento, com gosto de primeiro e último. Último desejo para a noite. Ele se afasta e, com a ajuda dela, se coloca na máquina. Ele deita e ela configura. Mas antes do processo começar, ele estica a mão e segura o pulso dela.

– Sophie.

Ela não responde, mas segura a mão dele. E não larga até que o processo de passar a consciência dele para o Animus tenha terminado. Em silêncio, ela chora e acaba não notando as lágrimas que marcam o rosto dele. Quando a máquina silencia, a porta se abre e ela solta a mão dele.

– O que aconteceu? - Lucy questiona se aproximando - O que vocês fizeram? - apesar das questões, o olhar dela deixa claro que ela sabe exatamente o que se passou naquela sala.

– Minhas lâminas. - Sophie diz apontando para as armas nas mãos de Lucy - Por quê? Está tentando se redimir por sua traição?

– Não. - a loira responde jogando as armas para a assassina, que as coloca nos braços.

– Ainda bem. - Sophie comenta se aproximando e, com um golpe certeiro com o cotovelo, acertando Lucy na lateral do crânio - O que você fez não pode ser perdoado.

Ela se abaixa e pega o cartão do pescoço da templária inconsciente. Ela caminha e espera que a porta volte a se abrir. Direto para a liberdade dela. Uma liberdade conseguida com sangue.

Tempo

Inquieto, Desmond se vira de um lado para o outro no saco de dormir. Imagens de memórias alheias, de tempos antigos assombram os sonhos do assassino e o impedem de ter um sono tranquilo. Acordando em um susto, o ex-bartender permanece alerta até reconhecer as paredes rochosas do Templo Daqueles Que Vieram Antes. Respirando fundo, o assassino se levanta e, com cuidado para não acordar os outros, sai da área de dormir, caminhando até onde o Animus foi colocado.

Ainda sentindo um pouco de adrenalina correndo por seu sistema, Desmond anda de um lado para o outro, se sentindo incapaz de permanecer parado por mais do que cinco segundo em qualquer lugar. Um fraco brilho chama a atenção do assassino, que se aproxima da mesa do pai, encontrando a Maçã colocada sobre ela. O rapaz pega o objeto e começa a brincar com ele, passando-o de uma mão para outra.

A brincadeira continua até que um brilho muito mais forte domine o artefato e faça com que o assassino tenha que fechar os olhos para se proteger. Quando sente que a luz diminuiu e já é seguro voltar a abrir os olhos, Desmond se vê tomado de surpresa e uma mistura de felicidade e alívio ao se encontrar frente a frente com Anna.

Dessa vez, a filha de Ezio não é um fantasma como antes ou como Dezesseis. Desmond a vê como ele vê o pai e os amigos, como se ela estivesse realmente ali, viva e presente. Hesitante, o assassino ergue a mão e toca o rosto da ladra, sentindo a pele macia sob seus dedos e observando Anna inclinar a cabeça na direção do toque. A italiana levanta a própria mão e toca o pulso do americano, que sente um arrepio correr pelo corpo ao sentir o toque quente.

O olhar escuro do ex-bartender volta a cair sobre a Maçã que ainda segura na mão e realização nasce na mente do rapaz. Esse encontro deve ser obra do artefato. Não que ele se importe muito com esse detalhe. Anna está com ele, ao alcance do toque dele e Desmond sente que não há nada mais que ele possa desejar.

– É uma pena. - Anna começa olhando-o nos olhos - Que nós não tenhamos nascido na mesma época.

Desmond não responde, deixando que seu toque deslize da face para a nuca de Anna, segurando de maneira mais firme e insistente. O ato arranca uma fraca risada da ladra, que dá um passo à frente e, com os dois braços, contorna o pescoço do assassino. O ex-bartender, por sua vez, sente o coração bater de maneira desesperada, a mente trabalhando em um ritmo enlouquecedor, sobrecarregada com os estímulos que recebe do toque, do olhar, da aproximadade e do perfume de Anna.

Abaixando o rosto e encostando-o ao da italiana, Desmond solta a nuca e segura a ladra pela cintura, puxando-a mais para perto de seu corpo, o mais perto possível. Em um impulso ousado e não pensado, o assassino beija a ladra com paixão, colocando no ato todos os sentimentos já eliciados em si por Anna. A italiana responde com o mesmo fervor, segurando e arranhando o pescoço do assassino.

– Não desapareça. - Desmond se pega dizendo quando o beijo acaba.

– Você não entende, Desmond? - Anna questiona roçando os lábios nos do ex-bartender - Eu sempre estou com você. No fim, tempo não é um problema para nós.

– Isso é uma ilusão? - a pergunta deixa os lábios do assassino ao mesmo tempo em que ele aumenta a força com que segura a ladra contra si.

– Nada é verdade, tudo é permitido. - a italiana diz fazendo o americano rir - Nós construímos nossa realidade com aquilo que é real para nós, Desmond. Isso é real para mim. E para você?

– É real para mim. - o assassino responde roubando mais um beijo da ladra - Você é real para mim, Anna.

– Então, acredite em mim e você nunca estará sozinho. - Anna diz e volta a beijar o ex-bartender.

Nesse momento, a luz emanando da Maçã se torna mais intensa, se equilibrando com a intensidade do beijo trocado entre Desmond e Anna. Entretanto, conforme os segundos passam, o assassino percebe a força diminuir junto com a luz. Até que reste apenas escuridão no Templo e vazio nos braços do ex-bartender. Caindo de joelhos, o rapaz abraça a Maçã contra o peito.

– Tempo não é um problema para nós. - ele sussurra para si mesmo.

Ele verá Anna novamente. Ele sabe disso.


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Notas finais do capítulo

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