Cartas que Nunca foram Entregues

Por Rebeca/Pikenna

McGonagall para Dumbledore

Oh Albus, eu sei que você guardava muitos segredos acerca da sua vida e eu nunca o julguei por isso, afinal, também tenho os meus. Quem não os têm, não é verdade? Fico feliz por ter me contado um deles, o que diz respeito a sua sexualidade. Acho que ambos não fomos muitos felizardos nas escolhas que fizemos com relação aquelas pessoas pelas quais nos apaixonamos. Penso que seria muito mais fácil se eu e você tivéssemos nos apaixonado um pelo o outro. Talvez houvesse menos dor por parte de cada um, menos coração quebrado, embora você tenha me deixado naquele fatídico dia em que Snape lançou sobre você a maldição da morte. Foi difícil fazer seu funeral, sabia? Muitas lágrimas, muita comoção, muita revolta. Você era bastante querido, Albus. Mas também, louco seria aquele capaz de odiá-lo, tal qual Voldemort – sim, eu aprendi a dizer e a escrever o nome dele em respeito a sua memória. Você me disse que era irrisório temermos um nome. Fiquei incrédula naquele dia, mas ainda assim respeitei sua sabedoria e sua opinião, mesmo que não compartilhasse dela.

Me pergunto constantemente o que fizemos para não sermos agraciados com a beleza do amor! Embora tenhamos amado, esse amor se amargou com a escolha errada das pessoas para quais devotamos tamanho sentimento. Nunca imaginei que você e Grindelwald tiveram uma relação afetiva e de companheirismo. Pensei que fossem amigos que se tornaram inimigos pelo fato de cada um ter optado por um caminho distinto que eventualmente viera a se cruzar novamente. Enquanto a surpresa me abarcou quando me contou sobre vocês dois, você se manteve sereno e impassível diante da minha revelação amorosa. Um trouxa foi capaz de me causar aquelas estranhas sensações que se sente quando se ama. E esse mesmo trouxa conseguiu me fazer transbordar de sentimentos ruins ao me odiar por aquilo que eu era e amava ser: uma bruxa. O que fizemos para merecer tamanho destino? Optei pela vida acadêmica, me dedicar ao máximo ao meu trabalho, talvez assim que me esquecesse de como era amar e odiar ao mesmo tempo alguém que nunca mereceu meus sentimentos, independentemente de quais fossem. E você apareceu, um grande amigo.

Sabe Albus, acho que vai ficar surpreso com o que vou lhe contar, ou talvez não. Talvez você já soubesse sobre o que estou prestes a revelar a você e por isso mesmo decidiu me revelar seu segredo para me poupar dor e sofrimento. Sempre uma boa pessoa. Sempre um grande sábio que vê além. É, acho que, no fim, você sempre soube que aos poucos fui me apaixonando pela pessoa que um dia você foi. Me apaixonei pelo meu melhor amigo que só tinha por mim um carinho inestimável. Eu jamais seria capaz de alcançar seu coração e agora eu entendendo o porquê. O fantasma de Grindelwald não o abandonaria. Você ainda era devoto a ele. Também não me esqueci do fato de que você não sentia atração por mim, já que era homossexual. Fico feliz por ter me revelado isso, Albus. E mais feliz ainda por ter tido a preocupação de não me magoar e de continuar a ser para mim o amigo que sempre foi antes de me contar sobre você. No fim, eu aceito sua amizade e fico satisfeita com ela. Grata a tudo o que fez por mim, obrigada por cuidar de mim e ser essa pessoa maravilhosa que é. Espero que você esteja muito bem e se divertindo onde quer que tenha ido. Um abraço, Dumbledore.

De sua eterna amiga e admiradora,

Minerva McGonagall