–-Dois chop’s, Eli – ele pediu e eu fui pegar os copos, mas continuei a prestar atenção nos dois enquanto ouvia ele continuar se dirigindo a ela – Desculpe-me pelo meu amigo. Ele já bebeu um pouco e passou dos limites com você.

POV Forasteira: on

Me virei pra ele com a minha expressão mais irritada e com a resposta mais ácida possível na ponta da língua, mas acabei não dizendo nada. Vi que aquela resposta não seria necessária, o que era estranho. Eu esperava encontrar um cara se aproveitando do fora do amigo para se aproximar de mim, mas vi sinceridade nos olhos dele. Mais sinceridade do que havia visto em todas as pessoas que encontrei nos últimos tempos e isso me deixou curiosa. Curiosa até demais para o meu gosto. Antes que me desse conta comecei a analisá-lo.

Botas marrons empoeiradas, calças sujas, camisa de botões de mangas compridas xadrez em tons de azul e muito desbotada por cima de uma camiseta de mangas curtas branca e encardida, cujo colarinho estava largo de tão velha. A posição dele apoiado ao balcão fazia as camisas se ajustarem aos seus ombros me permitindo notar os músculos que ele parecia querer esconder com as roupas largas e velhas. Ele me pareceu o típico cowboy, mas meu instinto dizia que não era só isso; e meu instinto dificilmente se engana. Mas não parei por aí em minha avaliação. Os cabelos dele caiam até a metade de sua testa, ainda estavam úmidos perto das orelhas e da nuca indicando que ele estava trabalhando há pouco tempo. Traços fortes, maxilar e queixo proeminentes, barba por fazer que me fez imaginar, por um segundo, se o rosto dele estaria áspero.

NO QUE É QUE EU ESTOU PENSANDO???? Concentres-se criatura.

Suas sobrancelhas eram de largura média, cílios mais longos do que um homem costuma ter. Sua expressão era calma e tranquila, tranquilidade que se refletia naqueles olhos sinceros. Vi tudo isso em menos de 5 segundos. Por ultimo meus olhos foram em direção aos lábios dele, só não sei por que fiz isso por ultimo. Os lábios dele não eram nem grossos nem finos, um meio termo que eu não sei o porquê me agradou. Não consegui desviar os olhos daquele lugar. Me deu uma vontade incrível de saber que gosto eles teriam e como seria beijá-lo...

Mas em que merda estou pensando e outra vez???? Ele nem é o tipo de cara com quem me relaciono.

Claro que não é. Nunca encontraria tipos como ele nos lugares que frequento.

Com um suspiro desfiz minha expressão irritada.

–-Não é como se eu não soubesse lidar com esse tipo de coisa, mas hoje em particular estou meio irritada. Então só mantenha ele longe ou não poderei garantir a integridade física do seu amigo – eu disse voltando a olhar para os olhos dele que abaixou a cabeça em direção ao balcão e riu.

–-Não se preocupe – ele disse voltando a me olhar parecendo sério – Pretendo manter a integridade física do meu amigo mantendo-o bem longe de você – e então ele sorriu. E que sorriso meu deus.

O som de dois copos sendo colocados sobre o balcão me trouxe de volta a realidade. Depois de uns segundos ele olhou para Eliza, acenou como se agradecesse e voltou a me encarar.

–-Ford Johnson – disse estendendo a mão direita na minha direção. Então pensei: porque não?

–-Julia – eu respondi apertando a mão estendida dele. Ela era grande, áspera, com alguns calos e quente – Só Julia – completei com um meio sorriso.