Hunter - The Scape escrita por HannahHell


Capítulo 7
Capítulo 6.


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora Ç_Ç
Mas é que eu tenho fics demais e tempo de menos
Espero que entendam



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Hoje completa um mês que fui demitida, um mês que estou trocando o dia pela noite, um mês sentindo ser observada a todo momento, como se nem sob a proteção do sol eu estivesse realmente segura.

 

Decidi que a melhor coisa a se fazer nesta casa quando se está com insônia é descobrir seus segredos, afinal, era a casa de caçadores cientistas, tinha de ter alguma coisa especial guardada pelos cantos.

 

Descobri que no andar inferior não havia nada além de um banheiro, uma sala de jantar, uma sala de estar, uma cozinha. Mas o mais legal da casa era que o escritório ficava no andar superior, junto com os quartos.

 

Eu sei que no meu quarto não havia nada além dele ser uma suíte e ter um banheiro escondido por uma porta igual a do armário. No quarto dos meus pais, onde estou agora não tem nada além de algumas maletas com dinheiro, roupas velhas e, é claro, o 'banheiro secreto'.

 

Saí já desistindo. Será que eles fizeram uma casa especial para que eu morra de tédio? Se bem que acho que eles nunca acharam que eu um dia usaria esta casa como abrigo.

 

Caminhei lentamente pelo corredor até que avistei a porta do escritório, ou a porta proibida, como eu chamava, afinal mamãe e papai não me deixavam entrar lá. Porque será? Quais os segredos que este cômodo guarda?

 

Toquei a maçaneta sentindo a adrenalina subir e meu coração acelerar, mais ou menos como se eu estivesse prestes a quebrar o mais alto tabu.

 

A porta abriu-se com um rangido, revelando o cômodo escuro devido às janelas fechadas, passei pela porta e tateei a parede até achar o interruptor, assim que a luz se ligou levei um certo tempo para acostumar-me com a claridade, mas uma vez acostumada parti para uma analise mais aprofundada do cômodo.

 

Era um lugar mal iluminado, com madeiras impedindo qualquer raio de luz de entrar no quarto, deixando o quarto com um característico odor de lugar que permaneceu muito tempo fechado, logo à frente da janela havia um gabinete de madeira, com uma confortável cadeira com encostos de couro atrás, as paredes eram forradas de estantes de livros.

 

Fui até o gabinete e sentei-me na cadeira, ela era verdadeiramente confortável, acho que vou começar a usá-la mais. Olhei para o móvel e me deparei com as gavetinhas laterais, essas gavetinhas tão chamativas, que pediam a ser exploradas. Antes que desse por mim já havia aberto a primeira.

 

Não havia nada, apenas poeira, o mesmo aconteceu na primeira gaveta do outro lado, nas segundas haviam armas descarregadas e alguns punhais com laminas de diamante, papai e mamãe sempre foram prevenidos. Mas armas de nada me surpreendiam, porém o prêmio maior estava nas terceiras gavetas.

 

Cartas, pode parecer idiota, mas para mim não era, todas endereçadas ao papai. O remetente? Anabelle Stevens, minha vó.

 

Eram cartas datadas de dezoito anos atrás, a mais recente tinha dezessete anos, porém elas eram algum registro da minha família.

 

Abri a mais recente, mesmo sabendo que podia não entender nada de seu conteúdo eu me arrisquei. Ela estava escrita em inglês, que por muita sorte era minha segunda língua.

 

"John,

 

Você sabe que eu ainda não acredito que você tenha testado o soro na minha doce Anabelle, mas pelo menos ela está bem.

 

Eu sei que faz um ano desde que escrevi pela última vez, mas a concorrência no Texas estava muito grande e tivemos de achar um local para nos re-estabelecer, não preciso dizer onde, pois o endereço no envelope já faz isto por mim.

 

Seu pai está bem, muito orgulhoso por vocês estarem fazendo o antídoto, o vampiro que deu o sangue é o mesmo que deu o sangue para a destilagem? Porque se for, lembre-se que sangue mestiço é muito instável.

 

Mudando de assunto.

 

Como vai a minha loirinha de olhos mel? Muito arteira? Espero que ela esteja te dando tanto trabalho quanto você me deu, lembre-se de deixá-la longe das tomadas.

 

Parabéns por organizar a Associação.

 

Um beijo a todos

de sua AMADA mãe."

 

Que carta mais meiga, vovó deve ser alguém muito legal, e caçadora também, será que esta é a maldição desta família?

 

Olhei o verso da carta, o endereço havia sido apagado, só restou o país  onde estavam: Estados Unidos, meu país natal.

 

Fiquei entretida lendo as cartas, era uma mais interessante que a outra, mas em todas só se podia ler o país de origem.

 

Antes que desse por mim, apareci numa fazenda bem grande, fazia muito calor e o Sol estava a ponto de derreter, comecei a andar em direção à casa.

 

Ao me aproximar vi que havia um casal na varanda olhando o campo e ao lado deles estava um carrinho de bebê. Percebi que eles não me viram, então continuei minha aproximação.

 

A mulher tinha cabelos cor de mel que balançavam ao vento com tal delicadeza que pareciam fazer parte dele. O homem tinha olhos da cor dos cabelos dela, e brilhavam numa mescla de preocupação com o futuro e admiração ao olhar para a mulher.

 

-John, não se preocupe, se arrumarmos a Associação eles nos darão a tecnologia necessária - ela disse com sua voz doce e otimista.

 

O homem apenas sorriu em concordância e voltou seu olhar para a fazenda - vou sentir saudades daqui. Desse ar e da calmaria - comentou.

 

Cheguei até o lado do carrinho, encarei o bebê que assim como eu assistia os adultos, era uma garotinha de uns seis meses, tinha os olhos do homem e os cabelos da  mulher, que davam um equilíbrio interessante à bebê.

 

-As malas e preparativos já estão prontos e lhes esperando no carro - uma voz conhecida chamou minha atenção, olhei para a fonte do som às minhas costas e me deparei com um garoto.

 

Ele tinha cabelos pretos muito bem penteados, com um topete na frente, aparentava ter uns dezessete anos e provavelmente um metro e oitenta de altura. Seu nome. Eu conhecia muito bem, era William.

 

Pisquei e voltei a o encarar, com mais atenção agora, não parecia ser o Will que conheço, este Will tinha olhos verde-esbranquiçados, sem vida, sem brilho. Sua pele era branca como papel, muito diferente da pele bronzeada e bochechas rosadas que ele agora tinha.

 

-Muito bem, William, obrigado - o homem agradeceu solene.

 

-Will, você poderia levar a Ana até o carro? Eu e John queremos terminar de nos despedir daqui - a mulher pediu com um sorriso amável.

 

-Claro que eu levo a doce Anabelle até o carro - Will recitou com uma pontada de afeto na sua voz fria.

 

O cenário começou a se afastar, como se eu estivesse sendo sugada, e Will ia deixando meu campo de visão até que.

 

Abri meus olhos subitamente, percebi, então que havia dormido enquanto lia as cartas, olhei para o relógio, eram nove horas da noite, já havia escurecido, o que significava que não poderei sair daqui agora.

 

Peguei os punhais que havia nas gavetas e os segurei entre os dedos, era um total de seis, três em cada mão, formando um tipo de garras. Apaguei a luz e me escondi do lado da porta fechada, preparando-me para matar qualquer um que tentasse entrar.

 

Não demorou mais de dois minutos para que o silêncio fosse quebrado por leves barulhos de passos e vozes no andar inferior, passei a quase nem respirar direito para ouvir a conversa dos intrusos.

 

-Tem certeza que ela está aqui? - era uma voz que variava de aguda para grave indicando ser provavelmente um garoto de uns 11 à 13 anos, ou pelo menos era isto que ele queria fazer os humanos acreditarem.

 

-Mais certeza do que isto, é a que eu tenho que o chefe nos matará se não a levarmos urgentemente a ele - uma outra voz respondeu, era dura e fria, mas muito feminina, porém passava a impressão de ser a voz de alguém que já vira e lutara muito na vida - além do mais o cheiro adocicado do sangue dela está mais forte do que nas outras noites.

 

Neste momento minha respiração não passava de pequenas inspirações e expirações que não enchiam completamente meus pulmões, mas se tornavam praticamente inaudíveis, assim como meus batimentos cardíacos, que eu fazia um esforço sobre-humano para mantê-los regulares e baixos.

 

-Neste andar ela não está - o garoto afirmou, na voz um claro pedido não-verbal de 'vamos sair daqui logo'.

 

-Nathaniel, está com medo? - a mulher questionou dando uma risada de escárnio, quase abafando o rangido dos seus passos na escada.

 

-Claro! Você sabe quem ela é? Sabe quantos ela matou? Se não fosse uma ordem direta do Mestre, eu não teria concordado em vir - o tal de Nathaniel tagarelava e pela inconstância da voz, dava para perceber que ela saía tremida.

 

A mulher nada disse em resposta, talvez ela tenha ficado em silêncio concordando, ou lançado um olhar de reprovação ao garoto seguido por deixar o silêncio pairar pela casa, sendo quebrado somente pelo barulho de seus passos.

 

Percebi que foram direto para meu quarto, passando displicentemente pela porta do escritório. A porta do quarto abriu-se com um rangido, e pude ouvir o suave barulho deles abrindo as portas dos armários e, talvez, da procura por passagens secretas. A se aproximar

 

Ouvi seus passos voltarem a se aproximar, cada vez mais altos, cada vez mais pertos, senti a adrenalina querendo explodir por minhas veias, mas meu autocontrole a domava, se eu continuar como estou, eles podem acabar por achar alguma passagem que me passou despercebida e por acaso saírem da casa por este caminho.

 

Ao pensar nesta idéia minha mente parece que explodiu em várias partes, uma delas dizia ser impossível isto acontecer, pois eu havia sondado a casa toda, outra concordava piamente com esta esperança, e uma outra parte ficou extremamente triste com a perspectiva de não poder lutar, me livrei o mais rápido que pude desta distração mental e me pus a voltar a esperar novamente.

 

Senti que os passos pararam bem no momento que atingiram o ápice de aproximação da porta, eu posso jurar que neste momento eu não respirava, meu coração não batia e que toda a casa se assolou no maior silêncio com a antecipação do que estava por vir.

 

Apertei mais os punhais entre os dedos para ter o máximo de precisão possível, a maçaneta girou praticamente em câmera lenta, meu cérebro trabalhava numa velocidade fantástica analisando cada momento como se fosse crucial para minha permanência no mundo dos vivos.

 

A porta começou a abrir, vi primeiro a mão do vampiro que a abria, e aos poucos, conforme a porta ia abrindo-se mais e mais eu podia ver do vampiro que a abria, ele usava uma jaqueta de couro.

 

Assim que o menor indício do pescoço dele ficou ao alcance dos meus olhos eu o ataquei, passando minha mão num golpe preciso causando com minhas 'garras' um profundo corte na garganta do vampiro. Não foi o suficiente para arrancar a cabeça dele fora, mas ela ficou praticamente pendurada e do corte corria todo seu sangue sujando a sua roupa de grife e o chão ele caiu em câmera lenta e ficou imóvel.

 

Olhei para a mulher, que estava estática, como se o que acontecera ainda não tivesse sido processado pelo seu cérebro, aproveitei a sua distração e repeti o que fiz no garoto, o sangue dela transformou o vestido branco que usava, num vestido escarlate, e antes do seu corpo bater no chão disparei pelo corredor.

 

Chutei a porta do meu quarto que se abriu com um estrondo, puxei minha mochila e a coloquei de modo que ela ficasse na frente do meu corpo, peguei na penteadeira meu desodorante aerosol e um isqueiro.

 

Passei pelos vampiros que muito lentamente se curavam dos ferimentos, peguei alguns livros no escritório joguei em cima deles e formando um lança-chamas com o isqueiro e o aerosol os incinerei.

 

Agora tenho certeza que eles estavam mortos, mas não tenho certeza quanto a minha segurança, abri desajeitadamente minha bolsa e enfiei minha mão dentro procurando minha arma naquela bagunça de roupas e dinheiro, até que senti a superfície metálica do pequeno revólver o puxei para fora da mala e em seguida a fechei.

 

Abria  porta da cozinha e saí correndo pelo jardim, pulando o muro sem dificuldade caindo numa pequena ruela que se passava atrás da casa. Segui meu caminho correndo na maior velocidade que consegui.

 

Algo me dizia que estava sendo seguida, de alguma forma girei meu corpo cento e oitenta graus passando a correr de costas, percebi que havia dois vampiros me seguindo. Na pouca luz do ambiente só conseguia ver o brilho vermelho dos seus olhos e o reflexo da luz nas suas presas.

 

Numa análise rápida da distancia em que eles estavam e da velocidade que eles se moviam mirei o revolver rapidamente e dei o primeiro tiro, acertando um deles no coração, mirei a arma para o outro, que olhava o companheiro cair e não se levantar mais, e dei o segundo tiro acertando-o também no coração.

 

A duras penas cheguei à cidade, mal parei minha corrida louca até chegar à estação ferroviária, onde comprei a passagem para o primeiro trem vago que saía o mais rápido possível, sentei no único bando desocupado abraçando minha mala nela guardei a arma, que por pura sorte ninguém vira, encostei minha cabeça no vidro olhando as luzes das cidades passarem como borrões, respirei fundo ao entender que agora, minha fuga está cada vez mais perigosa.

 

Tenho de ir a um lugar seguro, onde ninguém me encontre, mas onde?

 

A resposta chegou como num sussurro, do fundo da minha mente, repetindo sem cessar: Estados Unidos.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

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