Hunter - The Scape escrita por HannahHell


Capítulo 3
Capítulo 2.




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Estava em baixo da ponte Sant’Angel, parada às margens do rio Tibre, os fones de ouvido do comunicador a distancia chiavam enquanto eu conseguia distinguir a respiração pesada de Will e alguns fragmentos da sua voz enquanto ele instalava tudo que precisávamos para enganar a segurança do local.

 

Ao contrário dos nossos adversários, câmeras eram um problema. Um grande problema.

 

-Venha – ouvi a voz de Will, que ficava mais grossa e profunda no comunicador e uma corda apareceu do meu lado.

 

Usei-a para subir até a ponte, Will me esperava, ele estava sorrindo animado, enquanto guardava a corda.

 

-Fique atento – aconselhei enquanto corria até a entrada do castelo, entraríamos pela porta da frente, afinal, eles não esperariam por uma ação tão. Previsível e descuidada.

 

Peguei as espadas, elas eram especiais, tinham uma lâmina de diamante altamente afiada, tão afiada e resistente que corta qualquer coisa.

 

Caminhei silenciosamente passando do pátio do castelo para a parte interna, estava escuro, mas graças à minha boa visão o pouco de iluminação que tinha era mais que o suficiente, Will se separou de mim indo para o segundo andar.

 

Foi quando um deles apareceu à minha frente, com seus olhos escarlates, seu odor doce misturado com o cheiro de sangue e seu sorriso característico: caninos mais pontudos que o normal e dentes manchados de sangue, um vampiro.

 

Confesso que a primeira vez que vi um fiquei com medo, mas agora ele era apenas minha caça, uma criatura que merecia ser morta.

 

-Que garotinha bonitinha. – ele comentou com sua voz assoprada, que parecia um sussurro.

 

-Pena que o mesmo não valha a você – provoquei me pondo em posição de luta.

 

O clima estava tenso, caçadores caçavam vampiros e vampiros tentavam matar caçadores, é assim que a coisa sempre funcionou, funciona e funcionará.

 

Ele avançou em minha direção, com sua velocidade acima do normal, mas eu estava preparada, tinha mais experiência em derrotá-los do que qualquer caçador da Associação, antes dele se aproximar de mim, eu o acertei com um chute alto e assim que a cabeça dele foi para trás pela força do chute eu rodei o corpo de modo que a mão que segurava minha espada fizesse a mesma cortar a cabeça daquele monstro.

 

O sangue dele espirrou em mim, me sujando, mas não me importei, tinha que seguir meu caminho o mais rápido possível, antes que o cheiro de sangue atraísse os companheiros dele.

 

Corria pelos corredores ouvindo apenas o barulho dos meus passos, não havia sinal de ninguém. O que era muito estranho, considerando o fato deu feder sangue.

 

Mas para a minha felicidade, ou não, encontrei uma porta muito antiga. Um feixe de luz passava por baixo dela assim como uma poça de sangue se formava.

 

Eles estavam lá. Eu podia sentir. Não sei quantos, mas  eu tinha de agir, prometi que iria acabar com eles. Ninguém mata inocentes para saciar suas necessidades vãs e fica impune.

 

Joguei a cautela para o inferno, peguei uma espada em cada mão e com um chute escancarei a porta.

 

Deparei-me com uma cena que faria o estômago de muitas pessoas revirarem, e provavelmente causaria um ataque de pânico até nas mais resistentes.

 

Três vampiros no meio do seu ‘jantar’, estavam no centro da sala, drenando o sangue de suas vítimas. Os olhos escarlates se misturavam com o sangue ao chão. Os dois mais à frente eram gêmeos, e tomavam o sangue da vítima com tal brutalidade que me deixou enojada, seus cabelos eram de um loiro-escuro sujo pelo sangue. Mais ao fundo, usando roupas finas, e agora manchadas, estava o que deveria ser o líder deles. Ele tinha cabelos vermelhos, da mesma cor de seu alimento, uma pele branca e tomava o sangue da sua vítima com certa classe.

 

Os gêmeos terminaram sua refeição e jogaram o corpo num canto, onde pude ver claramente mais cinco corpos inertes. Ambos me encararam com olhos sedentos, mas esses sanguessugas não param de beber nunca?

 

Eu me coloquei em posição de luta, iria esperar eles virem me atacar, afinal posso usar a força deles contra eles próprios.

Mas eles não vieram, no lugar viraram seus rostos para o ruivo. Ele parecia ignorar minha existência, drenava as últimas gotas de sangue como se tivesse todo tempo do mundo, o que de fato, era verdade.

 

Ele jogou o corpo, que caiu com um baque baixo na pilha de corpos. E depois de encarar seus subordinados me encarou. Nossos olhos se encontraram e percebi que os olhos dele eram de um vermelho mais escuro, me lembravam uma poça de sangue, assim como seus cabelos. Ele esboçou um sorriso, o que deixou bem claro as presas, seus lábios estavam vermelhos e sangue escorria pelo seu queixo e sujava a roupa que usava.

 

-Senhorita caçadora. A que devo a honra? – ele me perguntou com sua voz grave e profunda, que ecoava pela sala.

 

-Honra. Palavra estranha vindo de você – respondi ríspida – mas receio que você saiba meu propósito.

 

-Veio nos matar. – ele comentou com um tom de escárnio se levantando e caminhando a passos calmos na minha direção – criança. Você não vai poder me matar. Não sozinha.

 

-Eu já derrotei mais de vocês de uma vez. Por que agora seria diferente? – perguntei retoricamente observando a aproximação dele.

 

-Você sabe quem eu sou? – ele perguntou parando à minha frente a alguns centímetros das espadas.

 

-Perdoe-me, mas eu não preciso saber QUEM estou matando e sim O QUE – respondi encarando-o atentamente, sem deixar de prestar atenção aos gêmeos, que embora estivessem parados, ainda eram uma ameaça real.

 

-Garota tola, eu sou quem manda nesta região. E sou seu real inimigo. Você acha que vampiros não saem matando a toda por aí por quê? Não é por medo dos caçadores. E sim por que nós, os Nobres, não queremos que o mundo saiba de nós. E ainda usamos vocês, Caçadores, para encobrir nossos rastros – ele contou como se fosse apenas um fato trivial.

 

Mas o choque com esta notícia me fez recuar alguns passos, o espanto fez minha respiração ficar ofegante. Não podia ser. Eu não podia ser usada por eles. Não podia. Ou será que podia? Eu nunca vi um nobre, mas segundo o Conselho são eles que evitam que o mundo entre no caos. É a raça mais poderosa de vampiros. Descendentes do primeiro vampiro a aparecer na Terra, mas mesmo assim. Eu luto contra eles. Eu desejo que eles se extingam. Eu desejo que eles sumam, para que o homem passe a ser a espécie dominante na Terra. Para que nossos predadores morram. Mas será que é isso mesmo? Será que os caçadores vencerão? Ou eles acabarão virando apenas faxineiros nesta batalha perdida? NÃO! Não é assim! E eu irei provar ao contrário. Eu salvei muitas vidas. Dei muitas baixas a esse nobre. Ele está tentando me afetar.

 

-Não é verdade. Vampiro tolo. Não me importo se você é um nobre, um servo, um escravo ou qualquer outra coisa. Vocês merecem morrer! Vampirismo é como uma doença. Uma doença sem cura, a qual os enfermos devem ser eliminados para não infectarem os sãos. Caçadores são os médicos – anunciei depois de me recuperar, os gêmeos que se danassem meu alvo era ele. Este nobre maldito. Ele vai sofrer. Ele vai morrer, e será pelas minhas mãos.

 

-Você quer dizer que caçadores serão os assassinos? Porque é isso que vocês fazem, não? Matar. Vocês vivem para isso. Não queira negar. Você sabe que, vocês são para nós, o que somos para vocês – ele deu dois passos a minha frente, minha mão tremia de leve, não sei dizer se era de raiva, ou por alguma outra razão.

 

-Exatamente. Somos teus inimigos. Como vocês são os nossos. Não posso dizer que o que fazemos é um serviço justo, mas pelo menos nós garantimos a segurança da nossa espécie! E quanto a vocês? – joguei a pergunta com o maior rancor que pude juntar, eu quero o afetar. Eu desejo vê-lo cair na loucura que as palavras podem causar à mente.

 

-Nós? Nós podemos criar semelhantes à hora que quisermos. Afinal uma mordida. Um pouco do nosso sangue. E pronto, sua espécie torna-se a minha. Por isso que não ligamos de baixas. Porque ao repô-las nos vingamos de vocês – ele falava com tão sádico que me fazia perguntar o porquê de não haver uma revolta entre os vampiros. Será que nenhum deles nunca reclamou por serem apenas peças?

 

Foi com esse pensamento que eu irracionalmente dirigi meu olhar até onde os gêmeos deveriam estar, mas para minha surpresa eles haviam sumido – Onde estão eles? – exigi sentindo a raiva preencher minhas veias e tentar tomar conta da minha mente.

 

-Você percebeu, não é? – ele comentou olhando para trás e apreciando a sala vazia.

 

Ele me enganou! Ele estava me distraindo. Ele. Ele. Ele me manipulou tão facilmente. Como eu pude ser tão idiota? Agora coloquei toda a missão em risco! E Will? E se eles acharem ele? E se eles.

 

O ar faltou aos meus pulmões ao pensar isto. Não. Não pode ser. Will é forte e inteligente, ele consegue acabar com dois vampiros, mas e se ele não conseguir?

 

-Preocupada com algo? – ele me perguntou cheio de maldade na voz.

 

-Não – respondi com a voz mais firme que consegui – você não respondeu minha pergunta!

 

-Eu não devo uma resposta a uma reles humana como você – ele me respondeu seco, me analisando com os olhos. Não posso deixar que perceba que me preocupo com Will, nem posso deixar que ele pense que não estou sozinha – Seu coração está acelerado. Está com medo?

 

-Eu não sinto medo – a resposta saiu tão automática que minha voz saiu diferente. Mais decidida. Mais firme. Mais eu.

 

-Essa resposta que eu queria da minha assassina preferida! – ele comentou sarcástico batendo uma mão na outra – Sabia que você é um dos caçadores que mais causam baixas para nós? Não que eu ligue muito. Mas têm alguns amigos meus que desejam sua cabeça. Não é engraçado?

 

-Seu senso de humor me enoja – comentei segurando as espadas com nova firmeza - sabe o que eu gosto de fazer com quem não me faz rir?

 

-O que? – ele perguntou entrando no meu jogo.

 

Dei um passo à frente e encostei a ponta da espada no peito dele, na região do coração – Eu Mato – sussurrei, mas quando ia infincar a espada nele, ele sumiu.

 

Olhei para trás. E nada. Nada na direita. Esquerda. Em cima. Nada. Onde ele estava? Nem eu conseguia captar seus movimentos. Nem a minha visão era páreo para a velocidade dele. Comecei a rodar. Ele não estava em nenhum lugar.

 

Foi aí que duas mãos seguraram meus pulsos com tamanha força, que me fizeram soltar as espadas. Senti o corpo dele às minhas costas. Seu queixo em cima da minha cabeça. Ele era frio. Tinha cheiro de sangue misturado com cheiros daquelas flores usadas em velório, tudo dele me lembrava à morte.

 

Ele abaixou a cabeça aproximando a boca da minha orelha - Sabe. Meus amigos estão a caminho da Associação neste momento – sussurrou, o que me fez arrepiar – Eles estão lá para matar seus pais, mas eles farão isto, apenas se eu morrer. Agora. Se você me deixar aqui, feliz. Neste meu novo castelo. Seus pais ficarão bem – ele continuou.

 

Ao ouvir isto meu coração parou. O ar não entrava mais em meus pulmões. A imagem dos meus pais sendo mortos veio à minha mente.

 

-Por. Favor. Deixe-os em paz – implorei sentindo minha visão embaçar com lágrimas quentes que chegavam mesmo sem eu querer.

 

-Então me deixe em paz. Falhe nesta missão. – ele continuou com sua voz que penetrava nos meus pensamentos tornando-os cada vez mais sombrios e horríveis. Seu hálito gelado no meu pescoço me fazia tremer.

 

-Largue-a! – Um berro. Aquela voz. Uma flecha mais grossa que o normal passou pelo lado da minha cabeça. Olhei para quem havia atirado. Will estava lá, com seu arco macabro preparando para lançar mais uma das suas flechas estilosas. Olhei para cima. O Vampiro estava intacto. Ele deve ter desviado da flecha.

 

-Will! Foge! – Mandei. Ele não tinha chances. Ele era um bom arqueiro, mas era uma negação em luta corporal. Para lutar com esse monstro ser bom em lançar projeteis era inútil – Você não tem chance! Eu vou ficar bem! Vai! , caramba! Corra! Salve a sua vida! Nosso código lembra? Cada um por si? Se você desrespeitar esta regra os presidentes podem te expulsar! – eu gritava. Ele olhou para mim indeciso. Ele era metido a herói, mas era o mais egoísta de todos. Mais até que eu. Ele também prezava cumprir as regras e ser o Caçador modelo – Vai! É uma ordem da comandante da missão! Se me desrespeitar será punido por desacato!

 

Ele olhou para mim e depois para o vampiro. Não sei a cara que eu estava, nem a cara do meu inimigo, mas os olhos dele estavam com lágrimas. Ele virou de costas e saiu. Só pude ouvir no comunicador um “Espero que saiba o que está fazendo. Se cuida”.

 

-É seu namorado? – o vampiro perguntou voltando a posição que ele estava antes – por que se for, é um péssimo namorado.

 

-Eu não preciso de conselhos amorosos de um sanguessuga! – exclamei segurando as lágrimas – Ele também não é meu namorado – completei num sussurro, que deveria ser inaudível.

 

-Não é, mas aposto como você desejava que fosse – ele comentou, e ao fazer isso senti meu rosto corar, tinha de dar um jeito de sair dessa situação. Tenho de dar um jeito de fugir.

 

-Prove que seus amigos podem matar meus pais – ordenei mudando de assunto – Dois vampiros não são capazes de chegarem perto da Associação, a segurança é muito forte.

 

-Então eu irei te mostrar – e antes que eu desse por mim  ele tinha me pegado no colo, daquele jeito que noivos fazem. E isso me irritou profundamente.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem... Eu tava meio maligna quando escrevi este cap



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