Hunter - The Scape escrita por HannahHell


Capítulo 2
Capítulo 1.




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Roma. A cidade do Catolicismo. A casa do Papa. Ponto turístico que milhões de pessoas visitam ao ano. Nesta cidade que eu moro. Moro numa zona mais afastada, menos movimentada, na parte do campo. Aonde ninguém vem muito, e onde segredos obscuros são revelados.

 

Acordei bem humorada esta manhã, acho que talvez pelo fato de não ter feito nada ontem à noite, houve uma incrível diminuição nas minhas missões desde que os novatos entraram na Associação. Algo me diz que isso quer dizer que aqueles velhos estão pondo em prática um plano contra mim, mas será só estes aspirantes começarem a morrer, e falhar, que eles voltaram a implorar pelos meus serviços. Como sempre acabava acontecendo.

 

Desci para o café da manhã. Onde eu morava parecia um tipo de colégio interno, com uma pequena diferença: Nenhum dos alunos está aqui para aprender qualquer matéria. Não. Nosso objetivo é mais nobre. Talvez nem isso. A palavra certa seria: sangrento, somos os guardiões da noite, os que protegem os inocentes das lendas urbanas que insistem em se tornarem realidade.

 

Antes de chegar ao refeitório deu para ver que ele estava cheio. Não que eu me importasse, mas os papos dos novatos me irritavam.

 

-Então ele tentou me atacar, mas eu fui mais rápido e Bang! Com apenas um tiro a cabeça dele voou e percebi que meu trabalho estava feito – essa voz? Oh! Sim. Josh, o queridinho, ou como eu gosto de imaginá-lo: O arrogante inútil que só serve para contar histórias mirabolantes, mas fazer o trabalho que é bom, nada.

 

-Enganando as criançinhas novamente Josh? Que feio. – comentei ao entrar.

 

-Oh! A Senhorita “Eu sou demais” chegou! Quantos matou ontem? Oh! Sim! Nenhum. – ele pensa que me provoca, mas que loiro mais estúpido.

 

-Me perdoe por ter tirado férias, mas sabe como é o Conselho achou melhor dar alguma chance para os novatos. – comecei pegando comida, mas quando ele arregalou os olhos azuis e abriu a boca rosada para dizer que não era novato eu o interrompi – e é claro para os inúteis acharem que são os bons.

 

-Você que é inútil! Você é um peso nesse lugar desde o dia em que seus pais te usaram de cobaia para aquelas experiências malucas! Eu sei o que você pode fazer! Seus pais te mantém aqui porque são os presidentes! Mas sabe de uma coisa, você não é melhor que nós! – ele berrou me seguindo enquanto eu ia para uma mesa vazia, gritando essas coisas sem sentido, que me faziam querer socar aquele rostinho lindo até deformá-lo permanentemente.

 

Coloquei meu café da manhã na mesa e me virei para ele, estávamos cara a cara, afinal, éramos da mesma altura – é o seguinte, há 19 anos eu estou aqui! Cresci aqui, aprendi a andar, falar, atirar, lutar, ler. Aqui! Meus pais criaram este lugar! Graças a eles que descobrimos o antídoto! Agora você vem me falar isso? Eu consigo acertar qualquer alvo, móvel ou imóvel em um raio de um quilômetro ou mais, eu posso elaborar planos arriscados com precisão e agilidade, e você? O que você consegue fazer além de se exibir feito uma criançinha de quatro anos?

 

-PAREM OS DOIS! – Melissa, a namorada de Josh, berrou de sua mesa – vocês só sabem fazer isso? Parem! Nenhum de vocês é o melhor! Precisamos de cada integrante para deixar os inocentes seguros! A noite é curta, mas o mundo é grande demais! Somos todos aliados! Calem suas bocas e gastem suas energias treinando! – Melissa sempre foi boa em dar lição de moral. Ela estava certa, ela sempre está certa, acho que essa é a habilidade dela, estar sempre certa, como a habilidade do Josh é ser extremamente impulsivo e excessivamente violento quando queria.

 

-Desculpe Mel. Mas ele pisou no meu calo – me desculpei de cabeça baixa.

 

Melissa era a típica ruiva, baixinha que faz as pessoas a respeitarem, ela é justa e responsável, um perfeito equilíbrio comparado com Josh que é o típico loiro bombado e sem cérebro que gosta de resolver as coisas do seu jeito e chamar a atenção.

 

Josh fez uma cara que misturava remorso, com raiva e vergonha por ter sido repreendido, mas ele foi até a namorada de cabeça baixa. Eles formam um belo casal.

 

-Anabelle, posso falar com você? – Will perguntou ao se sentar do meu lado, ele fora uma das experiências dos meus pais, foi nele que o antídoto foi testado com sucesso.

 

-Você já está aqui mesmo – respondi dando de ombros enquanto comia meu pão.

 

Will parecia um daqueles mauricinhos de filme, cabelos pretos muito bem ajeitados e penteados, com um topete na frente, olhos verdes muito claros, quase brancos, uma pele bronzeada e bochechas rosadas, parecia um garotinho, se ignorasse seus um metro e oitenta e dezessete anos.

 

-Por que você anda fazendo tantas poucas missões? – ele perguntou isso me olhando nos olhos.

 

-Não sei. Eles me odeiam. Acho que devo ser mais que uma simples experiência que deu certo. Ou talvez eu tenha dado errado e por isso querem se livrar de mim – contei entediada, sem conseguir desviar o olhar. Will tinha essa habilidade, a de fazer os olhos das pessoas se prenderem aos seus.

 

-Eu não acho. Acho que estão com medo que você se vire contra eles.

 

Olhei intrigada para ele, nunca pensei por este lado – por que acha isso? – estava confusa, não tinha maneira de me temerem – eu não tenho influencia, você o Josh e a Mel são as pessoas que mais chegam próximas de amigos, porque eu me viraria contra ELES?

 

-Porque eles são covardes.

 

Comecei a rir, meu usual riso de escárnio e sarcasmo que deixava bem claro que eu estava ou debochando do que me falaram, ou não concordava. Will me olhou confuso, talvez achasse que eu não peguei a idéia – Will. Will. Will. Por mais que eu queira, eu não posso.

 

Ficamos nos encarando silenciosamente, eu não conseguia saber o porquê desse papo, ele nunca foi assim. Será que aconteceu algo que eu não saiba?

 

Ele virou o rosto e começou a comer silenciosamente. Ficamos em silêncio o resto do café, comendo nossas frutas e cereais e bebendo nossos cafés, não era um silêncio incomodo, era um daqueles silêncios confortáveis, Will era como eu, quieto.

 

Depois que terminamos, ao mesmo tempo, o café levamos nossas bandejas no carrinho e saímos do refeitório.

 

A vida onde morávamos era entediante se não se tinha uma missão, pois seria sempre a mesma coisa, acordar, comer, ir à sala da presidência, treinar, almoçar, estudar, treinar, jantar, estudar mais um pouco e dormir. Para nossa sorte essa rotina nunca era devidamente cumprida, pois sempre quando passávamos na sala dos meus pais uma importante missão era-nos designada, tirando é claro certas exceções, como a de ontem, por exemplo.

 

-Vai entrar também? – perguntei a Will quando paramos à frente da porta dos presidentes, ou papai e mamãe, como gosto de chamá-los.

 

-Claro, vai que eles me mandem numa missão com você – ele me respondeu sorrindo e com isso me fez perceber que ele além de olhos hipnóticos tinha um belo sorriso.

 

Batemos na porta de madeira, recebendo um ‘entre’ como resposta, empurrei a porta fazendo-a abrir-se o suficiente para eu e Will passar fechando-a logo após.

 

-Ana! Will! Que bom que estão aqui! Queríamos falar com vocês! – mamãe anunciou alegremente, ela era sempre assim. Otimista e alegre. Receio que é a única que consegue deixar o clima por aqui mais suportável.

 

-O mesmo vale para a Senhora, Presidente Stevens, a cada dia está mais radiante – Will cumprimentou-a com um reverencia, ao contrário de Josh, ele era um cavalheiro.

 

-Oh! Não fale assim! – mamãe ficou contente e um pouco corada, ela sempre reage assim a um elogio.

 

-Vamos à missão! – papai a cortou, ele era mais parecido comigo. Mais direto e frio.

 

Mamãe se levantou e veio com seus passos graciosos, que a faziam parecer estar dançando ou flutuando, e me fez perguntar-me o que a fez se apaixonar pelo papai.

 

Ela foi até nossa frente e tomou fôlego, quando ela tomava fôlego desse jeito só podia significar uma coisa: A missão era importante.

 

-Soubemos que estão aparecendo muitos corpos no Rio Tibre, quero que vocês investiguem – ela informou tomando um tom sério, enquanto papai nos entregava as informações da missão.

 

Encarei os papeis à minha frente, fotos, mapas, históricos, plantas, notícias, vários instrumentos e informações úteis, incluindo o possível local. – Castelo Sant’Angel? Mas ele não está sendo usado para fins turísticos? Eles não seriam tão idiotas!

 

-É aí que você se engana minha filha, este Castelo já foi à moradia de um grande líder deles, é considerado quase uma casa. Não, um refúgio - mamãe contou sonhadora, como se isso fosse um doce conto de fadas. Essa inocência da mamãe às vezes me surpreendia.

 

-Mas mamãe! Isso não tem lógica! – reclamei.

 

-Na verdade tem. Eles conseguem enganar facilmente as câmeras. E o lugar tem história. Quantos vocês acham que são? – Will me interrompeu.

 

-De quatro a seis – Papai informou.

 

-Só isso? Então por que o Will tem que ir comigo? Eu posso dar conta deles! – contestei após uma subta raiva invadir meu corpo, não era justo, eu já cheguei a vencer sete de uma vez! Por que agora eu preciso de uma companhia?

 

-Porque você precisa aprender a trabalhar em equipe! Além do mais queremos algo sem sujeira e bem rápido, você mata o Will limpa, simples assim! – mamãe contou cantarolando.

 

-Eu não faço sujeira!

 

-Filha você vai com o Willian e ponto! Acabou a discussão! Você como integrante da Associação deve obedecer às ordens dos presidentes! – papai me cortou.

 

Senti vontade de cruzar os braços e virar a cara para eles, como eu sempre fazia há alguns anos atrás, mas eu tenho que aceitar que eu tenho dezenove anos e o mundo, infelizmente, não irá mudar com a minha birra – Sim presidentes – murmurei de cabeça baixa, mas logo respirei fundo e ergui a cabeça confiante – é essa noite que esses assassinatos acabam! Ou eu não me chamo Anabelle Stevens!

 

-É assim que se fala filhinha! – mamãe começou a me aplaudir saltitante.

 

-Que armas-extras vocês vão querer? – papai perguntou indo até a mesa para fazer o papel de retirada de armas, mas lançou-me um olhar “lembre-se, SEM SUJEIRA”.

 

Comecei a pensar. Eu poderia usar algumas espadas, mas elas fazem sujeira, talvez armas, mas também fazem sujeira e causam danos, lança chamas então, nem se fala. Detesto tomar esse tipo de decisão, todas as armas sujam, mas é preferível a que não danifica o cenário – Quero duas espadas – pedi com um suspiro derrotado.

 

-Eu quero o arco com aquelas flechas especiais – Will pediu me dando uma piscadela quando falou o ‘especiais’, o que será que ele estava pensando?

             

Eu odeio o Will por isso, geralmente dá para saber o que uma pessoa está pensando pela sua expressão facial, entonação da fala, essas coisas, mas com ele eu nunca tinha certeza do que exatamente ele quer.

 

Papai entregou-nos a autorização e neste momento alguém bateu  à porta.

 

-Entre! – mamãe chamou alegre.

 

-Podem ir – papai nos dispensou. E assim saímos do escritório enquanto Josh e Mel entravam.

 

Já fora de lá me virei para Will, pois tinha acabado de ter uma idéia – Will, vá pegar as armas, estarei no meu quarto analisando as plantas e acertando o nosso plano de ataque – ordenei já seguindo para as escadas.

 

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

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