O Hotel de Great Falls não era tão luxuoso quanto o de San Antonio, mas com toda certeza era mais aconchegante.

Era um tipo de Hotel fazenda, o meu quarto tinha uma varanda que permitia ter uma bela visão dos campos verdes e do rio mais adiante.

Tinha uma decoração campestre, móveis mais rústicos e paredes num delicado tom de bege, mas sem perder o conforto.

Saí do quarto para ver Vincent conversando com o gêmeos na pequena sala, Roger, o mais velho carregava um belo paletó preto numa das mãos e lustrosos sapatos sociais de igual preto na outra.

Já Roy, o mais novo, segurava uma grande caixa em uma das mãos e na outra uma caixa de sapatos.

-Anabelle, bom dia – Vincent me cumprimentou sem se virar.

-Bom dia – respondi e sorri para os gêmeos que me lançaram um aceno de cabeça como cumprimento.

-Roy, pode colocar o vestido e o sapato no quarto dela – Vincent ordenou e o vampiro passou rapidamente por mim e entrou no meu quarto, instantes depois ele saiu com as mão vazias. Percebi que Roger foi até o quarto do Vincent e deixou o paletó lá.

-Vestido? Sapato? – ele queria mesmo que eu usasse um vestido? Acho que esqueci de verbalizar o quanto eu sou contra o uso de vestidos ou saias.

-Sim, você será minha acompanhante no baile, e desejo que se vista apropriadamente – Vincent informou lançando-me um de seus sorrisinhos cínicos.

-Não vou ter escolha, certo?

-Você pode escolher não ir, mas não acho que seus avós vão acreditar em qualquer coisa que eu falei.

-Certo.

-Ah! Se eu fosse você já começaria a me arrumar, o Baile vai começar às sete e já são cinco da tarde, você deveria dormir menos – ele comentou rindo sarcasticamente.

-Foram dois meses de noites não dormidas, meu corpo ainda precisa se recuperar decentemente – defendi-me.

-Se é o que você diz – ele deu de ombros – agora vá se arrumar

Lancei-lhe um olhar assassino, e fui para o quarto me arrumar espero que esse vestido não seja algo extremamente chamativo e horrível, com aquelas saias rodadas que te fazem parecer um bolo, ou coisas desse tipo.

Entrei no quarto e tranquei a porta, indo direto para o banheiro. Tomei um longo e relaxante banho, quando terminei vesti meu pijama apenas para poder preparar a roupa e maquiagem.

Abri a caixa e vi o brilho vermelho do vestido. O tirei da caixa e estendi na minha cama.

Não demorou para eu vesti-lo, era um vestido bem fácil de se vestir.

Era um belo vestido de estilo oriental, feito de pura seda, tinha um brilho próprio e era decorado com delicadas estampas de flores de cerejeira. Não era comprido, ficou, no máximo, até o meio das minhas coxas, e a saia é reta e justa ao corpo, mas com um pequeno corte lateral para que eu possa andar melhor.

Coloquei as sandálias, eram de salto fino muito alto, de um vermelho metálico sofisticado, duas delicadas tiras vermelhas com uma fina tira de strass deixavam a sandália muito delicada, mas ao mesmo tempo chique.

Me assustei ao me olhar no espelho, aquele vestido ficou mesmo muito bom em mim.

Prendi o cabelo num coque caprichado deixando uns fios de cabelo caírem na lateral do meu rosto formando pequenos cachos, não exagerei na maquiagem, passei um batom bem discreto e deixei os olhos bem destacados com uma sombra preta.

Saí do quarto e vi que Vincent já me esperava, ele estava muito bonito, seus cabelos penteados para trás com o auxílio do gel, e o belo paletó preto caindo-lhe como uma luva, o que o deixava com um ar misterioso. Mas o que eu mais achei interessante foi o olhar de admiração que ele me lançou junto com seu sorriso.

-Vamos? – me perguntou passando seu braço pelo meu – você demorou bastante para se arrumar.

-Obrigada pelo vestido, é lindo – agradeci tentando prolongar o momento fofo.

-Ficou muito bom em você.

Saímos do hotel e o Porshe preto nos esperava, entramos no carro e ficamos em silêncio o caminho todo, até chegarmos em um belo salão.

Não era um salão de festas comum, parecia mais uma mansão que tinha apenas um grande salão, carros paravam na frente do local e pessoas elegantes saíam deles.

Quando o carro parou Vincent foi o primeiro a sair e abriu a porta para mim, me ajudando a descer.

O salto me deixava da altura dele, ele colocou um mão nas minhas costas me guiando até a entrada.

O Segurança ao vê-lo concedeu-nos passagem e entramos no luxuoso salão.

A iluminação era muito boa, e a decoração fascinante, mesas com toalhas de cetin branco, brilhavam junto com os copos de cristal.

Os lustres com brilhantes diamantes os decorando lançavam uma luz fantástica cheia de pontos coloridos causados pela pedra.

Havia uma grande pista de dança e  musica instrumental clássica deixava o lugar parecendo bailes antigos do século passado.

-Não sai de perto de mim, aqui tem tanto vampiros quanto caçadores, fique perto de mim e ninguém lhe fará mal – Vincent sussurrou perto da minha orelha.

Assenti e continuamos a andar, algumas pessoas cumprimentavam Vincent, e consequentemente eu, mas não ligava, estava mais preocupada em procurar meus avós, afinal achar um casal de uns sessenta anos não deve ser muito difícil.

-Vincent! Que bom te ver! – um homem de cabelos negros, bem alto, e olhos cinza iguais os de Vincent apareceu na nossa frente e abraçou o ruivo dando-lhe tapinhas nas costas.

Do lado dele, me olhando curiosa estava uma bela mulher de cabelos castanhos escuros e olhos verde-claros que me lembravam muito os olhos do Will. Pensando bem, o homem também parecia o Will, o jeito que o cabelo estava penteado e o ar jovial, me lembrava muito o William.

 -Bom te ver também, Alexander – Vincent respondeu enquanto devolvia os tapas nas costas.

-E quem é essa bela dama que lhe acompanha – o moreno perguntou olhando atentamente para mim.

-Essa é a Anabelle – Vincent me apresentou não dizendo meu sobrenome propositalmente.

-Alexander Richards, ao seu dispor – Alexander fez um pequena reverencia e pegou minha mão e a levou ao seus lábios – essa é a minha esposa Isabella – apresentou a mulher.

Ela apenas apertou minha mão e deu um sorriso animado, depois se virou para Vincent e o abraçou – Cuuuuunhado, porque não veio passar o Natal conosco ano passado?

-Desculpe, Cuuuuuunhada, mas não tive tempo – Vincent se desculpou abraçando a mulher.

Ao se separarem o casal tomou se caminho e foi cumprimentar outras pessoas.

-Você nunca comentou que tinha um irmão – falei sorrindo – ele é bem simpático – o que era verdade, por alguma razão eu simpatizei com o vampiro, acho que deve ser por causa da sua semelhança com o William.

-Ele é meu irmão mais velho, não é algo que eu gosto de ficar me gabando, especialmente quando ele me trata como uma criança.

-Ainda bem que sou filha única – comentei rindo dele e continuamos a andar pelo salão a procura dos meus avós.

Achamo-os alguns minutos depois, estavam numa mesa isolada apenas olhando o andamento da festa, eu sabia que era eles, pois ela era muito parecida com meu pai e ele tinha os olhos dele.

-Oh! Meu Deus! – a senhora colocou as mãos na boca ao olhar para mim – é você mesmo?

-Olá. Você são Anabelle e Charles Stevens? – perguntei receosa e um pouco tímida.

-Somos, e você é? – o senhor perguntou sério.

-Sou Anabelle Stevens, sua neta. Eu acho – meus sapatos parecia muito interessantes.

-Eu sempre soube que ainda te veríamos! Como está o meu John? – a minha vó perguntou com o rosto luminoso.

-Desculpa. Eles. Eles. Morreram, minha mãe e meu pai, por isso vim até vocês – contei sentindo as lágrimas borrarem minha visão.

-Oh! Minha querida! Venha – ela puxou uma cadeira do seu lado para que eu sentasse e exatamente isso que eu fiz – claro que vamos lhe ajudar – disse enquanto me abraçava.

-Obrigada – sussurrei.

-Irei lhe deixar com eles, depois eu volto – Vincent anunciou e provavelmente saiu, mas eu não consegui ver.