Capítulo XV- -“Você tem a marca.”

Era começo noite, já havia se passado um dia após o acontecimento com Lúcia. Edmundo estava debruçado na janela de seu quarto, ele olhava em direção ao jardim , onde aconteceu um momento mágico, onde ele e Danielle haviam dado seu primeiro beijo. Ele sabia que aquilo tinha acontecido há apenas dias atrás mas para ele esses dias se tornavam meses . Estar separado de alguém que faz seu coração bater mais forte é quase uma tortura. Ed estava sentindo-se muito mal, pois a primeira chance que deu a um alguém saiu ferido logo de cara. E sem falar do choque que levou ao ouvir que sua amada é filha de sua pior inimiga. Jadis. O vento batia em seu rosto, Ed fechava os olhos e gemia de agonia todas as vezes que lembrava do acontecido , seu estomago revirava toda vez que pensava que teria que destruir Danielle, a garota cuja estava perdidamente apaixonado.

-Ed você não vem ficar conosco?- Lúcia perguntava a Ed colocando somente sua cabeça dentro do quarto.

-Não Lúcia. Eu quero ficar sozinho.

-É por causa da Dani não é?

-Sim , é por causa da Danielle. Eu não quero mais falar sobre isso.- Ed dizia sentando-se na cama de costas pra Lúcia que adentrou no quarto logo em seguida. Ela mancava.

-Estamos todos surpresos Ed, mas nem por isso vamos passar o dia todo trancados num quarto.- sim Edmundo havia feito isso.- Precisamos estar prontos fisicamente e emocionalmente quando tudo começar. Ed a olhou por um momento e  deu um sorriso .

-O que foi ?- Lúcia perguntava o porque do sorriso.

-Você tem razão. Vamos.- então os dois levantaram-se e foram até onde os outros estavam esperando ter uma noite sem surpresas ao contrário do que realmente seria.

Nas ruínas de seu castelo Jadis ensinava Danielle seus feitiços e o controle deles. O corpo de Dani estava ali , mas a sua mente estava em Cair Paravel, em um garoto de castanhos e cabelos negros. Dani sangrava por dentro, a sua saudade por Ed só aumentava a cada momento. Ela voltava em sua mente milhares de vezes o momento em que ela e Edmundo se beijaram pela primeira vez, e também tudo o que sua boca disse a Edmundo na noite passada, ela pensava no quanto Edmundo estava sofrendo pelas palavras duras que foram ditas, pelo descaso que foi feito dos sentimentos dele. Dani sofria por Ed estar sofrendo.

-Danielle ! Concentre-se!- Jadis a chamava atenção enquanto Dani voltava a realidade.- Você está louca ? Que que sejamos derrotadas ?- Jadis falava enfurecida pois percebia a falta de atenção da garota.

-Eu só estava...- Dani tentava explicar-se antes de ser interrompida.

-Pensando no Edmundo?! Ele é um humano ! Uma raça podre sem o mínimo de escrúpulos! Inferiores a nós...grandes feiticeiras e perfeitas rainhas de Nárnia. -Jadis dizia vangloriando-se e desprezando cada vez mas os Pevensie.- De que lado você quer ficar ? Do lado de sua mãe ou de miseráveis como eles ?- Jadis a questionava.

-Do seu lado mamãe. Eu farei o que manda.- e assim Dani voltara a  fazer os feitiços que Jadis mandava, ela estava sendo treinada  como uma arma indestrutível , ela era naquele momento uma aprendiz de feiticeira.

Londres... ORFANATO CATÓLICO...

-Vamos! Diga aonde ela está !- a irmã Carmem dava tapas na cara da pobre Maggie , ainda naquela noite em que Dani havia entrado no guarda-roupas. Enquanto em Nárnia passavam-se dias , no mundo humano passavam-se apenas horas.

-Eu não sei !- Mag gritava de volta recebendo outro tapa na cara. A irmã Carmem havia tido no quarto de Danielle para ver seu comportamento mas não a encontrou lá, levando então a melhor amiga da garota para sua “sala da tortura”. Quem fazia algo de errado era levado e surrado até falar a verdade.

-Irmã, não acha que está passando dos limites?- a irmã Marie entrava na sala aflita pelo o que estava acontecendo. A irmã Marie era a alma boa daquele local.

-Cale-se ! É por sua culpa que estas pestes estão passando dos limites ! Estão fora de controle. E por que ?! [...] Por causa da sua incompetência!- Carmem gritava mais alto do que antes. Sua cara enrugada era ainda mais horripilante. –Saia imediatamente daqui!- berrou por fim fazendo a irmã Marie voltar a porta e assim sair do local.

Um detalhe muito importante...Mag estava com os punhos amarrados da cadeira em que sentava. Então a megera começou a andar de um lado para outro no quarto ,pensando em que castigo dá ou para onde levar a garota. Até que ela parou e um sorriso diabólico  apareceu em seus lábios, fazendo Mag tremer.

-Vamos , venha comigo.- Ela dirigia-se ao seu aposento e lá dentro havia uma velha  porta oculta.- Aqui é que você vai ficar até me dizer a verdade sua petulante!- disse abrindo a porta e colocando a pobre Mag lá. Era um lugar horrível , do lado de dentro da porta haviam pontas de pregos enferrujadas,  deixando Mag sem muito espaço ,obrigando-a a prensar-se contra uma parede gélida e asquerosa em frente a porta.

Maggie normalmente era uma garota valentona, era a amiga desbocada da Dani. Mas naquele momento ela deixou uma lágrima escorrer dos seus olhos , coisa que era muito difícil acontecer. Por um momento ela fechou os olhos , por um momento ela desejou não estar ali, por um momento ela queria estar onde Danielle estava. De repente uma brisa forte bateu contra seu rosto, e seus cabelos negros dançavam, seus olhos verdes como esmeraldas se abriram revelando uma floresta e uma pequena casinha escondida em meio as folhagens do local. Mag avistou também um lampião aceso. Ela estava no Ermo do lampião, local onde há um lampião sempre aceso que brotou ali. Local onde os irmãos Pevensie entram em Nárnia pela primeira vez.

Maggie deu um passos a frente. Ela ainda estava meio confusa sem entender como aquilo tudo aconteceu e como ela foi parar ali. Ela foi em direção à casa esperando poder ficar ali por aquela noite. Até que sentiu uma jorrada de ar quente passar por sua nuca ,parecia ser a respiração de alguém , então ela virou-se imediatamente avistando um enorme leão a sua frente. Mag prendia a respiração e dava passos para trás tentando afastar-se do animal. Seus olhos dourados acompanhavam todos os movimentos da garota a fazendo ficar ainda com mais medo.

-Calma bichinho, calma.- Mag falava com a voz tremula tentando manter o animal longe coisa que não conseguiu.

-Eu não sou um simples leão se é o que está pensando.- Aslam finalmente falou com sua voz grave.

-Você fala! Então não vai me devorar?

-Claro que não. Afinal, como veio parar aqui ?

-Eu não sei bem ao certo.- Mag dizia levantando um dos braços revelando uma marca. A marca que fez Aslam ir mais uma vez em sua direção ficando inquieto e surpreso.- Ei você falou que não ia me devorar.

-E não vou. Me diga quem é você ?- Aslam perguntava segurando seu braço.

-Eu sou Maggie.

-Você tem a marca.

-Que marca? Ah essa?! É de nascença.

-Não... essa é a marca dos que devem proteger os filhos de Adão e Eva.- Aslam dizia por fim olhando fixamente para uma mancha no formato de uma lua e um sol juntando-se formando um eclipse solar. Era a marca da guerreira da profecia que viria anos mais tarde proteger os filhos de Adão e Eva, os Pevensie.