A Elfa Escarlate escrita por Koda Kill


Capítulo 24
Um jogo nada justo e o armário secreto


Notas iniciais do capítulo

Nosso mago está trêbado kkkkkk No que será que isso vai dar?



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— Acho que é melhor pegar leve professor. – Quão irônico era o fato de eu, a aluna, estar regulando o professor que me levou até ali. Ele parecia tão cansado e triste que eu me senti um pouco mal por ele.

— Será que você não pode me dar esse desconto, só hoje, e deixar isso entre nós? – Seu olhar era suplicante. Como um dragão ferido pedindo ajuda, meu coração sentiu uma pontada de empatia. Como eu poderia recusar? Era tudo o que eu queria que fizessem por mim. Apenas sorri em resposta e ele pareceu aliviado sorrindo de volta. – Você fica bem melhor quando sorri. – Disse agarrando a caneca e virando-a. 

Seu cabelo enorme estava em todos os lugares, mas resisti ao impulso de ajeita-lo. Aquilo seria inapropriado, certo? Em alguns momentos eu conseguia ver sua magia piscar, fazendo as cicatrizes aparecerem e sumirem por alguns segundos. Era difícil não encará-lo quando aquilo acontecia. Bebemos em silêncio por um bom tempo, Não era tão ruim. Eu não sabia mais o que dizer ou como sair daquele assunto.

Yuri era um sonho impossível. Eu precisava voltar à realidade sem que ele ficasse me puxando de volta. O único problema é que a realidade é uma merda e ele é muito tentador. Tenho vergonha de admitir que eu sonhei em fugir com ele e deixar tudo para trás. Não é como se eu tivesse algo que valesse à pena ali. Mesmo assim isso significava abrir mão de tudo que eu sonhei por algo que pode me matar a qualquer momento.

Basta alguém encontrar aquele celular e bum. Sentença de morte. Era difícil dizer qual de nós dois naquela mesa de bar estava sofrendo mais. E isso dizia muito sobre a gravidade das coisas que Will enfrentava calado. Será que ainda sofria com as coisas que tinha visto nas batalhas? Conseguir todas aquelas cicatrizes não deve ter sido nada fácil. Ele me pegou encarando-o pela segunda vez.

— Você é realmente irritante, sabia? – Disse do nada. Eita, já chegamos no nível das verdades bêbadas. Não pude evitar de sorrir. – É impressionante como você faz o meu sangue ferver.

— É um sentimento recíproco professor. – Brindamos a isso e sorrimos feito dois idiotas.

— Será que você poderia me chamar só de Will por hoje? – Encarei-o confusa. 

— Está falando sério? – Não sei nem porque eu perguntei, era óbvio que ele estava muito alcoolizado. Ele encarou as próprias mãos.

— Professor, comandante, mago, senhor.... As vezes sinto que não tenho minha própria identidade. Seria bom pelo menos por um dia ser apenas o Will. – Ele sorriu para mim e senti um aperto no coração.

Eu entendia muito bem aquele sentimento de não ser vista por ninguém. De se confundir com o cenário e ninguém te notar de verdade. Nunca pensei que alguém tão bem sucedido poderia sentir o mesmo que uma ninguém como eu.

— Tudo bem... Will. – Falei me sentindo estranha. Ele deu um sorriso sincero e bebeu mais. 

— Obrigado, Luna. – Sua fala já estava ficando enrolada. Já estávamos ali há um bom tempo e ele não parou de beber desde que chegou. Talvez tenha se deixado levar pela oportunidade. Ou talvez algo naqueles papéis que ele lia em sua mesa tenha mexido com ele... Memórias do seu passado nas batalhas? Era difícil saber ao certo.

— Que tal uma aposta para deixar a noite mais interessante? – Não seria eu se eu não me aproveitasse pelo menos um pouco daquela situação.

— Humm, conte-me mais sobre isso.

— Lançamento de dardos. Quem fizer mais pontos em 3 lançamentos ganha o direito a um pedido. Sem restrições. – Seus olhos brilharam.

— Fechado. – Apertamos as mãos e ele se levantou de uma vez. Parecia empolgado.

— Wow. –Will tentou se segurar na cadeira que bambeou. É, quando você se levanta é que o álcool realmente bate. Fui para perto dele para tentar ajudá-lo. Ele recusou minha ajuda e cambaleou até o alvo na parede.

— Tem certeza que consegue jogar? – Precisava confirmar que ele estava mesmo de acordo com isso. Quem sabe esse não seria o meu passaporte direto para a guarda imperial. Ele assentiu com aquele seu ar de superioridade.

— Claro. – Peguei os dardos no balcão com uma risadinha.

— Ótimo. Quer começar?

— Primeiro as damas. – Revirei os olhos. Às vezes esqueço que ele é um velhinho por dentro. Arremessei o primeiro dardo que acertou no círculo verde ao redor do centro.

— 25 pontos para mim. – Ele pegou um dardo e lançou. Atingindo uma área preta. Ele pigarreou. 25 x 14 comecei bem. Disfarcei uma risada e peguei outro dardo. Esse eu consegui acertar o centro. – 50 pontos! – Comemorei batendo palmas. Ele sorriu e se concentrou. Dessa vez o dardo quase saiu do alvo acertando na sorte a ponteira verde do 19. – 75x52! – O provoquei um pouco e peguei meu último dardo. Tentei acertar no centro novamente para uma vitória avassaladora, mas acabei acertando novamente o círculo verde em volta do centro. – 100 pontos nada mal. – Ele se concentrou pra valer dessa vez. Sua expressão ficou séria. Era quase impossível ele virar àquela altura. Por isso meu queixo quase caiu no chão quando ele acertou o quadrado vermelho no meio do número 20. 

— Há! 112 pontos, eu ganhei. – Disse presunçoso.

— Você trapaceou! Com magia!

— Eu não trapaceei. Ganhei num jogo limpo – Disse com a cara lavada. – Você que queria se aproveitar da minha embriaguez e está zangada porque não conseguiu. Agora eu tenho direito a um pedido sem restrições. – Fiquei emburrada. Seu olhar era como o de uma criança que ia aprontar.

— Qual o seu pedido então? – Ele parou um pouco e pensou.

— Vou decidir com calma. Você achou mesmo que poderia ganhar do mago da guarda imperial? – Nossa ele estava tão presunçoso. Tive que me controlar para não ir pra cima dele. Mesmo que ele estivesse certo. Eu não queria nem pensar no que ele poderia pedir.

— Que seja! Vamos embora. Isso está ficando chato. – Emburrada fui em direção à porta. Ele gargalhou atrás de mim.

— Ei, espera por mim! - Quando saímos pela porta ele segurou meu pulso. Quase me derrubando com sua falta de equilíbrio bêbado. – Eu posso nos levar.

— Tá louco? Você não pode fazer uma magia complexa nesse estado. Vai acabar nos matando. – Ele ponderou sobre o que eu falava por um tempo e concordou comigo. Passei o seu braço pelos meus ombros e o puxei em direção ao instituto. Ele não resistiu. Eu me perguntava como conseguiria entrar com Will daquele jeito sem que ninguém notasse. De repente ele enfiou o rosto no meu pescoço.

— Você cheira tão bem. 

— Will! Isso é inapropriado! – Ralhei irritada.

— Ah certo, é verdade, me desculpe. – Disse ele tentando se recompor. Eu mereço. Tentei dar um desconto pelo fato de ele não poder viver aquilo pelo seu status. 

Quando chegamos na guarita, mandei que ele escondesse o rosto, ficasse calado e tentei forçar a melhor cara de pau que eu tinha quando disse que o professor estava passando mal. Não posso dizer que foi muito crível, mas pelo menos nos deixaram entrar sem problemas. Tentei dar a volta pelos fundo para conseguir levá-lo até a ala dos professores sem que ninguém nos visse.

Imagina quantos problemas isso não nos geraria e o que as pessoas iam pensar. Will parecia estar com sorte que não tinha quase ninguém circulando pelos corredores e eu fazia o tempo todo sinais para ele ficar calado. Ele parecia estar achando aquilo tudo bem divertido e sorria feito um abestado, totalmente avulso aos riscos que eu estava correndo se fosse pega ali. Tudo que eu conseguia fazer era nos esconder atrás de alguma coluna quando alguém passava enquanto ele me imprensava com seu peso.

Estávamos quase chegando e respirei aliviada quando avistei os armários que ficavam na entrada dos quartos dos professores. Meu coração estava batendo feito um louco. Eu o arrastei meio correndo tentando descobrir qual era o seu quarto. Ele não estava facilitando para mim. De repente a porta de um dos quartos começou a fazer um barulho de alguém abrindo. Em desespero abri o armário que estava ao nosso lado, o enfiei lá dentro e entrei junto fechando a porta.

Dentro do armário estava um breu, não conseguia distinguir quase nada. Estava com medo de me mexer, derrubar algo e chamar atenção para nós. Por sorte o armário estava suficientemente vazio para que nós dois coubéssemos lá dentro. Will estava quase colado em mim. Eu não conseguia enxergá-lo, mas segurava nos seus braços e sentia os calombos das suas cicatrizes evidentes. Seu cabelo fazia cócegas na minha pele e eu sentia sua respiração de leve no meu pescoço.

Escutei em desespero os passos se aproximarem do armário. Prendi a respiração por puro medo. Meu olhos começaram a se adaptar ao escuro e consegui ver que Will me encarava. Seus olhos amarelos quase brilhavam no escuro e sua intensidade era assustadora. Senti seu braço na minha cintura me puxando para mais perto ainda dele. Eu não podia fazer nenhum barulho, os passos estavam tão próximos agora que eu me perguntava se tinham visto a gente entrar. Will não parecia minimamente preocupado com isso. 

— Will... – Sussurrei assustada e brigando para que ele fizesse silêncio. Nos encaramos por alguns segundos e de repente ele me beijou. Foi uma sensação estranha, como se um imã gigante estivesse me puxando e deixando para trás toda a minha sanidade e sentido. Seria algum tipo de feitiço? Senti sua língua explorando a minha enquanto o beijo se intensificava. Pensei que eu ia ter um troço, já estava nervosa e ainda mais essa. Os passos foram se afastando ao longe enquanto ele apertava minha cintura e meu cérebro parecia que ia dar um nó. Mas o que diabos? Empurrei-o sem entender nada. Ele parecia surpreso e envergonhado. – O que foi isso? – Perguntei sem entender nada.

— Eu... – Gaguejou ele. – Me desculpe por isso. – Ele me encarou enquanto eu estava em choque e então desapareceu na minha frente.

— Espera! – Sussurrei. Aquele doido, era perigoso se tele transportar bêbado. E agora eu estava ali presa no armário dos professores. Eu mereço. Bati a testa na madeira frustrada. Como eu iria sair dali agora? Coloquei as mãos no rosto. O que será que aquele cara tem na cabeça, sinceramente? Tentei relevar pensando que aquela deveria ser sua primeira vez bêbado em muitos anos. Eu também já tive muitos comportamentos idiotas bêbados. Talvez ele nem se lembre de nada amanhã. É, com certeza não vai lembrar.


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Notas finais do capítulo

Eitaaaaaaaa, agora a coisa começou a esquentar hein....



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