Prostituta Do Governo escrita por Peregrino das Palavras


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me pela demora desse capitulo, to tendo muito pouco tempo, mas aqui está ^-^.

Bed e Carlos se conhecem mais ainda, as horas demoram para passarem, e o frio e a luz da lua aconchegam os dois em seu eterno braço que é a noite.



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Eu não estava apaixonada por ele. Apenas gostava. Como gosto do Pru. Mas essa questão, de eu gostar dele, só me veio a mente porque estou com a dúvida de que ele gosta de mim. Mas não podia me perder nos abismos da minha cabeça. Voltei imediatamente, minha concentração para Carlos. O que não era difícil. Seus olhos castanhos claros, que deviam ficar mais claros quando expostos nas luz do Sol, me miravam com uma intensidade junto com um sorriso fechado que me fez sorri também. Me aproximei dele, e quando daríamos nosso primeiro beijo - não sou atirada, é apenas meu trabalho, alguma hora deveria começar - ele começou uma sequência de pequenas risadas.
–O que foi?
Ele riu mais um pouco antes de responder
–Estava pensando no lençol. Na sua reação.
Rimos juntos.
–Não foi algo confortável para mim. Do jeito que esses edredons e lençóis são...
Rimos de novo. Parecia que ele estava tentando me recusar. Tudo bem, o problema seria se ele pedisse os 180 reais de volta. Depois que paramos de rir, ele prosseguiu:
–Como ta sendo sua noite, aqui comigo?
Pergunta estranha para se fazer a uma prostituta.
–Bem, está sendo melhor que muitas outras...
–Por quê?
–Oras, porque sim - ele me encarava, quase sério se não fosse pelo seu sorriso meio aberto mostrando suas pérolas brancas - você foi cavalheiro...mais que os outros...me serviu vinho...hmmm...me fez rir...
Ele abriu o sorriso novamente
–E isso é difícil de fazer?
–Muito, e você conseguiu Carlos - Mostrei um sorriso, e ele respondeu com o mesmo.
Me beijou, um pequeno beijo, mas beijou
–Você mora aqui, sozinho?
Ele demorou para responder, perdeu o sorriso, mas o mesmo voltou antes dele dizer:
–Sim, tudo é só meu. -Ele disse, mas não com ganancia.
–Que sorte a sua, faz o que da vida?
–Sou artista, desenho e escrevo para vários jornais, revistas, empresas...Fiz artes plásticas na faculdade.
Meu Deus, que coincidência. Mas por que ele não falou antes?
–Aquilos são seus CD's? - Perguntei apontando para uma estante.
–São. - Respondeu olhando para o local onde eu apontava
Levantei e fui até a estante. Passei o dedo, seguido dos olhos. Led Zeppelin, David Bowie, Queen, Cyndi Lauper, The Beatles, Red Hot Chilli Pappers, muitos outros até que avisto um sem nome.
–Qual é esse?
–Variados, baixei pela internet, mesmo que seja ilegal. Queria ter um CD só com musica que eu gosto.
–Como por exemplo? - Perguntei verificando o CD.
–You and Me, da Penny & The Quarters, Dirty Hands, do Black Lips, Govermment Hooker, Livin' on a prayer, do Bon Jovi, Here with me, do The Killers, Little Liar, da Joan Jett...
–Joan Jett?
–Sim, por quê?
–Eu amo ela. Ela praticamente revolucionou o rock com a The Runaways e com o Blackhearts - disse com tanto entusiasmo que me assustei um pouco.
–Vamos ouvir então.
Ele levantou, pois um shorts e uma blusa polo simpática, azul bebe. Estraguei o clima totalmente, mas nesse ponto não estava nem ligando, Carlos não tirava o sorriso do rosto nem um segundo.
Me guiou para um quarto, que ficava ao lado do dele. Ao acender a luz foi possível ver toda a dimensão do comodo. Um espaço, que se não fosse pelas telas em uma parede - algumas pintadas com lindas pituras abstratas, outras mais brancas que uma nuvem de dia de verão - um armário em outra parede - tipo, do nada - e um rádio muito grande, nem precisava de uma mesinha ou criado-mudo, ele ia do chão até nossas cabeças, quase igual a uma jukebox, seria vazio. O chão era todo sujo de tinta, e com jornais espalhados por todas as partes, principalmente próximos as telas. Nas paredes, marcas de tintas que foram jogadas com a mão ou com pincéis. Mascas de mãos, desenhos de sóis, animais - abstratos - árvores e estrelas, tudo cheio de detalhes ou muito abstratos. Era um quarto lindo, e acrescento aqui duas grandes janelas, uma do lado da outra, que provavelmente deixava a luz do sol iluminar todo o quarto, essa imagem deve ser linda.
Eu estava encantada com tudo aquilo, enquanto Carlos me levava para o rádio, pegou o CD de mim.
–Licença
–Toda - respondi educadamente, meio longe dali
Ele foi passando e passando, e na musica sete ele parou.
A batida começou, Little Liar, reconheceria de longe. Ouvia muito Joan Jett na minha adolescência junto com a Dani. Dani era minha melhor amiga, depois do Pru. Ela me entendia muito bem também. Daniela era uma das garotas mais bonita da sala, seu cabelo negro era encaracolado nas pontas, além de ser muito long. Seus olhos eram castanhos, quase como os meus. sua pele branca realçavam suas sardas e maças do rosto vermelhas. Nós fazíamos quase tudo juntas, quando eu não estava com Pru. Mas nunca falávamos da nossa amizade, nós eramos muito diferentes. Ela era popular, eu não. Ela ia a festas. Eu não. Ela beijava, eu não. Mas também tínhamos muitas coisas em comum, curtíamos as mesmas bandas, falávamos as mesmas coisas, tínhamos ideias muito iguais. Eu acreditava que tínhamos uma conexão. Acredito muito nessas coisas. E Joan Jett me lembra ela porque ouvíamos o CD dela com a The Runaways enquanto fumávamos no parque da cidade. E lá não conversávamos sobre nada, apenas olhávamos o horizonte cantávamos. As conversas eram poucas mas cheias de sentimentos, ideias, pensamentos...Daniela morreu dia 21 de março, primeiro dia de outono. Foi como se no dia do enterro todas as folhas tivessem ficadas sem cor, o céu tivesse ficado cinza, como se as flores perdessem todo o pólen. Causa da morte? Câncer no pâncreas. As lágrimas quase me vieram, mas eu as escondi.
A voz da Joan começou a soar quando Carlos me pediu a mão para dançar. Eu aceitei. Coloquei as mãos em seus ombros e ele as dele no meu quadril. Dançamos, e no primeiro refrão encostamos o rosto um no ombro do outro. Foi um conforto, um ombro amigo. O que será que Carlos estava pensando sobre mim? Seja o que for, devia ser algo bom. Ao terminar a música, começou outra em seguida, Let It Be, The Beatles. Nesse momento Carlos saiu de perto de mim. Me senti desolada por um tempo. Ele caminhou até o armário e tirou de la uma capa de algum instrumento, colocou no chão e se ajoelhou. Tirou de la um violino e o arco do mesmo. Já no refrão a música, Carlos começou a tocar, o som melancólico e agudo do violino reunia-se com o do rádio. sentei do seu lado no chão, em uma pilha de jornais suja de tinta. Acompanhei com um assobio. E lá ficamos até a música acabar. O que eram uns três minutos tornou-se em infinitas caminhadas em um bosque com pássaros cantando. Eu estava apaixonada por Carlos


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Notas finais do capítulo

É isso. O que acharam? Seu comentário é muito importante. Esse noite não acaba né? SHUASHUA



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