Prostituta Do Governo escrita por Peregrino das Palavras


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo era para ser postado ontem, mas o apaguei 2 vezes sem querer =s. Mas aqui está ele, espero que gostem.



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Aquila cena foi o suficiente para me dar uma bela dor de cabeça. Carlos o homem com o qual eu me revelei, quem eu depositei minha confiança, com quem eu me sentia segura, feliz, estabilizada. Ele me fez construir um muro, baseado em confiança, o qual dividia o mundo real, cruel, do mundo de fantasias, de amor que eu compartilhava com ele. Mas ele simplesmente desmoronou esse muro com uma bomba atômica, como a bomba de Hiroshima: Eu apenas acordei para a realidade, e fui carbonizada, destruída, e se algo de mim, ainda restou, sobreviveu, isso sofrerá com cicatrizes ou com problemas, no futuro.
Eu confiei nele - a esta altura, a palavra confiança não tinha mais sentido -  e não devemos confiar em desconhecidos, em estranhos. Mas mesmo assim o fazemos. Até nossas mães, que dizem que não devemos conversar com estranhos, conversa. Bem para dar um exemplo vou usar o ato de pegar um ônibus. Quando entramos em um ônibus lotados, sentamos e uma cadeira super "confortável", e pagamos uma taxa, que é considerada cara por ser um transporte público - enfase no público - temos de confiar no motorista, confiar que ele está apto par ao trabalho, que está em condições de dirigir, que sabe o que está fazendo. Na verdade pomos nossas vidas em suas mãos. Confiamos também, do mesmo modo, nos outros motoristas, para que eles não derrapem o carro e derrubem o ônibus, matando dezenas de pessoas. Confiamos em estranhos até mesmo em casa, quero dizer, são pessoas que não conhecemos que cuidam de nossos registros, de nossos documentos para que nossa água ou eletricidade não sejam cortadas. Confiamos para que eles não errem em algum cálculo ou esqueçam de entregar algum documento para outro estranho que certifique nosso pagamento de algo que o governos nos "concede".
Até nós mesmos somos estranhos, completos desconhecidos, nos descobrimos a cada dia, a cada surpresa, a cada suspiro. E é agora que nós nos perguntamos: Quem eu sou?
Quem eu sou? Quem é Valentina Bed? Uma prostituta, sem vida, sem ninguém, sem esperanças...Não, com esperanças, pelo menos é isso que meu vestido verde dizia. Tinha em mim, todas as esperanças do mundo, sou um poço de esperanças, estou transbordando esperanças com esses vestido verde. Mas sensível, um balão verde, que flutua, e que qualquer ameça me explode, e faz eu cair até o chão, e o que eu tenho que fazer? Começar de novo, flutuar, com as esperanças reacesas, para que outra coisa me exploda.

Caminhei muito, pisei em muitas poças de águas, graças as minhas botas gigantes de borracha amarelas. Muitas vezes pensei que essas poças tinham sido formadas por minhas lágrimas. Pelos mares de desgosto e ódio que caiam dos meus olhos. Eu sou assim, meio sentimental. Quando eu vi já estava no salão do Pru, eu entrei lá. Vi Gerson com as crianças, e abri um sorriso com aquela cena inocente que nunca mais vai fazer parte da minha rotina.
Pru me viu, e ficou assustado.
-Tudo bem Val?
-Tudo Pru.
E quando eu vi eu tinha desabado com um abraço em Prudence, e lhe expliquei o que havia acontecido.
-Puta merda, Val. O pior é que eu nem sei o que dizer. - ele fez uma cara de culpa.
-Não precisa dizer nada - assenti olhando para a porta, já estava saindo e indo para casa quando Pru, sugeriu.
-Bed, você quer sair comigo hoje? Vou para uma balada normal, - Ele disse normal, porque a maioria que ele vai são baladas GLS - Acho que você precisa de algo assim.
Não sou muito afim de balada, mas tinha que esquecer esse dia, queri apaga-lo. Aceitei, fui para casa me troquei para a noite, um vestido apertado preto que eu usava para realizar serviços em noites quentes, salto alto preto também - um dos únicos que eu tinha - e prendi o cabelo em um coque. Depois esperei Prudence chegar com a carro para me levar como combinamos mais cedo, enquanto isso fui colher e regar minha plantação de morangos e de rosas.
Ele chegou e fomos. Era uma cosia muito complicada, eu não gosto muito de balada por causa disso, muita gente - estranhos e desconhecidos é claro -, muita luz piscando, muito quente e produtos caros. Em pouco tempo eu me perdi de Pru, e quando vi estava sentada do lado de um grupo que eu duvidei estar fumando, fumando coisas erradas. Quando eu vi estava falando com eles, quando eu vi eu estava entrando na deles, quando eu vi, eu não via mais. Não eram mais meus olhos, minhas sensações, minha boca, era da droga. Ficou tudo muito rápido, depois devagar, e depois rápido, senti o almoço de ontem na minha garganta, e depois no chão. Fui expulsa do local, e o palavreado sujo saiu da minha boca, xingando a balada, os seguranças que me expulsaram, as pessoas da rua. Vomitei mais algumas vezes. Aquele merda que eu cheirei, fumei, injetei, não sei, que eu coloquei no meu corpo era forte. Eu me sentia deslizar pelas ruas de concreto, as luzes se estendiam e embaçavam, meu olho ardia, eu me agachava, caia, tropeçava. Patética, patética. Não parava de andar, era como se meus pés caminhassem por conta própria, acabei por chamar a atenção de alguns policiais. Eles falam coisas, que meu cérebro interpretava como códigos, palavras sem sentidos, como se fosse outra língua. Acabei dizendo do mesmo jeito, e o policias, por fim, me imobilizaram e me levaram para o carro, eu, burra, lutei contra, chutei ele, os xinguei, e se me lembro bem, cuspi em um deles.
Patética, patética. 
Acabei parando na delegacia, e depois em uma cela, com outras duas mulheres. Depois de algumas horas recuperei os sentidos, os olhos, as sensações, a boca.
-Aonde eu tô? - Gritei nas grades da cela
-Calma ai gatinha, ninguém vai te tirar daqui do nada - disse uma mulher, que pelo seu tamanho, deduziria ser um homem.
Levei um susto, na verdade fiquei surpresa. Mais desconhecidas.
-O que eu fiz?
-Não sabemos, você apenas veio parar aqui, como nós. Na verdade eu quase matei meu marido. E a Betty ai foi acusada de envenenar a mãe.
Não me senti nem um pouco a vontade com essa companhia.
-Bem - a Betty começou a dizer -, você estava alterada, você estava drogada?
Sim, eu comecei a lembrar das cosias, da balada, do ruivo que me ofereceu a droga.
-Merda - disse baixo.

Alguns minutos depois, um cara, acho que era o delegado, se aproximou da cela, eu levantei do chão, estava com cabeça baixa, mas ouvi os passos.
-O que eu faço? Quando vou sair daqui? 
-Calma ai moça. De acordo com o que você fez, com o que ingeriu, vai ficar ai, no mínimo quatro dias, isso se você tiver um advogado.

Quatro dias...Quatro dias.

 


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Notas finais do capítulo

Ai meu deus!!!



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