Prostituta Do Governo escrita por Peregrino das Palavras


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Bem, deve confessar que a fic está acabando, então vamos aproveitar = D, espero que gostem do capítulo!!!



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Acordei, e Carlos, diferente da noite passada, ainda estava dormindo. Sentia sua respiração no meu rosto, era quente e pesada, provavelmente o rapaz tinha problemas respiratórios. Mas essa sensação era boa, sentir o cheiro, a pele, a respiração de outra pessoa, na qual poderia confiar, me apoiar. Mas ele veio, e um dia irá, como todos fazem comigo. Não que eu os culpe, todos nós precisamos de alguém a quem confiar. Sua respiração me lembrava o ar quente das panelas com batatas que mamãe fazia. Ela cozinhava batatas, e não as fritavas, dizia que era mais saudáveis, e eu também preferiria essas. A mamãe descascava as batatas e depois as cortava no meio, pegava todos os pedaços e colocava em uma panela enorme cheia de água, e depois a tampava, eu ficava sentada no balcão vendo tudo enquanto murmurava uma música que minha mãe cantava para eu dormir. E então para ver se elas estavam finalmente cozinhadas, a mamãe tirava a tampa da panela e o ar quente subia com um cheiro maravilhoso graças ao cheiro-verde e outros temperos que minha mãe colocava. E de repente tudo isso virou a respiração de Carlos nas minhas bochechas.
Assoprei o rosto dele para que ele acordasse. Quando finalmente despertou ele disse:
-Bom dia senhorita.
-Bom dia meu caro senhor.
Tínhamos dessa de fingir não nos conhecer, de interpretar cenas normais que realizamos nas ruas com desconhecidos. Queremos dizer que ainda somos completos esquisitos, e isso me dava ainda um certo conforto, não parecia que tínhamos algo sério, não queria algo realmente sério. Afinal o que quer dizer ser namorado de outra pessoa? Adquirimos uma certa afinidade tão grande que passamos a querer-la ao nosso lado para sempre? Não precisava disso, de viver do lado de alguém durante muito tempo - muito tempo, é o período em que as pessoas falam que vão ficar juntas, na verdade elas dizem "Para sempre", mas isso é muito tempo, mais tempo que "muito tempo", e a maioria terminam antes do quinto mês. Quero dizer, não precisava me magoar com uma pessoa, de novo, como Dani e mamãe, e talvez, daqui alguns três dias, se eu não errei nas contas, perderei Carol. Meu plano inicial era me distanciar dela, não queria sofrer de novo, mas quando eu vi, eu já estava do lado dela, conversando sobre os planos futuros dela, mas que futuro? Não tem mais volta, o que eu poderia fazer agora? Se eu fosse sofrer, bem, que eu sofra por algo que vale a pena, meu plano agora é chegar mais próximo dela.
-Você poderia me dizer as horas, por gentileza? - eu perguntei, como se Carlos fosse um velhinho com aqueles antigos relógios de corda que ficam sentados na calçada esperando o tempo passar
Ele suspirou, suspiro cansado, aqueles que fazemos para liberar o ar quando acordamos, e estendeu a mão para pegar o seu smartphone no criado mudo do lado da cama.
-São exatamente...- ele analisou o celular -  dez pra dez. - ele respondeu como se eu fosse uma menina atrasada para a faculdade, com meus fones de ouvido e bolsa da Nike.
Silêncio, por um instante pensei que tinha voltado a dormir. Até que ele disse:
-Planos para hoje?
-Hospital
-De novo? Não quer sair, algum shopping, cinema...?
-Não, tenho que falar com os pais da Carol, e com os médicos também. - nesta hora já estava levantando e alongando os braços.
-Você não acha que está passando muito tempo com essa família?
Olhei pra ele, com um sorriso sarcástico. 
-Você está com ciúmes?
Ele sentou do meu lado e me abraçou, e disse carinhosamente.
-Não, mas sinto sua falta. Vamos sair hoje, por favor
-Não Carlos - disse um pouca irritada e saindo de seu abraço, ele já estava forçando a barra, sabia que suas intenções não eram ruins, mas eu sou assim, quando as pessoas com muito afeto fico irritada - a menina está morrendo, sabe disso e não se preocupa, está com câncer no pâncreas, sabe como é raro isso? Ainda mais na idade dela?! - estava quase gritando, quando levantei e fui para a cozinha ver o que tinha na geladeira.
-Uou, calma ai Valentina Bed, o que aconteceu? Não é culpa minha a garotinha ter tido câncer. - ela já estava no mesmo comodo que eu.
Olhei para ele de boca aberta.
-Ainda bem né Carlos. Ainda bem.
-Ora Val, não me entenda mal. Quero dizer, qual foi a última vez que saímos juntos?
-Não da Carlos, no momento não dá, parece que todos os problemas caíram na minha cabeça a tona. Você devia saber que teria problemas ao querer ter algo, como você diz, com uma prostituta, sim uma pros-ti-tu-ta. Eu sou uma prostituta. - mostrei um sorriso malicioso
-É, eu sei bem, conheço prostitutas.
Ele disse aquilo para me machucar, quem era esse Carlos? Nunca o tinha visto antes.
Silêncio. Apenas olhares, até que eu sai de lá e fui para o quarto esbarrando nele
-Não Val, desculpa, por que estamos brigando?
Não respondi, só fechei a porta do quarto e me troquei. Sem vestido hoje, o dia não parecia que ia ser feliz. Uma blusa com uma moça na frente, não sei quem era, talvez fosse uma modelo, ou uma artista russa, ou uma moça que estava passando e os fotógrafos a escolheram para coloca-la na blusa. Uma shorts pequeno, não gostava muito, coloquei mais para provocar o Carlos, mas provoca do quê? De qualquer jeito coloquei, e depois calcei sapatilhas, acho que noventa por cento da minha "sapateira" comporta sapatilhas, o resto são duas sandálias, uma bota de cano muito alto, estilo rockeira, e três sapatos.
Prendi meu cabelo, - e o aplique - em forma de um coque, e coloquei meu óculos escuro redondo de cor vermelha vinho. Peguei minha bolsa com meu celular Nokia, carteira, fone de ouvido e outras coisas e sai do quarto. Carlos estava me olhando, sentando em uma cadeira que fora puxada da mesa.
-Onde você vai? - ele perguntou
-Ver os pais desconhecidos, de uma garota desconhecida que tem uma doença pouco conhecida. Não precisa me esperar.
Quando passei por ele, ele me segurou.
-Val, para com isso, vamos...
-Não Carlos, eu tenho que ir. Se sair tranque a porta e deixe a chave de baixo da pedra do jardim.
Não disse mais nada, e fui para o hospital. Não estava completamente feliz por ter brigado com Carlos, mas se eu me distanciasse seria menos doloroso na hora que ele partisse. Eu sei que isso demoraria, mas uma hora ou outra iria acontecer. Eu sei disso, as pessoas fazem isso, não de propósito, mas vão...
Antes de ir para o hospital fui para o Jardim Girassol Dourado, saber porque a Carol gostava tanto desse lugar. Ao entrar já pudi sentir o cheiro das flores. Não comprei uma entrada, tinha outros planos, apenas vi entre as vitrines, entrei nas lojas de suvenires, e fotos do local que ficavam em um mural. Parecia ser muito lindo lá dentro, queria ir lá, sentar na grama e ver o céu azul bebê com nuvens de formas de animais, mas como eu disse, tinha outros planos. Fui para o hospital depois, e encontrei os médicos que cuidavam da Carol, era um homem, com dez centímetros a mais que eu. Cabelos grisalhos, com o que eu deduzi, ter 40 anos, usava avental é claro. Me apresentei a ele, disse minha posição perante Carol e sobre meus planos, que eram levar Carol para um passeio no Jardim Girassol de Ouro, com os pais como uma despedida desse mundo. Ele disse que poderia ocorre, se eu voltasse com ela antes das sete horas. Isso era formidável, só faltava falar com os pais da menina.
Encontrei Rose e Arnold sentados no corredor, a mãe lendo um livro e o pai uma revista, parece que eles dedicavam o tempo a ficarem esperando poder visitar a própria filha em uma sala com quatro paredes azul bebê tampadas com máquinas que ficam apitando sem parar. 
 -Ei! - gritei
Nos abraçamos, e eu disse meu plano para eles, que hesitaram de cara, mas depois expliquei que não haveria risco nem nada, e que se voltássemos antes das sete horas não haveria problema. Por fim eles aceitaram. Pronto tinha o que fazer daqui dois dias, o dia que se fosse para mim nunca chegaria, o dia que outra pessoa, sem querer iria se afastar de mim, de novo...Como sempre.





 


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Notas finais do capítulo

WOW, 3 horas para isso T.T desculpa, mas foi o que deu ;) o que acharam??? Até mais gente.



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