- Querida você continua linda - diz minha mãe, já cansada de tentar me convencer.
Estava no meu banheiro de costas pro espelho, já que minha mãe tinha dito que eu teria um infarto quando visse o resultado da sua mágica, eu disse que nem mandinga pra cuidar do arco-íris que tinha na minha cabeça. Tá eu sei que meu irmão só pintou o meu cabelo de uma cor, mas eu amo hipérboles.
- Tá! Acredito em você. - digo irônica.
- OK! Desisto de tentar te convencer. Você vai ver por si mesma. - suspira ela.
- Tá! Mas eu não vou usar aquela blusa, nem que eu ganhe um unicórnio no meu próximo aniversário! - retruco.
- É o que veremos. E você não acha que está muito velha pra unicórnios? - pergunta.
- Eu sempre quis um unicórnio mãe! - me defendo. E é verdade. Lembro quando minha mãe me enganava dizendo que se eu comesse toda a comida do prato eu ganharia um unicórnio no meu aniversário de 18 anos, algum tempo depois descobri que unicórnios não existem e chorei por uma semana. Não me julguem! eu era uma criança inocente.

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Depois de minha mãe ter me maquiado, vestido, arrumado meu cabelo e eu juro que ela só não me deu banho porque eu praticamente chutei ela do banheiro, ela me vira e eu me vejo no espelho de corpo inteiro.
- Caramba! - sussurro totalmente impressionada.
Ela tinha pranchado a raiz do meu cabelo e feito babyliss nas pontas, e eu poderia até dizer que a cor do cabelo tinha ficado maneira. Ela me deu pra vestir uma blusa de seda branca com botões pequenos que vai até a cintura e no final temos que dar um nó, uma calça rosa claro e justa, e nos pés um salto alto muito fofo, rosa bebê com bolinhas brancas. Eu estava parecendo uma patricinha, mas até que estava legal, só não gostei de uma coisa.
- Mãe. Essa blusa tá muito curta. - choramingo.
- Garota! Você tem o corpão é pra mostrar! De que adianta ter se ninguém vê? - comenta como se estivesse dizendo o óbvio.
- OK mãe! - resmungo.
- Você gostou? - pergunta com aquele olhos verdes brilhando, eu amo a cor dos olhos dela, é como se você estivesse olhando pra uma floresta, incrível.
- Eu amei mãe. - digo colocando um sorriso terno no rosto.
- Eu fiz o possível querida. - diz me abraçando.
- Eu sei. Obrigada.
- Posso te fazer uma pergunta?
- Já está fazendo. - digo com um sorriso brincalhão no rosto. Ela estreita os olhos - Manda!
- Você é virgem? - indaga
- O QUE? QUE TIPO DE PERGUNTA É ESSA? - eu berro indignada. Eu achava que ela iria me perguntar se eu amo ela de verdade, ou se eu quero conhecer meu pai, mas não.
- Ei! Responde! Ok? - pedi ela
- Não! - respondo e dou um passo pra trás quando ela vira de uma vez e os cachos negros dela quase batem nos meus olhos.
- Quando?! - pergunta com os olhos esbugalhados.
- Ano passado. E antes que você me pergunte, com um cara do último ano em uma festa - falo rapidamente, ela abre a boca pra falar alguma coisa, mas eu a corto - E não! Não foi gostoso. Nós estávamos bêbados e eu acho que eu nunca mais faço isso!
- Você já ficou de porre! Com dezesseis anos? A minha primeira ressaca foi aos quinze - diz pensativa - E o que você não vai fazer de novo?
- Transar! Sério! Eu não gostei! E me machucou. - resmungo. Se eu estava com vergonha de falar disso com minha mãe? Claro! Estava mortificada. Mas tenho que ter um pouco de confiança. E ela sempre dizia que a mãe é a nossa melhor amiga. Devia falar isso pra Claire.
- Ah querida. Ás vezes a primeira vez é assim mesmo.
Meu celular toca.
- Alô. - eu tiro o celular de perto do ouvido e minha mãe franzi a testa confusa, eu explico - Claire está bastante zangada.
- Ah!
Eu coloco o celular de novo perto do ouvido.
- TUDO BEM! JÁ ESTOU INDO! - berro e desligo o celular na cara dela - Tenho que ir mãe.
- Thau querida!
Eu corro até a porta de casa e volto pra pegar a minha bolsa na mesinha de sala.
Quando abro a porta do carro Claire não olha pra mim, mas começa a gritar comigo mesmo assim.
- TÁ ACHANDO O QUE? QUE SOU TEU CHOFÉ? FAZ ISSO DE NOVO E EU VOU TE BUSCAR COM UM TACO NA MÃO!
- Nossa! Que agressiva! - replico.
- VOCÊ VAI VER EU AGRESSIVA QUANDO... - ela para e olha pra mim, o queixo dela caí e ela arregala os olhos - Caramba! O que aconteceu com você?!
- Só uma palavra: Tyler. - Respondo fazendo uma careta - Mas não vai ficar assim, não vou deixar barato.
Olho pra ela e vejo que ainda está de boca aberta.
- Olha, eu sei que está ridículo. Mas não precisa ficar encarando. - retruco indignada. Se por onde eu passar for essa a reação das pessoas eu vou ficar trancada em casa até meu cabelo voltar ao normal.
- Não! - ela berra - Você está linda! Diferente. Mas linda.
- É melhor nós irmos. Ainda temos que pegar a Vi - falo olhando para frente.
- OK! - ela liga o carro e em instantes estamos no caminho da casa de Vi.
- Mas e essa blusa? Não sabia que você gostava de blusas curtas. - diz olhando pra estrada.
- Eu não estava aceitando no começo, mas depois eu pensei, é assim que ficamos na praia, então não reclamei mais. - respondo.
- Hum...
Minutos depois já estamos com Vi no carro. Quando ela me viu começou a gritar comigo perguntando porque eu não tinha falado pra ela primeiro, como se eu precisasse de permissão, então respondi que tinha sido obra do meu irmão, ela olhou pra mim e disse que da próxima vez que visse ele daria um beijo e um soco nele. Então disse que mesmo sem permissão dela pra mexer no cabelo eu estava linda.
- Já estou totalmente convencida! - digo alegremente.
Mas mesmo assim o Tyler me paga, e eu já tenho um grande plano como minha primeira vingança, isso mesmo a primeira PARTE da vingança, porque não vai ser só uma, vai ser várias.
Ele que me espere.