The Big Four - The Rise of Darkness escrita por Nelly Black


Capítulo 24
Uma Chama de Esperança


Notas iniciais do capítulo

Oi povo! Eu ainda to viva. kkkk...

Eu e a Toth decidimos que a capa 2 ficaria melhor para a segunda temporada. Por que tem todos os personagens principais.

Curtam o capitulo e deixem um comentário.



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POV Soluço

Tum-Tum. Tum-Tum.

O barulho das batidas do meu coração tomou conta de meus ouvidos. Morte Vermelha estava na nossa frente e tanto eu quanto Merida estávamos desarmados. Escutei o som de patas correndo na nossa direção e, mesmo que perdesse a vida, Banguela iria me proteger.

Uma fumaça verde começou a se formar na boca da grande fera e o fogo que esperávamos, veio em nossa direção. Era o fim.

Merida fechou os olhos e enterrou a cabeça em meu peito. A abracei e encarei o fogo, sentindo os cabelos dela contra meus dedos e a respiração dela contra meu pescoço. Banguela aumentou a intensidade de seus passos, mas sabia que ele não chegaria a tempo quando o escutei soltando um rugido desesperado.

Apertei Merida contra mim o mais forte que pude, percebendo que, por mais que morresse ali, estaria com ela para me dar a força que não tinha. Estava pronto para qualquer coisa com Merida comigo. Pronto para morrer.

Foi quando algo extraordinário aconteceu; o fogo que vinha na nossa direção se chocou em uma parede invisível, que conteve as chamas como um grande escudo de água. O fogo batia contra ela e pude ver uma leve ondulação transparente em nossa frente.

Merida ergueu a cabeça e eu fiquei surpreso. O cajado dela tinha caído no mar. Como ela poderia controlar ainda o fogo? E se aquilo fosse água mesmo, como poderia ser tão resistente?

As chamas começavam a se apagar quando o Morte Vermelha cuspiu um jato de fogo novamente. Olhei para Merida, arregalando os olhos ao vê-la.

Seus olhos azuis celeste estavam da cor de vermelho sangue. Ela fitava concentrada algo a sua frente. Senti o ambiente ficar quente e me virei para o dragão. As chamas se aproximavam de nós. Estava a menos de um metro, quando parou no ar e se virou de volta para o Morte Vermelha.

As labaredas atingiram o rosto dele em cheio, e pude ofegar totalmente admirado com aquilo.

Banguela freou bruscamente, derrapando ao nosso lado e não demorei nem mais um segundo, montei rapidamente no dragão puxando Merida que se acomodou na garupa, colocando os braços ao meu redor.

Meu dragão disparou um tiro na cabeça do dragão, aumentando as chamas que existiam ali. Num impulso, O Fúria da Noite decolou para cima. Planamos pelas costas do Grande Dragão e sobrevoamos o mar. Banguela deu um mergulho para baixo entrando na densa névoa que começa a cobrir aquela parte da ilha.

“Bom trabalho amigo.” Falei dando um tapinha no pescoço de Banguela.

Eu relaxei e senti a respiração de Merida tocar minha nuca me fazendo estremecer de leve; E pensar que só faltava um triz para eu beija-la...

“Tudo bem com você?” Perguntei enquanto tentava ver algo através da névoa.

“Sim.” Merida respondeu parecendo ligeiramente distraída. “Desculpe por ter te assustado. Eu nem sabia que podia fazer aquilo.”

“Eu não fiquei assustado por causa daquilo.” Admiti desistindo de tentar ver algo. “Fiquei assustado por causa da cor de seus olhos.”

“Meus olhos?”

“Eles ficaram vermelhos, Merida.”

A ruiva parou de respirar e eu me virei um pouco. Os olhos dela estavam de volta a sua cor normal. Seu rosto estava cheio de pânico e ela não respirava, seu coração batia tão forte que eu achei que iria sair pela sua boca.

“Respire, se não você vai desmaiar.” Pedi gentilmente.

Minha voz pareceu tira-la de seu estupor interno. Ele inspirou e expirou pesadamente. Seu rosto suavizou imergindo numa estranha calma.

“Acho que a cor tem a haver com o fogo.” Merida comentou, parecendo tentar convencer a si mesma daquilo.

“Tem razão.” Concordei percebendo que fazia sentido. “Mas você tá legal?”

“Estou e você?”

“Também estou.”

Nos fitamos por alguns segundos. Tudo que o queria naquele momento era beijar aqueles lábios rosados.

Isso não é hora para pensar nessas coisas, Soluço! Esqueceu quem está atrás de você? Pensei comigo mesmo e sorri para minha ruivinha.

Me virei para frente e Merida se aconchegou mais perto de mim, apoiando sua cabeça em minha clavícula e Banguela de alguma forma conseguia ver em meio a nevoa. Planávamos tranquilamente quando do nada ele deu um mergulho e voou um pouco mais baixo.

“Banguela, o que...?” Comecei a perguntar, mas logo me calei.

Morte Vermelha voava acima de nós. O Fúria da Noite dobrou a direita e entrou numa enorme caverna, para despistá-lo. Voamos em direção ao fundo dela e a medida que avançamos, a luz lunar desaparecia dando lugar a escuridão.

Tentei enxergar alguma luz e Merida me apertou. De alguma forma eu sabia que ela estava preocupada. E não era para menos. Quando o cajado dela caiu, nossa sentença de morte foi escrita.

Banguela dobrou a esquerda e posou. Havíamos entrado em uma caverna menor, dentro da outra que havíamos entrado, que tinha uma enorme fenda no teto permitindo que a luz da lua iluminasse o ambiente. O dragão rosnou e se deitou sob seus pés.

Eu desci e estendi a mão para ajudar Merida descer. Ela sorriu para mim e desceu do dragão graciosamente. O toque dela era tranquilizador; fazia todos os problemas desaparecerem. Tentando manter essa sensação de paz, não larguei a mão dela e o sorriso da minha ruiva se alargou.

“Você sabe onde estamos?” Ela perguntou olhando ao redor curiosa.

“Acho que estamos nos corredores dos gritos.” Respondi e o sorriso de Merida se desfez.

“Corredores dos gritos?” Ela perguntou, parecendo assustada.

“Pode relaxar.” Falei usando um tom calmo. “Deram esse nome, por que os dragões viviam aqui. Mas eles já se foram há anos.”

Minhas palavras a tranquilizaram imediatamente. Afiei os ouvidos, tentando escutar algum barulho de aproximação do Morte Vermelha.

“Não podemos ficar aqui para sempre.” Merida comentou.

“Mas não podemos enfrenta-lo. Você própria disse. Ele só pode morrer com a união dos cajados.” Lembrei ela. “E mesmo que você ainda tenha seus poderes, só conseguiremos retarda-lo.”

Merida pôs a mão no meu rosto me fazendo fita-la. Seus olhos azuis encontraram os meus e penetraram minha alma.

“Eu acredito que iremos vencer.” A voz de Merida era confiante. Transmitia uma convicção sobrenatural. Uma fé que era grande demais para pertencer ao mundo dos mortais.

“Mas a que custo?” Perguntei com uma voz cansada. “Se morremos, de que adiante tudo isso? Que marca deixaremos neste mundo?”

“Uma grande marca Soluço.” Ela respondeu usando o mesmo tom, carregado de fé. “Nossas histórias ainda não viraram lendas. Mas nelas, nossa aliança foi firmada.”

Eu não sabia o que dizer. A fé dela fazia meu desanimo e meu medo desaparecerem. Senti minha coragem se restabelecer, algo em mim gritava insultos a Breu e seus aliados. Eles nunca deveriam ter mexido conosco.

“Vocês sabem o que dizem sobre lendas?” Perguntei a Merida com uma voz convicta.

“Não.” A ruiva respondeu colocando sua mão esquerda em meu ombro. “O que dizem?”

“Que são parte do passado, do presente e do futuro.” Respondi colocando minhas mãos na cintura dela. “São palavras que transmitem verdade e valentia. Uma lenda é muito mais que uma simples história.”

Merida sorriu e não pude me conter e sorri também. Nós tínhamos uma ligação muito forte; quando um estava triste o outro sentia. E quando um se alegrava o outro se alegrava também. Era um estranho sentimento que parecia inevitável.

Porém nossa alegria logo chegou ao fim, pois as paredes da caverna começaram a tremer e a luz da lua desapareceu dando lugar à escuridão. Um rugido ecoou acima da caverna. A fera havia nos encontrado.

“Banguela!” Gritei e o Fúria da Noite cuspiu uma bola de fogo.

O fogo iluminou o ambiente e pude facilmente encontrar o meu dragão. Puxei a ruiva pela mão e corri até ele. Do lado de fora, Morte Vermelha rugia furioso e irritado. As paredes que tremiam começaram a ceder. Merida e eu montamos em Banguela, que logo levantou voo.

Saímos da caverna e entramos num corredor a esquerda. A escuridão estava de volta, o que deixava nossa fuga nas mãos do Fúria da Noite.

“O meu cajado!” Merida exclamou animada.

“Seu cajado?” Perguntei confuso olhando ao redor.

“Sim. Ele está logo mais a frente.” Ela respondeu com a voz alegre. “Banguela dobre a esquerda, por favor. Precisamos chegar à praia.”

O dragão soltou um ganido estranho. Voamos mais um pouco em linha reta, antes de Banguela dobrar a esquerda. No fim desse corredor podia se ver a luz da lua.

“Ele está na praia?” Perguntei confuso.

“Não. Ele está na água.” Merida respondeu.

Deixamos a montanha e planamos sobre a praia. A névoa tinha sumido, assim como as estrelas. Ventava forte e fazia muito frio; Uma tempestade se aproximava.

Banguela posou em cima de uma grande rocha a beira-mar. Morte Vermelha rugiu de longe, ele parecia irritado. Mas isso não era novidade, ele estava sempre irritado.

“Eu vou mergulhar e tentar convocá-lo.” Merida disse descendo do dragão e ficando na beirada da rocha. “Se eu não subir em cinco minutos, vá trás de mim. Se o dragão aparecer me largue aqui e tente despista-lo.”

A ruiva fitou o mar abaixo. Ela parecia em dúvida se pulava ou não. Toquei o ombro dela e ela se virou sorrindo.

“Preciso te contar um coisa...” Falei tentando encontrar as palavras certas, para explicar meu sentimento por ela. “Eu sinto algo por você, que não nunca senti por outra pessoa. Demorou um pouco, mas eu descobri. Eu...”

Um rugido me silenciou. Morte Vermelha voava na nossa direção. Merida se virou e pulou nas águas escuras. Sem problemas, eu acho que teria outra chance de me declarar.

Banguela rosnou e arranhou as garras na rocha. Ele estava mais uma vez pronto para a luta. Foquei no meu oponente e ignorei todos os demais pensamentos que minha mente produzia. Com um forte impulso Banguela e eu decolamos para cima, penetrando as nuvens.

O grande dragão rugiu abaixo de nós, ele parecia não gostar muito da ideia de voar. Íamos cada vez mais alto, quando um trovão cortou o céu. A tempestade havia começado.

A chuva me atingiu como um jato. Suas gotas grossas e pesadas se chocavam com força no meu rosto, fazendo meus músculos doerem. Morte Vermelha rugiu novamente e Banguela voou cada vez mais alto. Eu gemi alto e o Fúria da Noite olhou para mim pelo canto do olho. Num movimento rápido, ele fez uma curva no ar e mergulhou para baixo.

Agora não era a chuva que me atingia e sim o vento forte. Mas diferente da chuva ele me causava paz. Minha mão direita começou a formigar. Segurei-me na cela apenas com minha mão esquerda e comecei a flexionar os dedos da mão direita. Foi quando algo incrível aconteceu de novo.

Uma fumaça verde começou a surgir na minha palma. Ela cresceu e tomou a forma de um cajado verde-musgo com uma joia branca na ponta. Inconscientemente meus dedos seguraram o cajado. Uma força sobrenatural começou a crescer em dentro de mim.

Banguela estabilizou nosso voo planando sobre a praia. A chuva caia forte e eu mal conseguia ver as coisas a minha frente, mas de alguma forma eu sentia que Morte Vermelha ainda estava no céu.

Sobrevoamos as pedras a beira-mar, tentei ver Merida através do aguaceiro, mas não consegui o que me deixou preocupado. Ouvi o barulho de asas baterem e me virei assustado para ver que o grande dragão estava bem atrás de nós! Isso era impossível há menos de um segundo, ele ainda estava no céu!

Morte Vermelha soltou um rugido e cuspiu fogo. Banguela desviou das chamas voando para esquerda e num movimento rápido, se virou e cuspiu uma bola de fogo que atingiu em cheio os olhos do grande dragão.

“Toma essa!” Gritei engolindo um pouco da água da chuva.

Pela milésima vez Morte Vermelha soltou um rugido furioso e ameaçador. Sorri satisfeito enquanto Banguela fazia uma curva no ar e começava a contornar o dragão. Sobrevoamos as costas de Morte Vermelha e Banguela cuspiu uma bola de fogo na asa direita da fera.

O grande dragão soltou um rugido de dor e a chuva que caia começou a diminuir. Banguela voltou a ficar na frente do dragão e eu avistei um cabelo ruivo em meio às pedras a beira mar.

“Merida!” Gritei e o Fúria da Noite voou rapidamente em direção as pedras.

Usando as patas dianteiras ele agarrou a ruiva pelos ombros e a tirou da água, colocando-a deitada em uma grande rocha. Ele fez uma curva no ar e posou suavemente ao lado de Merida. Desci do dragão e me agachei ao lado da ruiva que estava apoiada nos cotovelos.

“Você está bem?” Perguntei preocupado. “Onde está seu cajado?”

Merida inspirou e suspirou algumas vezes, ela parecia que iria vomitar.

“Acabei engolindo um pouco de água, mas fora isso eu estou bem.” A ruiva respondeu com a voz meio rouca. “O cajado está no meu pulso.”

Olhei imediatamente para os pulsos dela. No pulso direito havia um bracelete vermelho com uma joia amarela presa nele.

“Você achou seu cajado!” Merida exclamou sorrindo surpresa.

“Ele meio que apareceu ao meu lado.” Expliquei sorrindo.

A ruiva tocou meu rosto e sabia exatamente o que ela pensava. Tínhamos uma chance de sobrevivência. Folkvang teria que nos esperar um pouco mais.

“O que vamos fazer? Não podemos ir chegando e perfurando ele.” Comentei franzindo a testa.

Merida me lançou um sorriso travesso e ficou de pé me estendendo a mão para levantar. Um tanto receoso peguei a mão dela e ela me puxou com força para cima. A ruiva soltou minha mão e montou em Banguela.

“Voaremos de volta para aquele penhasco.” Ela disse apontando na direção do penhasco que estávamos antes de Morte Vermelha surgir. “Lá pousaremos e o atacaremos com nossos poderes. Nossos cajados nos dirão qual é a melhor hora para o golpe mortal.”

Olhei para o penhasco, um ótimo plano. Mas... daria certo? Suspirei e fitei minha ruivinha. A voz dela tinha novamente aquela convicção sobrenatural.

“Se morrermos vai ser sua culpa.” Falei montando em Banguela.

“Acredite em mim Soluçinho.” Merida pediu me abraçando por trás. “Não iremos falhar.”

Ergui uma sobrancelha.

“Soluçinho?” Perguntei sorrindo com meu novo apelido.

“Ah, mas que inferno Frost!” Merida bradou irritada. “O pinguim que inventou esse apelido e agora ele acabou grudando em mim. Se eu pego ele...”

“Não, tudo bem. Eu até que gostei.” Comentei pensativo.

“Mesmo?” A ruiva perguntou incrédula.

“Mesmo.” Respondi rindo.

“Mas é ridículo!” Ela disse quase rindo. Dei de ombros.

Banguela levantou voou enquanto Merida resmungava algo que sou como “vai entender esses garotos”. Uma estranha felicidade tomou conta de mim. Nós derrotaríamos a fera e venceríamos as trevas de uma vez por todas. Eu acreditava nisso.

De todo meu coração.


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Notas finais do capítulo

Capitulo com final feliz. :D

Temporariamente eu não vou receber ameaças de morte. Ufa!

Mericcup está salvo, mas Jackunzel não. Portanto segurem-se em suas cadeiras pois no proximo capitulo vocês vão querem me matar... De novo.