Aquele estava sendo um dia frio para Las Vegas, apesar de a chuva ter cessado algumas horas antes de Catherine chegar ao lab. ela caminhou até a sala de descanso onde somente Sara se encontrava pensativa e com a cabeça baixa.

- boa noite! – Catherine cumprimenta, mas Sara apenas lhe dá um sorriso amarelo. Ela caminha até a cafeteira e enche sua caneca de café.

- você está bem? – Catherine pergunta sabendo da briga de ontem.

- é, eu acho que sim. – ela responde sem muita esperança.

- vocês conversaram?

- não, e nem vamos ele está indo embora hoje a noite e eu pretendo não vê-lo.

- fugir não resolve problema Sara. – Catherine diz se sentando ao lado dela. Sara solta um longo suspiro, ela não queria falar com Grissom por que sabia que eles iriam brigar mais ainda.

- eu sei Catherine, mas o que ele quer eu não posso dar. – Sara diz e Greg entra na sala dando fim ao assunto. Alguns minutos depois DB chega com os casos.

- bem, temos um garoto de dez anos encontrado morto em sua casa, Catherine e Sara podem cuidar da cena e Greg e eu vamos falar com a mãe, onde está o Nick? – ele pergunta e olha para todos. Ninguém responde, Sara olha para Catherine, mas ela balança a cabeça não sabendo onde ele está, já era para ele ter chegado, ele não era de se atrasar.

- bom, cada um para sua função eu vou tentar falar com ele. – ele diz e Sara e Catherine vão para a cena de crime.

            A cena de crime onde Sara e Catherine estavam trabalhando já estava quase sendo finalizada. Iria dar meia-noite e era a quinta vez que Catherine ligava para Nick e sempre caia na caixa de mensagem como agora. Catherine fechou seu celular com um suspiro, Nick sempre atendia as suas ligações.

- Nick? – Sara pergunta vendo como Cath não largava o telefone para nada.

- ele não me atende. – ela diz frustrada.

- ele está bem. – Sara tranquiliza.

- não sei Sara, ele não é de fazer isso. – Cath diz e Sara pensa que ela tem razão talvez ele não esteja bem.

- podemos passar na casa dele na volta. – Sara sugere e Catherine balança a cabeça em afirmação.

            Assim que elas finalizaram a cena, fizeram seu caminho para a casa de Nick. Ao parar em frente a sua casa nada parecia diferente, as luzes estavam todas apagadas e nenhum movimento era visto. Elas caminharam até a porta e Catherine iria abrir a porta com sua chave.

- espera e se ele estiver sem roupa ou algo do tipo, não acha melhor bater? – Sara pergunta.

- eu já o vi sem roupa Sara. – ela diz dando de ombros.

- é, mas eu não. – Sara reclama, mas Catherine não dá confiança e abre a porta.

- Nick? – ela chama, mas ninguém responde. Ela acende as luzes e vê que a casa está toda bagunçada, como se houvesse uma briga. Catherine fica congelada olhando para a mesa de centro quebrada com a quina suja de sangue.

            Seu coração se afunda, alguma coisa aconteceu e ela não sabe o que é. Ela se sente perdida. Ela caminha para frente vendo uma arma da policia caída no chão que só pode ser de Nick. Ela começa a tremer, ela não pode perdê-lo e agora ele está desaparecido.

            Ela ouve Sara falando com alguém no telefone, mas ela não pode distinguir as palavras. Tudo o que ela pensa agora é em encontrar Nick. Ela não pode perdê-lo, ela não vai suportar passar por isso.

- Catherine? – Sara a chama e ela olha para ela com os olhos cheios de lágrimas.

- nós vamos encontrá-lo. – ela diz, mas Catherine não tem reação nenhuma. Ninguém pode afirmar isso, eles não sabiam desde quando ele estava desaparecido e as duas sabiam que o tempo é vida nesse trabalho.

- eu acho melhor você ficar fora disso.

- não! Eu não vou deixar ele justo na hora que ele mais precisa. – Catherine diz e sai da casa, sem querer argumentar com ninguém, ela faria todo o possível para encontrá-lo.

             Ela volta alguns instantes depois com seu kit o colocando no chão ao lado da mesa quebrada no meio da sala. Ela começa a tremar mais com a imagem dele sendo jogado sobre a mesa. Ela pega o pó para digitais, mas suas mãos tremiam e ela não consegue usá-lo.

- pode fazer isso para mim ou eu vou estragar qualquer coisa que esteja aqui. – ela pede a Sara que até agora não tinha feito nenhum movimento. Sara pega o pincel da mão dela e passa sobre os cacos de vidros caídos no chão.

            Catherine ouve as sirenes e sabe que Sara provavelmente ligou para Jim. Sara coleta muitas digitais do vidro espalhado pelo chão. Catherine recolhe uma amostra do sangue na quina da mesa.

- descobriram alguma coisa? – Jim entrou na sala. Catherine se virou de costas para esconder a vontade de chorar que estava sentindo.

- ainda nada, só sabemos que houve uma briga e que o Nick saiu em desvantagem. – Sara disse levantando a arma usada pelos CSIs e ensacando logo depois.

- quem iria querer seqüestrar o Nick e por quê? – Jim pergunta, mas nenhuma das mulheres na sala tinha uma resposta. Catherine se sentiu culpada por não conhecer Nick tão bem.

- eu vou para o lab. analisar essas coisas e procurar por casos antigos que possam ter alguma ligação. – Catherine disse e saiu, não conseguia ficar ali imaginando como Nick havia sigo levado, como todo aquele pesadelo estava se repetindo.

            Ela estava sentada em frente ao computador fazia mais de meia hora, uma analise de digitais nunca demorou tanto assim na sua vida. Compulsivamente seu olhar ia em direção ao relógio pendurado na parede em frente a ela, seu tique-taque era a única coisa que ela ouvia.

            Seu pior pesadelo estava acontecendo e o máximo que ela podia fazer era ficar olhando para a tela de um computador. O único pensamento que corria sua mente era a promessa dele de nunca deixá-la. Mas a verdade é que nem tudo pode ser perfeito. Por um momento tudo pode se desfazer como um castelo de cartas que você gastou seu tempo construindo e quando uma carta cai, todas vão juntas. Nick era sua carta principal, era seu alicerce, sem ele seu castelo nunca continuará de pé.

- Catherine, faça uma pausa! – Sara disse entrando na sala e a assustando.

- não, tudo bem. – ela disse se voltando para o computador.

- Catherine, fica aí não vai fazer isso ser mais rápido, pelo contrário vai fazer ser mais doloroso. – Catherine suspirou. – Brass já pôs toda a polícia de Las Vegas atrás de Nick, eles vão encontrá-lo. – ela disse se aproximando.

- ele já passou por isso uma vez eu tenho medo de que duas seja demais. – ela disse.

- o Nick é forte e com o seu apoio ele vai ficar bem, mas você precisa estar bem para ele, vamos fazer uma pausa. – ela disse puxando a mão de Catherine.

            Quando entrou na sala de descanso, Grissom estava de costas para as duas que ficaram surpresas em vê-lo ali já que ele devia estar em um voa para Paris. Ele se virou e encarou Catherine que correu para lhe dar um abraço.

- vai ficar tudo bem. – ele sussurrou em seu ouvido e Catherine sentiu uma onda de conforto que só podia vir dele.

            Os olhos de Catherine ardiam com a vontade de chorar, mas ela se mantinha firme encarando sua caneca de café de costa para todos caso não conseguisse conter as lágrimas. Os minutos já estavam ficando agonizantes, varias perguntas dominavam sua mente. Onde ele estava? como ele estava? Já havia se passado da uma da madrugada e eles não tinham nenhuma noticia.

           

            Suas pernas já não agüentavam mais de tanto andar. A escuridão era a única coisa que Nick podia ver e ouvir. Sua cabeça doía e as coisas ao seu redor giravam como quando ele andava de carrossel. A força para continuar movendo seus músculos vinha da promessa que ele havia feito a ela.

            Quando seus olhos avistaram uma pequena luz ao longe em meio a escuridão, seu coração se acalmou, ele iria cumprir sua promessa.

- o que aconteceu? – Nick se esforçou para distinguir as palavras da mulher. Sua cabeça ainda rodava por causa do clorofórmio, depois do pano colocado em sua boca ele não se lembrava de nada.

- eu sou Nick Stokes, CSI. Eu fui seqüestrado, pode pedir ajuda? – Nick disse para a senhora simpática que abriu a porta do seu pequeno sítio para ele.

- claro, meu filho, entra. – ela disse preocupada e chamando seu marido para ajudá-la a levar Nick para dentro.

            Catherine não havia se movido da sua posição, já Greg andava de um lado para o outro. Sara e Grissom estavam sentados no sofá de mãos dadas, eles pareciam ter se resolvido, mas Catherine não se importava ela só queria ver Nick.

            Ela se virou ao notar uma movimentação na porta, seu olhar encontrou o de Nick e foi como se um peso fosse tirado de suas costas. Ela suspirou e fechou os olhos deixando uma lágrima escorrer por seu rosto. Nick se sentiu muito mal por vê-la assim, com tanto medo nos olhos.

- Nick ainda bem! – Grissom disse indo dar um abraço nele. Nick desviou aos olhos dela e recebeu os abraços preocupados de seus amigos.

- como você está? – perguntou Sara.

- estou inteiro. – ele disse voltando a olhar para Catherine que não tinha feito nenhum movimento apenas ficou o encarando. Todos ficaram em silêncio percebendo o clima.

- então vamos voltar ao trabalho, o Nick precisa descansar. – Sara disse arrastando todos para fora da sala.

            Quando a sala estava vazia Catherine desmoronou nos braços dele que a segurou firme. Ela soluçou em seu ombro enquanto suas lagrimas molhavam sua camisa.

- você me prometeu, Nick – ela sussurrou em meio aos soluços.

- eu sei meu amor, me desculpa. – ele disse e esperou para que ela se acalmasse. Os dois ficaram abraçados por um tempo até que ela parou de chorar.

- você está bem? – ela perguntou se afastando só o suficiente para olhá-lo nos olhos. Ela notou um pequeno corte acima da sobrancelha direita, não parecia muito ruim.

- estou. – ele disse segurando seu rosto em suas mãos, secando com o polegar as manchas das lágrimas que escorreram na sua pele branca.

- eu tive tanto medo de te perder, Nick nunca mais... – ele a cortou com um beijo doce, um curativo para todas as aflições da noite. Apenas o toque de suas bocas e o calor dele eram o suficiente para acalmá-la e confortá-la. Ela o abraçou pela cintura e ele colocou as mãos em baixo dos cabelos dela.

            Os dois se separaram rapidamente com o som de alguém limpando a garganta. Eles se viraram para a porta, para ver Ecklie parado encostado ao batente da porta. Ele parecia estar ali há muito tempo, então seria inútil qualquer tipo de desculpa.

- há quanto tempo? – ele perguntou impassível.

- Ecklie não é bem assim. – Nick começou a se explicar.

- Nick não tente mudar o que eu acabei de ver. Há quanto tempo?

- agora não Ecklie! – Catherine disse cansada demais para mais um problema na noite.

- por que eu sou sempre o ultimo a saber das coisas?

- talvez por que você se importe com as coisas erradas, de que importa há quanto tempo? Isso vai mudar alguma coisa? – Nick estava começando a se irritar.

- Nick por favor, vamos embora. – ela pediu puxando sua mão. Ele assentiu e a guiou para fora da sala ignorando Ecklie.