Just Happened escrita por miss little nothing


Capítulo 8
I don't think you know me much at all


Notas iniciais do capítulo

Armaria, nãm que capítulo que não saia. Eu não estava mais aguentando. Acho que é mais complicado para eu me expressar como Kitty 'KKK. Era pra eu ter postado a peça do Grease mais eu quis adiar e fiz outro capitulo. E queria perguntar aonde estão as minha leitoras? Elas sumiram! #bolada! Enfim, espero que gostem.

Capítulo dedicado a: Malu Vila Real, por ter aguentado todas as minhas paranoias sobre a fic.



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– Você tinha que ver Kitty-Cat. Eu acertei cara dele. Mesmo que ele estivesse usando um capacete, eu acertei! Você tinha que ver! – Bobby Surette falava animadamente enquanto me acompanhava no corredor. – E ainda ganhamos o jogo!

Devo confessar que Bobby Surette era até legal. Sua presença era até divertida. Seu jeito bobo e retardado era incrivelmente divertido. Mas ele às vezes me irritava, ele vivia atrás de mim, sempre querendo algo. Ele costumava só a falar e falar e falar e falar e eu ficava calada, escutando. Bem, não tudo.

Durante a festa de Josh Coleman, Bobby conseguiu o que queria durante uma “recaida” minha. Depois que terminei oficialmente com o Jake, me sentia um tanto carente. Já que não poderia escolher mais, acabei ficando com Bobby. Agora ele vivia atras de mim.

– Você é um ótimo jogador, Bobby não sei por que ainda duvida disso. –Falei parando frente ao meu armário.

– Eu duvidava, mas com você me falando isso –Bobby disse cruzando os braços e encostando-se no armário com um olhar bobo – eu acredito...

Sorri falsamente para Bobby e observei seu semblante mudando. De um sorriso bobo, foi se desfazendo lentamente para um olhar de ódio enquanto ele observava alguém andando no corredor. Quando me virei para ver quem era, dei de cara com Ryder Lynn. Ele usava uma camiseta polo vermelha colada exibindo seu corpo atlético. Ele fez um high-five com Sam Evans que passava por ele. Ver Ryder sempre me causava um estranho arrepio na espinha e uma alegria repentina.

Bobby passou, esbarrando-se em mim, em direção a Ryder. Ele tinha um olhar de ódio no rosto. Uma onda de medo passou por mim, mas quando vi que Bobby chegava perto de Ryder, tudo que pensei era em salva-lo.

Corri até Bobby que nessa altura já estava imprensando Ryder contra os armários.

– Bobby, solta ele! – Ordenei severamente.

– Agora não gatinha! – Ele respondeu sem olhar para mim e encarando Ryder com ódio. – Você é um abusadinho de merda mesmo, ein Lynn? – Ele disse cuspindo as palavras.

– Do que você está falando cara? – Perguntou Ryder desesperado tentando se soltar de Bobby.

– Que você é abusado, sua bichinha. – Bobby segurou a camiseta de Ryder com mais força quase o tirando do chão.

– Seja mais claro, por favor. – Ryder respondeu em um tom mais seguro.

– De você, fazendo o time virar campeão e ganhar meu respeito, e horas depois dar em cima da minha irmã! – Ele disse batendo Ryder no armário.

– Bobby – Disse tentando acalma-lo, segurando seus ombros.

– Sua irmã? – Ryder perguntou incrédulo.

– Sim, garotão, minha irmã. Eu falei para mim mesmo: “vamos seguir o conselho da garota de nome do filme do cachorro morto, vamos ser legal com o Lynn” e eu realmente tentei. Por que ela e um doce e...

– Pera – Ryder interrompeu-o – Marley falou com você?

– Sim, ela é muito legal, e eu não vou deixar você trai-la. – e empurrou novamente contra o armário – AINDA COM A MINHA IRMÃ!

– Cara, eu não faço ideia do que você está falando!

– Na verdade, Bobby- falei calmamente – ninguém está.

– AAAAAAAAAARRGH! – Ele gritou jogando Ryder no chão – DA MINHA IRMÃ, LYNN, MARISSA, MINHA DOCE IRMÃ!

– Marissa é sua irmã? – Ryder perguntou surpreso.

Eu também estava. Todos estavam, ninguém sabia que Bobby tinha uma irmã. Bobby andou em direção á Ryder novamente e o segurou pela camiseta novamente.

– Me diga, como foi transar com ela? Hm? Ela é bem gostosa não acha? – Ele sussurrou perto de Ryder.

Eles tinham transado? Espere um momento, Ryder não tinha esse direito! Uma onda de raiva e indignação passou por mim. Senti meu rosto ficar vermelho de raiva.

– Ryder! – Falei alto demais, saindo como um grunhido.

– Eu não fiz nada, absolutamente nada com Marissa, só conversamos.

– Conversaram meu saco! – Então Bobby, em uma forma ágil, deu uma joelhada abaixo da barriga do Ryder, acertando seu “amigo”. – ISSO FOI PELA MINHA IRMÃ! – Ryder caiu no chão gemendo de dor. Quando Bobby foi em cima de Ryder para continuar a bater em Ryder, Jake apareceu do nada e empurrou a cabeça de Bobby no armário, fazendo ele cair no chão.

Alguém na multidão gritou.

– Ryder, levanta! Anda! Kitty me ajuda! – Jake dizia segurando um braço de Ryder com a intensão de levanta-lo. Contra a minha vontade, segurei o braço de Ryder e ajudei a levanta-lo.

Ryder levantou lentamente e conseguimos arrasta-lo dali.

...

Assim que Ryder sentou com dificuldade na maca da sala de enfermaria, a enfermeira saiu depois de entregar um saco de gelo para ele. Jake e eu cruzamos os braços e o encaramos. Ryder olhou para nós com a feição de dor pressionando o saco de gelo onde Bobby tinha dado a joelhada.

– O que foi agora?

– Você traiu a Marley cara, e isso não é legal! – Jake disse deixando a raiva aparecer em seu tom de voz – Eu sei que fui um idiota, e que não deveria ter contado àquilo de você para toda a escola, mas agora, ameaçar a Kitty e trair a Marley? Você perdeu sua cabeça?

– Eu não trai a Marley. – Ryder disse ainda sentindo muita dor. Ele estava com as pernas cruzadas e com as mãos sobre sua calça, apertando seu amigo ferido – Seguinte: Conheci Marisa no jogo, depois fomos á festa e ai dançamos e tudo mais, ai ela começou a passar mal e pediu para eu leva-la em casa. Eu deixei ela em casa e depois fui para a minha, só isso! Juro!

– Você esta encrencado, Lynn.

– Muito! – Falei por fim, dando um tapa no ombro de Ryder - Por que foi dar bola para aquela barbie esquelética?

– Ah, qual é Kitty? Supere isso, você está do lado do seu namorado.- Ryder disse frisando a palavra “namorado”.

Jake me encarou e desviou o olhar.

Ex-namorado. – Jake disse sem emoção cruzando os braços novamente.

Vi um brilho esperançoso nos olhos de Ryder. Ele ainda tinha sentimentos por mim. Uma alegria repentina pairou em meu âmago, mas contive o sorriso que ameaçava aparecer.

– Mas mesmo assim, teve sorte de Kitty pedir para eu ficar de olho em você. – Jake disse ficando de costas para Ryder e encarando a janela da sala de Enfermaria – Mesmo que eu ainda não goste de você.

– Obrigada Jake – disse suavemente, colocando as mãos no ombro de Jake. Ele sorriu torto e voltou à encarar a janela. Ryder tentou argumentar algo, mas Marley Rose entrou na sala com uma cara de desespero. Ela me viu e viu Jake e ficou tensa.

– Não vou ficar de vela aqui. Não para esses dois. – Disse com desdém, caminhando para fora da sala. Jake não disse nada, apenas me seguiu.

Assim que passei pela porta, vi uma garota loira de olhos azuis, um pouco mais alta que eu (quem não é mais alta que a Becca?) encostava-se à parede, como se estivesse decidindo se entraria ou não. A pureza no olhar da garota eu via no olhar de Bobby. Aquela era, definitivamente, Marissa Surette. Olhei para ela com desdém e sorri malignamente.

– Ele está com a garota que se acha namorada dele. – Disse encarando seus olhos, mesmo sendo mais baixa, ainda fazia ela se encolher. Eu tinha poder nessa escola. – Se eu fosse você, sumia o mais rápido possível. Você não é capaz de competir comigo e logo quando essa viadagem de “Ryley” – fiz as aspas com os dedos - acabar, Ryder será meu. – Divulguei com empáfia colocando as mãos na cintura.

Encarava a garota na minha frente surpresa comigo mesma por tal fala. Ela estava com assustada. Quinn Fabray que se cuide, Kitty Wilde está mais próxima do trono de rainha do que você pensa. Marissa se endireitou, levantou o rosto e me sumiu no corredor, deixando Jake impressionado e eu, satisfeita.

– O que dizem é verdade, as baixinhas dão mais medo.

– Calado, três mamilos.

– Não fiz nada. – Ele levantou as mãos em rendição e se aproximou de mim, me envolvendo em seus braços – vamos gnoma, temos alguns ensaios ainda para participar. – E assim, ele me arrastou para o Auditório.

Mesmo com o nosso termino, Jake e eu éramos melhores amigos. A presença dele era importante para mim e como sempre disse, gostava de Jake como se ele fosse meu irmão.

...

– OK, Aguente firme – Tina falava enquanto tentava soltar os pontos, da roupa de Marley – prenda a respiração.

– Eu estou! – Marley respondeu estufando os seios prendendo mais ainda a respiração. - Eu não sei o que está acontecendo! Elas entraram ontem.

– Talvez seja por que você está inchando. – Tina endireitou-se por um segundo e encarou Marley, estreitando os olhos - Você está grávida ?

– O que?! NÃO! – Marley respondeu imediatamente com um pouco de desespero na voz.

– Estou só brincando, calma. – Tina respondeu sorrindo. – Você está inchando por causa do estresse, fico assim toda hora.

Eu observava tudo de longe só sorrindo da cara de preocupação de Marley. Com a chegada de Maio, todos estavam loucos para terminarem tudo para a peça do Grease que seria no inicio de Junho. Tina era a que estava mais desesperada, cuidando de todos os figurinos e ainda aprendendo suas falas. Deus sabe quantas vezes ela me ligava desesperada pedindo ajuda.

Brittany e Sugar chegaram a Tina e a chamaram como um coro. Tina olhou para elas e viu que as roupas - que ela mesma fez - estavam perfeitas.

– Estão lindas. – Tina disse sorrindo.

– Adorei – Brittany disse passando a mão em sua roupa – prometo que não mijarei nela.

Todos encararam a Brittany com cara de “wtf?”. Também, como Brittany falava as coisas tão sem nexo? Aproximei-me das meninas e disse alto e claro:

– Estou aqui para provar minha roupa. Onde está minha japonesa harajuku? – Zombei com Tina que sorria alegremente a me ver.

Tina e eu viramos amigas desde o primeiro segundo que pisei no McKinley. Ela era uma das poucas pessoas que conheciam a verdadeira Kitty Wilde.

– Achei que tinha desistido por que seu papel é pequeno. – Sugar disse distraidamente. Ultimamente temos trocados algumas alfinetadas.

– Bem, nariz de tucano, como Shakespeare disse “Não existem papéis pequenos, apenas atrizes gordas”. – Marley olhou para mim um tanto desesperada – eu disse “gorda”? Desculpe. Estava distraída com o infeliz e visível ganho de peso da Marley. – Sugar e Brittany reviraram os olhos e saíram - Estou confusa, você está fazendo o papel principal em Grease ou em Hairspray?

– Eu não estou comendo nada diferente – disse Marley tentando se defender – não sei como isso foi acontecer.

Sexta-feira antes do jogo, eu fiz uma visita ao Auditório e sem querer, acabei apertando todas as roupas de Marley, oops, I did it again...

– Eu não acredito muito em ciência, mas acho que você está começando a ficar com o seu tamanho natural. – Falei aproximando-me de Marley e colocando a mão em seu ombro - E bem, eu entrei para a peça para poder achar mais amigos, os de verdade. Por isso, estou programando uma Noite do Pijama.

Assim que soltei a ideia estúpida que tinha em mente, todas as garotas olhavam para mim animadas.

– Como? Noite do pijama? - Perguntou Sugar animando-se mais que as outras.

– Sim – respondi com um sorriso falso – amanhã à noite, na minha casa. Apenas garotas.

– Eu posso ir? – Wade/Unique/seja lá os outros nomes que ele tenha perguntou.

Marley virou-se bruscamente para mim, olhando em meus olhos.

– Eu não vou se a Unique não for convidada.

Suspirei lentamente e revirei os olhos.

– Por favor... –Sugar suplicou.

– O travesti pode ir – disse sem animação, Unique começou a comemorar – Mas... Se eu te pegar escondendo seu pinto entre as pernas e Saltitando como em “O Silêncio dos Inocentes”, está fora! – Disse autoritariamente. Unique sorriu falsamente para mim e retribui o sorriso.

...

Terça-feira à tarde, Marley Rose toca minha campainha. Havia mandando sms para todas avisando meu endereço. Assim que desci as escadas, andei até a porta e encontrei uma Marley com uma blusa folgada branca e um short jeans.

– Olá Kitty. – Ela disse suavemente.

Esbocei um leve sorriso.

– Oi Marley. Entre, vamos! – Disse segurando a mão de Marley e puxando-a para dentro da mansão – ainda temos pipocas para estourar, chocolates para fazer, várias coisas!

Marley encarava tudo na minha casa. Isso só fazia confirmar minha teoria de que Marley era pobre. Assim que chegamos à cozinha, corri para o armário para tirar o milho de pipoca.

– Kitty, eu vim um pouco mais cedo por que queria conversar com você... – Marley começou timidamente sentando-se no banco próximo a bancada me observando despejar o óleo na panela – quero lhe pedir desculpas... – disse baixinho enquanto entrelaçava seus dedos.

– Pelo que?

– Por... hm... pelo Jake. – Disse por fim suspirando e me olhando tristemente.

– Eu não quero falar sobre isso Marley – disse decididamente voltando minha atenção ao que estava fazendo.

– Mas eu tenho que falar. Preciso. Me desculpe por ter ficado com Jake todas aquelas vezes. Eu acho você incrível Kitty e eu nunca quis travar uma guerra com você. E agora que... Estou com o Ryder, eu nunca mais fiquei com o Jake.

Ela tinha que falar do Ryder, tinha. Tentei me controlar para não voar no pescoço da Marley e suspirei, observando-a.

– O que você quer, Marley?

– Que sejamos amigas. E que não inimigas... Por favor... – Marley me encarou com seus grandes olhos azuis tristonhos.

– Você não aguenta ter guerra com alguém, certo?

– Não - Ela balançou a cabeça tristonha e abaixou o olhar.

– Bem – fiz uma pausa significativa pensando. Por que não dar uma chance à Marley? Assim era mais fácil de fazê-la sofrer. Assim que Ryder voltasse para mim, ela iria ver como é feio ficar com o homem das outras. - Vamos então virar a página, certo? – sorri levemente.

Marley sorriu para mim e se levantou, andando em minha direção. Senti seus braços ao meu redor. Marley encostou seu queixo em minha testa. Era incrível como todos gostavam de demosntrar que eram mais altos que eu. Por alguns segundos, envolvi meu braço em sua cintura e a apertei contra meu corpo. Sim, eu estava abraçando Marley Rose.

– Atrapalho alguma coisa? – Escutei a voz de meu pai soando pela cozinha.

– Pai! – Exclamei soltando Marley rapidamente e voltando minha atenção para a pipoca no fogão.

Oliver Wilde era um cara de cabelos grizalhos bem arrumados que ensistia em usar um sueter e gravata. Meu pai ainda tinha seu corpo atlético por que foi, por muitos anos, jogador de basquete. Ele sempre gostava de envergonhar eu e meus irmãos na frente de nossos amigos.

– O que? Nada contra o seu relacionamento com essa garota adorável. – Ele sorriu ao olhar para Marley que estava vermelha como um pimentão – o problema mesmo vai ser a sua mãe.

– Pai – adverti severamente – eu sou hetero. Marley é só uma amiga.

– É assim que começa. Daqui um dia vocês vão estar andando de mãos dadas, depois vem o beijo e ai vocês vão pra cama...

– PAI! – Exaltei. Soltei um longo suspiro, andei até ele e o virei pelos ombros - o senhor tem que viajar papi, não quer chegar atrasado no aeroporto, né?

– Já entendi, querem privacidade né? OK, estou saindo... – Ele ergueu as mãos em rendição e deixou o cômodo. Suspirei e voltei para o fogão observando a feição engraçada de Marley.

– Relaxa, foi assim com a Tina também. Ele sempre acha que alguém que vem aqui pode ser um futuro para mim. – Falei como quem não quer nada, tirando a pipoca da panela e colocando-a na bacia. – Imagino que ele ira pensar que será uma orgia dentro do meu quarto quando os outros chegarem.

Marley riu nervosamente.

– Ele é legal. – Ela disse por fim.

– Ele tem seus momentos de estresse, mas costuma ser um piadista horrível.

– Como assim?

– O trocadilho do pavê sabe? É a que ele mais gosta de contar. – Marley soltou uma risada alta me fazendo rir também. – Vem me ajudar aqui.

Marley se levantou novamente do balcão e me ajudou a preparar as coisas.

Depois que terminamos de arrumar todas as coisas, levamos tudo para meu quarto que ficava no primeiro andar. As paredes do meu quarto eram rosa e tinha um papel de parede com flores nele. Marley sentou-se na cadeira que ficava de frente para a escrivaninha. Eu costumava a ser uma pessoa bastante organizada, somente Jake conseguia ganhar de mim. Uma musica agradável saia da caixa de som. Eu estava deitada na cama olhando para o teto. De repente, Marley se levantou e andou até mim.

– Kitty, você pode me fazer um favor?

– Depende... – Levantei meu olhar ao seu rosto que parecia que gritava “por favor”.

– Faça as pazes com o Ryder.

Aquilo me pegou desprevenida. Sentei-me na cama enquanto encarava ela chocada.

– O... O que?

– Kitty, Ryder gosta muito de você e... Eu sei que você gosta dele também. – Como Marley sabia disso? Ryder deve ter contado tudo a ela. Vadio... – Vocês são amigos, certo?

Marley pensava que gostávamos um do outro como amigos. Ela não tinha conhecimento do nosso "casinho". Menos mal, assim seria melhor para jogar tudo na cara dela.

– Sim... – Respondi de uma forma monótona. Marley se sentou na minha frente sorrindo.

– E você não quer a amizade dele de volta? É só você conversar com ele.

– Marley, ele nem olha pra mim direito.

– Mas também, pra que você foi fazer aquilo com ele? – Ela seriamente logo relaxando sua expressão a ver a minha. – Desculpe... Mas você vai ter que fazer algo se quiser tem que ser grande.

Marley estava certa. A única duvida que pairava em minha mente era: por que ela queria que eu e Ryder nos acertássemos? Afinal, eu nunca fui amiga dela. Ela sabia que eu a odiava. Por que esse gesto tão... Do nada? Talvez ela tenha conversado algo a respeito disso com Ryder depois que eu os deixei na enfermaria.

Marley suspirou e resmungou alguma coisa sobre Ryder estar no Glee Club e andou até minha escrivaninha. Eu não estava prestando muita atenção no que ela falava, estava pensando no que faria em relação a Ryder.

...

Na manhã seguinte, todas nós (e Unique) fomos para a escola juntas. Eu até poderia me acostumar com a presença deles. Eu me sentia quase feliz. Avistei Ryder no corredor. Ele estava com o casaco do Titãs e uma camiseta azul. O cabelo do Ryder estava um pouco maior, o que fazia ele lembrar mais ainda do antigo Bieber.

– Eu volto já. – Disse tocando levemente o braço de Marley que estava ao meu lado.

– Tudo bem. – Ela respondeu e voltou sua atenção para algo que Wade contava.

Andei até Ryder – que estava em seu armário - segurando meu fichário e com um sorriso no rosto.

– Bom dia. – Disse calmamente. Ryder se virou para mim e sorriu levemente.

– Oi.

– Tem como a gente conversar? Eu meio que... – Um garoto do time passou e cumprimentou Ryder. Ele falou com o garoto e voltou sua atenção para mim. – Eu meio que... – outra pessoa falou com ele. Respirei fundo e tentei manter a calma. Ryder olhou para mim novamente – Quero me desculpar pelo... – Outro garoto falou com ele e ele respondeu – puta que pariu, você consegue ser insuportável com a sua popularidade, Lynn. – reclamei me exaltando.

– E você é muito nervosa. – Ele disse sorrindo enquanto arremessava um livro dentro da mochila.

– Eu só quero sair com você para me desculpar... Formalmente.

– Eu não posso, Kitty. Depois de tudo que aconteceu eu... – Ele suspirou desviando seu olhar para o chão – eu não posso. Desculpe.

Ryder fechou seu armário, virou-se e sumiu no corredor. Ele acha que isso vai ficar assim? Eu não desisto fácil do que eu quero. Peguei meu celular no fichário e disquei um numero. Assim que sua voz meio rouca preencheu o silencio anunciei:

– Preciso de sua ajuda hoje no Glee Club.

...

Quando entrei na sala do Glee Club, avistei Ryder sentado na fileira de baixo, ao lado de Marley. Suspirei e entrei na sala, sentando-me ao lado de Jake. O Sr. Schue entrou e começou a falar sobre as Nacionais que seriam depois das férias de Julho. Assim que ele terminou de falar, levantei a mão.

– Kitty?

– Sr. Schue, posso cantar uma coisa? – Perguntei em um tom baixo recebendo o olhar curioso de todos.

– Claro Kitty. - Ele andou até o canto da sala e sentou-se em uma das cadeiras. Levantei sendo seguida por Jake. Todos nos encavam, chocados. Algumas palmas foram escutadas. Pegamos dois bancos e colocamos no meio da sala. Jake foi até a banda e pegou um violão. Sentei-me em um banco e Jake e em outro.

– Quero dedicar essa musica à Ryder Lynn. Uma forma de pedido de desculpas vindo de Jake e de mim. - Mais algumas palmas.

(Essa não é a musica original mas eu adorei esse cover e acho que se encaixaria perfeitamente com a ocasião. http://www.youtube.com/watch?v=4C9WEUJpYWE)

Jake começou a tocar no violão a musica. Marley sorria para mim me encorajando. Puxei o ar para o meu pulmão e comecei olhando para Jake:

Who are we to be emotional?

Who are we to play with hearts

And throw away it all?

Who are we to turn each others heads?

Who are we to find ourselves in other people's beds?

Por um segundo vacilei e não resisti. Olhei para Ryder. Ele estava com os braços cruzados e me encarando, sem expressão alguma.

Oh, I don't like the way I never listen to myself

I feel like I'm on fire, I'm too shy to cry for help

Oh, I don't think you know me much at all…

Sustentei a ultima nota e voltei a olhar para Jake. Ele olhou para mim e sorriu levemente, começando a tocar o refrão. Olhei para Ryder e continuei:

This love is be and end all

This love will be your downfall

This love is be and end all

This love will be your downfall

Respirei um pouco e continuei sustentando o olhar de Ryder que pairava sobre mim.

I'm feeling down about this…

Who are you to make me feel so good?

Sorri levemente.

Who are we to tell ourselves that we're misunderstood?

Oh who am I to say I'm always yours?

Who am I to choose the boy that everyone adores?

Nesse momento, todos sorriram, até mesmo Ryder. Ele me encarou novamente, com um leve sorriso no rosto. Nós nos olhávamos fixamente. Todos balançavam seus corpos ao ritmo ditado pelo violão enquanto eu e Ryder nos olhávamos.

I don't see a reason why we can't just be apart

Now we're falling on each other like we're always in the dark

I don't think you warned me much at all…

Ryder voltou a ficar sério e não desgrudava seu olhar de mim, nem por um segundo, nem mesmo quando Marley colocou uma de suas mãos e seu ombro.

This love is be and end all

This love will be your downfall

This love is be and end all

This love will be your downfall

This love is be and end all

This love will be your downfall

This love is not what you want

This heart will never be yours

This love is be and end all

This love will be your downfall

Houve uma pausa da minha parte e encarei o chão, desviando o olhar tão intenso de Ryder. Jake continuou tocando. Jake tocou uma nota e sustentou-a enquanto eu continuava o final:

This love is not what you want

This heart will never be yours

Jake voltou a tocar novamente me acompanhando. Fechei os olhos e tentei concentrar no final

This love is be and end all

This love will be your downfall…

Jake deixou soar a ultima nota para terminar a musica. Todos aplaudiram a nós. Jake desceu do banco e me abraçou sorrindo. Eu expliquei para ele que iria cantar para o Ryder e mesmo sendo de má vontade ele aceitou me ajudar.

Aquela musica seria perfeita por que era praticamente tudo que eu sentia em relação a Ryder no momento: que mesmo tendo sentimentos por ele e ele por mim, esse “amor” seria a queda dele.

Assim que todos voltaram para seu lugar, o Sr. Schue nos parabenizou e continuou com sua aula. Minutos depois senti meu celular vibrando. Uma nova mensagem tinha chegado.

Breadsticks. Depois da aula. - Ryder.

...

Assim que me arrumei na cadeira, avistei Ryder entrando no restaurante. Deus, como eu ODIAVA aquele lugar. Eu ainda estava com a roupa das Cheerios e Ryder com o casaco do time. Ele andou até a mesa onde eu estava e se sentou ao meu lado com um sorriso no rosto.

– Oi. – Ele disse baixinho, arrumando o casaco.

– Oi... – Respondi no mesmo tom.

Um garçom chegou para atender nosso pedido. Chegamos à conclusão que macarronada seria uma boa coisa para se comer naquela noite. Mais alguns minutos de silêncio. Ryder queria saber por que eu tinha chamado ele para sair, mas não ia perguntar diretamente. Ele então abriu a boca e começou de uma forma insegura:

– Fiquei meio que surpreso quando você fez aquilo no Glee Club. E ainda pra mim já que você cantou com o seu namorado e tudo mais.

– Achei que já tínhamos resolvido isso Ryder, ex-namorado. – Ele me encarou, esperando que eu fosse mais clara – eu briguei com ele naquele domingo e terminamos depois que ele contou sobre... aquilo para toda a escola. – Ryder sorriu levemente e apoiou as mãos sob a mesa. – Convenhamos, Jake é muito gostoso e atencioso, mas ele às vezes me estressa com toda sua proteção, como ele se acha o badboy e seus dias de TPM. – Disse tentando soar séria e consegui arrancar uma breve risada de Ryder.

O garçom chega com o nosso pedido e deixa sobre a mesa. Assim que ele saiu, Ryder me encarou e eu sorri novamente.

– Eu não sei porque tenho azar com caras. – Ryder me olhou confuso e continuei – provavelmente, porque me sinto confiante e finjo ser uma vadia, e depois, congelo e fico distante e começo a dizer coisas estranhas sabe? Tipo dizer que minha vagina tem dentes. – Ryder ia levar o garfo na boca mas desistiu ao escutar. – Mas, eu não vim pra cá para falar sobre o que eu tenho no meu útero.

Ryder me encarou de um jeito engraçado e eu acabei percebendo que eu tinha que ir logo ao ponto.

– Chamei por que eu percebi a burrada que eu fiz ao contar aquilo para o Jake. As vezes eu costumo fazer sempre as coisas erradas e fazer tudo sem pensar por isso, quero recompensá-lo. – Ryder colocou as mãos em suas coxas e me encarou em silencio. A parte boa de conversar com Ryder era que ele não te atrapalhava em nenhum segundo se quer como Bobby, Jake, Artie e todos os outros faziam. Ryder me escutava.

– Sobre o que você me contou sobre a Stacy... Pode parecer que ninguém te entenda pelo o que você passou, mas... Eu entendo. – Disse finalmente suspirando. Ryder me encarou pedindo mais explicações – Primeiramente quero que saiba que você foi muito corajoso em me contar. Eu queria ter sido como você foi...

Naquele momento, Ryder parecia ter entendido o que eu tentava dizer.

– Espere, você está tentando me dizer que... – Ele não terminou. Eu arrumei a saia da minha roupa das cheerios e respirei fundo, controlando minha respiração.

– Foi o... Irmão mais velho da minha amiga Julie. Eu estava na sexta série. Numa noite, Julie deu uma festa do pijama, e no meio da noite... Ele desceu até o porão, e... – Eu parei um pouco desviando meu olhar do Ryder. Eu sacudia minhas pernas nervosamente, segurando as lágrimas que ameaçavam descer. Encarei Ryder respirei fundo – Foi até meu saco de dormir. No início, pensei que fosse uma brincadeira. Não sabia o que estava acontecendo. – Ryder me encarava inconformado com o que eu estava dizendo – Mas então ele começou... – Eu parei e segurei a vontade de chorar mais uma vez – a fazer isso em outros lugares.

Eu não conseguia encarar Ryder. Era muito doloroso para mim. Ele continuava me encarando, esperando para eu continuar.

– Pela manhã, fui para casa sem me despedir e não pude contar para meus pais por um tempo. Fiquei com medo de desapontá-los ou coisa do tipo. Então quando eu contei, ficaram bastante confusos... Eles não entenderam o motivo de eu ter esperado tanto para contar sobre aquilo. Ai a minha mãe ligou para os pais dele,e tudo que pude ouvi-la dizer era: o quão bom garoto ele era e como ela não sabia como algo assim poderia acontecer. E então, Julie parou de falar comigo e contou para todos da escola que eu estava espalhando rumores sobre o irmão dela. E depois pediu para que meus amigos que parassem de falar comigo.

– Kitty eu...

– Menos o Artie por que ele era e ainda é o meu melhor amigo e nunca deu as costas pra mim. – Interrompi Ryder para continuar. Agora que tinha começado, eu não iria parar – Então, eu e ele decidimos que seria mais fácil trocar de escola. Para que todo esse bullying parasse. E então nós trocamos. Depois disso, eu passei a me blindar. Me comportar como uma vadia e não me importar com o sentimento dos outros, assim, no final, eu ficaria protegida. Pena que meu plano não se aplicou com você. - Ryder me encarou esperançoso - Ao te magoar, eu magoei a mim mesma e é por isso Ryder, que do fundo do meu coração, eu peço suas desculpas. Eu entendo como é ter algo que acontece com você e sentir-se como se ninguém fosse entender. Que você estivesse sozinho no mundo. Acho que só queria que soubesse que... Você não está sozinho. – Eu olhei para ele e sustentei seu olhar – eu te entendo.

Suspirei finalmente deixando toda a melancolia sair. Ryder apenas segurou minha mão sobre a mesa e a apertou com carinho. Naquele momento eu me lembrei do quão bom era ter Ryder segurando minha mão.

– Eu te desculpo Kitty... – Ele disse por fim, olhando em meus olhos. – Obrigado.


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Notas finais do capítulo

É isso ai. E esse final? SOS! Comentem o que acharam, dando ideias, pedidos, tirando dúvidas. Estou à ouvidos. Até o próximo, pessoinhas.
Pitada de: This Love (Will be your Downfall) da Ellie Goulding.