Mello jamais se sentira tão confuso.

Para começar, o homem a sua frente era extremamente parecido com o Lorde, os mesmos cabelos negros desgrenhados, a mesma postura desleixada. Seria muito fácil um passar pelo outro, não fossem os orbes, os de B mostravam um tom estranho de vermelho. Os olhos não e eram na verdade o único fato que no momento diferenciavam os dois, além de Matt ter anunciado que o presente no momento era Beyond, este possuía uma expressão maníaca, expressada pelo o olhar penetrante. L não possuía isso. Na maior parte do tempo.

Dentre tanta confusão, o príncipe poderia concluir algo, Beyond Birthday era extremamente assustador. Não, assustador era pouco. Ele era... Complexo. Ao mesmo tempo exalava uma aura inocente e psicótica, como se fosse matar alguém e depois perguntar o porquê do céu ser azul e não vermelho. Mihael seria capaz de ficar horas a fio tentando entender o homem, mas ele sentia que precisava sair de ali o mais rápido possível. Diferente de Matt, ele não estava nem um pouco a vontade, e precisava avisar alguém sobre a horripilante figura que estava na propriedade.

Avisar? Desde quando o príncipe Mihael precisava de ajuda para resolver seus problemas? Se não conseguisse utilizar a força, ele poderia usar a inteligência de que tanto se orgulhava! Ele poderia utilizar tanto Beyond Birthday quanto Matt para vencer Near. Ele só precisava de uma ideia.

Mas sua mente aparentava tê-lo abandonado.

—V-vocês devem se retirar. S-são uma ameaça ao povo de Wessex. — Mello tentava pensar enquanto as palavras saíam sem controle de sua boca. Ele precisava dar um jeito de afastar a estranha dupla de seu reino, ou ao menos usar a presença de B.B ao seu favor.

—Perdoe-me, garoto. — Beyond se aproxima do loiro, se arrastando de uma maneira tétrica. — Ninguém me diz oque fazer.

Ele sentiu o pânico invadindo-o. Seus olhos buscavam desesperados uma saída, suas mãos tremiam descontroladas, e ao ver isso Beyond Birthday pendeu a cabeça para um lado sem entender.

— Hum, Matt, eu acho que seu amigo está passando mal.— B diz, com uma voz tão confusa quanto sua expressão.

— Claro que está. Tinha necessidade de matar esse homem aí?— o ruivo respondeu, apontando para o infeliz guarda da masmorra. Aparentemente, ele havia ficado tão incomodado quanto Mello ao ver o morto.

A visão do príncipe estava ficando turva. Seu raciocínio parou de procurar uma saída para situação. Ele olhou uma última vez, com dificuldade, para Matt e Beyond antes de desmaiar.

~.~

Árvores. Mello via árvores. Porque ele estava vendo árvores?

O loiro acabara de abrir os olhos com dificuldade, e não conseguia descobrir onde estava. Ele estava se locomovendo, embora não mexesse realmente seu corpo. Ao olhar para ele percebeu que estava nos ombros de alguém. O príncipe estremeceu ao perceber quem o carregava.

—Acordou? — a voz familiar chegou aos ouvidos de Mello. Ele foi colocado no chão sem o menor cuidado.

—...

— Você deve estar se perguntando o porquê de estar aqui, não? — Matt disse, sorrindo. Mihael estava ainda mais confuso do que nunca.

— Como você me carregou, maldito? — ele respondeu, com certa raiva na voz.

— Sou mais forte do que aparento. E você é mais pesado do que aparenta.

Mello cerrou os punhos com força, e lançou um olhar mortal para o ruivo.

— E porque diabos eu estou aqui?

— Hum, Beyond disse que você sabia demais. Ele queria te matar, mas eu o convenci a trazê-lo conosco.

O príncipe se surpreendeu com a resposta. Ele poderia ter morrido, mas na verdade foi salvo pelo bastardo daquele ruivo incrivelmente idiota. Porque era isso que Matt era, um completo imbecil. Um imbecil completamente estranho e imprevisível, exatamente o tipo de pessoa que Mello odiava.

—Eu não pedi sua ajuda.

— E quem disse que eu te ajudei? Eu só estava te devolvendo oque me fez passar. Além daquela maldita fétida masmorra, você se aproveitou da situação em que eu me encontrava para ficar a frente nessa estúpida competição que você tem com seu irmão. — o garoto sorriu, um sorriso tão maníaco quanto o de seu mestre. Mas não ele não parecia dizer a verdade.

— Certo... E onde está aquele cara bizarro?

— Bizarro? Você quer dizer assustador, não? Não minta, você desmaiou só de vê-lo!

— Então não minta dizendo que o impediu de me matar só porque queria se vingar!

Os dois ficaram em silêncio e encararam-se. Até que Matt suspirou e disse:

— Beyond foi ver o irmão dele, eles não se encontram há anos. Você sabe, o lorde Lawliet?

— Irmãos? — o loiro respondeu surpreso. A semelhança entre os dois era realmente grande, então provavelmente era verdade.

— Sim. E provavelmente mais algum problema para B. Ele sempre briga com alguém.

—Não duvido. Hum, onde eu estou exatamente?

O sorriso de Matt volta a seu rosto com uma rapidez absurda, fazendo Mello recuar alguns passos para longe do outro.

— Digamos que perto.

— O quão perto do castelo, bastardo?

— O suficiente. Agora, se quiser voltar, eu posso muito bem ir lá buscar o seu irmão.

A mente do príncipe começava a funcionar a seu favor. Os dois forasteiros, Matt e Beyond, realmente poderiam ser usados para vencer Near. O ruivo usaria sua competição com o irmão para fazê-lo ficar, enquanto na verdade Mello não faria nenhuma menção de fugir.

— Ah, por favor. Porque eu fugiria? E o que acha que traria meu irmão aqui?

Matt se aproxima do loiro, com o sorriso tão suspeito ainda estampado na face.

— Para te irritar, não é óbvio? Garanto que vai querer fugir quando eu começar.

O que era mais estranho, o sorriso de Matt ou a cara incrédula de Mello?

~.~

Beyond Birthday caminhava pelos corredores, seguindo sem rumo pelos caminhos desconhecidos. Ele estava em busca de seu irmão, mas após ponderar um pouco havia concluído ser impossível acha-lo sozinho, a menos que tivesse muita sorte. Era uma chance em trezentas de abrir uma porta qualquer e encontrar quem procurava.

— Parece que vou ter que voltar outro dia. Humpf, tomara que aquele príncipe valha o desperdício.

—Lorde Lawliet? — B ouviu uma vozinha esganiçada e alegre chamando seu irmão. Ele tombou a cabeça para um lado de maneira infantil, como tinha costume de fazer às vezes, e olhou a dona da voz. Ao fazer isso, porém, seu cabelo cobriu parcialmente seus olhos, a única parte do corpo que o diferenciava do irmão. — Ah, eu te encontrei! Queria muito falar com você!

A princesa Misa não sabia que a cada passo que dava para mais perto do homem se aproximava de sua possível morte.