Despertei ao perceber que a luz do sol havia invadido o quarto por completo . Tentei abrir os olhos , mas a claridade os fez arder por uma ultima vez antes que eu pudesse os abrir . Com os olhos parcialmente abertos eu apenas conseguia observar serenamente os raios de sol que saiam da janela , iluminando o cômodo por completo .

Sorri ao perceber que estava feliz . Não sei explicar ao certo o que senti , ao perceber que os braços de Nathan estavam ao meu redor . Para mim era uma sensação um tanto desconhecida e ao mesmo tempo levemente familiar . Provocando sensações indecifráveis , porém extremamente doces ... uma sensação próxima a luxúria ... um pecado que eu nunca nem pensara em cometer . Se eu pudesse rotula-lo ... propriamente dizendo ... eu o chamaria de prazer .

Um prazer intenso que aos poucos , ia despertando cada parte do meu corpo , fazendo-me sentir cada vez mais viva . Uma sensação um tanto adocicada que me causava arrepios e me fazia querer sorrir . Uma sensação arrebatadora que me gritava aos ouvidos , para que eu me entregasse de corpo e alma ... com os olhos fechados ... apenas para que meu corpo pudesse explorar então , muito mais deste doce pecado .

O que seria então se eu não pudesse o chamar de pecado ? Talvez uma tentação ... apesar de não conseguir colocar tremenda tentação em pensamentos sujos ... não consigo vê-lo como algo divino ou santo . Não que eu seja uma cristã , prontamente crente apenas esperando para o dia em que entregarei meu corpo a cristo e me tornarei uma freira ... e pelo o que soube em todos os meus anos na igreja ... o prazer não é considerado um pecado em si ... mas a consumação da carne sim ... a luxúria e juntamente a perdição .

Permiti que meu corpo ficasse em silêncio , apenas para que aquele doce momento se prolongasse , não apenas pelo doce prazer que percorria meu corpo e quem sabe as minhas veias ... Mas pela a segurança que aqueles braços também provocavam . Porque eu sabia que eles estavam ali para mim ... esperando-me a qualquer momento em que eu precisar ... mas irá ser assim eternamente ? Será que em algum dia eu olharei para trás e me arrependerei das escolhas que pretendo fazer ? ... Queria Deus que não ! Eu não poderia me perdoar se isso acontecesse .

Sentir a respiração tranquila de Nathan contra a minha pele , me deixava mais calma e aquietava os meus pensamentos . Claro que minha consciência a todo momento me alertava que permanecer ali era mais do que um perigo mortal ... mas eu sabia que nem todas as vezes a minha cabeça está certa ... As vezes nos preocupamos dimais e nos privamos dos prazeres da vida porque tememos as consequências ... será que ao menos uma vez não poderíamos não nos importar com o " se" ?

Nathan me pressionou mais contra o seu corpo e naquele momento eu soube que ele também estava acordado .Mas nenhum de nós dois pretendia desistir daquele momento . Nenhum de nós dois pretendíamos abrir mão da prazerosa sensação que aquele simples abraço - falando de maneira apropriada - estava provocando . Por que ? ... Porque compreendemos os sentimentos um do outro ... porque sentimos absolutamente a mesma coisa . Eu não diria que é apenas o desejo da carne fraca ... eu diria que é algo muito mais profundo e grandioso ... é amor . Sim ... talvez isso seja o amor ... o amor que apenas encontramos uma vez na vida .

Eu sabia muito bem , que ele podia perceber que eu estava acordada . Provavelmente estava estudando cada detalhe minucioso de minhas expressões para entender o meu comportamento . Mas acho que no fundo ele sabe ... sabe exatamente por que ajo como ele . Eu sabia que em algum momento teríamos que nos mover ... apenas não sabia quem seria o responsável por dar o primeiro passo . No momento em que um de nós abrisse a boca ou fizesse um movimento mais brusco ... o encanto estaria quebrado ... e nenhum de nós queria isso .

– Bom dia - eu disse por fim me cansando do silêncio . Fingi me espreguiçar como se aquilo simbolizasse que eu havia acabado de acordar .

– Bom dia - disse ele se sentando com as costas , apoiadas a parede . Imitei seu gesto , então me colocando ao seu lado . Sua expressão era relaxada e ele parecia apreciar o momento , mesmo após a minha quebra de silêncio .

– Dormiu bem ? - A minha pergunta fora praticamente involuntária . Porque nem a mim , nem o meu corpo tínhamos certeza de que queríamos iniciar uma conversação .

– Muito bem - disse ele olhando para mim e sorrindo . Seus olhos cintilaram contra um dos raios de sol , provocando um tom mais claro e um tanto esverdeado ... mas eu diria que era um quase azul . E de repente eu me peguei paralisada apenas observando a perfeição a minha frente . - E você ... teve outro pesadelo ? - disse ele me despertando de minha clara hipnose .

– Não ... desde que entrei aqui eu me senti segura . - Após já ter completado a frase , que eu então pude perceber os amplos sentidos que ela poderia ser levada . Mas ela simplesmente pulou de minha boca , como se eu sequer conseguisse mentir ou me calar para ele .

– Quero que sempre se sinta segura ao meu lado - Disse ele quase como em um sussurro . Sua voz , apesar de soar baixa e estar distante , esta pareceu-se extremamente próxima aos meus ouvidos atiçando novas sensações em meu corpo ... sensações intrigantes e completamente indescritíveis .

– Perfeito ... pois é exatamente como eu me sinto . - Eu estava encantada com a perfeição do momento , então a minha voz soara como um doce sussurro apaixonado e então um silêncio foi posto entre nós .

Pude vê-lo se aproximar após longos segundos e senti meu corpo se tensionar em nervosismo . Eu sabia o que viria em seguida , mas eu simplesmente não conseguia me mover ... não conseguia ... e não queria . Ele estava cada vez mais próximo e eu sabia que a decisão estava apenas em minhas mãos . Eu podia me deixar ser beijada , ou podia sair correndo por esta porta e me trancar em meu quarto . Mas nós duas sabíamos que eu preferia a primeira opção . Quando digo nós duas me refiro ao meu corpo e a minha consciência , que estão sempre em lados opostos .

Eu não sabia ao certo como ele reagiria mas tinha a ideia perfeitamente em mente . Rapidamente e antes que ele pudesse perceber , o beijei levemente e então em seguida corri em direção ao meu quarto . Ao fechar a porta do meu quarto eu sequer conseguia parar de sorrir . Me sentia como uma adolescente em seus 13 anos , quando acabara de dar o seu primeiro beijo ... como se aquele simples beijo que eu acabara de roubar , fosse muito mais simples do que um toque intenso de pele contra pele .

Escovei os dentes e quando me troquei percebi que ainda sorria . Um sorriso largo e colorido que a séculos eu não podia ver em meu rosto . Não apenas pelo beijo ... mas pela a noite e as sensações que ela me provocara . Abri a porta para descer para tomar café e por mera coincidência acabei dando de cara com meu irmão , que estava encostado do batente de madeira de minha porta .

– Posso ajuda-lo senhor Parker ? - A minha voz saíra em um tom brincalhão , eu sorria como uma criança e havia colocado meus dois braços para trás representando constrangimento . Eu definitivamente me parecia com uma pré-adolescente .

– Apenas gostaria de vê-la senhorita Parker - disse ele sorrindo . Eu senti uma leve melancolia ao ser chamada assim , mas eu não tive dificuldade de esconde-la através de um sorriso . Sentimentos como este ... precisam ser enterrados ao fundo da alma , para que em fim possamos superar e seguir em frente .

– Já me viu Nathaniel - eu disse passando por ele e seguindo em frente no corredor . Claro que senti sua presença atrás de mim me acompanhando , mas eu não me importei .

– Não como eu gostaria - disse ele me pressionando contra a parede e me tomando em um beijo feroz . Eu sabia que aquele simples beijo havia significado a chave para o inicio de vários outros ... mas naquele momento eu realmente não me importava .

E então algo me despertara de meu momento de minha completa perda de sanidade . Pude ver Amanda ao fim do corredor , claro que ela não olhava para nós , na verdade ela estava tão nervosa que sequer havia notado nossa presença . Ela apenas entrou em um dos quartos , que eu sequer sabia da existência e sumiu em si me deixando completamente atordoada .

– O que houve ? - perguntou Nathan tomando a minha atenção . Havia preocupação em seu olhar , mas eu sequer pude notar .

– Ahm ... pensei em ter visto alguém - Eu precisava me fechar um pouco a respeito de Amanda ... afinal eu não sabia se ele poderia me ajudar a acabar com a vadia .

– Seu pesadelo te deixou paranoica - disse ele passando seu braço em volta de minha cintura carinhosamente .

– Provavelmente - sorri , encachando minha cabeça em seu ombro enquanto descíamos as escadas .

Eu podia ver o desespero nos olhos dela , ao abrir aquela porta . Ela não queria ser vista ... disto eu sabia . Mas o que ela queria esconder ? Aparentemente Amanda tem um segredo ... e eu estou prestes a descobri-lo .