Assim que o sol nasceu, Isabella já estava de pé, recebendo os primeiros raios de luz em seu rosto. Observou a floresta ganhar um pouco mais de luz e a escuridão sumir.

Após um bom tempo observando o sol fazendo seu trabalho, Isabella foi tomar um banho e se arrumar. Demorou o máximo que pôde no chuveiro e então vestiu sua outra única peça de roupa. Uma calça jeans, suas botas de salto e uma camiseta branca, regata e solta com vários desenhos. Vestiu sua jaqueta, colocando tudo em uma bolsa.

Suspirou e ficou sentada na cama, esperando dar 9 horas para sair com Stefan. Assim que o relógio mostrou ser 8h:57min, Stefan bateu na porta. Isabella correu e abriu a porta, sorrindo enquanto analisava Stefan.

–-Oi. Bem a tempo. –sorriu doce. –Vamos?

–-Claro. Mas... vamos tomar café antes.

Bella abriu a boca para dizer algo, porém ficou calada e ajeitou a bolsa no ombro, então seguiu Stefan até a enorme cozinha no térreo.

Stefan fritou ovos e bacon, Bella fez suco de uva para os dois e então sentaram-se para poder tomar o café da manhã.

Em silencio, eles comeram. Após escovarem os dentes, foram para o carro preto de Isabella. Stefan entrou e sentou-se no banco do passageiro, Isabella entrou e jogou a bolsa do banco de trás.

–-Bem... vamos até a escola, é bem perto daqui.

Stefan guiava Isabella, por mais que ela soubesse como chegar lá. A levou até a secretária e então ela fez sua inscrição. Faltavam poucos meses para finalizar o ensino médio, e Isabella pretendia ir para outro país antes de escolher faculdade, depois voltaria para o fim do ensino médio...

–-Bem, vai á algum lugar agora? --- perguntou Stefan ao entrar no carro.

–-Hã.. comprar material. – sorriu.

–-Ah, sim, vamos pro centro, há lojas ótimas!

–-Tá.

Isabella não poderia ir comprar roupas agora, com Stefan ao seu lado. Ela odiava tanto fazer compras, imagine só como será para ele passar por isso com uma estranha?

–- Er... O que aconteceu com seus pais? – Stefan perguntou tímido e curioso. Isabella prendeu a respiração.

Meus pais...

–-Morreram. – disse virando uma rua sem a ajuda de Stefan.

–-Ah, sinto muito.

–- Não sinta.

Ainda doía nela, aquela dor era terrível, as lembranças continuavam intactas. Atormentavam-na todos os dias.

–-Desculpe, não sabia...

–-Esta tudo bem. – Isabella sorriu sem encará-lo, então parou em frente a uma papelaria.

Stefan olhou para o lado e ergueu a sobrancelha, pensando se ele tinha indicado as ultimas ruas para ela. Ele saiu do carro com o cenho franzido, Isabella saiu também e parou ao seu lado, encarando a pequena papelaria.

–-Se quiser, há uma maior...

–-AH, não. Essa é boa, vamos. – e entrou na frente.

Uma mulher logo veio atendê-los, usava uma calça tão apertada que quando ela se virou Isabella jurou ver uma estria saltar de sua perna. Uma camiseta que mostrava a barriga, porém era coberta por um avental azul horrível bordado de branco com o nome da papelaria.

–- Em que posso ajudá-los? – Perguntou a garota com um sorriso falso, era evidente o quanto ela odiava aquele trabalhar.

–- Hum... O que devo comprar mesmo? – Perguntou Isabella, fingindo não lembrar-se do que a secretária lhe disse.

–- Hã... cadernos e canetas...

–-Quantos cadernos?

–-Uns... dois de dez matéria...

–-Eu acho melhor um fichário, tem algum simples? – perguntou para a vendedora.

–-Claro, claro, venham.

Virou-se e guiou os dois até onde ficava os fichários. Haviam vários, masculinos e femininos, infantis até chegar em um simples que Isabella gostou. Preto com uns coração vermelhos.

Era o mais ‘bonitinho’ dali. Escolheu folhas iguais as do fichário e comprou um estojo com canetas, era o suficiente e os livros ganharia da escola e ficariam no armário.

Após a simples compras, os dois entraram no carro e Isabella dirigiu de volta para casa. Sem fingir precisar da ajuda de Stefan.

O Salvatore caçula sentia-se culpado, Bella estava calada e fechada desde que ele tocara no assunto dos pais.

–-Desculpe. – Stefan pediu.

Isabella sabia do que ele falava, mas não queria mostrar que as imagens passavam por sua mente.

–-Sobre o quê? – fingiu não saber.

–-Sobre... minha pergunta sobre... bem..

–-Entendi. – Isabella soltou um risinho e parou em frente á residência enorme. – Não há problemas. – o olhou após desligar o motor.

–-Não quis parecer indelicado, é que...

–-calma Stefan, já disse que está tudo bem.

Os dois se encararam por um longo tempo, até que Bella suspirou e ligou novamente o carro.

–-Abre o portão para mim?

–-Claro. –Stefan saiu do carro e foi abrir o portão para Isabella.

(...)

Duas batidas na porta fez com que Isabella pulasse na cama, largando o desenho feito por ela de seus pais.

–-Hum... já vou. – disse baixo, recolhendo as coisas da cama e guardando na pasta, depois de dar uma ajeitada em seu pijama, Isabella abriu um pouco a porta, escondendo-se enquanto encarava Stefan. – hã... oi.

–- Oi... er... vim ver se você quer um pouco de janta... Você não saiu pra comer e... achei que estava com fome.

Bella então se tocou que não tinha comido. Não que fizesse diferença para ela, mas para os outros... estranhariam. E Stefan parecia tão gentil e tão amistoso em sua porta segurando uma bandeja prateada que ela esqueceu de qualquer desculpas que poderia dar, ainda mais com os olhos verdes pidões.

–-Hã... Eu... Entra. – Isabella deu passagem para que Stefan entrasse. Sorrindo de canto, Stefan entrou e Isabella fechou a porta.

Então o olhar de Stefan caiu sobre Isabella e seu pijama curto, ele lutou para desviar o olhar.

Merda! Deveria ter pedido um minuto para trocar de roupa.

Não que o pijama de Isabella fosse indecente demais. Mas o short era curtinho e isso a marcava.

–-Er... – Isabella olhou para os lados.

Não tinha roupas na mala, teve sorte de achar o pijama enrolando seus livros mais precisos. Ela foi para a cama e sentou-se cobrindo as pernas, então deu dois tapinhas em sua frente. Stefan se sentou, colocando a bandeja entre os dois.

Ao tirar a tampa, Isabella arregalou os olhos. Havia tanta coisa gostosa ali e tinha um ótimo cheiro de comida caseira. Isso a fez lamber os lábios.

–-Você já comeu? – perguntou vendo que havia prato e talheres apenas para um.

–-Sim, comi com meus pais na mesa. É... tradição de família.

–-Ah. Damon estava também?

Stefan fez uma careta e se encolheu um pouco. Odiava falar de seu irmão, o relacionamento entre os dois era péssimo desde um pequeno incidente aos 15 anos de Stefan, quando a garota que Damon gostava o traiu beijando Stefan. Desde então. Damon se tornou um cafajeste de primeira e conquistava todas as garotas para depois quebrar seus corações.

E ele não queria que isso ocorresse com Isabella. Além de achá-la boa demais para isso, ele queria poder se interessar em outra garota, novamente.

–-Damon... não. Ele é... complicado.

Damon não era apenas complicado. Era mal compreendido. Como filho mais velho tudo foi jogado para cima dele, seu pai era mandão e o queria perfeito para continuar com o legado da família, a rede de pensões Salvatores espalhada pelo país. E Damon odiava isso, não gostaria de seguir isso como vida.

–- Ah... Por quê? Se... importa em falar dele?

–-Eu... não gosto muito. – Fez uma careta. Isabella o entendeu.

–-Ah sim, tudo bem. Mas, fala de você então. – sorriu de canto, colocando o travesseiro em sua perna e o prato em cima, pegando educadamente os talheres e experimentando a deliciosa comida Salvatore. Esta uma delicia.

–-Ah.. Não sei o que dizer. – Stefan corou um pouco.

–- Hum... deixe-me ver... – Isabella engoliu a comida. – Namoradas.

–-Ah não, esse assunto é vergonhoso. – Isabella riu, Stefan a acompanhou.

–-Quantas já teve?

–-Hum... uma? – meio que perguntou.

–-Só uma? – ergueu a sobrancelha. – Alguém como você só teve uma?

–- Como assim ‘alguém como eu’?—Stefan perguntou sorrindo. Isabella engoliu mais um pouco de comida e sorriu.

–-Alguém educado, amistoso e... com belos olhos .

–-Ah, obrigado... – Stefan corou mais.—É que... Eu não sou muito mulherengo como...

–-Seu irmão?

–-Sim, como Damon. Ele... Bem, ele...

–-é o tipo que usa e joga fora em seguida?

–-É... Mas ele nunca foi assim, é que ele...

–-É o mais velho e a responsabilidade é maior e foi magoado?

Stefan a encarou um pouco confuso.

–-É...

–- Ah sim, comum. – Isabella levou o garfo até a boca.

–-Eu... queria voltar a ter um bom relacionamento com meu irmão. Mas ele é muito difícil de lidar...

–- Já tentou?
–-E como, mas... Damon é como uma... é como o oceano. Difícil de sobreviver, de desvendar...

–-E a cor dos olhos. – Isabella brincou e Stefan revirou os olhos.

–-Os meus são mais bonitos, parecem um lago calmo.

–- Concordo. – sorriu de canto, Isabella mordeu os lábios e se concentrou na comida.

Ficaram em silencio até Isabella terminar. Depois tirou o travesseiro de sua perna e entregou a bandeja á Stefan.

–-Obrigada. Estava uma delicia. – sorriu de leve, Stefan sorriu também.

–-De nada. Se quiser tomar café da manhã comigo…

–-Hã... Não quero incomodar vocês, eu preciso... arrumar um emprego para conseguir pagar minha comida.

–-por enquanto... Não passe fome... Pode tomar café comigo. Amanhã antes de começar a aula. Umas... Sete e meia. Pode ser?

–-Claro, só não quero incomodar.

Stefan se ergueu, segurando a bandeja.

–-Já falei que não irá. Boa Noite.

Bella abriu a porta e o observou sair. Depois foi se deitar em sua cama, sentindo-se satisfeita pela refeição e pelo pequeno papo com Stefan.

Ele seria o primeiro amigo em muito tempo... Já que não pode considerar aquele assassino como amigo...