Vários dias foram se passando até que eu conseguisse me recuperar pelo menos um por cento. Parecia que eu tinha voltado da Capital. Não tinha coragem de levantar, nem de falar, muito menos ligar para alguém, porque isso me lembrava Dr. Aurelius, que foi morto por uma negligência minha. "Você não tem cupa, Katniss" Era o que eles diziam. No fundo, eles tinham razão, mas eu ainda me sentia culpada. Gale, nem mesmo ele conseguia me arrastar para fora da cama, quanto mais para a floresta. Peeta sempre conversava comigo, assim como Arthur. A diferença era que com Arthur eu aprendia coisas novas e não falávamos só sobre a minha vida, aliás, não falávamos sobre a minha vida, mas sim sobre a vida dele.

- Não querendo tocar no assunto, mas aquele arco era da Jackeline. - Falou ele, uma vez.

- Quem? - Perguntei.

- Jackeline. Minha irmã. A menina que voce diz ser esperta. Quer dizer, foi esperta. - Explicou ele.

   Wow! Eu nuca iria saber que a irmã dele se chamava Jackeline. Ela não tinha cara de se chamar Jackeline. FoxFace era bem melhor.

- E vocês se davam bem como irmãos? - Perguntei.

- Ah sim. Tudo que ela sabe, fui eu quem ensinei. - Gabou-se.

- Então você sabe de muita é um gênio, porque ela era MUITO esperta.-Elogiei.

- Pode ser, mas não foi boa o bastante. e ela fosse tão esperta como você diz, ela estaria viva. - Concluiu.

- E eu... - Comecei a falar.

- Morta. - Continuou ele, secamente, sem nenhum resquício de pena. Não sei bem como, mas a raiva que se instalou em mim depois que ele falou aquilo se transformou em energia de sobra, e fez com que eu me levantasse, ainda cambaleando em direção ao chuveiro.

- Hey, aonde você vai? - Perguntou ele.

- Viver. Se depois de tudo que aconteceu eu não morri, deve haver alguma razão muito boa para que eu ainda permaneça respirando.  E ficar deitada o dia inteiro não vai me ajudar em nada. -  Respondi com ênfase. Wow! Até eu tinha me surpreendido com mim mesma! Levantei, tomei um banho revigorante, abri as corinas e um forte raio de sol invadiu o quarto, quase me cegando. Aquilo era um bom sinal. Desci as escadas com passos firmes e, nem mesmo os olhos mortíferos, qua agora quase viviam em casa conversando com os meus filhos, podiam me derrubar. Todos me olharam com olhares assustados. Acho que eles estavam pensando que eu estava louca. 

- Não falei? - Disse Arthur para Peeta.

- Katniss, você está bem? - Perguntou Peeta, me abraçando.

-Tô sim , Peeta. - Falei pra ele, enquanto o abraçava forte. Acho que aquilo o convenceu, porque ele me deixou sair sozinha. Bom, quase sozinha, falou para Arthur ir comigo.  Quando estávamos passando em frente ao novo Edifício da Justiça, eu parei de andar. 

- O que foi? Ânsia de vômito, tontura? - Perguntou Arthur.

- Pior. Lembranças - Respondi em seco como ele fazia. Contei sobre Madge. Sobre o broche. Sobre o tordo. Sobre a menina que meu um nome. E eu, a matei, em agradecimento.

- Você quer ficar sozinha? - Perguntou ele.

- Quero. Vai comprar alguma coisa, passear. - Sugeri

- E pra onde você vai? 

- Pra casa da Mary. - Falei.

- Aquela mulher bonita? - Perguntou ele. 

- É. - Respondi.

 E assim foi. Ele foi para o centro do D12 e eu, em direção à Aldeia dos Vitoriosos.  As rosas plantadas no jardim de Mary exalavam um cheiro forte que mesmo para quem estava a vários metros de distância, conseguia sentir o cheiro delas. Quando cheguei no jardim, o odor era assustador. Pelo menos pra mim. " Os olhos mortíferos não estão aqui, ótimo!", pensei. Não tinha que me preocupar em alguém estar ouvindo nossa conversa. A porta estava entreaberta. Queria fazer um surpresa para ela, pois fiquei sabendo que ele fora me visitar várias vezes, enão entrei sem chamar, sem bater. Abri ela com um sorriso estampado no rosto. Mas depois, me arrependi. Era melhor ter visto os olhos mortíferos...

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... Porque vi Mary e Gale se beijando.