Darkness Feed escrita por S A Malschitzky


Capítulo 86
We're troublemakers. We're so mean. Hey Hey. We're a hurricane


Notas iniciais do capítulo

Produção:Já ouviu falar em título sem sentido, Sofia?
Sofia:
Já ouviu falar em dane-se?
Cosplay de Nathan e sai sambando.



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Ando de um lado para o outro, com Brook me encarando com a unha entre os dentes.

– Como? – grito esfregando o rosto, com o estômago se revirando.

– Olha, não temos certeza. – diz ela suspirando. – Brandon já está fazendo o exame e pode ser que não seja nada.

– Meu irmão está aqui! – grito e ela cobre minha boca.

– Você tem vinte anos, Shannon. Abe conhece o Nathan e não me impressionaria se ele dissesse que já imaginava que isto aconteceria, encolhendo os ombros e querendo ajudar com os nomes.

– Mas... – começo e bufo.

– Nathan mudou, está bem? – Ela suspira. – Use o John como exemplo... – Ela começa, mas eu a encaro, lembrando quem é o filho dele. – O filho dele virou um vagabundo que depois de ficar com a irmã do amigo, virou um completo idiota que só se importa com a vadia dele.

– Ei! – grito e ela ri.

– Você é uma e sabe disso – Ela sorri e suspira. – O que acha que ele vai fazer? Sair correndo?

– Não! – digo e a encaro. Nenhuma de nós tem certeza absoluta disso. – Tudo bem, não sei.

– Só tem um jeito de descobrir.

– Mas nós nem sabemos se é mesmo – digo sentindo sua mão envolvendo meu pulso.

– Então. Não será problema se não for de verdade – Ela abre a porta e escuto um grunhido e seu pulo para longe da porta. – Oi! – grita ela e Nathan franze o cenho para mim.

– Tudo bem? – pergunta ele.

– Parabéns! Você vai ser pai! – Brook grita com um sorriso e faz uma expressão séria. – Comecei o assunto, agora se resolvam ai.

Ela passa por ele, batendo em seu ombro e andando para o refeitório.

– Legal saber assim. Pela Brook – Ele pressiona os lábios e ri. – Foi só uma brincadeira dela ou é mesmo?

– Eu não sei – Encolho os ombros. – Até agora a resposta é que é mesmo. Mas Brandon está fazendo o exame e...

– O Brandon soube antes de mim?

– Pare de merda, Nathan. Você nem quer – reviro os olhos.

– Quem disse? – Ele encolhe os ombros. – Vamos para o laboratório então.

Ficamos em silêncio enquanto andamos pela colônia até o laboratório.

Ficamos esperando do lado de fora, encostados na parede, encarando o rosto do outro.

– Brigando? – pergunta John ao nosso lado.

– Ela acha que está grávida. – Nathan parece normal, encarando seu pai.

– Parabéns por não ter escutado uma palavra minha de como não engravidar uma garota. – John esboça um sorriso.

– Eu estou bem – Nathan encolhe os ombros, sorrindo. – Não vou fugir como você fez.

– Eu não fugi.

– Ah, é mesmo. Você matou minha mãe – Nathan ri e John faz uma cara séria. – Foi mal.

– Bem, então... Parabéns. – John sorri para mim. – Nomes?

– Pai! – grita Nathan.

– O que foi? – pergunta John. – Até parece que não quer seu nome na criança e se vocês colocarem um nome estranho nela vou matar vocês.

– Porque eu colocaria um nome estranho no meu filho? – pergunto com as sobrancelhas juntas.

– Vocês adolescentes tem um cérebro de minhoca – diz John.

– Tenho vinte anos – digo.

– Tenho vinte e quatro - diz Nathan. – E você deveria saber disso.

– Você não sabia que a sua namorada estava grávida, Nathan. Acho que sou mais responsável como pai do que o senhor.

– Ah cala a boca – Nathan revira os olhos e John ri, andando de volta para a colônia.

Os próximos minutos, minha cabeça ficou sendo bombardeada por milhões de nomes.

– Katrina? – pergunta ele esfregando o rosto.

– Pode ser – Encolho os ombros. – Qual era o nome da sua mãe?

Ele solta uma risada.

– Se quiser que a Meg olhe para essa criança e não a mate, não vai querer o nome da minha mãe nela.

– Mas qual é?

– Natalie. – Ele suspira, engolindo em seco.

– Eu gosto deste nome. – digo rindo.

Ele sorri, erguendo o dedo.

– Depois a criança some e você não sabe o porquê – Ele ri e Brandon abre a porta do laboratório. – Oi. – Ele diz, com um olhar desesperado.

– Você não está grávida – diz Brandon pressionando os lábios, como se estivesse nos dando uma noticia.

Eu e Nathan erguemos os braços na direção do teto e gritamos juntos, batendo as minhas duas mãos nas suas.

– E a vida continua! – grita ele.

– Pensei que estivesse feliz. – digo rindo, embora eu também não queira ter um filho agora.

– Pensei melhor, e acho que não – Ele ri, beijando minha bochecha. – Amo seus óvulos.

Brook abre a boca para falar alguma coisa e franze o cenho.

– Quem fala isso para a namorada? – pergunta Brandon.

– Eu!- grita Nathan e eu começo a rir.

Bem, mas o problema é que a noticia de Brandon foi mudada quando ele me falou, porque seis meses depois, lá estava eu com uma barriga enorme.

Os encarei com os braços cruzados.

– Não querem me contar nada? – pergunto.

– Ah, sim. Você estava grávida, mas... Queria que fosse uma surpresa. – Nathan e Abe se entreolham e riem. – Surpresa. E... Eu continuo gostando dos seus óvulos. – Ele ergue o dedo.

– Acho que eu deveria fazer uma surpresa, não você. – digo.

– Acho que eu deveria ficar gritando com você, não o contrário – Ele ri e revira os olhos. – Ah, qual é. Eu prometo que não vou embora e eu adoro a ideia de ter uma garotinha.

– Ai que legal! – grito erguendo os dois dedões. – Valeu!

Abe começa a rir.

– Eu sabia que você ia engravidar ela – Ele balança a cabeça. – Até o John sabia.

– Ah, estava óbvio – John ri, mordendo seu sanduíche.

Nathan se levanta, andando em minha direção e encarando meus olhos.

– Ei – Ele me abraça. – Já nos odiamos, já roubei um sutiã seu, já te beijei quando você não queria, seu irmão não fez nada, já joguei uma garrafa de cerveja nas suas costas, já bati o carro, aguentei ver Carter querendo subir em cima de você, costurei sua perna, embebedei você, ouvi você cantar a música do alfabeto da forma mais irritante e bêbada que eu já ouvi em toda a minha vida, fui atacado por um cachorro, arranhado por um bicho bebê que estava no banco do meu carro, virei um bicho, escrevi uma carta fofinha para você, vi você sangrando por causa das mordidas do Carter... Já aguentei tanta coisa por você e que acho que não vou sair correndo por uma criança.

– Foi o discurso mais estranho que eu já ouvi – diz John.

– Cala a boca. – grita Nathan e me encara sorrindo. – Combinado? – Ele ergue o dedo mindinho e eu rio. – Sério.

Reviro os olhos, erguendo o mindinho também e enrolando-o em seu dedo.

– Combinado – digo sorrindo.

Eu sorri muitas vezes a partir daquele dia.

Continuo sorrindo, depois de quase quarenta anos.

Estou sorrindo agora, com os fios brancos de cabelo caindo sobre os olhos.

Ele parece não ter envelhecido... Continua parecendo ter vinte e quatro anos, assim como a quase quarenta anos atrás.

Não lembro o que comi ontem no jantar, mas lembro perfeitamente dele tomando leite direto da caixa sem camisa, com a geladeira aberta em sua frente.

– Eu preciso ir – Ele diz, pressionando os lábios e eu suspiro, desanimada com esta notícia.

– Mesmo? – pergunto segurando o colar em meu pescoço e ele ri.

– Parece que tem dezenove anos novamente... – Ele suspira. – É, preciso.

Ele some.

Paro de sorrir.

Passou-se mais um mês depois que descobri que estava grávida, até que Nathan apareceu morto em sua cama em um dia de manhã.

Sim. Nathan morreu.

Varíola.

Tudo bem, Nathan não morreu de varíola.

Nathan nem morreu.

Ele está ao meu lado agora – não. Não estou vendo pessoas mortas, apesar de já ter visto muita gente morta -, encarando-me enquanto faço o jantar.

– Porque está olhando deste jeito para mim?

– Ficará chateada se eu disser uma coisa? – Ele pergunta, mordendo uma maçã e eu solto uma risada.

– Não. Mas não acho justo você poder comer maçãs e eu não.

Ele ri, se desencostando do balcão e me abraçando por trás, apoiando o queixo em meu ombro.

– Você realmente não sabe cozinhar. – Ele beija minha bochecha e ri, me empurrando para o lado e tomando controle do fogão. – É brincadeira, mas minha comida é mil vezes melhor.

– Que seja – resmungo e encaro o relógio em meu pulso. – Pode chamar o Nate? – pergunto.

– Nathan! – grita ele, embora Nate não esteja em casa. – Oi! – Ele ri.

– O outro Nathan. – digo. – O que não me proíbe de comer maçãs.

– Ah sim – Ele gira o botão, desligando o fogo e rindo. – Precisa ser mais específica quando fala. Há três Nathans em nossa família. Nathan bêbado, Nathan gostoso e que você odiava mas não resistiu com o beijo na fonte e o Nathan que ainda tem jeito de não virar a mistura minha e do meu pai, nem uma vadia que nem a mãe dele. – Ele balança a cabeça e lanço um tapa em sua barriga, fazendo-o rir. – Qual o problema? O Nathan que ainda tem jeito não está. – Ele me abraça por trás, mas não parece um abraço se é que me entende.

– Realmente. Ele deveria estar aqui – digo me virando e encarando seus olhos. – Vá buscá-lo.

Ele revira os olhos, soltando um suspiro.

– Um beijo, pelo menos? – Ele arqueia as sobrancelhas e beijo seus lábios rapidamente. – Você está realmente irritada, não é?

Mordo o lábio e suspiro, rindo.

Bem, já que Nathan não morreu de varíola, contarei o que aconteceu nestes anos.

Um garoto não foi um problema e seu nome era Nathan.

Hoje ele tem dezesseis anos e Nathan brinca que vai virar um vagabundo também, o que não me agrada muito.

Eu nunca contei o porquê de ter sido mordida por Carter e o que aconteceria se ele não tivesse feito aquilo.

A cura foi espalhada pela Terra, sendo jogada no ar e transformando os bichos em humanos novamente, além de eliminar qualquer tipo de bactéria ou vírus que poderia fazer tudo voltar, até mesmo do tipo de Georgia e Carter.

Nathan parece se orgulhar de ter sido um bicho uma vez e ter voltado daquele jeito.

Ele não se orgulha da carta que guardo até hoje – longe dele, pois ela será queimada se parar em suas mãos -, mas me irrita com a maldita música do alfabeto.

Aquela epidemia causada por um maluco, agora não passa de uma história que mais parece de ficção, mas que foi real e muitas pessoas morreram por causa disso.

Uma história gravada em nossas memórias para sempre.

Muitos ainda acham que foi coisa do governo, mas eu sinceramente acho que foi apenas um maluco querendo o fim da humanidade.

**

– Nathan! – chamo, encarando os dez garotos adolescentes chutando uma bola de futebol suja na quadra de cimento. Nathan para de jogar e me encara, com a mão na cintura e ele parece mais velho do que os outros, embora tenha apenas dezesseis. – Vamos!

– Você disse seis horas! – grita ele irritado.

– Sua mãe mandou! – grito de volta, arqueando as sobrancelhas e ele revira os olhos, andando em minha direção e pulando a cerca de metal, colocando a camisa suja de volta no corpo.

– Sério que minha mãe mandou? Ou é mais uma daquelas conversas que você finge que está ensinando algo que eu já sei? – Ele me encara de soslaio.

– Sua mãe mandou eu ter uma daquelas conversinhas que eu finjo ensinar algo que você já sabe – digo e o sento no banco de metal a alguns metros da quadra.

– Que saco – resmunga ele.

– Acha que eu quero falar sobre isso com você? – pergunto revirando os olhos. – Eu tenho certeza que você já sabe de tudo isso, mas sabe como a sua mãe é.

– Brook disse que ela é safada às vezes. – Ele ri. – É verdade?

O encaro com os olhos apertados. Brook.

– Talvez – esfrego o rosto com as mãos ásperas e suspiro. – Olhe aqui. Vamos falar sobre você, está bem?

– Pode falar – Ele revira os olhos, com os cotovelos sobre os joelhos.

– Quero que seja sincero comigo, está bem? – digo e ele encolhe os ombros. – Você fuma?

– Deixa um gosto ruim na boca. – Ele responde e eu o encaro com os olhos apertados. – Você pediu sinceridade, vagabundo.

– Não me chame vagabundo. – digo.

– Minha mãe te chama assim.

– Sua mãe é sua mãe – digo seriamente.

– Só porque ela é safada – Ele resmunga e ri.

– Enfim. Obrigado pela sinceridade – digo. - Você tem uma amiga, certo? – pergunto.

– Janet – Ele revira os olhos. – O que tem? Eu não fiz nada com ela, está bem? Se é nisto o que você está pensando. Pelo menos não ainda.

Ainda Nathan? – pergunto encarando-o. –Olhe, eu não quero saber essa parte da sua vida. Apenas não quero que engravide-a.

– Você engravidou sua namorada.

– Escute bem – digo apontando o dedo para seu rosto, embora ele tenha razão. – Eu e sua mãe éramos totalmente responsáveis quando decidimos...

– Foi acidente, não foi? – Ele arqueia as sobrancelhas.

– Claro que foi.

– As mulheres não são brinquedo. – diz ele e eu franzo o cenho. Eu já disse isto para ele? – Meu avô que disse.

Começo a rir.

– Seu avô disse isso? – digo e ele concorda com a cabeça. – Muito bem. Qualquer coisa pode acontecer depois disso.

– Ele disse que você era pior do que ele. – Ele me encara.

– As pessoas estão dizendo coisas demais para você, se quiser saber minha opinião.

Ele vira o rosto para mim tosse.

– Na verdade não quero – ele pressiona os lábios. – Como começou a gostar da mamãe?

– O que Abe disse sobre isto? – Pergunto e ele ri.

– Me responda e eu digo – Ele arqueia as sobrancelhas e eu suspiro. – Eu fui sincero com você.

– Quer mesmo saber? – pergunto e ele ri, concordando com a cabeça. – Eu estava com outra.

– Georgia? – pergunta ele e eu franzo o cenho novamente.

– Quem te contou isso?

– John – Ele pressiona os lábios. – A irmã do cara que mordeu a mamãe?

– Ela te contou como foi?

– Ela não contou para você, não foi? – Ele esboça um sorriso.

– Ela contou pra você? – grito.

Ele ri, se levantando e andando na direção da quadra.

– Nathan! – grito e ele ri.

– Acho que oito horas estarei em casa... Ou talvez eu chegue amanhã. – Ele arqueia as sobrancelhas. Esboçando um sorriso e eu balanço a cabeça.

Shannon não gosta, mas precisa admitir que ele é igual a mim.

**

– Pronto – digo empurrando as costas suadas de Nathan enquanto andamos na direção da sala de jantar, mas a panela está derrubada no chão perto da mesa, mas ela não está aqui. – Shan?

– Mãe? – pergunta Nathan.

Escuto ruídos de coisas caindo vindos da cozinha e tento não mostrar medo algum.

– Volte para a quadra – murmuro.

– O que? – grita ele e cubro sua boca.

– Volte para a quadra e não volte. Vai entender depois – Ele franze o cenho, assim como eu fazia quando tinha a sua idade e suspiro, abraçando-o. – Nós amamos você.

– Se queria um tempo sozinho com a mamãe, era só dizer – Ele revira os olhos, passando pela porta e eu realmente gostaria que fosse isto.

– Shan? – pergunto, andando pelo corredor e empurrando a porta da cozinha

Abro a porta e vejo os armários caindo das paredes, a pia manchada de sangue, os pacotes de arroz espalhados pelo chão. Mas esta não é a pior parte.

Um bicho pula em cima de mim, mordendo meu pescoço e arrancando um pedaço da pele.

– NATHAN! – Escuto seu grito e vejo uma árvore em minha frente, freando o carro antes que pudéssemos bater o carro. – Você é realmente um idiota! Eu avisei que não era para beber! E além do mais! Porque queimou a casa? Eu nunca disse que poderia!

Ela continua gritando comigo, enquanto encaro a árvore coberta pela noite em minha frente. Se eu não tivesse freado, o carro estaria quebrado.

Olho para o lado, tirando os olhos de Shannon e sua mini rebelião de gritos histéricos e vejo a mansão.

QUE MERDA ESTÁ ACONTECENDO?

– Você está me ouvindo por acaso? – grita ela e solto um grunhido, me soltando do cinto e literalmente subindo em cima dela, prendendo seus pulsos ao lado da cabeça. – Saia de cima de mim!

– Pare de gritar! – grito. – Que saco!

– Que saco? – Ela grita novamente, estreitando os olhos. – Você quase bateu o carro em uma árvore!

– Eu sei! – grito e suspiro. Isto já aconteceu antes. Quer dizer, não esta briga, exatamente, mas... eu bater o carro nesta árvore e estarmos em um mansão. Mas já faz mais de dez anos! Carter e Georgia estão mortos! Nathan tem dezesseis anos e Shannon e eu estamos casados e... – Somos casados? – pergunto encarando minha mão, sem a aliança e ela ri.

– Você e eu? Casados? Por favor, eu preferiria um bicho! – grita ela, mas sei que não é verdade.

Pressiono meus lábios contra os dela, sentindo seus braços se forçando para se soltar de mim, mas um tempo depois, ela cede, mas me afasto.

– Não preferia não – digo, balançando a cabeça e encarando seus olhos. – Você gosta de mim. – Continuamos nos entreolhando. – Sabe que lá no fundo eu não sou só um vagabundo.

– Não. Eu não amo você – Ela revira os olhos.

– Mas eu sim – suspiro e ela estreita os olhos, pronta para gritar novamente ou me bater, mas... ela apenas solta um grunhido e segura meu pescoço.

– Tudo bem, eu não odeio você. – Ela encara meus olhos e sinto suas mãos geladas em meu pescoço. Por favor, não me force a entrar lá. - Mas você continua um vagabundo.

– Que se dane, mas... não me faça entrar nessa casa, está bem?

Ela se ergue, encarando a mansão e estreitando os olhos.

– Porque? O que tem lá? – Suspiro. Nada daquilo aconteceu? Eu fumei alguma coisa. Porque sinceramente... – Você já esteve lá?

– Tem um casal de gêmeos lá dentro. Ela é uma vadia e ele vai morder sua coxa, - Suspiro. – Então se não se importa... quero ficar bem longe daqui.

**

Nathan parece tenso desde que passamos por aquela mansão. E eu continuo roendo minhas unhas.

Eu não te amo.

Mas eu sim.

Ele está bêbado.

Está... bêbado.

– Você estava falando sério? – pergunto, encarando-o e ele pisca algumas vezes, antes de me encarar.

– Sobre o que? – Ele pergunta, ainda parecendo tenso.

– Sobre... me amar.

– É. – Ele encolhe os ombros, como se não valesse a pena dizer a verdade.

Não Shannon.

Não!

Você não gosta dele! Ele é só um vagabundo que não impediu que seu irmão morresse.

Mas ele também não impediu que eu morresse.

– Pare o carro – digo, querendo socar meu próprio rosto por isto.

– O que foi? – Ele franze o cenho.

– Costuma azer isso com as suas vadias com o carro em movimento? – pergunto e ele para o carro encarando meus olhos com a boca aberta.

– Você fumou alguma coisa? – Ele grita. – Como assim... – Ele arqueia as sobrancelhas e engole em seco. – Você quer que eu...

Reviro os olhos e me jogo para cima dele, beijando-o.

Não sei o que estou fazendo, mas... alguma parte de mim diz que ele está falando a verdade.

E esta mesma parte diz que também queria falar isto, mas... é difícil de falar isto para um vagabundo.

Principalmente quando é Nathan.

Mas decidi ignorar todas as características ruins dele agora, tornando-o apenas o garoto que teve que se tornar homem antes, quando fugiu de casa.

Ele para, se curvando na direção do porta-luvas e abrindo-o, tirando uma caixa preta e um colar dourado de lá.

– O que... – começo e ele me encara, com a respiração ofegante.

– Fique com isto – Ele coloca entre minhas mãos. É um medalhão. Com uma rosa dentro de uma tampa de vidro.

– De quem era isto? – pergunto, praticamente murmurando.

– Minha mãe – Ele diz, encarando o colar, como se tivesse vergonha de falar sobre isto. – Quero que fique com você. Porque... – Ele engole em seco. – É a única pessoa que cuidaria de alguém que atirou uma garrafa de cerveja em suas costas. – Ele suspira. – Provavelmente você vai me ver morrendo e virando um bicho – Ele se ajoelha no banco e segura minhas mãos. – E eu quero que corra. O mais rápido que puder.

– Porque eu veria você morrer? – pergunto, me aproximando mais. – Eu ia matar aquele bicho filho da puta se ele tentasse matar você. Nem que eu morresse por isso. Isso talvez queira dizer que eu te amo, mas... eu não tenho certeza.

– Isso é coisa de vadia.

FIM


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Notas finais do capítulo

Sim. Este foi o último capítulo de Darkness Feed e eu não preparei nenhum texto para fazer vocês chorarem.
Mas eu queria mostrar a vocês o que os personagens aprenderam ao longo da história:
Nathan descobriu o que significava privacidade e copo, além de como abrir uma bala e derramar pólvora na narina esquerda do cara que quer pegar a garota que você quer.
Shannon viu que Nathan era mais bonito que o Carter - glorifica de pé.
Tio John descobriu que ficar com a garota que o traiu não foi a mesma coisa do que perdoá-la, mas uma confusão pode gerar mais uma de suas aventuras.
Meg refletiu sobre este pensamento: Não conseguirás ter um filho tão gostoso quanto a outra
Brook refletiu sobre quando Brandon a chamou de batata-frita.
Brandon pensou como seria virar um bicho e imitou um na frente do espelho. Brook abre a porta na mesma hora e vai embora, refletindo sobre seu namorado e suas estupidezes.
Carter refletiu... opa pera. Ele tá morto. (pelo menos no sonho neh gente então ele não refletiu sobre nada)
Abe aprendeu que não pode pegar o namorado da irmã, mesmo que seja lindo.
Nathan – o filho que nunca existiu – refletiu sobre sua existência e chegou a conclusão que... sua existência não existia.
Sofia refletiu sobre sua história virar um drama adolescente. Temos que concordar que todos refletimos sobre isto. Mas refleti também, que foi ótimo escrever esta história e que talvez eu escreva ela novamente – em um jeito que dê certo desta vez.
Georgia refletiu que... olhar pela janela o carro do Nathan é um jeito menos cansativo de esperar, principalmente quando há um bicho prestes a quebrar o vidro do carro e matar os dois.
Mas ninguém além dela precisa saber disso.



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