Darkness Feed escrita por S A Malschitzky
Eu e Carter continuamos tomando chocolate quente e rindo de nossas histórias e de mim quando quase caio da cadeira de sono.
Escuto passos na escada e Nathan passa pela porta somente com a calça de seu pijama. Seus cabelos que não são cortados á algum tempo estão desgrenhados e sua cara é de mais puro cansaço.
- Ainda estão ai? - pergunta ele bocejando.
- Ainda? - Olho para o relógio no microondas e vejo que já são cinco e trinta de dois. Ou seja, passamos a noite inteira aqui. - Perdi a noção do tempo.
- É eu também. - diz Carter sorrindo.
Nathan anda até a geladeira e coloca a cabeça para dentro, tirando uma caixa vermelha de leite da geladeira.
- Não! - grito antes que ele encoste os lábios na caixa. - Mesmo eu achando nojento, até aturava mas aqui não.
- Olha aqui, Srta. Não quero seus lábios na caixa de leite. Eu que trazia comida. Eu fiz você sobreviver por uma ano.
- É, mas não estamos em casa. - digo encarando seus olhos, cobertos pelo cabelo castanho.
- Nathan passou no supermercado. Ele que trouxe essa caixa. - diz Carter com o cotovelo apoiado na mesa de vidro.
- Chupa. - diz Nathan engolindo o líquido de quase a garrafa inteira.
- Você parece um ogro. - murmuro.
- Bom dia. - Georgia passa pela porta com os cabelos loiros desgrenhados e nada mais do que uma camisa masculina que me é familiar...
- Oi. - diz Carter sorrindo sem mostrar os dentes.
Georgia anda até Nathan e o abraça por trás, passando a mão sobre seu abdômen.
- Dormiram bem? - pergunta Carter com os olhos arregalados.
- Perfeitamente. - Georgia ri. - Seu celular. - Ela joga um celular preto com tela grande nas mãos de Carter. - Agora eu não corro o risco de ficar bêbada. Não de manhã.
Maria passa pela porta e ri, olhando para Carter e depois para Georgia.
- Quando eram menores, queriam dormir até as dez da manhã, agora que não precisam ir á lugar algum, acordam cedo?
- As coisas mudam. - diz Georgia suspirando. - Então, como está o Howard?
Maria deixa o sorriso de lado e encara o sorriso malvado de Georgia e suas sobrancelhas arqueadas.
- O que está insinuando? - pergunta Maria.
- Nada. Só estou perguntando como ele está.
- Então eu pergunto, como Nathan está? - Maria cruza os braços e Georgia sorri.
- Maravilhoso.
- Muito bem. Querem jogar golfe? Howard está cortando a grama. Daqui á alguns minutos poderão ir.
- Não estou muito a fim de jogar golfe. - diz Carter dando de ombros.
Maria e Georgia o encaram de olhos arregalados.
Georgia anda até ele e coloca a mão em sua testa.
- O que aconteceu com você? - pergunta ela, realmente assustada.
Carter ri.
- Nada. Só não quero jogar golfe.
- Ontem teve, né danado? - Georgia diz baixo e depois ri.
Carter balança a cabeça e ri.
- Sinceramente, não somos irmãos. - Ele se levanta e anda na direção das escadas.
Georgia e Nathan sobem as escadas e eu fico sozinha com Maria.
- Bom dia Shannon. - diz ela sorrindo. - Dormiu bem?
- Acho que não dormi. Ficamos conversando a noite inteira. - digo encarando o que sobrou do chocolate quente.
- Carter é um ótimo menino. - diz ela, como se estivesse se lembrando de algo. - Ele e Georgia cresceram totalmente diferente. - Ela ri. - Mas Carter é um bom menino.
- O que houve com os pais deles?
- Estão na Suíça. - diz Maria em um tom um pouco triste. - Estão procurando uma solução para o vírus. Mas Georgia e Carter decidiram ficar. Tinham outros gêmeos aqui ao lado e eles quiseram ficar. Mas eles morreram e não conseguimos falar com os pais deles para que fossem para lá.
- Acha que eles ainda estão vivos?
Ela dá de ombros.
- Ninguém sabe. Mas alguém está mudando-o. Ele sempre foi apaixonado por golfe.
Maria sorri e abre uma porta perto do fogão.
Subo as escadas e entro no quarto.
Mesmo na teoria não precisando, entro no chuveiro.
Faz algum tempo que tomo banho com água barrenta e fria, mesmo sendo loucura. Tomarei mais banhos forem possíveis aqui.
Tomo banho e penso na coisa óbvia.
Nathan e Georgia estão juntos.
Mais do que isso. Mais do que os dois ficarem.
Isso em parte é o que me irrita em Nathan. Em qualquer oportunidade e com qualquer garota nova que apareça. Não tenha dúvida. Os dois vão acordar no mesmo quarto.
E o pior é que Nathan não se importa de ser um total cafajeste.
Não. O pior de tudo é as mulheres gostarem de Nathan. Não sei o que um bêbado, com vinte anos, barba por fazer, cabelos compridos e roupas sujas tem de tão apaixonante.
- Shannon. - Ouço Carter bater na porta. - Está ai?
- Sim. - digo fechando a torneira do cuveiro.
- Ah, ok. Estamos no campo de golfe. Pergunte para Howard onde fica e nos encontrará. Vejo-a depois.
- Ok. - digo.
Coloco um short jeans e uma blusa branca e penteio os cabelos.
Desço as escadas e pergunto para Howard - o mordomo - onde fica o campo de golfe. Ele me leva até lá. Carter e Georgia com tacos de Golfe e Nathan com uma arma, atirando contra uma árvore, com um entalho de alvo.
- Olha só. - diz Nathan quando chego perto dele. - Achei que tinha se afogado lá dentro.
- Está mais para você se perder dentro da Georgia. - murmuro.
Ele abaixa a arma e tira o cabelo dos olhos.
- Está com ciúmes da Georgia? - pergunta ele de braços cruzados e a arma pendurada pelo gatilho em um dos dedos.
- Porque eu estou caidinha por você, não é Nathan?
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