Darkness Feed escrita por S A Malschitzky


Capítulo 3
Lar em chamas


Notas iniciais do capítulo

boa leitura. Não peçam Spoiler. ( principalmente vc Tiazinha123 beijos)



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Olho para o lado e vejo a mochila vermelha e preta que minha mãe me deu quando eles finalmente resolveram nos contar a verdade sobre o mundo. 

Um cientista ficou completamente louco e quis destruir a humanidade, sendo o único homem da face da terra e continuaria a espécie com a única mulher do mundo, que nem ele sabia onde estaria.

Mas isto não aconteceu. Sua esposa virou um dos bichos que vemos hoje e o transformou.

Ninguém sabe ao certo quanto tempo cada um deles vive, mas não importa. Têm que ser eliminados.

- Você quer mesmo se mudar? - pergunto. 

Nathan fecha o zíper da mochila preta, suspira e me encara.

- Não sei. - diz ele vindo em minha direção e segurando minha cintura. - Eu gosto de você Shannon. - Olho estranhamente para seu rosto. - Mais do que do meu cachorro que vive no porão.

- Nós não temos porão. - digo. 

- Eu também não gosto de você. - diz ele levantando uma das sobrancelhas e se afastando de mim. - Quer dizer, eu não sei ao certo se eu quero me mudar. Mas não tenho escolha. Tenho que proteger a irmã pirralha do Abe. 

- Eu vou ficar. - digo cruzando os braço.

Ele solta uma risada.

- Não vai durar três dias. - Ele balança a cabeça. - Não tem um carro, não sabe atirar,   não sabe nem onde fica o supermercado aberto e ficará sem a sua geleia de morango.

- Posso sobreviver sem geleia de morango.

- Tá. - diz ele. - Cala a boca e vamos logo. Tenho que pegar comida.

Ele coloca o casaco preto pega nossas mochilas e anda até a camionete preta, colocando-as na caçamba.

Coloco o casaco e cruzo os braços.

Ele volta a porta e me encara.

- Vamos! - diz ele encarando meus olhos.

- Eu não vou! - digo encarando seus olhos.

Ele revira os olhos azuis e anda até mim, me colocando nos ombros e me levando até o carro.

Minhas mãos começam a ficar frias. 

Ele fecha a porta com força e entra no carro.

- Para de ser tão teimosa! - grita ele abrindo  mochila atrás das chaves. - Da próxima, prendo você atrás do carro e dirijo pela floresta á meia noite. Te juro que não vai agradável.

- Esqueceu seu cachorro. - digo olhando para a floresta verde ao lado da casa.  

- Esqueceu seu cachecol. - diz ele jogando o cachecol em cima de meu colo e tirando uma caixa de fósforos do bolso do lado. - Poderia ter pego o cachorro para mim, não acha?

Ele sai do carro e tira uma garrafa de gasolina do banco de trás.

- Você normalmente não é gentil comigo, porque eu seria com você? - Coloco o corpo para fora da janela.

- Porque você é irmã do Abe. - Ele puxa o cabo do gás e faz um rastro de gasolina até perto do carro. - Eu sou filho do meu pai. 

Nunca entendi esta história direito, mas pelo o que eu peguei de conversas, o pai de Nathan matou o irmão gêmeo de Nathan depois que a mãe deles foi infectada. De acordo com Abe, Nathan sabia atirar e seu irmão não, sendo inútil e uma perda de tempo neste mundo.

Nathan se separou do pai e vagou pelo mundo até nos encontrar.

Ele coloca a garrafa de gasolina de volta na caçamba e entra no carro, acendendo o fósforo e jogando-o no rastro de gasolina. 

O fogo percorre a grama verde até formar uma explosão e fazer a casa ficar em chamas.

- Porque você fez isso? - pergunto.

- Para ter certeza de que você não voltará para cá. 

Ele dá a partida no carro e dirige pela estrada asfaltada - bem, na verdade ela não é usada -  com corpos queimando na beirada do asfalto e carros batidos no meio da estrada.

- Vai comprar mais vacinas? - pergunto.

- Acho que sim. Não sei quanto tempo ficaremos viajando então  acho melhor sim. 

Vejo o prédio branco e quadrado com letras pretas e incompletas.

- Vai querer ficar no carro também ou quer ir junto? - Ele desce do carro e bate a porta com força.

Abro a porta e ando com ele até a entrada do mercado.

As portas automáticas estão quebradas e há somente a armação de ferro preto. Mas o motor ainda funciona.

Não há ninguém nos caixas e os caixas estão vazios. Não há dinheiro. Algumas prateleiras estão vazias, algumas derrubadas e produtos espalhados pelo chão.

Nathan pega um carrinho e começa a rodar pelo supermercado.

- Pegue outro! - diz ele chegando á seção de congelados. 

Pego outro carrinho e corro atrás dele.

- Isso provavelmente está vencido. - digo. 

- Não. Os carimbos enganam. Meu pai trabalhou aqui, isso dura mais de dois meses. 

Ele coloca vária bandejas de frango congelado no carrinho e o empurra na direção das carnes.

Novamente, ele pega várias bandejas de isopor.

- Posso ir pegar água? - pergunto.

- Se quiser. - diz ele á procura de alguma bandeja de carne que não esteja com pedaços verdes. - Você não se importa de comer só frango, certo?

- E eu tenho escolha? - pergunto parando de empurrar o carrinho.

- Tem razão, não. - diz ele.

Empurro o carrinho na direção da seção de bebidas e pego várias garrafas grandes de água, cobrindo todo o espaço do carrinho.

- Ah, você está ai. - diz Nathan com vários vidros de geleia nas mãos. - Tem uma prateleira cheia dessas. Quer escolher? Deixa o carrinho ai. Eu coloco no carro.

Dou de ombros e ele me guia até uma estante cheia de vidros de geleia.

- Não exagere.  - diz ele empurrando dois carrinhos na direção da saída.

Pego cinco vidros e corro para o carro.

- Eu disse para não exagerar. - diz ele cobrindo a caçamba da camionete com uma lona marrom.

Puxo a lona e vejo várias garrafas de cerveja.

- E eu exagero, certo? - pergunto entrando no carro.

- Vamos combinar uma coisa? - Ele fecha a porta do carro. - Eu não reclamo da sua geleia e você não reclama da minha bebida.

- Feito. - digo. 


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