- Greg, você não pode fazer isto. - implorou a mulher entre soluços, com lágrimas nos olhos e agarrada ao filho de seis anos, que encara o pai confuso. 

- Eles estão destruindo este planeta. - disse ele em um tom sombrio. - Não sobrará mais nada daqui á alguns anos. 

- Tem uma salvação. - disse ela. - Por favor. Pense nas vidas que acabarão por sua causa.

- Serão todas. - disse ele, ainda olhando para a vista da janela quadrada e imunda. A vista dos prédios de NY, os carros passando na rua e as pessoas com celulares nas mãos andando na direção do trabalho. - Não haverá ninguém para me culpar.

- Você é um assassino! - berrou ela com todas as forças. - Vai exterminar a sua própria raça! Como pode considerar isso?

- Estou fazendo isso por todos. - disse ele bravo e balançando a cabeça. Tudo começará novamente. A evolução. E talvez alguém descubra o que eles fizeram e não façam novamente. 

- O mundo nunca será perfeito. - diz ela mais calma, pelo menos tentando tranquilizar o filho. - Sempre terá alguém tentando destruí-lo.

- Não há mais jeito. - disse ele segurando suas mãos. - Eu estou decidido. Não há mais espaço para os humanos no planeta terra.

Ele bate no botão vermelho em sua mesa.

Uma fumaça cor de bile começa a invadir as ruas. O barulho das batidas de carros e alarmes começam a tocar.

O homem estava completamente louco. Não tinha nenhuma esperança de que os humanos mudassem e parassem de destruir á si mesmos. Mas já estava feito. Em algumas horas, todas as bombas de veneno ao redor do mundo iriam se abrir, exterminando todos os humanos. Menos ele. Greg se medicou á dez anos na esperança de conseguir mudar e salvar o planeta terra. Somente uma mulher e ele sobrariam no mundo. Mas ele não sabia ao certo quem ela era, nem se estava em seu pais. 

Ele viu sua esposa desabar no chão, agarrada ao filho que chegava ao seu último suspiro.

- Onde está sua esperança agora? - ele perguntou, olhando-a com desdém. 

 Ele levantou a perna e passou por cima dos dois corpos, abrindo a porta e entrando no elevador feito de espelhos. A porta começa a se fechar, quando sua esposa - aparentemente morta - se levanta vagarosamente, olhando para ele com os olhos vermelhos e andando em sua direção, deixando uma gosta de saliva amarelada, mais parecida com pus sair do canto de sua boca e o olhar insaciável.

Ela começou a correr e conseguiu alcançá-lo, deixando sua perna fechar na porta do elevador e um pedaço faltando em seu pescoço.

- Não! - gritou ele, desabando no chão e suspirando pela última vez. 

A época da escuridão havia chegado.