Tema: As Crônicas de Nárnia

Shipper: Lúcia Pevensie e Pedro Pevensie

My Only King

Estava na festa de casamento de minha irmã, Susana. Uma festa linda, digna de reis! Havia um bolo gigante no centro do grande salão do castelo da Arquelândia e em volta várias pessoas com belíssimas roupas tomando bebidas refinadas ao som de uma calma canção.

Muitas pessoas ainda estavam dando seus parabéns ao casamento, faziam uma fila para tentar chegar perto da bela rainha. Então eu teria que esperar até o final da festa para poder cumprimenta-la.

Avistei Edmundo de longe conversando animadamente com alguns generais e renomados soldados, ele estava cada dia mais atraído pelas histórias de guerra que lhe contavam.

O irmão do rei da Arquelândia, agora meu parente e parte da família, veio até mim e depositou um beijo gentil em minha mão.

– Rainha Lúcia – cumprimentou.

– Senhor Tomas – fiz uma pequena reverência.

– Está sozinha majestade?

– Vim com meus irmãos, mas eles parecem ter achado outras companhias. – respondi vendo lançando um olhara para Edmundo e notando que Pedro havia sumido.

– Eu posso oferecer minha humilde companhia? – perguntou sorrindo.

– Claro – sorri timidamente.

Tomas era quase da mesma idade que eu, talvez alguns poucos anos mais velho. Era alto e muito bem aparentado. Dotado de lindos olhos azuis, lindos sim, mas não como os de Pedro. Ninguém tinha os olhos mais bonitos do que os de Pedro. Espere, porque eu pensei isso?

– Me daria à honra de uma dança? – ele estendeu sua mão.

– Oh, mas é claro! – aceitei sua mão e seguimos para perto das outras pessoas dançando.

Estava dançando calmamente com Tomas. Ele não tirava os olhos de mim um instante, fiquei constrangida e sempre desviava o olhar para baixo.

– Senhor Tomas? – chamou uma voz muito familiar, fazendo-me abrir um sorriso.

– Grande rei Pedro – cumprimentou ele.

– Gostaria de acompanhar a rainha Lúcia durante o resto da festa. – disse gentil e imponente.

– Ah, claro. – Tomas olhou para mim – Foi um prazer majestade.

– Igualmente – ele beijou minha mão e saiu.

Vi Pedro olhando ele ir, parecia estar com... Ciúmes? Só sei que sua expressão não indicava que estava satisfeito.

– Pedro? – o chamei e ele voltou sua atenção para mim.

– Não gosto dele. – declarou pegando minha mão e me guiando em uma dança.

– Porque não? Ele é irmão do rei. – indaguei tentando decifrar aqueles belíssimos olhos azuis.

– Ele está achando que vai casar com você só porque Susana casou-se com o irmão dele. – bufou.

– Ele que casar comigo? – perguntei surpresa.

Pedro me olhou parecendo reprovar minha visível animação.

– Ele quer, mas não vai. – disse ainda parecendo se roer de ciúmes.

– Está com ciúmes? – brinquei sorrindo sapecamente.

– O que? – exclamou ficando vermelho – Só estou tentando te proteger. – desviou o olhar.

– Pois me parece se roer de ciúmes. – provoquei.

Ele parou de dançar e por um momento achei que ele tinha ficado com raiva, mas para minha surpresa ele me ergueu no ar e depois me abaixou, fazendo meu corpo se apoiar em seus braços e ficar com a cabeça perto do chão.

Seu rosto estava a centímetros do meu e meus braços se envolviam em torno de seu pescoço. Senti um arrepio nas costas, no local onde ele depositava suas mãos.

– Da próxima te rodo no ar. – disse sorrindo brincalhão e me levantando.

Todos no salão nos olhavam e logo bateram palmas pelo belo e surpreendente passo de dança.

Após a festa, dei meus parabéns a Susana e seu marido e fui embora com Pedro e Edmundo.

Em um dia sem avisar, pouco tempo depois do casamento, Pedro oferece o governo da Calormânia para Edmundo, que aceitou sem pensar muito, pois Calormânia estava sem rei e o exercito sem um líder. Então ele partiu e eu vi mais um de meus irmãos ir embora. Agora só restava Pedro e eu em Cair Paravel, e eu estava com medo de ele também resolver ir embora. Na verdade eu tinha muito mais medo de ele se casar com alguma moça e eu ficar totalmente sozinha em segundo plano. Aceitei o casamento de Susana, aceitaria o de Edmundo, mas por alguma razão pensar em Pedro se casando fazia meu coração se dilacerar.

Não conseguia dormir. Revirava-me na cama inquieta. Pedro não podia se casar, muito menos ir embora. Meu peito se comprimia e senti meus olhos lacrimejarem. Ele já era um homem formado e dotado de uma beleza mais arrebatadora do que qualquer outro em Nárnia. Era o grande rei, poderoso, habilidoso. Devia chover pretendentes para ele. Mulheres bonitas e elegantes.

Mas porque eu me importo tanto com isso? Eu sabia a resposta, sim, desde a festa de casamento eu já sabia perfeitamente a resposta, só custava em aceita-la.

Eu não podia viver com isso, um dia Pedro iria se casar e provavelmente não seria comigo, afinal sou a irmã dele! Isso é uma calúnia! Um pecado terrível!

Mas para mim não parecia tão terrível. O amor não é terrível, nem mesmo nessas circunstancias.

Só havia um jeito de acabar com isso de uma vez!

Levantei da cama somente de camisola e sai até o quarto de Pedro. Caminhava em passos de gato para que nenhum dos empregados me notasse.

Chegando na porta verifiquei se estava trancada, e para minha alegria a maçaneta girou e a porta se abriu minimamente.

Suspirei profundamente e adentrei o quarto fechando a porta atrás de mim.

– Lúcia? – disse Pedro que estava deitado sem camisa em sua cama.

– Oh! Desculpe-me! – fechei os olhos e me virei envergonhada.

Ouvi-o rir e levantar da cama. Não demorou e eu me arrepiei quando senti sua respiração em meu ombro.

– Lúcia! Sempre tão tímida! – riu me virando para ele e fazendo-me abrir os olhos.

– Me perdoe Pedro! Eu devia ter batido na porta! Quanta má educação! – dizia afobada.

– Ei, tudo bem. – relaxei – O que houve?

Por um momento havia me esquecido do que tinha ido fazer ali. Quando me lembrei corei violentamente e ele percebeu.

– Porque está vermelha? – perguntou parecendo se divertir.

– Ah... É que eu vim te dizer uma coisa. – abaixei o olhar.

– Eu também queria te dizer uma coisa Lú, provavelmente vai achar o assunto perturbador e me repulsar eternamente. – ele parecia se condenar internamente.

– Acho que também vai achar o que eu tenho a dizer perturbador e repulsivo.

– Quer falar primeiro? – perguntou e eu neguei com a cabeça – Certo, promete que não vai me odiar?

Levantei o olhar e assenti sorrindo gentilmente.

– Amo seu sorriso! – declarou e eu sorri ainda mais – Lúcia, eu não te vejo mais como minha irmã. Meus sentimentos são de um homem apaixonado, eu a vejo como uma amante, em meus sonhos eu a beijo. – pausa – Desculpe se a assustei. – falou se afastando.

Eu estava perplexa. Pedro me amava? Ele também sonhava com nosso beijo? Levei alguns segundos para processar a informação. Era bom demais!

– Pedro! – ele abaixou a cabeça achando que eu iria recrimina-lo. Joguei-me em seus braços fazendo-o quase cair – Eu sinto o mesmo! Sonho todas as noites com você!

Ele me abraçou fortemente e ouvi suas leves risadas. Nos separamos e ficamos um tempo nos olhando.

– Eu te amo! – disse antes de me beijar.

Senti uma sensação inexplicável quando meu corpo encostou-se ao seu. Ainda mais pelo fato de ele estar sem a roupa de cima e eu apenas de camisola fina.

Eu queria tocá-lo. Queria ele para mim de um jeito que não sei como descrever. Aquela sensação me dominava a cada toque.

– Pensei que jamais iria me ver assim. – disse quando nos afastamos.

– Por quê? Você é a mulher mais linda de toda Nárnia! A mais gentil e generosa!

– Acha mesmo? – mordi o lábio.

– Sem dúvidas! Confesso que me mordia de ciúmes dos rapazes que a cortejavam. – bufou lembrando.

Eu ri e lhe dei um selinho.

– Eu amo apenas você, meu único rei.

– E eu amo apenas você, minha única rainha. Casa-se comigo? – pediu ele acariciando meu rosto.

– O que? – disse abobada – Tem certeza que é isso que quer? – sorri.

– Absoluta!

– Sim! Eu aceito!

Beijamo-nos e passamos o resto da noite juntos, agora como amantes.