Eu jurei que não ia me apaixonar mais. Prometi a mim mesmo.

Mas a Maddeline... ela é tão... ela. Ela é tão diferente das outras, tão anormal em relação ao mundo, em relação a tudo. Maddeline não é o tipo de garota que se apega fácil e isso já deu pra perceber. Eu a quero pra mim. Inteira e exclusivamente pra mim.

– Pensando em mim? - uma voz soou. Olhei na direção da janela e era ela: a minha garota, mas ela ainda não sabe disso.

– Como sabia? - eu respondi sorrindo e levantando pra abrir a janela pra ela. Sinto que não era essa a resposta que ela queria ouvir, pois ela ficou corada.

– Entra - quebrei o clima frio - Senta aí - apontei pra cama. Ela assentiu e se sentou, fiquei encarando ela por muitos minutos, observando cada detalhe do seu rosto perfeito - você é tão linda - disse sem pensar, me arrependendo logo em seguida, quando vi a expressão de seu rosto mudar - digo... digo... você não é linda... quero dizer, é, é que você é linda mas-mas-mas nã-não dessa forma. Quero dizer, você é linda dessa forma mas não.. é... vo-

– Escuta, qual é o seu joguinho, hein? - ela me interrompeu - O que você está querendo? Hã, Daniel, fala, o que você quer hein? Você acha que, há há, você acha que vai ser fácil me conquistar? Há, há! Daniel, eu não sou como todas, não percebeu? - ela se descontrolou - Você acha mesmo que a gente vai namorar, viver felizes para sempre? Não, não, não vamos, sabe por que? Por que vai ter sempre alguma coisa pra acabar com tudo! Você realmente acha que vai conseguir quebrá-la, não é?! E aqu-

– Espera, quebrar o que? - a interrompi

Ela me lançou um olhar desesperado e pulou para fora pela janela e saiu correndo.

– Maddeline! Volte! Maddeline, por favor! - eu a gritava, mas ela nem sequer olhava pra trás.

Fiquei em meu quarto pensando sobre o que ela estava falando. Comecei a ficar com raiva pois, oras, aquela menina me trata mal desde que cheguei aqui, quem ela pensa que é? Há, ela só pode estar achando que eu vou ficar correndo atrás dela, mas ah, eu não vou mesmo!

Deitei e adormeci.

Abri os olhos com dificuldade e me levantei da cama, o quarto estava bem diferente do que quando eu fui dormir. Dormi por quanto tempo? Caminhei até a porta e no final corredor havia uma salinha. Fui até lá e tinha várias pessoas, porém meus olhos pararam numa menininha sentada com um ursinho na mão, aparentemente assustada. Quando eu estava me aproximando dela, um moço velho chegou perto dela

– Aí está você! - ele disse - Te procurei em todo lugar... sua mãe pediu para que eu te leve até ela!

O quê? NÃO, EU NÃO IA DEIXAR AQUELE VELHO GORDO DESGRAÇADO FAZER AQUILO COM A MENINA!

– Ei! Sai daí! - eu gritei para ele, porém ele pareceu não me ouvir.

– Minha mamãe disse pra eu esperar ela aqui - a criança falou.

– NÃO VÁ COM ELE! - eu gritei pra ela, mas ela também não me ouvia, aliás, ninguém naquela sala me ouvia. - NÃO, NÃO, NÃO - gritei desesperado - NÃO VÁ, POR FAVOR! - eu puxava meus cabelos.

A menininha deu a mão para aquele velho sorridente desgraçado e saiu dali com ele. Comecei a perseguí-los e eles pararam em frente a uma floresta que ficava bem perto do lugar onde estávamos. A menina já havia percebido o perigo quando eles adentraram nela e já chorava. Eles seguiam entre as árvores e eu ia junto, sem sem notado, até eles pararem em frente a uma casa de mal-acabada de madeira. A menininha tentou correr mas o velho ficou bravo e a pegou no colo.

Eles entraram na casa e eu tentei entrar junto, mas não conseguia passar da porta, parecia uma espécie de vidro que me impedia de entrar ali. Corri para achar uma janela naquela casa podre, dei quatro voltas e não achei nenhuma, apenas uma bem pequena. Resmunguei e observei por ali. Quando eu vi, a menininha estava jogada no chão, nua, com um olhar apavorado olhando para a janelinha, mas ela parecia olhar além de mim. Eles não podiam me ver. O velho estava colocando o cinto da calça com um olhar satisfeito. Tentei abrir a janelinha mas eu não conseguia. O velho caminhou até uma mesinha e lá pegou uma pedra bem grande. "Não, ele não vai fazer isso" pensei. Mas sim, ele ia. Quando ele estava prestes a esmagar a cabeça da menina, eu gritei.