A Viagem De Chihiro 2 escrita por lucy romanoff


Capítulo 3
Capítulo 3- A casa de banhos


Notas iniciais do capítulo

Desculpa gente pela demora. Espero que gostem desse capitulo :)



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Enquanto dormia, escutava as vozes das pessoas e algumas eu conseguia identificar.
As vezes eu acordava, procurava Haku com os olhos pelo quarto onde estava, mas não o achava, então voltava a dormir.
Eu fiquei em um estado de semi-coma, diferente de quem está em coma, o semi-comatoso pode ser um pouco sensível a estímulos físicos ou verbal (ou seja, abrir os olhos ou mover quando tocado), por isso conseguia escutar as conversas das pessoas.
Uma vez enquanto dormia, escutei uma conversa de duas pessoas, e consegui identificar pela voz deles, que eram Lin e Kamaji.
- Poxa, onde esta Haku? Ele rinha que estar nos ajudando! A Sem não está bem, ta dormindo há 3 dias e não tem como alimenta-la assim. Reclamou Lin.
- Ele esta fazendo serviços para Yubaba, só volta daqui a alguns dias- Resmungou Kamaji.
- Alguns dias?!
- Fale baixo, assim vai acordar a menina!
Como é bom saber que você é um incômodo para seus amigos. Isso é realmente reconfortante. E mais legal ainda é saber que o amor da sua vida ta pouco se ferrando pra você, porque eu quase morri e to apagada a mais de 3 dias e ele nem teve a simples consideração de pedir para a aquela bruxa mal amada deixar ele cuidar de mim durante o meu tempo de recuperação. Obrigada Kamaji e Lin, realmente a sinceridade de vocês é comovente e a psicologia também está correta, o verbo amar a razão rejeita.
Pelo que eu percebi, durante a manhã e a noite, quem cuidava de mim era a Lin. A tarde era o Kamaji.
Senti alguém mexendo em minha ferida, então escutei novamente a voz de Kamaji:
- Lin, pegue um balde de água quente, toalhas limpas, uma linha e uma agulha esterilizada. Devemos diminuir os pontos, para que a ferida cicatrize mais rápido.
- Claro, eu já volto.- E saiu fechando a porta.
Não escutei mais nada após isso e voltei a dormir.
Desde então, demorou alguns dias para que eu acordasse de novo.
Acordei com a voz de Lin, perguntando:
- Como ela está?
- Esta melhor, já deve estar para acordar.
Não era a voz de Kamaji, e sim a de Haku.
Deus, por favor, me deixe acordar, eu quero vê-lo.
-Quando ela acordar, mande alguém me chamar, tá?
-Claro, mando sim.
Escutei o barulho da porta fechando.
- Chihiro, você pode me ouviu?- perguntou Haku.
Tentei balançar a cabeça positivamente.
-Não se esforce, vou buscar um pouco de água para você beber.- disse ele levantando.
Agarrei sua blusa e consegui balbuciar um não.
- Não se preocupe, eu volto.- E saiu.
Fiquei um pouco aflita com essa frase.
Meus sentidos começaram a voltar lentamente, mas a minha cabeça doía muito, parecia que eu estava de ressaca.
Consegui levantar lentamente e mudar de roupa, mas como estava um pouco tonta, sentei na cama novamente.
Haku voltou com um copo de água, comida e com alguma coisa dentro de um frasco que tinha um cheiro de álcool.
- Que bom que já se levantou! Esta enjoada ou tonta?
- Estou um pouco tonta.
- Coma isso, vai melhorar.- Disse sorrindo me entregando uma pílula.
Engoli ela com a água e em poucos segundos já não sentia mais nenhuma dor e nem tontura.
- E agora, esta melhor?
- Sim, estou.- respondi sorrindo.
- Então coma um pouco.
Comi tudo que ele me trouxe.
- Fiquei apagada quantos dias?
- Uns 6 dias.
Ficamos calados por algum tempo, até que eu quebrei o silencio.
- Tem certeza de que não tem problema você estar aqui? Porque você deveria estar lá embaixo trabalhando, cuidando da casa de banho. Não quero ser um incomodo.
- Chihiro, você nunca vai ser um incomodo.- disse com um sorriso.- Agora deite, tenho que fazer o seu curativo
Ele limpava a ferida com tanta delicadeza. Estava tão feliz por ele estar ali.
- O que era aquilo que estava em sua cintura?O que fez o corte.
- Hã?
Ele me mostrou a bala.
- É uma bala, um objeto perfurante que é disparado de uma arma. Se o atirador tiver mira boa, pode matar o alvo. No caso, o alvo era eu. Estavam tentando me matar.
Olhei para ele, e seus olhos assumiram uma expressão de fúria.
- Quem fez isso com você?
- Não sei. Os atiradores estavam com capuz. E também estava muito escuro.
Contei para ele o que aconteceu.
- Desgraçados, vou caça-los e depois vou matar os dois.
-Não, você não vai fazer isso!
- Por que não?Eles tentaram te matar Chihiro!
- Eu sei, mas não temos o direito de tirar a vida de ninguém, muito menos por vingança.
- Eu estou tentando te proteger! E se...- Gritou, mas não deixei que ele terminasse a frase.
Levantei gritando:
- Me proteger?! Voce teve essa chance por 8 anos! Por 8 anos eu te esperei!- Comecei a chorar.- Voce não cumpriu com sua promessa, por que acha que devo acreditar em você?!
-Eu não cumpri porque não pude quebrar o contrato! Mas eu nunca me esqueci de você! Por que você acha que mandei Sem Rosto te proteger?!
- Por que você fez isso?
- Porque protegemos a pessoa que amamos!
- O que?- Perguntei abaixando o meu tom de voz.
- Chihiro...- Ele também abaixou o seu tom.- Eu te amo.
- Você me ama?- Perguntei sorrindo e chorando de alegria.
-Amo.- Respondeu dando um sorriso.
-Eu também te amo Haku!.- Chorei mais ainda.
Ele enxugou minhas lagrimas e depois acariciou meu rosto.
- Eu prometo que nunca mais vou te magoar. Não precisa mais chorar.
Ele me puxou para mais perto dele. Fechei meus olhos, abracei seu pescoço,ambos com o coração acelerado. Senti sua respiração perto do meu rosto, quando...
-HAKU! VOCÊ É SURDO?! ESTOU TE CHAMANDO TEM 5 MINUTOS!- berrou Lin entrando no quarto, fazendo nós dois nos separar rapidamente .- A Sem acordou e você nem me chamou?
- Lin! Eu vou te matar! Gritei.
- O que eu fiz agora?
- NASCEU!
- Eu interrompi alguma coisa?- disse irônica.
- SIM!
- Devo maliciar?
Nessa hora eu e Haku coramos.
Perdi a paciência e sai correndo atrás dela pelo quarto. Haku dava gargalhadas deitado no chão.
- Mas que bagunça é essa?!- Gritou Kamaji ao entrar no quarto.
Haku levantou e foi em sua direção. Bateu de leve no ombro de um dos braços de Kamaji e disse:
-Não é nada de mais, é a felicidade do encontro.- E foi em direção da porta.- Vamos Lin, temos trabalho para fazer. Chihiro eu volto mais tarde para ver como você esta.
Os dois saíram pela porta e eu consegui escutar Lin falar ironicamente para ele: Sua namorada é de arrepiar, né?
- Eu juro que te mato Lin.- murmurei.
Escutei as risadas de Haku.
- E então menina, como você esta?- Perguntou Kamaji.
-Estou melhorando, a ferida nem dói mais.- Respondi com um sorriso.
- Isso é ótimo! E como esta em casa? Seus pais não ficarão preocupados com você?
- Não, eu não moro mais com meus pais.- Falei melancólica.
-Voce mora com quem então? Sozinha?
- Não, eu moro com o meu tio, em outro país.
- E seus pais? Eles moram onde?
- Kamaji, eu moro com meu tio desde os 14 anos, porque meus pais morreram em um acidente.
-Oh! Me desculpe, meus pêsames.- disse envergonhado.
- Tudo bem! Você não sabia.- Tentei mudar de assunto.- E Yubaba? Ela não se importou de eu ficar aqui?
- Não, ela nem sabe.
- Como assim?
- Ela saiu por 3 dias. Não sei ao certo quando volta,
- Entendi. E o Boh, como ele esta?
- Ele já é um rapaz! Tem 15 anos!
- Como assim 15 anos??!!
- Filhos de feiticeiros e bruxos sempre crescem mais rápido.
- Que fofo! Tenho tanta saudade dele!
- Amanhã você verá todos. Agora descanse.
Então eu fui dormir.
No dia seguinte, pela manha, Lin fez meu último curativo e fomos comer.
Foi tão bom reencontrar todos!
Haku pediu para que eu e Lin fossemos colher algumas flores no jardim, para enfeitar a casa de banhos.
- Você esta tão grande, nem parece mais aquela menininha de antes.- Falou Lin enquanto colhíamos as flores.
- Se passaram 8 anos, não sou mais criança.- Falei rindo.
- Olha como está o seu cabelo! Cresceu muito, agora ele bate em sua cintura!
- O seu também esta lindo como sempre!
- Lin e Sen! Já recolheram as flores?- Perguntou Haku.
- Sim! Respondemos.
- Então venham! Vocês devem pegar suas tarefas!
Lin foi na frente e eu atrás. Ao chegarmos até Haku, ele pediu para que ela fosse na frente que eu iria depois.
- Ta bom! Sem, vê se não demora!- resmungou.
- Sim, senhora!- renpondi rindo.
Ela fechou a porta da varanda.
Haku pegou minha mão e me puxou até o labirinto de flores que levava até o lugar onde os porcos ficavam.
- Chihiro, aqui terei que te chamar de Sem e você deve me chamar de mestre. Devemos manter essa compostura.
- Ok.- respondi dando-lhe um sorriso.
Ele chegou mais perto, abraçando a minha cintura, tomando cuidado para não colocar a mão onde estava o machucado. Eu coloquei as mãos em seu pescoço. Ele segurou meu queixo e dessa vez, ninguém nos atrapalhou. Foi o beijo mais maravilhoso.
Ficamos nos olhando e sorrindo até ele dizer:
- É melhor irmos, eles podem notar nossa falta.
- Você tem razão.
- Amor, vamos disfarçar.
- É só falarmos que viemos alimentar os porcos.
- Ótima ideia!
Fomos de mãos dadas para a casa de banhos. Quando entramos, agimos como se nada tivesse acontecido. Ele subiu para o escritório de Yubaba e eu fui ajudar Lin com os banhos dos clientes.
Mais a noite, na hora do toque de recolher, fui até o mar que se fazia para separar o mundo dos humanos do mundo dos espíritos.
Amo nadar, principalmente depois de um dia o puxado como o de hoje.
Ao entrar, vi que havia uma pessoa se aproximando da água. No inicio pensei que fosse Haku, mas depois já não conseguia identificar, nunca o tinha visto antes.
- Sen? O que faz aqui depois do toque de recolher?
-Desculpe, mas eu o conheço?
Ele me olhou decepcionado.
- Poxa Sen! Sou eu, Boh!
- Como é, amigo?! perguntei surpresa.
Realmente ele cresceu muito, agora já estava um belo rapaz.
Ele começou a se aproximar de mim, entrando na água.
- Só pode ter sido o destino! disse ele me agarrando e tentando me dar um beijo.
Imediatamente dei-lhe um tapa e o empurrei para longe de mim. Sai da água e ele ficou me olhando surpreso e disse:
- Nenhuma mulher já me rejeitou antes.
- Problema é seu.
- Por que você não me quer, não me acha atraente?
- Pedofilia é crime. Desculpa, mas eu não pego pirralho.
Fui embora deixando ele com cara de idiota.
Não mudou nada, continua sendo o mesmo egoísta narcisista de sempre!


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