Histórias De Um Garoto escrita por Milla


Capítulo 4
O Grande Idiota


Notas iniciais do capítulo

Demorei horrores, e a culpa é toda minha, ou da minha cabeça, que não quer funcionar (o que da na mesma) mas ta pronto e eu adorei.



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É claro que não! - ela riu para mim, e ficou claro que estava bêbada.

Ah, porque não gatinha? Você nem sabe o meu nome, não é?

Ela havia dito alguma coisa mais cedo, Julia, é, era isso. A música estava tão alta que tinha que me inclinar até a sua orelha para falar, e aproveitei para abraça-la, o que ela não recusou.

– Julia - sussurrei.

– Juliana - merda, eu sabia que era algo assim.Mas foi o que eu disse - sorri amarelo.

– É, acho que sim.

Esta estava ganha, eu sempre conseguia o que queria, uns dos benefícios de nascer bonito, e rico. Só tolos negariam que isso não é importante, era tudo o que eu precisava. Eu gostava muito da minha vida, ir para a faculdade e só voltar no outro dia de madrugada. Era particular, então eu só precisava estar lá para passar de período, faltavam só dois anos para me formar. Depois da aula, saia com a turma para algum barzinho, show ou balada.

– A Camila chamou a gente pro Caustic Pub agora, parece que vai ter show ao vivo, mas vai começar mas cedo.

– Vamos então, não tem nenhuma aula importante, alias, nunca tem. E eu sei que a Camila ta a fim de mim.

– Nossa Caco, como você é convencido, eu sinceramente não sei o que elas tanto veem em você, cara.

– Certamente alguma coisa que elas não veem em você. Garotas gostam de pegada, e é sempre interessante disfarçar um pouco a bebedeira, sabe.

O show era horrível, na verdade eram só dois caras dedilhando musicas bregas, mas todo mundo estava la, então passamos um tempo falando besteiras. Eu estava de boa, quando vi a Julia chegando, tentei fugir e me esconder, mas ela me viu. Nesta hora eu já estava ganhando espaço com a Camila, e meu plano foi todo por água abaixo quando Julia sorriu e acenou para mim.

– Quem é aquela, Caco? Hã, é o que estou tentando me lembrar -tentei me lembrar, mas Julia estava vindo na nossa direção -Eu já volto, OK?

– Quando fui falar com Julia, ela me abraçou, tentando ser discreto, a empurrei para longe do grupo.

– Você não me ligou - ela olhou com uma cara toda dramática, vadia. É obvio que eu não ia ligar, só olhei para ela, cético - Nem ia ligar, não é?

De repente ela começou a chorar, o que me assustou um pouco, não consigo ver as pessoas chorando. Tentei acalmá-la.

– Hei, não faz assim Julia.

– Meu nome é Juliana, idiota - ela me empurrou - eu sabia que isso ia acontecer - saiu correndo, nada discreta, e eu voltei para a mesa, fingindo que não tinha acontecido nada.

É obvio que depois daquilo a Camila me ignorou, droga, talvez eu devesse tomar mais cuidado com essas coisa, sei la. Um dia, no almoço, meu pai começou a falar umas coisas nada a ver.

– Carlos Eduardo, você já tem 20 anos, e não faz nada além de estudar. Continua vivendo as minhas custas , não acha que está na hora de trabalhar?

– Hum, p-pra quê? - quase me afoguei com o suco - Eu não preciso de dinheiro. E estudar não é o suficiente?

– Não com estilo de vida que você anda levando. Eu sempre te sustentei, nunca deixei faltar nada, mas agora já está mais do que na hora de você se sustentar.

– A pai, fala sério. Que papo nada a ver - saí da mesa, que velho mais mão de vaca. Eu já ia na faculdade, quando me formasse, trabalharia, se ele havia me sustentado a vida toda, o que eram mais alguns anos? Não iria perder minha vida trabalhando, pelo menos não tão cedo.

As brigas com meu pai continuaram por alguns dias, mas ele acabou percebendo que eu não iria ceder e decidiu deixar por isso mesmo, mas sempre que ele tinha uma oportunidade, gostava de jogar na minha cara que eu dependia dele. Não que isso tenha me influenciado em algum momento, mas me incomodava muito, eu não suportava mais ouvir aquele velho rabugento sempre apertando a mesma tecla.

Algumas turmas novas haviam começado na faculdade, e com isso novas garotas entraram. Em pouco tempo eu já tinha cantado todas elas, e pegado algumas também, todas já sabia da minha fama de galinha. Não sabia qual era o problema das pessoas, o que elas esperavam, que eu casasse? Esse negócio de ser romântico era a pior invenção da sociedade, ninguém precisa de romantismo, só serve para te chatear. Uma vez eu até comprei um presente para uma menina, mas isso não mudou nada, era só uma tremenda idiotice e perca de tempo. Um dia eu estava no pátio com alguns colegas quando vi um grupo de garotas passando, eu nunca tinha visto elas antes por lá. E é claro que fui falar com elas, no meu melhor estilo cafajeste.

– Oi, conheço vocês de algum lugar? - algumas se limitaram a dar risadinhas idiotas quando me viram, mas a que estava á frente do grupo me respondeu.

– Na verdade não, estamos começando hoje. A menos é claro que você tenha estudado no colégio para moças de Santa Ana.

– Hum, acho que não - uau, essa machucou.

– Foi o que eu pensei - ela disse, e elas seguiram andando.

Podia apostar que este colégio era um convento, como ela pode ser tão estúpida?, não podia simplesmente deixar isso assim. E o pior é que várias pessoas viram o fora que el levou.

– Alguém sabe que diabos é este colégio para moças de Santa Ana?

– Ouvi falar que é algum tipo de colégio interno, sei lá. Fica na Zona Leste - respondeu uma garota que estava falando com a gente.

Aquela explicação não me convenceu, quem é que ainda estudava em colégio interno hoje em dia? Quando cheguei em casa no outro dia, a primera coisa que fiz foi pesquisar. A escola na verdade era um antigo internato feminino, mas já fazia bastante tempo que tinha virado um colégio normal, e unissex, é que o antigo nome anda era usado pela maioria das pessoas. Ela tinha tirado uma onda com a minha cara, e nem mesmo me conhecia.

Alguns dias depois, eu a encontrei no Caustic depois da aula. Fiquei sabendo que o nome dela era Mabel, ela era bonitinha até, tinha o cabelo curto, meio bagunçado, e olhos escuros e grandes, estava sempre com um batom escuro. Pelo visto ela já havia feito alguns amigos na faculdade, mas nem olhou para mim. Eu fui falar com ela, não era admissível que alguma garota me ignorasse daquele jeito.

– Oi Mabel, o que achou da faculdade?

Humm, boa - ela me olhou, como que tentando saber porque eu falava com ela.

É a primeira vez que te vejo aqui, quer que te apresente para o pessoal?

Eu já tenho meus próprios amigos, obrigada - ela respondeu, seca.

Qual é, porque você não conversa comigo?

Conheço bem o seu tipinho. No primeiro dia de aula, era só uma suspeita, mas mas pelo que tenho ouvido falar de você nos corredores, é verdade.

Então você tem ouvido falar de mim - disse, me sentindo o dono do mundo - o que exatamente?

Algo tipo: ele é o maior idiota de todos, filhinho de papai, galinha, egoísta e orgulhoso. É, acho que é basicamente isso - ela sorriu, sarcástica.

Tudo bem, isso é coisa de pessoa invejosa, você não precisa levar isto a sério.

Ninguém tem inveja de você, eles tem pena.

Depois daquilo, tive que sair, ela não iria mudar de ideia. Dois foras seguidos, aquilo já tinha se tornado chato, eu tinha que ficar com ela, era uma questão de orgulho.

Um dia, meu pai me acordou as 7 hrs, e mandou eu me arrumar:

– Consegui um emprego para você, começa hoje, então esteja pronto em 20 minutos que te mostro onde é.

– O que? - levantei de súbito, ele só podia estar de brincadeira.

– Isso mesmo que você ouviu, estou cansado de ser o velho usado desta história. Se você não for trabalhar, não precisa mais voltar para casa.

Eu era office boy de um escritório qualquer. Quando meu pai me contou, fiquei realmente muito nervoso.

– Office boy? Quando eu vou ganhar?

– Ninguém ganha bem no primeiro emprego, Caco, eu comecei como ajudante de pedreiro, o dinheiro não dava nem para minha comida.

Claro, a quinhentos anos atrás, e você era pobre - gritei.

Vou continuar pagando suas contas, não se preocupe.

Eu não acreditava que estava fazendo aquilo, mas estava, com a cara de ressaca, entrei pela porta da frente do meu primeiro emprego. Aquele era um dos piores dias da minha vida. Quem falou comigo foi a secretária, ela me mandou para a sala da chefe, uma quarentona chamada Sandra.

– Você só vai precisar levar documentos de um escritório para outro, cobrar contas, pagar contas, ir ao banco, este tipo de coisa. - ela me explicou - quem vai falar o que você deve fazer é a Mabel, ela fica na sala ali do lado junto com os outros funcionários.

Eu sei que ela falou Mabel, e que este não é um nome muito comum, mas eu nunca relacionaria esta Mabel com aquela. Por isso levei um susto quando à vi sentada na mesa, digitando alguma coisa, com os cabelos na frente do rosto. Quando ela me viu, também pareceu surpresa:

– O que você está fazendo aqui? - eu fiquei meio sem reação, mas acabei respondendo.

– Eu vou trabalhar aqui, e eu acho que você é quem tem que dizer o que eu tenho que fazer.

– Ai meu Deus - é, pelo visto ela não tinha ficado nada feliz com a ideia, e nem eu, já não bastava eu ter que trabalhar COMO OFFICE BOY, ainda tinha que passar esse mico na frente de uma garota que eu conhecia?

– Hã, tudo bem, só espera um segundo que já te explico tudo.

Apesar da reação imediata, depois ela me tratou normalmente, mas falava comigo como se eu tivesse 13 anos e fosse sair sozinho pelo primeira vez. Eu simplesmente não conseguia vê-la como minha superior, só ficava pensando em como ela estava sexy com aquela roupa.

– Você entendeu tudo?

– Sim, sim. O que eu faço agora?

– Você pode começar levando isto no escritório do Vasconcelos - ela me passou uma caixa com o que pareciam ser quilos de papelada.

– Ok - eu não sabia o que diabos era escritório este escritório, mas como eu sabia que ela tinha me explicado, mas não quis perguntar outra vez.

– Sabe,o emprego não é tão ruim quanto você está imaginando, mas se pensa que vai poder ficar vadiando, pode ir embora agora mesmo. Precisa ter responsabilidade, o que não inclui chegar no trabalho de ressaca - ela me avaliou, como que medindo meu nível de sobriedade.

Eu perguntei a recepcionista onde ficava o tal escritório, e fui levar os papéis. Apesar de ter habilitação para dirigir motocicleta, não estava acostumado, além do mais, o transito estava um inferno, e o sol alto. Demorei mais do que deveria para fazer a tal entrega, e quando cheguei ao escritório de novo, eles já estavam fechando as portas, o que só serviu para ela reclamar da demora e avisar que no outro dia teria bem mais para fazer.

Eu fiquei tão cansado que dormi em todas as aulas, e acabei indo embora mais cedo aquela noite. Não contei para ninguém que meu pai tinha me obrigado a trabalhar, então tive que atribuir o cansaço a academia, eu realmente esperava que ele desistisse logo daquela ideia, porque aquilo tudo era um tremendo absurdo.

Mas ele não desistiu, e sempre que eu ameaçava parar de trabalhar, ele reafirmava que iria me expulsar de casa. Eu acabei acostumando com o serviço, era chato e cansativo, mas eu pelo menos fazia as coisas certas e acabei conhecendo muita gente legal. O que não quer dizer que minha relação com a Mabel melhorou, ela era extremamente rígida e chata, muito chata. Ela ficou realmente nervosa quando descobriu que eu sai com uma de nossas colegas:

– Você tem que ser mais profissional, não pode ser tão difícil.

– O que você tem a ver com isso, se eu quiser ficar com ela, a vida é minha.

– Mas você não quer, e ela é minha amiga, então será que não tem como você dar um tempo pelo menos aqui? Ou eu vou ser obrigada a te demitir.

Era óbvio que ela estava exagerando, ela não era nem minha verdadeira chefe, mas se eu fosse mesmo demitido meu pai me matava.

Depois de alguns meses, todo mundo ja sabia que eu estava trabalhando, e eu me acostumei com a rotina, continuava saindo muito e curtindo, e quando eu falava que trabalhava em um escritório (normalmente deixando de lado a parte do office boy) as mulheres davam ainda mais atenção para mim. Logo nas primeiras semanas, eu desisti de tentar conquistar a Mabel, quer dizer, eu deixei de dar em cima dela, mas não desisti completamente. Só que isso fez ela me deixar um pouco mais em paz. Nas horas vagas, nós até conversávamos um pouco, sem que ninguém brigasse:

– Eu acho que deveríamos ir nas aulas com guarda-chuvas - eu sugeri, quando estávamos tirando sarro de um professor guspão que tínhamos em comum, ela riu.

– Um colega meu uma vez colocou um livro na frente, e ele nem percebeu, todo mundo zoa com a cara dele e ele nem percebe.

Mas nossas conversas nunca passavam de assuntos cotidianos, e na faculdade quase não nos falávamos. Um dia, eu estava sentado com uns amigos quando ela passou e me cumprimentou. Nada de mais, foi só um oi normal, mas eu tive que responder:

– Tudo bem gostosa? - ela me olhou como quem pergunta: O que você está falando? Mas eu me fiz de idiota.

– Finalmente conseguiu Caco? Já estava na hora, eu tinha começado a duvidar do seu Dom Ruan - meus amigos riram, e eu ri junto com eles, afirmando.

Eu nunca me rebaixaria ao nível de negar aquilo, todo mundo sabia que Mabel tinha me dado vários foras e aquilo tinha diminuindo considerávelmente a minha reputação, eu não podia deixar aquilo acontecer, além do mais era só uma mentirinha boba, e nem fui eu quem inventei. Nunca pensei que a notícia ia se espalhar tão rápido, no fim da aula todo mundo já sabia que eu "tinha pegado" a Mabel.

Eu sabia que o que fiz foi horrível , eu estava psicológicamente preparado para ser insultado, ignorado ou até apenhar, mas não estava preparado para a cena que vi quando cheguei ao escritório no outro dia de manhã. Entrei como se não tivesse acontecido nada, mas quando fui falar com ela, Mabel estava abaixada, imóvel.

– O que você está fazendo aqui? - ela estava com a voz embargada, como se tivesse chorado à pouco.

– Eu vim trabalhar...

– Ah, eu vim trabalhar - ela me imitou, com voz de falsete - eu sou muito idiota mesmo. Por um momento eu pensei que poderia ser sua amiga, que você poderia ser meu amigo. Eu realmente acreditei que por trás deste idiota existia uma pessoa boa, mas parece que não. Não tenho mais esperanças quanto à você. - então ela simplesmente me entregou o serviço do dia e saiu.

Eu fiquei sem reação por um bom tempo,de pé no meio do corredor, me senti péssimo, talvez pela primeira vez em muito tempo. Eu queria ir atrás dela, mas não sabia o que dizer, eu não estava acostumado a pedir desculpas, e ela nunca iria me ouvir. Então simplesmente fiz meu serviço.

Continuamos sem falar mais do que o estritamente necessário nos dias seguintes, ela até pedia para um outro colega me passar os papéis do dia. Quando eu tentava conversar, pedir desculpas ou fazia algum comentário, ela me ignorava ou fazia algum comentário superficial. Eu continuava saindo, mas por algum motivo, sempre que estava no auge da noite eu me lembrava de Mabel, e aquilo acabava comigo. Não conseguia mais me divertir tanto, era como se eu não devesse estar feliz e brigado com ela ao mesmo tempo.

Decidi que iria me reconciliar com ela, Mabel estava certa, eu era um ordinário, não merecia tudo o que tinha. Então quando cheguei ao trabalho fui direto a mesa dela, não sairia de lá brigado:

Mabel - à chamei.

Humm - ela mexeu em alguma coisa em sua mesa, e só depois de um tempo virou para mim - O que foi? - ela me olhou com desdém.

Eu preciso que você me escute, por favor. Tudo bem, fala logo - ela já estava ficando impaciente. Você estava certa, sobre tudo, eu sou um tremendo idiota, me desculpe. - eu olhei em seus olhos escuros, mas eles estavam frios - eu nunca devera ter feito aquilo com você.

Eu era sua amiga, aquilo foi traição. Eu sei, por favor, estou me sentindo péssimo. Confiei que você tinha mudado, mas é impossível, gente como você nunca muda, será que você pode me dar licença?

Eu segurei em seus ombros, fazendo-a olhar em meus olhos, mas eles continuavam frios, como se não me vissem.

– Ai, Caco. Você ta me machucando? - só então percebi como à estava segurando apertado. Eu nunca quis isso, a larguei, e sai correndo dali.

Quem diria, a cinco meses atrás, que Carlos Eduardo Vicenzi estaria no quarto chorando por uma garota, em plena quinta-feira à noite? Ninguém, mas eu estava. Não podia ficar assim, correr atrás de garotas é coisa para babacas, e chorar por elas então, nem eu estava me reconhecendo, peguei as chaves do carro e saí, eu precisava espairecer. Já dentro do carro, liguei o som no último volume, algum sertanejo universitário bem animado que eu não ouvia. Pessei em encontrar os meus amigos, mas não estava com vontade de ver ninguém, então parei em um barzinho qualquer, e entrei.

Estava lotado de jovens bêbados e felizes, mas aquilo não me contagiava mais, estava frustrado de mais. Sentei na bancada, mas não pedi nada, depois de um tempo um grupinho de garotas sentou ao meu lado, elas estava animadas e bêbadas, pela conversa estavam planejando uma festa para sábado, eu precisava falar com alguma, que outra fora encontraria de me distrair? Me virei para elas, escolhendo, mas não conseguia me concentrar em nenhuma. De repente uma veio falar comigo, foi então que reparei que eu estava a encarando, sem querer:

– Oi, eu te conheço de algum lugar?

– Talvez, como é seu nome? Carla, e o seu? Humm, é Caco - até que ela era bonitinha, tinha um corpão... não , eu não podia fazer aquilo, não tinha aprendido nada? Idiota.

– Me desculpa, eu estou um pouco cansado, preciso ir agora.

– Então tá né - Carla me olhou, meio suspeita meio indignada, e eu saí dali.

Dirigi direto para casa, e fiquei acordado na minha cama até o outro dia, sem conseguir relaxar. Quando cheguei ao escritório, Mabel não estava la, tinha ido a um curso ou algo assim. Eu precisava falar com ela, urgente, mas teria que esperar até à tarde.

Cheguei à faculdade realmente nervoso, eu tinha que fazer aquilo, agora ou nunca. Andei apressado pelos corredores, ela estava sentada em um banco com uns amigos, parecia bem. Ela levou um susto quando cheguei, esbaforrido, e parei no meio de toda aquela gente. Mas depois de um primeiro momento, só virou a cara e me ignorou.

– Me perdoa, Mabel - eu falei, para quem quisesse ouvir - por favor, eu não aguento mais você brigada comigo. Você é minha melhor amiga, e o que eu fiz foi ridículo - ela só me encarou, parecia sem reação - a verdade é que você não precisa aceitar minhas desculpas, mas mesmo assim eu quero que você aceite.

O que você está fazendo - ela olhou para mim, depois para os lados, como se perguntasse: Você tem consciencia de que está todo mundo olhando? Mas eu tinha plena consciência.

– Eu não tenho vergonha de falar, finalmente conheci alguém que me fizesse entender o sentido... Disso. E eu estraguei tudo - estava com os olhos lacrimosos, se ela não me perdoasse, não sabia o que iria acontecer - E eu... eu acho... Que eu... Te... Eu te amo, é isso- meu coraçao pulava desesperado, as palavras sairam da minha boca automaticamente, eu nunca havia planejado aquilo, mas elas vieram numa enxurrada, e me senti aliviado depois de ter dito toda a verdade percebi que precisava ser feito.

Mabel estava paralisada, me olhando séria, parecia não acreditar no que eu estava dizendo. Então eu simplesmente empurrei as pessoas que estavam entre nós, a levantei do banco e puxei para mim, a abraçando. E dei o beijo mais verdadeiro que jamais havia dado em alguém, e meu Deus, como era bom, diferente de qualquer outro sentimento que já havia provado, e ela retribuiu meu beijo. Aquilo pareceu nunca acabar, mas quando paramos, eu queria mais. Mabel me olhou com os olhos lacrimejantes e sorridentes, soltou uma gargalhada maravilhosa e me abraçou.


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Notas finais do capítulo

Estou meio sem criatividade, :/
Mas vou tentar escrever mais, prometo



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