-Venha, é por aqui- Jacob me guiou entre as arvores.

Demos de cara com uma casa, de madeira polida, tinha uma bela varanda, e uma janela enorme no andar de cima.

De dentro dela, saiam gritos intensos, de uma dor que eu só podia imaginar pior a dor do veneno de vampiro.

Entramos na casa, subindo as escadas.

-Hey- Ele sussurrou na escada- Não encare muito a Emily está bem?

Eu assenti sem saber do que se tratava.

Por que eu faria aquilo?

Um homem estava na porta, ele era o único lobo que vi do tamanho de Jacob, tinha cabelos espetados, mas não tanto como os de Seth.

Ele me olhou surpreso por uns minutos, mas depois seu olhar me encarou normalmente.

Ele cumprimentou-me com a cabeça. Devolvi do mesmo modo.

Na cama, estava Cher, digamos que com uma aparência nada boa.

Estava mais magra, o que não era normal para uma gravida. Seus lábios estavam roxos, ela suava demasiado.

Segurando os braços dela, estava uma moça com cabelos cumpridos, negros e lisos.

Ela se virou para mim, e eu pude ver que entre seus olhos negros, estava uma enorme cicatriz.

Era aquilo que eu não devia encarar. O.K.

-Vamos tentar primeiro, se não der certo, chamamos ela- Emily coordenou.

Jacob só assentiu.

-Se for mais confortável, pode ficar do lado de fora- Paul disse, eu não entendi o porque, mas depois que as mãos de Emily se encontraram ensanguentadas, captei a mensagem, fechando a porta e ficando para o lado de fora.

Como uma estátua, pensando que eu estava prestes de tirar do membro de uma tribo as suas habilidades, seu controle...ela nem poderia cuidar de seu filho por uns longos meses.

E Jacob, ele me odiaria para sempre se algo desse errado, mesmo que ele tenha prometido.

Por dentro, eu estava chorando de medo, de ansiedade, eu nunca deveria ter concordado com isso.

Mas já era tarde, eu teria que arcar com tudo aquilo.

Não sei por quanto tempo mais eu falei comigo mesma, quando Paul, Emily e Jacob saíram do quarto.

Emily carregava um bebê, que se mexia sem oarar, mas não dava um pio, sim isso era preocupante.

Jacob afagou minhas costas, olhando para a porta.

Adentrei no quarto hesitante, e fechei a porta.

Ignorando o sangue espalhado eu fui até Cher, que mantinha seus olhos pesados abertos, e respirava ofegante.

Quando os olhos delas encontraram-se com os meus, agora dourados, ela fez a ultima coisa que eu podia imaginar.

Ela sorriu.

-Bella...- Ela disse, em meio á sua luta por ar- Não pode fazer isso.

-Mas...

-Sem mas, Bella. Eu concordei com isso, para que Jacob não achasse que eu havia desistido de nosso tempo juntos. Ele provou que me ama quando ignorou seu objeto de imprinting e ficou comigo, mas já é a minha hora...

-Não..Não diga isso, e seu filho?

-Lindo não é? Diga a Jacob que o nome é Sebastian, sem mais protestos- Ela soltou uma risada fraca- Sebastian Billy Black, diga á ele.

Ela tossiu.

-Cher, eu tenho de fazer isso, não posso deixa-la morrer.

-Não entende? Eu não quero isso para mim- Os olhos dela estavam molhados- Não posso permitir, é mais do que eu aguentaria por uma eternidade, simplesmente não posso.

-Cher...

-Não, Bella, eu decidi.

-Jacob vai me matar por que eu lhe dei ouvidos, e pior, ele vai sofrer.

-Temos que lidar com a dor da perda, Bella, é a única dor que temos certeza que vamos enfrentar, assim que nascemos sabemos disto. Todo mundo chora, mas depois eu serei uma lembrança feliz.

Comecei a engasgar com meu ar, é, eu estava chorando como vampiros fazem, odeio quando isso acontece, eu perco o controle de minhas emoções.

-Diga a Jacob, que eu o amo, e que eu estarei com ele toda a noite, quando ele fechar os olhos- Ela abriu as mãos, e as estendeu um pouco para que eu as pegasse- E quando Sebastian ficar um pouco maior, Dê isto á ele, mas você tem de dar- Ela dexou em minhas mãos um colar, com vários pingentes em madeira esculpidos- Foi a primeira coisa que Jacob deu á mim- Sorriu fraco, e foi ai que seus olhos começaram á se fechar.

Ela não conseguia mais falar, comecei á me inclinar, meus dentes já estavam quase tocando seu pescoço, quando eu desabei no chão.

Eu não podia fazer isso contra a vontade dela.

Ela estava certa.

Jacob teria de lidar com a dor, e a dor não dura para sempre, nada dura.

Ele seria capaz de cuidar de Sebastian, assim como Billy foi capaz de cuidar dele.

Me levantei novamente, encarando o corpo de Cher já sem vida. Fechei os olhos dela com a ponta de meus dedos, e caminhei lentamente para fora do quarto.

Só então eu escutei o choro do bebe, que já estava sendo acalmado.

Paul e Emily estavam o ninando no quarto, passei por ali rápido, para não estragar tudo.

Só então reparei um outro quarto, já tinha um berço ali, e haviam duas crianças, de uns 2 anos cada dormindo. Eles já tinham filhos aparentemente.

Jacob estava lá fora, sentado no chão.

Ele se levantou assim que escutou meu salto bater na madeira da varanda.

-Jacob...o veneno não...fez efeito- Menti melhor do que eu esperava, mas o que Jacob fez, eu esperava menos ainda. Ele simplesmente assentiu e disse :

-Tudo bem.

-Como assim tudo bem?- Eu estava incrédula.

-De que adianta eu chorar, acabou, já era.

-Jacob...isso foi...a coisa mais fria e estupida que eu já o ouvi dizer- Declarei, irritada.

-Bom para você.

-Você não vai ganhar nada fazendo isso, seu imbecil- A velha Bella começava á me dominar, mas eu a contive.- Você está sendo um insensível, quer mostrar que é forte, mas eu sei que você  está destruído por dentro. O que tem de errado em chorar? Isso vai mostrar, Jacob, que você não é só o lobo alfa de castanho avermelhado que lidera a matilha, isso mostra que você ainda é Jacob Black, o filho de Billy, que você ainda é uma pessoa. Chorar não te faz fraco, o que te faz fraco é fingir que você não tem fraqueza alguma- Caminhei até ele, depositando em suas mãos o colar- Ela disse que é parar dar á ele quando fosse mais velho, disse que eu tinha de dar, mas guarde com você. E disse que o nome que ela escolheu é Sebastian Billy Black....Ah, e antes que eu me esqueça, ela acredita que você pode com isso, Jacob, não a decepcione.

Virei as costas sem dizer mais nada. Enquanto eu andava, ouvi Jacob caindo sentado no chão, depois soluçando em lágrimas.

Não consegui ficar indiferente perante aquilo, então dei meia volta, me sentando ao lado dele, e o envolvendo em meus braços, em silêncio, enquanto ele colocava sua dor para fora.