-Você não devia estar aqui. Você fugiu?-Ele perguntou.

-Nunca fui uma prisioneira para fugir.

-O que quer?

-Eu sou a médica do seu filinho.

Ele arregalou os olhos. Eu podia ver em seus olhos o desconforto por não poder ler minha mente.

Eu já sabia como seria tudo. Eu tinha que convencê-lo que a principio eu só estava ali para ser a médica do menino, mais nada. O resto seria com o tempo.

-Não é não. Olha, o que quer que queira eu darei, mas vá embora.

-E se eu não for? – Eu o desafiei, mordendo o lábio enquanto andava em círculos em volta dele, ele acompanhando meus movimentos, deixando sempre seus olhos nos meus. Eu fazia questão de bater o salto da minha bota com força no chão de madeira, era como o barulho do poder para uma mulher pirua.

-Acha que pode lutar contra mim ? – Ele sorriu de lado. Edward Cullen mostrando sua face – Eu sou mais forte.

-Digamos que eu tenho armas mais fortes do que as suas contra mim. Você não tem como me tocar, eu tenho meu escudo, e nem como me atingir, afinal não sou eu que tem um filho doente, uma mulher mesmo sendo vampira parece impotente, e uma filha com um poder precioso.

Ele engoliu em seco.

- O que quer dizer com isso? – Ele questionou, enquanto eu me sentava no balcão da copa da cozinha.

-Quer dizer que vai ter que me aguentar – Falei.Me movi num flash para atrás de Edward,e passei minhas unhas afiadas por sua nuca, sentindo seu corpo estremecer de leve. Cravei minhas unhas ali, fazendo-o soltar um leve gemido – Senhor Cullen – Terminei minha frase, o libertando de minhas unhas, mas isso só depois que ouvi o freio do carro de Tanya.

Edward olhou para a porta ainda congelado. Tanya abriu, as crianças quando viram Edward quase pularam por cima de Tanya para chegar nele. Edward abriu seus braços e as crianças se encaixaram perfeitamente nele. Um sorriso clandestino ameaçou escapar de meu rosto, mas consegui permanecer normal diante da situação.

Tanya olhava a cena impaciente.

-Papai que saudade – O nojentinho falou.

-Eu também- A menina disse, dando um beijo na bochecha de Edward.

- Ok, já chega disso eu quero os dois no quarto para pensar em o que fizeram hoje. No meu quarto – Tanya ordenou, apontando o dedo para cima. Ela olhou para mim. Se o olho dela fosse uma mão, já teria me socado para subir junto com as crianças, mas eu fui de boa vontade.

-Será que ela vai brigar com ele ?- Nojentinho perguntou, baixo.

-Não tem como saber- Respondi, fechando a porta do quarto de Tanya e Edward quando entramos. O quarto deles era quase do tamanho da sala, dava para fazer um show de banda famosa dentro.

-Tem sim, você consegue escutar as formigas do outro lado da rua, Bella, por favor, ajuda – Renesmee pediu. Aqueles olhos...

-Ok Ok – Cedi. Odeio crianças.

-Já ta ouvindo ? – Nojentinho perguntou. Eu o olhei rindo, dando um empurrão bem de leve nele.

-Nem respirei – Falei, enquanto ele também ria – Fiquem quietos, eu vou falando.

“Não pode nem me deixar 5 minutos com as crianças, acabei de chegar e já quero voltar ! “

“ Edward, não reclame, foi você que escolheu isso, a vida é sua se quiser desfaça.”

“Eu não penso só em mim ao contrário de você”

Eles tinham o cuidado de manter o tom baixo, para que as crianças não ouvissem.

-O que estão dizendo ? – Renesmee sussurrou.

-Estão falando...Da viajem. – Menti. Porque ? Não sei.

“Edward, eu só repito mais uma vez que se as coisas não melhorarem, eu vou embora, e vou levar as crianças comigo“

“ Não tem o direito”

“Eu ganho na justiça, eu sou a mãe! Você teria mais chances se fosse casado, ninguém confia em homem sozinho”

“Mas confiam em homem com dinheiro”

“Vai comprar seus filhos?!”

Balancei minha cabeça, me desligando da conversa deles. Eu tinha que manter Tanya junto com Edward, porque EU tenho que separá-los, não eles se separarem.

E isso seria difícil.

(***)

Quando eu cheguei na casa dos Cullen no dia seguinte, o clima estava menos tenso.

Ontem eu sai mais tarde porque Tanya achava que eu devia opinar sobre o castigo que ela daria para Nesme e o Nojentinho, pois eles se esconderam dela em uma loja de brinquedos de tamanho olímpico, mas eu consegui escapar dessa discussão.

Quando entrei não vi ninguém na sala. Tudo estava quieto.

Uma presença atrás de mim. Edward.

- Chegou cedo, Doutora Swan – Ele disse. Ele achava que podia jogar como eu jogo?

-Você não é nada original- Sussurrei sem me virar.

-Queria que você soubesse que se, isso é um jogo, eu vou ser um adversário a altura.

-A única pessoa que joga de verdade é aquela que ganha, eu ganho, só eu jogo- Falei, indo para cima dele e rasgando sua camisa com a ponta de minhas unhas, o joguei no chão com a ponta fina do meu salto. Mas depois virei de costas – Te deixei duro não é?

Ele se moveu mais rápido do que o meu raciocínio pode acompanhar, esse era o problema dele, rápido de mais.

Os braços dele me apertaram, e nossos rostos ficaram unidos.

Cadê as pessoas dessa casa?

Os olhos dourados e brilhantes dele penetravam os meus, como ele conseguia? É um canalha mesmo...

-Eu sei que não é isso o que você quer? Qual é o intuito de ficar aqui?

O que eu diria. Eu não tinha uma explicação que eu pudesse falar para ele, ou eu tinha?

-Eu te amei sabia- A frase saiu involuntariamente, como se eu tivesse uma alma hospedeira em meu corpo que falasse por mim.

-Eu...-Ele ficou desarmado-Eu também te amei.

Eu o empurrei, mas não consegui me libertar das mãos dele.

- Cafajeste, Canalha, Cachorro...Cullen.-Eu o xinguei de tudo o que consegui achar com a letra “C”.

-Tudo isso é você implorando pelo meu amor? –Ele cuspiu para mim, como se fosse o gostosão.

-Daqui á alguns dias, você que vai estar implorando-Eu sibilei, agarrando os ombros dele fazendo-o girar por cima de mim e cair no chão bruscamente, rompendo a madeira.

-Mas que..-Ele quase soltou um palavrão – Como eu vou explicar esse chão para a Tanya agora?

-Se vira gatinho-Falei por fim, pulando por cima dele se subindo lentamente as escadas.

Esse seria só o inicio de uma guerra,

Que vai durar menos do que eu, e todo mundo pensou.