Arco e flecha não seria exatamente o que eu escolheria caso precisasse lutar; mas os filhos de Apolo com certeza entendiam disso.

Enquanto eu me esforçava em mirar pelo menos no canto do alvo, eles acertavam exatamente no meio.  Definitivamente, não ficaria feliz em ter de lutar contra eles.

Só então me lembrei de que agora eu não tinha uma equipe no caça à bandeira. E agora? O chalé de Zeus não estava incluído nas programações até agora! Perguntaria isso à Lunna depois.

Ah, vale à pena ressaltar que ela era a melhor arqueira do acampamento? Podia acertar qualquer lugar, a qualquer distância, e fazia isso parecer natural, como se não fosse difícil.

- Vamos - disse Lunna, guardando o arco. - Iremos receber aulas de esgrima com o chalé de Atena, agora. Talvez... Você se dê melhor.

Assenti, tentando receber como um elogio.

***

Os campistas de ambos os chalés lutavam esgrima com facilidade; treinavam ali, por conta própria, enquanto a aula não começava. Aquilo parecia fácil, mas eu tinha a impressão de que estava errada.

Um garoto que parecia ser nosso professor irrompeu na sala. Era alto, com cabelos pretos e olhos verdes. Bonito. 

- Boa tarde... - ele disse, sorrindo. - soube que temos uma campista nova, filha de Zeus.

Senti minhas bochechas corarem.

- Tome cuidado... Ser filho dos Três Grandes não é boa coisa. Digo por experiência própria - ele garantiu. - Sou Percy Jackson.

Sorri e desviei o olhar; OK, ele era MUITO bonito.

"Não mais que Haley." Falou alguém dentro da minha cabeça.

Sacudi a cabeça para afastar a ideia estranha e tentei imitar os demais e treinar; mas eu era tão ruim quanto usando um arco-e-flecha.

- Não, não! - Percy veio até mim. - Você precisa segurar a espada desse jeito. Assim. - Ele ajeitou meus dedos ao redor do punho, mas eu não me sentia melhor.

- AI, deuses! - Gritei, e larguei a espada. - Eu morrerei em minha primeira batalha.

Girei meu anel de prata em forma de relâmpago entre os dedos, como fazia quando estava nervosa.

- Ah, calma... Jade, não é? - Falou Percy. Eu assenti com a cabeça. - Talvez espada não seja a melhor arma para você. Talvez você prefira uma faca, ou então, ... Ei, o que é isso aí na sua mão?

Abri a mão para ele poder ver melhor; um anel de prata, que eu costumava usar no anelar direito. Tinha a forma de um relâmpago; mas na verdade, até agora, eu não imaginara que poderia ser um truque de Zeus.

- É uma arma. - Percy falou. - É como Contracorrente. Jade, você sabe como poderia ativá-la? Tem alguma ideia?

- Hã? Ativar o quê? Contracorrente? - Perguntei, totalmente confusa.

Percy riu. Odiava me sentir assim, tão ignorante a essas coisas do acampamento.

- É como isto... - ele tirou uma caneta esferográfica do bolso e tirou a tampa. Uma grande espada de bronze se formou. - as vezes nossos pais Olimpianos nos presenteiam com... Coisas assim. Imagino que você tenha ele desde que nasceu.

Assenti. Aquele acampamento tinha mais gente com quem eu me identificava do que pensei.

- Deve existir algum meio de acionar... Esta, provavelmente, é a arma com a qual você mais se identifica. Já vimos que não pode ser um arco ou uma espada.

Voltei a brincar com ele com as mãos; Hiperatividade era coisa séria.

Uma menina loira chegou mais perto de nós e deu um beijo rápido na bochecha de Percy, e então olhou para mim; seus olhos cinzentos brilhavam de curiosidade sobre o anel que eu tinha em mãos. Não me livrei da sensação de que eu já a tinha visto antes, no acampamento; era difícil esquecer um rosto como o dela. Então, lembrei. Ela era a líder do chalé de Atena.

- Olá, Percy. Quem é ...? - Uau. Ela sabia disfarçar os ciúmes muito bem; mas eu também era uma menina. Em seu lugar, estaria quase berrando com a garota; a calma dela era incrível.

- Jade Mitchell. - Falei e sorri, apenas para dar confiança à garota, coisa que ela não parecia precisar; por alguma razão, isto me irritou.

- Sou Annabeth.- ela deu uma risada leve. - filha de Zeus... Você me lembra muito a...

- Thalia? - adivinhei. Poderia ter mais uma chance de perguntar a respeito. - você a conheceu? 

Annabeth me olhou com desconfiança. Eu também olharia, já que sou uma completa estranha para ela e já estou perguntando coisas que, pelo visto, são pessoais. 

- Podemos conversar sobre isso... Depois. - Ela disse. - Então, qual é o problema aqui ?!

- Um anel mágico ... Não tenho a mínima ideia de como ativá-lo. - Falei, sem rodeios.

Estendi a mão. Annabeth apenas riu.

- Anéis são coisas muito simples. Há apenas duas alternativas; ou você o gira 360º em seu anelar, ou o contorna com seu indicador esquerdo.

Com certeza, eu não precisaria girá-lo; era mais uma das coisas que eu fazia quando estava nervosa. Então contornei o raio com o indicador da mão esquerda.

Pulei para trás quando meu anel, minha única lembrança de mim mesma e de onde eu vim por todos esses anos, se transformou em uma enorme lança.