Duas semanas depois do baile, eu e Kiara estávamos mais próximos. Não graças a ela, já que gostava da companhia de um livro do que de uma pessoa. Mas eu comecei a andar mais com ela e com Daisuke. Mas embora eu risse e me divertisse  com eles tinha surgido um problema e dos grandes!

     Ino e Sakura-chan haviam chegado a mim em um belo dia e disseram: “Naruto, resolva-se logo em questão a Hinata!”. Como você pode perceber eu tinha que falar com a Hinata, resolver nosso “relacionamento”. No entanto eu ainda não sabia bem o que sentia pela Hinata, para mim ela era realmente uma amiga e nada mais. Mas para Ino eu estava reprimindo meus  verdadeiros sentimentos (seja lá o que isso signifique).

     Agora depois de três dias eu estava num dilema. Precisava resolver isso, mas eu não queria magoar Hinata, mas também não queria mentir para ela e muito menos para mim mesmo. Isso não estava certo! Eu estava na biblioteca junto com Kiara procurando um livro que Kakashi-sensei tinha pedido para a gente ler, não que eu realmente fosse ler, mas não queria assistir a aula do Orochimaru e Kiara, aparentemente, também não. Afinal, ela estava lendo outro livro em vez de procurar o que o professor mandou. Observando ela ler reparei mais nela.

     Kiara usava o cachecol de costume, vermelho vibrante e macio, ele era grande o suficiente para enrolar o pescoço dela e o meu ao mesmo tempo. Vestia o uniforme do colégio, já que não podia usar calça jeans e uma camiseta, estava com uma jaqueta por cima da blusa do colégio o cabelo castanho trançado caia sobre um ombro. Ela tinha acabado de trança-lo e demorou certo tempo até ela pegar o jeito. Eu ainda estava a observando quando ela ergueu os olhos e me encarou.

- Que foi? – perguntou com a voz macia e pesada de sono.

-Nada só estava te observando. – falei jovial, pude jurar que suas bochechas ficaram rosadas, mas ela baixou a cabeça antes que eu tivesse certeza. – Sabe, você poderia me dar um concelho?

- Depende. – ela deu de ombros fechando o livro e me olhando. – Conte.

     Contei. Tudo. E quando digo “tudo” é tudo mesmo. Contei da minha infância com Sakura, e depois nós dois com Sasuke aos oito anos, contei dos nossos problemas aos doze quando descobri que Sakura gostava do Sasuke, contei um monte de coisas até do beijo acidental que eu e Sasuke demos, e quando enfim ela parou de rir continuei. Contei o que Hinata me falou no ano passado, que me amava. Contei até dos problemas ressentes de Sakura com o ciúme de Sasuke com Daisuke.

- Bem, não posso dizer nada em relação a isso, eu e Daisuke não conversamos muito sobre esses assuntos. – ela falou pensativa. – Então não sei dizer se ele gosta ou não da Sakura-san de maneira especial, mais que uma amiga. 

     Concordei com um aceno de cabeça.

- Em questão a Hinata-san, não sei dizer. Você disse que gosta dela, mas como amiga e que gosta da Sakura-san mais do que como amiga, porém ela esta com Sasuke. Sua vida é complicada amigo.

- Sei disso!

- Porque você não convida a Hinata-san para um passeio? Passe mais tempo com ela até descobrir o que sente e ela descobrir também. Assim tudo pode se esclarecer.

     Pensei por um tempo, no entanto estava certo que isso geraria mais problema já que Kiba também gosta da Hinata. Kiara esperou minha resposta pacientemente e quando a olhei ela completou:

- Kiba, gosta da Hinata o suficiente para deixar o caminho para vocês resolverem isso. Assim como você saiu do caminho de Sakura-san para deixa-la com o Sasuke.

- Amo alguém que não me ama. Não vou obriga-la a me amar, mas a cercarei com meu amor enquanto... Rezo por sua felicidade! – falei determinado – E se a felicidade da Sakura-chan for o Sasuke então torço para que sejam felizes!

     Kiara me olhou, não estava espantada com minha declaração. Depois de um tempo deu um largo sorriso e colocou a mão em meu rosto com ternura.

- Então, procure, enquanto ela não olha para você, sua felicidade. Ela pode estar em qualquer lugar, você só precisa querer acha-la e ela pode estar bem diante dos seus olhos.

     Ou ao meu lado, pensei olhando para ela. Corei com esse pensamento, mas, no entanto era isso que poderia ser. Talvez, apenas talvez...

     O sinal bateu, era hora de ir para sala. Nos levantamos e saímos para o intervalo, enquanto caminhava ao lado de Kiara não pude de deixar de me questionar se Kiara tinha alguém especial, alguém que ela amava assim que como eu amo a Sakura. Talvez ela estivesse pensando nesse cara quando ficava com uma expressão distante e um olhar sonhador. Tinha inveja desse cara, Kiara era uma grande amiga! Gostaria que alguém ficasse assim por mim, principalmente se esse alguém for certa garota de cabelos rosados.

*

     Assim que cheguei em casa senti o cheiro de carne sendo assada e logo vi o Ero-sennin na cozinha  de avental branco, foi uma cena tão hilária que me contorci de tanto rir dele, que me deu um soco.

- Ei! – reclamei me levantando.

- Mais respeito garoto! – ele disse fazendo cara de responsável.

- Então, quem é garota que vai vir? Espero que seja alguém da sua idade Ero-sennin, não quero sua foto nos noticiários sendo acusado de abusador, embora você seja!

- Ela logo chegará, e não sou abusador! Só um pesquisador obstinado!

     Sacodi a cabeça em desaprovação. Jiraya não era o melhor exemplo de responsabilidade e eu estava começando a ficar parecido com ele em alguns aspectos. Como querer espionar as garotas no vestiário, nunca coloquei esse plano em ação. Mais por medo do que Sakura pudesse fazer comigo se me pegasse.

     No fim quem veio era a diretora do colégio que frequento Tsunade Senju. O Ero-sennin tinha um amor platônico pela minha diretora que nunca deu molhe pra ele. E eles me mandaram ir comer em outro lugar, com a desculpa que iriam resolver um assunto sério, pela expressão de meu padrinho era bem verdade. Mas, bem que eles poderiam ter avisado cedo, para eu combinar de comer na casa dos Haruno. Eu sempre era bem vindo lá, e eu adorava a comida dos tios Haruno. Decide por fim ir para lá, não tinha mesmo dinheiro para ir ao Ichiraku.

     Assim que parei na porta pude ouvir a música que vinha de dentro. Então era a tia que estava cozinhando, ela sempre ligava o rádio para escutar música enquanto fazia a janta. Toquei a campainha e quem abriu, em vez de ser a Sakura, foi Sasuke com cara de poucos amigos e os olhos ônix sedentos de sangue.

- O que quer Uzumaki?! – perguntou irritado.

- Vim comer, e você? – falei em um tom sereno que o irritava.

     Ele deixou a porta aberta e foi se sentar numa poltrona na sala. Sakura estava lá, assim como Daisuke e o tio H, eles riam de algo, assim que me viu o tio Tokiya deu um sorriso jovial.

- Naruto! Só faltava você! – rindo ele me deu um abraço enquanto Daisuke apertava minha mão.

- É... – falou o Uchiha.

- Vou avisar minha mãe que temos mais um para comer! – Sakura riu e piscou para mim.

     Senti minhas bochechas arderem, ela estava de bom humor e eu tinha quase certeza que não era por eu ter chegado. Mas eu podia me iludir. Daisuke estava conversando com o tio sobre carros ou algo do tipo, enquanto isso Sasuke gastava seu tempo fuzilando o coitado do garoto todo inocente. Sentei no lugar onde Sakura estava e comecei a participar da conversa sobre carros e viagens, o emouchiha ficou curtindo sua solidão. Quando Daisuke e o tio Tokiya foram ajudar a arrumar a mesa olhei para Sasuke o questionando.

- E ai? Parou de curtir solidão? – ele me lançou um olhar frio e se inclinou para frente e cruzou as mãos nos joelhos.

- Ela me convidou para comer na casa dela! E quando chego ela se faz de surpresa e quem eu encontro? Daisuke rindo com o Tokiya. – ele suspirou tentando controlar sua raiva. – Nunca conversei com ele. Não de um jeito relaxado.

     Eu via o seu desconforto. Eu sempre me dei bem com os tios, mas o Sasuke por algum motivo não se dava bem  com eles e eu nunca soube bem o porque. Mas, porém  Daisuke parecia se dar bem com a família Haruno como se convivessem a muito tempo. Como se ele fosse o namorado da Sakura-chan, bem isso pode soar estranho mais era isso que eu e  Sasuke estávamos pensando.

     Comer com os Haruno era  o tipo de relaxamento que alguém poderia querer. Eles riam, brincavam e contavam coisas do seu dia e faziam piadas. Por esse motivo eu os adorava. Daisuke participava contando histórias que ele e seu tio viveram no Canadá, o cara já tinha viajado quase o mundo inteiro!

     Sasuke ficava na sua, sem dizer uma palavra a não ser quando se dirigiam a ele. Eu ria, conversava e comia. A noite foi maravilhosa. Depois tinha a sobremesa um delicioso pudim.  Brincamos e conversamos mais um pouco, depois eu e Daisuke fomos embora, Sasuke ficou e eu sabia só por olhar para ele que ele e Sakura-chan iriam brigar. Mais uma vez.

     Enquanto eu caminhava com Daisuke ao meu lado em silencio, pensei em como a noite tinha sido boa. Sakura-chan rindo embora a energia negativa de Sasuke. Como ela e Daisuke conversavam totalmente descontraídos, do mesmo jeito que eu e ela conversávamos, bem... Talvez até mais descontraídos.

- Naruto, posso lhe perguntar uma coisa, meio pessoal? – Daisuke falou e eu me assustei com a súbita fala dele.

- Hãn, bem... Sim. – disse meio receoso.

- Sakura e Sasuke tem brigado muito? – olhei para ele, seu rosto estava envolto na sobra e seus cabelos caiam sobe seus olhos.

     Pensei em não responder, pois ele não tinha nada a ver, mas Daisuke era um cara legal e ele e a Sakura-chan era amigos. Ele se preocupava com ela.

- Bem, sim. Na verdade eu acho que sim, eles andam muito estranhos ultimamente. – falei me sentindo excluído.

- Tem algo haver comigo? Com a minha amizade com a Sakura? – a voz dele saiu estranha, meio rouca e controlada.

     Talvez, eu não devesse ter respondido a primeira pergunta. Agora, eu sabia, que ele se culparia pelos problemas que acontecia no relacionamento da rosada. Eu não queria que ele pensasse assim, ele não tinha nada haver com isso, era apenas o ciúme excessivo de Sasuke. E isso estava destruindo o relacionamento deles e Sasuke não via isso e nem permitia que os outros ajudassem. Eu sabia que Sakura já tinha notado e tinha conversado com ele, porém parecia que não tinha resolvido nada. E eu sabia que Sakura-chan estava ficando sem paciência para resolver e consertar o relacionamento dos dois.

- Eu não sei... – sussurrei.

     Ele colocou a mão em meu ombro me fazendo parar, eu o olhei e notei o olhar gélido e cheio de raiva dele.

- Naruto-kun, não precisa mentir. Sei que sou a causa do problema. – ele tirou sua mão do meu ombro e olhou para o céu como se pensasse – Fale para seu amigo que não vou mais chagar perto da Sakura-san, mas também não vou deixar de ajuda-la se ela pedir.

     Ele voltou a andar e só foi ai que notei que estava na frente de casa. Olhei para a silhueta dela desaparecendo entre as pessoas que andavam pela calçada. Daisuke estava se afastando de Sakura para que ela e Sasuke não brigassem mais. Isso, para mim não estava certo. Eles eram amigos e amigos apoiam os outros. Sorri. Se ela pedisse ele ajudaria.

     “Sasuke, você está perdendo ela” pensei. Lá no fundo eu estava compreendendo algo que eu não queria saber e muito menos compreender. Peguei meu celular e como amanhã era fim de semana resolvi seguir o concelho de uma amiga.

- Alô? – disse eu a resposta do outro lado da linha demorou. – Hinata?

- S-sim? Naruto-kun algum problema?

     Respirei fundo. Estava na hora de colocar as coisas no lugar. Começando pela primeira coisa a resolver na minha lista.

- Que tal irmos ao shopping amanhã?

TinaChase