Idas E Vindas 3 - Amigos São Pra Essas Coisas... escrita por Lady Lynx


Capítulo 2
Problemas á vista


Notas iniciais do capítulo

Eu planejava postar só dois caps, mas atrasei um pouco. Acabei me enrolando com esse, e consegui (acho) dar um clima tenso e um fim dramático, mas que deixa a desejar. Já avisando, o próximo capítulo é o último. Boa leitura!



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Ele andava apressado pelo laboratório, olhando constantemente para os lados procurando a figura dela.

Havia muito tempo que não entrava naquele lugar, estava quase perdido. Procurava algum ponto que pudesse usar como guia, para encontrar sua antiga sala e falar com o novo dono.

Então algo chamou sua atenção. Era mais um dos vários laboratórios, mas esse tinha um toque especial.

A ‘lá Hodges.

Sem fazer barulho ele entrou. Fechou a porta devagar, David parecia muito concentrado no que via numa mesa de costas para Gil.

– com licença...

Hodges tirou os óculos reconhecendo a voz. Se virou e ficou boquiaberto com o que viu.

– eu procuro DB Russel...

– é uma miragem? Você voltou, Grissom!

Sem pensar duas vezes Hodges pulou da cadeira em um abraço em seu antigo supervisor. Eles eram grandes amigos. Foi exatamente o que Grissom pensou no momento em que retribuiu seu abraço.

Hodges achava que ele ainda era mal humorado, e se soltou dele de repente.

– como tem passado, David, seu cabelo está mais grisalho...

– não fale do meu cabelo, senhor “nenhum fio preto sequer”!

Grissom fingiu uma cara de bravo, fazendo Hodges parar de sorrir.

– desculpe.

Gil apenas sorriu de lado e continuou.

– eu estava procurando o Russel, o supervisor.

– ele fica na sala do lado da sua... Sua antiga sala.

– sim, claro obrigado... – Grissom já ia saindo, mas parou e se virou.

– err... Pode... Me levar até lá?

– esqueceu onde fica?

Grissom não queria admitir que se perdeu no lugar em que trabalhou quase sua vida toda.

– mais ou menos...

Hodges tirou suas luvas de látex sorrindo.

– as ordens, mestre.

♥♥♥♥♥♥♥♥♥♥

– com licença, DB Russel? – Gil bateu na porta entreaberta.

Russel baixou o livro que lia e levantou os olhos.

– Gil Grissom?

– sou eu...

Ele olhou Grissom de cima a baixo. Era um tanto velho para Sara, mas não existe idade para amar. Se levantou de sua cadeira e deu a volta na mesa para cumprimenta-lo.

– é um prazer enorme te conhecer, todos aqui falam muito bem de você – os dois homens trocaram um aperto de mão.

– fico feliz em saber que ainda se lembram de mim, faz tanto tempo...

Grissom observou as paredes e o teto daquela sala. Muitas bandeirolas de times de futebol juntamente com bolas originais autografadas.

– você tem um filho? - ele apontou para a foto com toda a família de Russel. Com todas aquelas coisas na sala era uma pergunta m tanto obvia.

– sim, um jogador.

– eu costumava jogar baseball, sabe... Mas parei...

Então Grissom se tocou de que estava fugindo totalmente do assunto.

– e sobre a Sara? Ela esta aqui?

– saiu a campo, faz um tempo. Mas ela me ligou a alguns minutos dizendo que ela e Nick estavam coletando as ultimas evidencias.

– ok, eu espero.

– sente-se, eu adoraria te conhecer melhor.

Grissom fez o que pediu e voltou ao assunto.

– Sara sabia que eu chegaria hoje?

– ela não deu sinais de que estava ansiosa, mas Greg prometeu que diria a ela.

Gil engoliu seco. Colocar Greg para dar a noticia era uma má ideia. E se Sara não deu sinais de ansiosidade, talvez não estivesse feliz com sua volta. Talvez não quisesse nem vê-lo.

– você esta bem? - Russel percebeu que ele tinha a respiração veloz.

– não... –Gil sorriu, mas por nervosismo.

– hey, não se preocupe, ela vai gostar de te ver.

– eu não teria tanta certeza...

– porque?

Grissom tinha que dizer. A culpa de tudo aquilo era dele, e todos naquele lugar achavam que era de Sara.

– acontece que-

– olha só, senhor Diebenkorn... Ai meu Deus! – Greg entrou na sala de surpresa, agarrando sacos de evidencias em seus dois braços. Ele arregalou os olhos quando viu Gil Grissom ali. Não só por fazer tempo que não se viam, mas porque estava diferente.

– como vai, Greg. Surpreso?

– e como! – Grissom se levantou para abraça-lo, mas Greg recuou.

– é... Eu vou me livrar desses sacos e chamar o Nick... Aí nos falamos, certo?

– Nick? Então a Sara também voltou da cena?

Grissom disse mais feliz, e Greg apenas riu, parecendo nervoso com algo.

– tudo bem? – Russel o encarou.

– claro, claro! Eu... Já volto!

Ele saiu dali correndo, como se estivesse fugindo da policia.

Grissom voltou a se sentar na cadeira.

– bem... Acho que vou esperar!

♥♥♥♥♥♥♥♥

Depois de cumprimentar Nick e Greg, e de conhecer Finn e Morgan, Grissom estava nervoso porque Sara não aparecia naquela sala. Estranhava o fato de ela não sentir falta de nenhum de seus amigos de trabalho. Os outros membros do laboratório que conheciam Grissom fizeram questão de aparecer na sala, para deixar ainda mais apertada. Hodges, Wendy, Archie, dr. Robbins, David e até Ecklie estava lá. O cumprimentaram e depois foram embora.

Depois de um tempo, Grissom ficou preocupado. Procurou por Greg no meio daquele lugar. O encontrou conversando com Morgan.

– Greg, tem certeza de que mandou ma mensagem a ela?

– alguns minutos atrás, Gil.

Ele viu seu amigo assentir preocupado.

– hey não se preocupe, ela vai chegar, estamos todos nos aqui!

Greg tocou seu braço, tentando o tranquilizar. Mas não conseguiu. Ele olhou no relógio: 07hs.

Mas nada de Sara aparecer.

Estavam todos falando sobre ela, sentados nas cadeiras e no sofá, quando ela apareceu com os cabelos molhados. Tinha tomado um banho, por isso demorou.

– o que está acontecendo aqui?

Todos olharam para ela, surpresos. Sara analisou cada um dos vários pares de olhos que a encaravam como que segurando o riso.

Mas paralisou quando viu dois azuis que conhecia muito bem.

– G-Gil? – Sara arregalou os olhos quando o viu.

Todos começaram a rir. Estavam prontos para ver um reencontro emocionante. Grissom ficou sem graça e se levantou.

– oi Sar... – se aproximou devagar dela, esticando os braços para um abraço que ela poderia muito bem não coresponder.

E não correspondeu.

– o que faz aqui? – Sara recuou, tirando quase que imediatamente os sorrisos dos rostos de todos ali.

– eu... – Grissom não fazia ideia do que dizer. Olhou de volta a Russel, que não entendeu porque ela não gostou de vê-lo ali.

Sem que ninguém percebesse, Greg corou. Escondeu o rosto e rezou para que ninguém olhasse para ele.

No meio daquele clima tenso, Nick tentou ajudar.

– nós o chamamos, Sara, pesamos que-

– vocês o quê? – Sara falou com raiva. – o que foi que eu disse? Vocês nem sequer me ouviram, eu disse que estava bem sozinha! – Sara espantou a todos com aquele modo de falar. Ainda mais Grissom. Não esperava que ela odiasse tanto a ideia de vê-lo de novo.

– Sara, me escuta... – Grissom tentou se aproximar novamente.

– não encoste em mim... – ela andou pra trás, entrando no corredor. – não é porque meus amigos te pediram que você simplesmente volta. Você já me fez mal demais Grissom. Me deixou sozinha quando sabia que eu não tinha mais ninguém!

– mas Sara-

– não Grissom! Você era tudo o que eu tinha, e aí simplesmente me deixou e agora eu não tenho mais nada! – foi possível ver algumas lagrimas se juntarem em seus olhos. Ela já falava com dificuldade, tamanha era sua emoção por confessar sua raiva. – eu não tenho mais nada Gil. Mais ninguém.

Grissom não conseguia falar. Apenas olhar nos olhos da mulher da sua vida, que estavam vermelhos num misto de tristeza e raiva. Tudo por causa dele.

– vamos conversar... – ele falou baixinho, sabia que ela ia revidar.

– eu não quero conversar. Porque se isso acontecer, eu vou te perdoar. Apenas para ver você viajando outra vez daqui a uma semana ou duas, para sei lá onde, e me deixando de novo.

Agora Grissom estava prestes a chorar. Toda a plateia daquele show, boquiaberta. Os atores saíram totalmente do roteiro.

– não é o que eu quero Gil. Eu quero ficar com você, se puder pra sempre. Mas isso nunca vai acontecer. Então é mais fácil desistir agora, não é?

Ele sentiu que aquela não era uma pergunta que ela queria ouvir a resposta. Sara apenas suspirou, virou de costas e foi embora. Grissom observou seu caminho até sumir no imenso corredor. Não queria voltar a sala e ter que responder as inevitáveis perguntas dos outros.

Mas mesmo assim o fez. Entrou e fechou a porta, olhando para o chão apenas para não ver as caras espantadas deles.

– você não contou a ela que eu vinha, não é Greg? – sua voz engasgada denunciava as lágrimas.

Greg corou mais ainda com todos aqueles olhares sobre si. Principalmente de Nick, que o encarava quase furioso.

– responde, Greg. Isso é verdade?

Ele engoliu seco.

– m-me desculpe, Gil... Eu... Achei que ela fosse gostar de uma s-surpresa...

Grissom se virou de frente para todos, que finalmente viram seus olhos molhados.

– surpresa? Eu sabia que ela não ia querer me ver. A sua confirmação era o que faltava!

– mas porque ela não ia querer te ver, hein? Sabemos que ela está triste por que sente sua falta!

– bem, talvez não seja por isso!

Greg mudou completamente sua expressão. Russel e Nick também.

– então por que, Gil? Porque a Sara esta assim senão é por saudades suas?

Grissom ficou em silencio. Agora teria que falar.

– nós... Brigamos, uma vez... Depois da separação, quando ela achou que eu não queria mais saber dela. Eu queria explicar que eu nunca lhe desejaria nada de ruim, mas ela não quis me ouvir. Ela simplesmente foi embora, sem me avisar. Nunca mais atendeu minhas ligações, nem respondeu minhas mensagens. Eu sei que vocês só queriam ajudar, mas... – Grissom limpou as lagrimas que escorriam de seus olhos. – Dessa vez... Dessa vez não vai ter volta.

Ele conseguiu silenciar a todos com seu discurso. Ninguém sabia que eles tinham brigado. Achavam que Grissom e Sara simplesmente se separaram e se despediram como pessoas adultas, o que eles eram. Mas foi muito alem. Nenhum dos dois conseguiria passar o resto da vida longe do outro, o que levou a uma conversa que terminou em discussão. Agora teriam que superar aquilo, não estavam mais casados, e Sara não queria conversar nem como amigos.

Nick e Greg se sentiram culpados por aquilo, mas não tanto quando DB, que só agora percebeu o quão ruim sua “ajuda” foi.

– Gil... A-a gente não sabia... – Greg se levantou.

– a culpa não é de vocês. Eu agradeço por tentarem me ajudar. Eu realmente queria que fosse assim tão fácil...

Com um sorriso forçado, Grissom se despediu. Fez questão de fechar a porta depois de sair, para que não ouvissem seus soluços. Chegando ao estacionamento, já fora do prédio da policia, entrou em seu carro e desabou ali mesmo.

Por mais que tentasse, só conseguia pensar no lado negativo da discussão que teve há pouco tempo. Sara talvez nunca mais quisesse vê-lo, talvez pudesse se livrar de suas fotos, de suas lembranças.

Ele estava perdendo a mulher que amava, e não fazia ideia de como concertar aquela situação.

Assim que se recuperou, Grissom ligou o carro e foi para “casa”.

Alugou um quarto de hotel por uma semana, tempo suficiente para se desculpar com Sara... Pelo menos se o “plano” tivesse dado certo.

Mas só porque não funcionou uma vez, não quer dizer que não poderia tentar de novo.

Dessa vez do seu jeito. Apesar de não ser bom com palavras, com Sara ele conseguia se expressar. Por que se sentia diferente com ela. ela o fazia sentir o homem mais feliz do mundo, por isso não era tão difícil expressar sua felicidade com palavras bem escolhidas. E depois de cada conversa, trocar um beijo suave e ouvi-la dizer que o amava.

Aquilo era bom. Amar, e ser amado.

Com tantos pensamentos rondando sua cabeça, Grissom nem se lembrou que estava dirigindo. O carro escorregou na pista, fazendo um barulho agudo no asfalto ao brecar.

Conseguiu parar sobre a faixa de pedestres, a pouco de não bater em outro carro.

Verificou o sinal. Estava vermelho para ele.

Tirou as mãos do volante e levou-as ao rosto. Massageou as têmporas e suspirou. Ele ia sim conversar com Sara. Tomar os cuidados necessários para conseguir seu perdão, sem provocar mais discussões.

E também algum tempo para criar coragem.

Grissom nem percebeu o sinal ficar verde. Ficou ali parado, sobre a faixa de pedestres, com uma fila imensa de carros atrás dele buzinando. Mas ele não ligava.

Ele simplesmente não conseguia ouvir mais nada, alem de seus próprios pensamentos.


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Notas finais do capítulo

A pergunta chata de sempre: Como me saí? Boa? Regular? Ruim? Péssima? Horrível? Catastrófica? Humilhei minha raça? Sou uma vergonha para a sociedade? Ou então, podem mandar um *REVIEW* e dizer o que acham! Bjos



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