Dia de jogo de quadribol. Grifinória x Sonserina. Hogwarts estava em polvorosa. Sonserinos provocando Grifinórios e vice-versa, isso incluía garotos idiotas com suas apostas que, tinha certeza, não dariam certo.

Na manhã daquele dia, após terminar meu café-da-manhã, fui falar com Rony e Harry. Já estava a caminho da mesa dos grifinórios quando resolvi prestar mais atenção no lugar para onde estava indo. Como nada em minha vida pode dar certo, o Black estava lá, conversando com os garotos. Eu já deveria esperar por isso, mas nos últimos dias eu fugia dele para evitar brigas.

Eu sei, é incrível, mas o que ele falou realmente me feriu.

- Bom dia garotos - desejei sentando-me entre Harry e Rony.

- Bom dia Ag - eles responderam. Quer dizer, Harry respondeu. Rony parecia desanimado demais para fazer algo mais que balbuciar palavras que não dava para entender.

Eu estava feliz por ainda poder contar com eles. Após saber o que havia acontecido na reunião da Ordem, eles ficaram do meu lado. Obvio que assim como eles, Hermione me apoiou, apesar de não acreditar que foi Draco que deu a Katie Bell o colar amaldiçoado.

- Bom dia para você também D'Angello - o mentecapto falou.

O que eu fiz?

Simples. Fingi que não escutei.

Eu sei, infantil no minimo, mas eu realmente não estava querendo discussão.

- Bom dia Agatha. - disse Hermione chegando logo após eu ter deliberadamente ignorado o Black.

- Bom dia Mione - respondi a ela abrindo um grande sorriso.

- Bipolar - ouvi um murmurio vindo do Black. Eu já estava prestes a responder, me esquecendo de que tudo que eu menos precisava agora eram brigas, quando Hermione falou:

- Não beba isso, Rony.

Olhei para o mesmo local que ela olhava e vi que era apenas um suco que Harry oferecia a Rony. Porém vi Harry com o vidro de Felix Felicis na mão e percebi o porque do nervosismo de Hermione. Mas ela estava fazendo escândalo por nada, o vidro ainda estava completamente cheio. Harry só queria dar um pouco de animo a Rony.

- Prontos para o jogo meninos?

- Claro que sim - Rony foi o primeiro a responder, agora bem mais animado que antes. Ele achava que havia tomado a poção.

- Que bom Rony - fui sincera. No time da Sonserina não havia ninguém por quem eu quisesse torcer, ao contrario da Grifinória que tinha Harry, Rony e até mesmo Gina. Então se me perguntassem... sim, eu estava torcendo pela Grifinória.

- Falando em jogo, já está na hora. - Harry alertou.

- Então, boa sorte garotos.

- Nós grifinórios não precisamos de sorte D'Angello. Temos talento de sobra. - Black que estava tão calado se manifestou novamente.

Estúpido - pensei enquanto saía de lá arrastando Hermione junto comigo. Me controlando para não explodir.

****************

O jogo foi realmente emocionante. Houve uma hora em que eu tinha quase certeza de que Harry iria perder o pomo, mas ele conseguiu. Desbancou o idiota do Harper, que estava substituindo o Malfoy. Teria sido tudo maravilhoso, se mais uma vez o Black não estivesse lá pra me atrapalhar. Sentado bem ao meu lado, gritando durante todo o jogo algo que não fiz questão de prestar atenção, mas que parecia com: Cobras nojentas. Isso me lembrava de tudo que ele havia me dito. Claro, também não poderia esquecer das piadinhas sobre mim que ele fazia o tempo inteiro.

Quando o jogo foi ganho, me empolguei bastante e quase abracei o Black no momento, mas quando percebi o que fazia, virei para o outro lado e abracei Hermione mesmo.

Eu e Mione fomos cumprimentar o time e fui convidada para a festa de comemoração deles. Eu estava profundamente lisonjeada, era a primeira sonserina que pisava naquele salão comunal sendo convidada. No mesmo instante que entrei no lugar me senti sendo puxada de lá. Nem tive tempo de olhar como era. Eu conhecia o toque da pessoa que agora me guiava pelos corredores do castelo. Algo me dizia que eu o reconheceria em qualquer lugar e apesar do toque dele ser suave, o cheiro de bebida que o Black já exalava me dizia que eu teria problemas.

- Ei, solta - puxei meu braço para longe dele, depois que já estávamos longe de todos.

- O que você quer D'Angello? - ele perguntou olhando para mim com seus olhos vermelhos pela bebida.

- Como assim? Você está louco? - perguntei incrédula - Ah, esqueci, está bêbado. Você que me trouxe aqui. Diga você o que quer.

- O que você quer para me desculpar? - explicou.

- Desculpar? Você só faz besteiras Sirius - o chamei pelo nome, pela primeira vez em muito tempo - Já é a segunda vez que me pede desculpa e olha que eu nem aceitei a primeira.

Não ficaria ouvindo aquilo, eu precisava ir para outro lugar.

Tentei caminhar mais não pude. Ele me puxou para junto de seu corpo e me beijou bruscamente.

Era um beijo que transparecia necessidade. Seu corpo colado ao meu, as mãos másculas passando firmemente por minha cintura. Ele parecia estar com fome de mim. Sugava e mordia meus lábios com enorme voracidade. Eu não estava muito diferente dele, devo admitir. Meu desejo era igual ou maior, mas quando ele desceu suas mãos para minhas nádegas me apertando contra si e me fazendo sentir sua excitação, foi o limite para mim. Percebi que aquilo era completamente errado. O empurrei para longe e sai correndo.

- D'Angello - o ouvi gritar.

- Para você é Riddle - gritei de volta.

Corri, corri e corri, até chegar a sala precisa. Não pensei em um lugar. Apenas pensei que precisava de um lugar para me esconder e dei de cara com uma sala cheia de tralhas. Já iria sair o local quando ouvi um choro baixo vindo do outro lado da sala, por trás de algumas estantes.

Caminhei até lá e soube que aquele com certeza era um dia para enormes surpresas. Draco Malfoy estava lá chorando.

Assim que me percebeu tentou sair correndo, mas não deu tempo, o segurei pelo braço quando passou por mim. Foi assim que a senti. Ela queimava sob minhas mãos. A marca negra.

- Sinto muito - foi o que ele disse olhando para mim com os olhos marejados.

- O que ele te mandou fazer? - quis saber.

- Ag...

- O que?

- Matar Dumbledore...

Draco me contou tudo o que meu pai havia pedido a ele. Eu sentia muito por Draco, ele era um bom menino, tudo o que fazia era por sua mãe, que estava ameaçada.

- Vamos contar a Dumbledore.

- O QUE? Eu te contei porque achei que fosse me ajudar.

- Eu vou...

- Me entregando a Dumbledore?

- Confia em mim? - perguntei chegando mais perto.

Ele assentiu.

- Eu vou te ajudar, prometo. Nada de ruim vai acontecer com você ou sua mãe. Vou cuidar de você.

- Mas você também precisa ser cuidada.- ele disse com a voz fraca.

- Cuida de mim?

- Cuido.

Ele me beijou. O beijo era diferente do primeiro. Esse era calmo, exalava cuidado. Finalmente eu conhecia o verdadeiro Draco Malfoy. Nós dois precisávamos um do outro. Eu era um porto seguro par ele e ele era quem me faria esquecer Sirius Black.

Pelo menos era o que eu pensava.