Os Prazeres De Roderich escrita por kaori-senpai


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Sono. É tudo que eu tenho para falar antes de começar esse capítulo xD
Boa leitura~



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Estava andando sem rumo há algum tempo e não gostei nem um pouco da sensação de estar perdido. Poucos minutos depois de me distanciar de casa, já não sabia em que direção seguir e por mais que me fosse atrativo analisar o comportamento das outras pessoas, não podia ignorar o fato de que se eu não tomasse alguma providência acabaria dormindo na rua como um mendigo. Me deparei com um bar e mesmo hesitante entrei. Por sorte, era um ambiente bastante acolhedor e me senti confortável para sentar-me em um banco de frente ao balcão. Logo o barmen veio me atender, ele era um homem loiro de olhos azuis muito belos e também era extremamente invasivo, pois ,e vi bombardeado com uma sessão de perguntas que pareciam não ter fim. Francis, o barmen, só me deixou em paz quando outro rapaz loiro surgiu, nessa altura, eu já havia consumido sem culpa alguns copos de cerveja, mas lembro-me claramente dos acontecimentos dessa noite.

 - Última entrega do dia! – Gritou o rapaz em inglês, no entanto, isso era apenas um detalhe diante de sua aparência. Ele tinha vários pincirgs, algumas mechas de cabelo pintadas de roxo, sem mencionar as roupas. Ele era o que chamavam de “punk” e naquele momento eu nem sequer imaginava que ele se tornaria meu melhor amigo.

- Oui, mon amour! Obrigado pelos doces! Sua mãe realmente é minha favorita! – Disse Francis enquanto assinava o recibo. – Aconteceu alguma coisa?

- Você não vai acreditar! Um cara bateu na minha moto e ainda teve a cara-de-pau de dizer que não viu! Você sabe qual é minha moto! É claro que dá pra ver! Ei, você! – Ele apontou para mim e me assustei com o chamado repentino. – Você ta me vendo?

- Estou…

- O que?! Eu não consigo te escutar com esse negócio!

- Estou!

- Ta vendo?! Ele me vê!

- Não se preocupe, Artie. Aqui, sua bebida favorita por conta da casa.

- Valeu, Francis. Ei! Não me olhe assim, seu sapo pervertido! Vai cuidar dos clientes!

Totalmente alheio a discussão ao meu lado, eu cantarolava “Tinke tinke little star” quando o garoto punk se aproximou sorrateiramente de mim.

- Você ta fugindo da polícia ou foi uma plástica mal feita no nariz?

- Hm?! Ah… Plástica…

- Você está bêbado?

- Hm? Não, não… É, talvez um pouco…

- Sabe, eu tenho vontade de fazer alguma coisa no nariz também… Nada muito ousado, só queria ajeitar a ponta.

- O que? Não faça isso, você é lindo!

Vi o rapaz a minha frente corar levemente e em seguida um barulho de vários copos se quebrando. Francis logo foi limpar a sujeira que tinha feito com movimentos bem nervosos e me deu a impressão de estar com raiva. Minha percepção nunca foi muito aguçada, indiretas não surgem efeito em mim e não sou bom em analisar a situação, mas aquilo que estava acontecendo era obviamente um ataque de ciúmes. Pena que Arthur não teve a minha perspicácia.

- Cuidado com isso, seu idiota! Vai acabar com todos os copos!

Ele estava rindo, no entanto Francis quando o ignorou e foi atender duas garotas que haviam acabado de chegar deixou o rapaz ao meu lado visivelmente frustrado. Obviamente que se estivesse no meu estado normal, teria dito algo construtivo para aquela cena e quem sabe melhorar o clima para todos, mas o efeito do álcool me tirou qualquer resquício de sanidade.

- Como é sua moto?

- Ela é linda! Presente do meu pai! Já andou em uma?!- Fiz que “não” com a cabeça. – Sério?! Isso é quase um crime! Vem, vamos andar! – Ele segurou minha mão e me arrastou até a saída, acenando para o barmen antes de ir embora. A única coisa que passava pela minha cabeça era se estava tudo bem sair sem pagar. – A propósito, eu me chamo Arthur, e você?

- Roderich, prazer em conhecê-lo.

- O prazer é meu. Pega esse capacete e vamos rodar!

Nós saímos pela cidade e ele me mostrava os pontos turísticos, as melhores festas, me contava histórias de sua vida e me fazia ter vontade de ter alguma coisa para contar, no entanto, fui apenas um bom ouvinte. Mas logo nos rendemos ao sono e felizmente Arthur me convidou para dormir em sua casa quando lhe confidenciei que não tinha onde passar a noite. A casa dele era um pequeno apartamento de dois quartos, um banheiro, uma sala e cozinha, ele morava sozinho e trabalhava como entregador na doceria de sua mãe.

Aliás pelo que pude notar, Arthur não foi agraciado com o dom da culinária e 90% das suas refeições eram os doces da loja, os outros 10% se resumiam em uma substância pastosa e pouco apetitosa, a qual tinha um cheiro terrível e mesmo sendo cinza, ele acreditava ser arroz. Ele respeitou minha vontade de permanecer com o cachecol sem maiores perguntas a cerca do assunto, sei que muitos considerariam minha atitude falta de educação, mas tinha bons motivos. Naquele dia, conversamos até o Sol raiar e descobri várias coisas sobre meu novo amigo, como por exemplo: ele vinha da Inglaterra e seu maior desejo era voltar para lá, porém não tinha condições financeiras para manter-se. Em meio a tantas novidades, esqueci completamente de Gilbert, mas deixei esse assunto para o dia seguinte.

Quando acordei, já eram onze horas e Arthur tinha saído para trabalhar deixando apenas um bilhete me indicando onde ficava seu trabalho e para eu me sentir em casa. Comi somente um pedaço de bolo e sai para me encontrar com ele, mesmo sendo pouco provável de nos encontrarmos levando em consideração o fato dele passar o dia fazendo entregas. A única coisa que não pensei foi que não tinha ideia para onde deveria ir. As pessoas passavam apressadas e indiferentes aos meus pedidos, logo me vi em uma terrível situação onde eu nem ao menos sabia retornar ao apartamento de Arthur. Cansado de andar, resolvi sentar no banco de um parque para descansar e apreciar a paisagem. Tirando o fato de eu ser o único que estava de cachecol, eu me encaixava perfeitamente naquele cenário.

Fiquei ali por muito tempo e devo admitir que foi divertido. Até chutei uma bola para uns garotos que jogavam perto de mim e orgulhei-me ao vê-la indo exatamente nos pés do garoto e o ouvi gritar “belo chute”. Poderia ter passado o dia todo ali se não fosse uma garota distribuindo panfletos de um recital de piano perto do local onde eu estava. As instruções dela foram tão precisas que rapidamente encontrei o local da apresentação. O teatro era um casarão antigo à moda gótica e bem conservado, mesmo sendo um pouco sombrio, agradou meus olhos. Comprei meu ingresso e entrei no exato momento que começou, no entanto, era apenas meia dúzia de principiantes tocando para suas famílias, mas fiquei até o fim. A medida que os jovens tocavam, meus dedos mexiam automaticamente no meu colo e me causava uma dor lancinante quando eles erravam qualquer coisa.

E quando todas as minhas esperanças de ouvir algo decente tinham sido miseravelmente esmagadas, um nome muito conhecido chegou aos meus ouvidos:

“Gilbert Beilschmidt

Meu coração disparou quando o vi subindo ao palco, mas o que ele estaria fazendo ali? Depois daquela cena miserável em minha casa, achei que ele não gostasse de se apresentar por conta do desconforto que ele lidou da vez que eu pedi para tocar para mim. As pessoas começaram a prestar atenção no que estava acontecendo, pelo jeito esperavam algo bom dele, já eu, não tinha sequer noção do que me esperava. Ele começou a tocar uma música que não reconheci em hipótese alguma, estava ocupado olhando a expressão fúnebre que eu não conhecia naquele rosto. Por algum motivo, meu corpo todo tremeu com cada nota que saia do piano e me veio uma angustia que me congelou por dentro. Aquele era o mais sublime efeito que uma composição poderia causar em uma pessoa.

Gilbert me transportou para um lugar totalmente diferente. De um instante para outro eu estava me vi em uma sala sozinho com Gilbert e o piano. Minha respiração estava totalmente descompassada e mal conseguia falar. No entanto a expressão do loiro a minha frente permaneceu impassível, totalmente alheio ao meu sofrimento. No entanto desconhecer meu descontentamento não fazia dele a pessoa mais feliz no recinto imaginário. Seus dedos pareciam querer esmurrar o piano e pelo seu olhar, já estava fazendo isso em sua mente. Eu não conhecia aquela atitude, tão sóbria e fúnebre, mas eu não queria conhecê-la. Por mais que eu odiasse admitir, preferia ver em seu rosto um sorriso infantil e idiota, aquele sorriso que faltava em meu dia-dia desejava poder ver no rosto dele. E por esse motivo, aquela sala me sufocava, queria sair, tapar os ouvidos, mas enquanto a música tocasse eu estaria preso naquela cruel realidade.

Então, finalmente, a nota final ecoou em todo o teatro. Eu despertei do mundo imaginário onde me encontrava e pude ver Gilbert curvar-se diante da plateia. As pessoas foram saindo, algumas orgulhosas da apresentação dos filhos, outras indiferentes quanto ao que tinham visto, mas eu não conseguia me mover. Por quê? Bom, isso é o que eu gostaria de saber também. Naquele momento o meu cachecol se tornava sufocante e a única coisa que eu queria era tirá-lo e gritar com Gilbert novamente para terminarmos a nossa última conversa. Mas não consegui reunir forças para tal. A minha atitude foi levantar-me, depois que todos já o haviam feito, e me retirar do teatro em silêncio.

Já do lado de fora, fiquei longos minutos parado em frente a uma banca de revistas, com um olhar perdido e confuso. Até que olhei melhor para o que estava a minha frente. Uma manchete grande o suficiente para eu conseguir lê-la da distância em que me encontrava e descrevia claramente o meu sumiço. “Filho morto dos Edelstein passeia pela cidade”. Logo abaixo uma imagem grotesca do que me pareceu muito semelhante a um monstro de conto de fadas antigo. Minha querida mãe, como sempre, fazendo de tudo para me manter trancado até mesmo quando eu já tinha fugido. Fiquei sem reação diante daquilo, poderia até pegar todos os jornais que tocassem naquele assunto e queimá-los longe da vista de todos, mas seria muito arriscado. Para piorar, não tinha ideia de onde ficava a casa de Arthur, muito menos seu trabalho, mas eis que me apareceu uma solução.

- Roderich? O que está fazendo aqui? - Era a voz de Arthur me dando um porto seguro.

- Eu estava procurando a doceria, mas acabei me perdendo. Desculpe-me.

- Esquece isso. Sabe voltar pro apartamento daqui?

Respondi que “não” e no instante seguinte ele estava me levando para sua casa de moto. Foi muito bom termos nos encontrado, pois depois dos minutos que passei naquela realidade alternativa com Gilbert, não conseguiria encará-lo para conversar. Já na casa de Arthur, pude comer uma fatia de bolo de chocolate e me informar das noticias na televisão. Aliás, recordo-me de ficar encantado com as pessoas na rua, com suas expressões e gestos... Mas renuncio tudo que disse depois de passar uma tarde no apartamento de Arthur desfrutando do barulho de seus vizinhos. A ideia de que apenas uma fina parede de gesso me separa de pessoas barulhentas me assusta mais do que qualquer outra coisa. Pessoas são interessantes, mas vistas de longe. Silenciosas.

Só depois das três horas da tarde, o barulho cessou e finalmente pude ouvir meus próprios pensamentos. Porém, nem com todo o silêncio do mundo minha cabeça se acalmaria depois do ocorrido com Gilbert. Aquilo realmente me perturbou e mesmo quando a noite caiu e Arthur voltou, eu ainda não tinha organizado tantas informações. Felizmente o entusiasmo do meu amigo em relação a uma festa me ajudou a esquecer-me um pouco de minhas preocupações. No entanto, antes de chegarmos ao local do evento, não tinha deduzido que o estilo de vida do meu novo amigo dizia muito sobre os lugares que ele costumava frequentar, então me vi na porta de uma boate de caráter duvidoso.

- Arthur, onde nós vamos ficar mesmo? – Perguntei na esperança de desviar a atenção de um grupo de rapazes que me fitava.

- No camarote, não se preocupe. Ninguém vai te agarrar a força, Roderich, pode ficar tranquilo.

- Tem certeza? As pessoas não me parecem tão sóbrias ao ponto de se importar em perguntar se estou disposto a beijá-las. – De fato. Provavelmente eu era o único sóbrio da festa inteira, até mesmo Arthur estava alterado mesmo tendo bebido poucos goles de sua vodka. E durante todo o caminho para o camarote, que ficava no primeiro andar, estranhos de ambos os sexos enviaram olhares provocantes para mim. E tenho certeza que ao menos dois me tocaram em alguns lugares constrangedores.

- Roderich, tem certeza que quer ficar? – Perguntou Arthur percebendo meu desconforto.

- Não, é uma festa bem animada. – Claro que eu queria ir embora. A única pessoa que eu conhecia estava no colo de um estranho e não parecia ter intenção de sair. Mas eu não sabia o caminho de volta e não queria ser grosseiro com Arthur, que estava gentilmente me hospedando em sua casa. – Vou comprar uma bebida.

E lá fui eu me aventurar novamente entre aqueles bêbados devassos quando vi um que se destacava. Ele estava tão animado quanto eu enquanto encarava o coquetel a sua frente, mas o que realmente me fez vê-lo foi o cabelo loiro, quase branco. Gilbert. Era ele. Teve certeza. Mas como chegar até ele quando suas pernas mal o mantinham de pé? Meu cachecol estava me sufocando, talvez se eu o tirasse, conseguiria a atenção dele para podermos dar continuidade a nossa conversa. Mas me faltava a coragem, diante disso apenas mudei meu caminho para o banheiro.

Aliás, o banheiro não era tão ruim quanto imaginei. Se não fosse pelos casais que constantemente apareciam para se beijar com mais privacidade, poderia ter ficado ali a noite toda. Mas é claro que eu não poderia escapar de um problema assim tão rápido. Logo que eu sai da cabine, Gilbert apareceu para lavar as mãos. De início, pensei que ele fosse me reconhecer no mesmo instante, porém ele apenas me olhou desconfiado até o momento em que eu saí. Não sei se ele me achou familiar ou estranhou o fato de eu estar usando um cachecol em um ambiente fechado. A única coisa que sei é que perdi uma ótima oportunidade de falar com ele.

Voltei para o bar e pedi uma cerveja. Antes do meu pedido chegar, Gilbert voltou a sentar no bar e por uma feliz coincidência, ao meu lado. Pronto, não tinha mais desculpas para adiar a conversa, porém eu não poderia me identificar prontamente. Sabe-se lá Deus qual seria sua reação ao me ver fora de casa, se bem, que minha mãe aquela altura já deveria ter informado meu sumiço aos quatro cantos do mundo. Optei por uma abordagem sutil, como se fossemos dois desconhecidos. Se tivesse sorte, ele não reconheceria minha voz por conta do cachecol e do barulho ensurdecedor. E lá fui eu me aproveitar do desanimo que ele bebia seu coquetel.

- O que faz com essa animação toda em uma festa assim? – Certo. Aquele não era eu perguntando, era o meu personagem para me aproximar de Gilbert, portanto, minhas palavras só serviam para não estragar o disfarce.

- Não sei… Me disseram que seria legal para distrair... E você? Não está com calor?

- Isso é para evitar ataques de estranhos… Experiência de vida. – Certo, duas mentiras monumentais em uma fala. Estava indo bem.

- Bem pensado. Mas você não parece o tipo de cara que a gente encontra nessas festas. Quem te trouxe aqui?

- Ern… Arthur Kirkland, conhece?

- Se conheço?! Você é o novo garoto do Arthur?! Ele ta tentando fazer uma creche?!

- Como assim?! – Aquilo foi o suficiente para acabar com meu disfarce. Ora, ele estava me tratando como um objeto e ainda por cima ofendeu meu amigo, minha reação foi totalmente normal.

- Foi mal! Sem querer te ofender. Ele é um amigo meu! Nada contra você.

- Eu não tenho relação alguma com o senhor Arthur e agradeceria se guardasse esses comentários para você.

Gilbert ficou atônito com aquelas palavras. Óbvio. Eu deixei transparecer demais minha verdadeira personalidade e com certeza ele estava pensando o quanto aquele estranho se parecia com o Roderich que conhecia. Comecei a pensar em todas as situações que poderiam acontecer caso ele me descobrisse, nenhuma que eu pudesse controlar... Ajeitei o cachecol e tomei um gole de minha cerveja, de canudo, obviamente.

- Você é engraçado, cara. É daqui?

- Na verdade sim. Mas passei muito tempo fora. – Certo, naquele ponto da conversa, eu não me importava mais o que iria falar, apenas queria, e o mais rápido possível, afastar Gilbert da multidão. Mas como? – Ei, você se importaria em me mostrar onde fica o lugar mais silencioso daqui? Preciso ligar para Arthur.

Ele deu de ombros e me indicou para segui-lo. Ele me guiou até um restaurante que ficava em um ambiente a parte do resto da boate, com certeza não tinha melhor alternativa para meus planos. Gilbert tomou certa distância de mim, provavelmente esperando eu fazer a ligação. Aquilo certamente era inconveniente, pois não queria ter que gritar para ele quem eu era.

- Com licença, poderia me ajudar?

- Claro… - Ele aproximou-se desconfiado. Aquilo estava sendo mais trabalhoso do que eu imaginava e já estava vendo as provocações que teria que aguentar dele num futuro próximo. – O que foi?

- Gilbert, sou eu. – Disse abaixando brevemente o cachecol.

- RODE-

- Calado, seu tolo! – Segurei seu braço com força e felizmente ele conteve o maldito grito. – Eu quero falar com você.

- Rod! Você está em todos os jornais! Como ainda não foi pego?! Está se escondendo na casa do Arthur?!

- Fale baixo! Escute, podemos conversar ou você quer um relatório completo desde que fugi de casa?

- Um relatório seria interessante, já que você está na casa do Arthur… Kesesese!

- Por favor, sem comentários pejorativos ao senhor Arthur. Ele tem sido muito gentil comigo desde que nos conhecemos.

- Hum… E você nunca estranhou essa gentileza toda? – Senti aquele tom de deboche em sua voz, o que me deixou bastante irritado. Parecia que ele queria uma nova briga e se eu não fosse racional, teria dado isso de bom grado.

- Calado! Está vendo?! Vamos começar outra discussão sem ao menos ter acabado a primeira! Poderia me explicar porque ficou tão transtornado naquele dia?

- Rod… Você… Fugiu de casa só para me perguntar isso?

- Obvio que sim!

Eu o vi corar, pouco, mas ele sem dúvida estava embaraçado ao ponto de suas bochechas atingirem aquela coloração. Eu certamente provoquei aquilo, mas não pude desfrutar desse prazer porque minhas bochechas automaticamente tornaram-se verdadeiros tomates.

- Rod, eu não quero continuar essa conversa porque não vai adiantar de nada. Você nunca quer perder.

- Isso não é verdade! - ...

- ...

- Certo, nesse ponto você tem razão. Mas você também é muito orgulhoso, Gilbert! E eu não te dei motivo nenhum para ficar zangado daquele jeito! Já você, fez pouco caso de uma coisa muito importante para mim!

- Eu só disse minha opinião! Você preferia que eu tivesse mentido?! – Nesse momento esquecemos todas as pessoas ao nosso redor e começamos a berrar em plenos pulmões. Os bons modos só me abandonam quando estou do lado de Gilbert, do contrário, seria crucificado apenas com os olhares que nos enviavam.

- Ah, não, mas isso faria diferença para você, faria?! Afinal, sequer me contou que era pianista profissional!

- Como você... Ah! Isso não interessa! E de que adiantaria?! Você passaria a me ver como um rival nessa sua mente insana de um aristocrata!

- Gilbert, eu juro que estou me segurando para não lhe dar um soco! É assim que você me vê?! Um aristocrata chato e egoísta?!

- Na verdade, só egoísta. Mas desde quando você passou a se interessar pelo o que eu acho?! Você estava pouco se lixando pro que eu achava das visitinhas das suas “noivas”!

- Por que elas te incomodam?! Se você quiser casar comigo e dar fim nessa maldição, ótimo! Eu aceito!

Gilbert ficou paralisado quando eu disse aquilo. Eu fiquei assustado com essa reação, e se ele pensou que eu estava falando sério? Não podia deixar aquela situação acabar com um mau-entendido tão sério quanto aquele.

- Olha, Gilbert, eu não…

- Não quero ouvir! Eu não posso acabar com isso, aristocrata! – Ele estava gritando de forma tão animalesca que ele mesmo se repreendeu por isso. Gilbert se conteve, respirou fundo e deu um fim na nossa conversa. – Você está certo, jovem mestre. Vá se casar com uma garotinha da alta sociedade e siga seu sonho.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Um "continua..." em negrito pra todo mundo ficar desesperado :D
Huhuhuhu! O que acontecerá? Vocês só saberão se deixarem um review ^-^

~Kissus~