Todo ser vivente tem medo da escuridão. A escuridão provoca os medos mais primitivos. Agonia, tortura, dor.

Histórias contam de uma espécie microscópica que vive em cardumes na escuridão. Esta espécie, ao encontrar seu alimento, tira toda a carne de seus ossos em questão de milissegundos. É chamada comumente de Piranha, ou, pelo seu nome original, Vashta Nerada.

Histórias também falam de Hades, o Deus do Submundo, e de seu Elmo, que o transformava em sombras. Assim, ele causava dor e medo a todos que a adentrassem, e ainda podia vigiar tudo.

Giovana não estava sentindo medo, agonia, ou dor. Estava apenas excitada com o que poderia acontecer. Essa seria a primeira batalha com sua progenitora em que ela realmente teria chance de ganhar. Dessa vez, com certeza, tudo ia dar certo. Ela conseguia sentir sua mãe ao seu redor, emanando aquela presença maligna. Tudo foi previsto.

Então as luzes voltaram.

Lá estava ela, a face da morte. Sua mãe portava um sorriso sarcástico e uma taça de champanhe na mão direita. Ela não previa o que iria acontecer, mas ainda assim, estava preparada para qualquer coisa. Uma mulher maligna e poderosa.

Do seu lado estava sua vó, que, honestamente, não dava a mínima importância para o que estava acontecendo.

– Então, você veio. - Disse sua mãe, rindo baixo.

– Hoje não, mamãe! Hoje eu vou ganhar! - Disse Giovana, esperançosa.

– Oh, entendo... - Disse, e riu. - Então, venha!

Ao dizer isto, saiu de dentro dela (como uma alma que sai de um corpo) um gato de dois metros de comprimento por um de altura, em posição de batalha. Graças a aquilo, sua mãe possuía poderes como enxergar no escuro e andar silenciosamente. Aquela coisa era forte, e já havia lhe dado alguns tapas no passado. De algum jeito, você não conseguia bater naquilo. É simplesmente impossível. Sua mãe chamava aquilo de Unknown Pleasures.

– AGORA! - A garota brandou seu urro de batalha.

Ao dizer isto, colocou suas mãos pro alto e elevou a raiva que tem por sua mãe ao máximo. Ao fazer isso, saiu de suas mãos uma katana feita de ouro, com o fio de platina. No seu cabo, estavam talhados os 4 naipes do baralho, e estava preso um pequeno saco, com um cadeado.

– Oh, Deus... Você conseguiu um... - sua mãe não estava mais com o sorriso sarcástico, apenas com uma cara séria. Mais assustadora. A filha apenas riu.

– Como você... chama isso? - Disse sua mãe.

– Ela me disse que se chamava Judas Priest! - Disse, feliz.

– Então... agora estamos de igual para igual... não há mais motivos para pegar leve. - Unknown Pleasures assumiu uma posição mais ameaçadora. - Você não passa de hoje. - Isso a assustou, mas ela não podia mostrar medo.

– Vamos começar logo! - Disse, assustada, porém, fingindo coragem.

Ao dizer isto, o gato pulou com suas garras em cima da garota.

E então viu-se uma grande luz azul no meio da sala.